17 novembro 2010

Dar nome às ruas

PLACA AVENIDA NOVAO Notícias de Coura de ontem traz uma notícia, assinada por Eduardo Daniel Cerqueira, que dá conta do desconhecimento e/ou falta de utilização do nome da Rua do Padre Casimiro Rodrigues de Sá. Um assunto que já não é novo e que, basicamente, existe desde que a Câmara Municipal de Paredes de Coura resolveu homenagear este ilustre courense dando o seu nome a uma rua da vila, no caso a artéria que vai do cruzamento da Escola EB 2.3/S de Paredes de Coura até à Rua Narciso Alves da Cunha. Os alertas de Eduardo Daniel Cerqueira remontam a essa altura, questionando e bem, porque é que, tendo a rua um nome atribuído, se teima em não o utilizar, inclusivamente a própria autarquia no passado.

A questão do nome das ruas é sempre delicada. Por um lado há ruas e caminhos que nunca tiveram nome mas nem por isso a população deixa de lhes dar um nome, que já está enraizado nos moradores e não é uma deliberação camarária que vai mudar com facilidade essa denominação (o que talvez justifique a última atribuição de nomes decidida pelo município que atribuiu a algumas ruas o óbvio nome porque já eram conhecidos os lugares). Por outro lado, é tarefa que não me parece fácil, atribuir nomes a ruas, tendo por base os critérios definidos pela comissão de toponímia da autarquia, de tal modo que esse trabalho de dar nome às ruas raramente se afasta da vila e o resto do concelho fica entregue… à tradição e ao critério de cada junta de freguesia.

Ainda há dias em conversa com alguns colegas, estes ficaram surpresos por saber que em Cossourado existe, há anos, um sistema de numeração das casas que, pelo menos em teoria, facilitará o trabalho dos carteiros. Ao que sei, esse trabalho deverá ser alargado a outras freguesias, que já manifestaram o interesse nesta postura de numeração. Mas será solução? Continuarão a existir ruas sem nome, ainda que com número, e se há lugares que é fácil identificar, outros existem que quando damos conta já estamos no lugar vizinho.

A pensar nisso mesmo, a Câmara de Monção vai arrancar com o processo de atribuição de nome a todas as ruas do concelho, tarefa que prevê estar terminada dentro de três anos. Em Paredes de Coura já ouvi ideia semelhante, ainda antes de Monção ter anunciado tal epopeia. Será que, aproveitando este momento de crise, vamos ter nomes nas ruas todas? É que, mesmo não sendo tarefa para custar muito dinheiro, quando comparada com outros projectos, é obra para ficar para toda a vida!

08 novembro 2010

Deliberar mas não cumprir

A Comunidade Intermunicipal do Minho-Lima não cumpre os dois dias de luto que ela própria decretou, como forma de protesto contra a introdução de portagens nas SCUT’s. Confuso? Pois, não é caso para menos.

O caso remonta a 25 de Outubro último, altura em que assembleia intermunicipal da CIM deliberou, por maioria, assinalar luto, com bandeira a meia-haste, nos municípios do Alto Minho, assinalando assim o seu desagrado face às portagens. No entanto, na data prevista para o protesto, hoje e amanhã, apenas uma das câmaras municipais da CIM, no caso a de Caminha, levou o protesto avante. Todas as outras optaram por não fazer, quando há 15 dias pelo menos as câmaras social-democratas tinham opinião contrária.

Mais, a própria Comunidade Intermunicipal, presidida pelo socialista Rui Solheiro, presidente da Câmara de Melgaço, informou já que nem sequer nas instalações daquela comunidade a bandeira vai estar a meia-haste. Ou seja, o conselho executivo da CIM não cumpre uma deliberação que a assembleia intermunicipal da mesma CIM votou favoravelmente.

Não coloco aqui em causa que as justificações apontadas por uns e outros para o não cumprimento da moção aprovada (dúvidas sobre a sua legalidade e sobre a sua eficácia) não sejam de atender. Estranho, contudo, que essas dúvidas não tenham sido levantados aquando da votação e que só tenham surgido agora. Pessoalmente, creio que o “luto” decretado de nada adianta nesta luta, vale apenas pelo seu simbolismo, e outras formas de contestação teriam de avançar no terreno. No entanto, as instituições têm os seus órgãos próprios que têm de ser respeitados assim como as suas decisões e neste caso o que se assiste é a um total desrespeito de um órgão em relação às deliberações do outro. E se hoje é assim é com uma simples moção de protesto, amanhã podemos ter uma situação semelhante, mas mais grave, com um documento de tamanha importância como o orçamento da comunidade.

Prato do dia: cogumelos

cogumelos No rescaldo das II Jornadas Micológicas de Paredes de Coura, que decorreram este fim de semana, surge a ideia de instalar neste concelho um parque micológico, o segundo a nível nacional, aproveitando desta forma todo o potencial da produção de cogumelos. O projecto, a maturar desde 2004, beneficiaria da grande variedade de cogumelos existentes em Paredes de Coura e, a avançar, teria como cenário a área de Paisagem Protegida do Corno de Bico.

Mais uma iniciativa que aproveitaria o grande potencial ambiental de Paredes de Coura, explorando ao mesmo tempo um nicho de mercado que tem crescido a olhos vistos. Que avance, pois então!

05 novembro 2010

Por aqui não anda a crise

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Instrumento indispensável a quem faz do campo e da lavoura a sua vida, o Borda D'Água, editado há 82 anos pela Editorial Minerva, há muito que é o livro de cabeceira dos agricultores, tal é o modo certeiro como parece adivinhar a evolução do clima ao longo do ano. E, diga-se de passagem, que mais coisa menos, lá vai acertando numas e esquivando-se noutras.

Mas, aquele que se auto-intitula como “o verdadeiro almanaque”, é também conhecido pelo seu “reportório útil a toda a gente”, pois contém “todos os dados astronómicos e religiosos e muitas indicações úteis de interesse geral”. Ora, sendo tudo isto, que o é, a edição de 2011 do Borda D’Água surge nas bancas sem qualquer referência à crise de que tanto se fala. Motivo, óbvio, para pensar que, afinal, o próximo ano não vai ser assim tão mau. Ou será que não?

04 novembro 2010

Inédito? Só se for em Valença!

A Câmara de Valença prepara-se para passar a aplicar uma taxa aos munícipes pela recolha de lixo. Uma medida com que a autarquia valenciana pretende compensar, ainda que em parte, o valor que vai receber a menos das transferências do orçamento de Estado.

O presidente da Câmara de Valença diz mesmo que se trata de uma “medida inédita”. Mas, inédita? Só se for mesmo por lá! É que Valença só peca pelo atraso na criação desta taxa, já em vigor em muitos concelhos, incluindo nos vizinhos de Paredes de Coura e Monção. No primeiro caso a taxa vigora há já vários anos e é paga na factura da água. No caso de Monção, a autarquia local prepara-se até para aumentar o valor deste serviço.

E em Monção, fala-se já na possibilidade de acabar com as isenções que são concedidas a várias instituições, nomeadamente às IPSS. Ou seja, se o nos cortam os fundos, vamos buscá-los a quem muito dificilmente os poderá pagar. Não sei porquê mas toda esta situação me traz à memória o procedimento dos bancos sempre que lhes resolvem aplicar um novo imposto e quem acaba por pagar são os clientes.

01 novembro 2010

A hora de fazer contas

CIMG1097Com o fantasma da crise a fazer já parte do dia-a-dia dos portugueses, repetido que é até à exaustão em cada noticiário o cenário difícil que se nos depara, não fica facilitado o trabalho de quem tem, por esta altura, de deitar contas à vida e planificar o orçamento para o próximo ano. E não falo do orçamento geral do Estado, aquele de que se guardará recordação no telemóvel de Eduardo Catroga e no bolso dos portugueses durante muito tempo. Refiro-me, sim, aos orçamentos dos municípios que, confrontados com o corte drástico de verbas a transferir do Estado, vão ter de puxar pela imaginação para dar conta de projectos para o futuro e, principalmente, de compromissos assumidos no passado.

Paredes de Coura não fugirá à regra, Com um corte anunciado de mais de 600 mil euros, o orçamento municipal para 2011 promete dar dores de cabeça a Pereira Júnior e à sua equipa nos próximos meses, esperemos que não nos próximos anos. Os prenúncios, contudo, não se afiguram muito bons, e correm até já rumores que dão conta da precária situação financeira do município courense, nomeadamente no que respeita à falta de liquidez. Se juntarmos a isto a necessidade de honrar escrupulosamente as dívidas contraídas em anos anteriores, então vemos que a tarefa não vai ser fácil e o próprio presidente da Câmara já assumiu, em declarações à comunicação social, que 2011 vai ser um ano de “extrema penúria”.

Na última Assembleia Municipal o autarca courense explicou que, há semelhança do que aconteceu em anos anteriores, iria convidar os presidentes de junta a apresentarem as suas reivindicações para eventualmente serem incluídas nos planos da autarquia para o próximo ano. Agora, contudo, o discurso mudou de tom e a tónica dominante parece ser o corte drástico das despesas correntes e o adiamento inevitável de algumas obras. Em Paredes de Coura, tal como no resto do país, começa a cortar-se em áreas que, até agora, mereciam grande atenção da gestão autárquica. Será suficiente?