27 novembro 2008

Enquanto uns não andam, outros não param...

Do projecto turístico previsto para Mozelos, que irá aproveitar a estrutura do antigo sanatório, não se vislumbram avanços. Enquanto o Centro Hospitalar do Alto Minho não se decidir a vender o edifício, abandonado em 2002, o projecto não tem pernas para andar, cortadas que estão, à partida, pela burocracia excessiva da administração pública.
Mas, como que a justificar o interesse que um projecto da envergadura do que se prevê para Mozelos e arredores tem para o concelho e para o turismo, para ali mesmo ao lado, em Insalde, há já quem projecte um outro equipamento turístico, sinal de que o sector tem potencial no concelho e que, por isso mesmo, deve ser aproveitado.
Em viagem pela Internet veio-me parar ao monitor a imagem que reproduzo acima, de um projecto de arquitectura desenvolvido pela Utopia - Arquitectura e Engenharia, Lda. com vista à recuperação de um conjunto habitacional existente em Insalde, que irá ser recuperado para dar lugar a um aldeamento turístico de características rurais, com capacidade para acolher 40 pessoas. Acresce que o referido projecto prevê a utilização de um arquitectura sustentável na sua construção, o que, na minha opinião, ainda o valoriza mais. Ficamos à espera de o ver surgir no terreno.
Foto retirada daqui.

A pedido de várias famílias?

Na escola aprendemos que para existir comunicação são necessárias várias coisas. Um emissor, um receptor, uma mensagem, etc. E exige-se também um contexto, algo que enquadre a mensagem, de modo a que esta seja facilmente percebida por quem a recebe. Caso contrário, corre-se o risco de ninguém perceber de que se fala, apenas e só porque se desconhece de que é que se está a falar.É mais ou menos o que acontece nesta notícia da última edição do Notícias de Coura. Corri o jornal duma ponta à outra e não encontrei nada que explicasse o porquê do esclarecimento ali prestado e que ilustro na imagem acima. Não satisfeito, fui ao monte dos jornais que tenho aqui em casa e consultei várias edições anteriores do mesmo jornal e... nada novamente.Fiquei a pensar, então, como raio é que surgia um esclarecimento sobre um assunto que nunca tinha sido abordado no jornal? Mas de que multa é que eles estão a falar? Será que se espera que os leitores adivinhem os acontecimentos pelas suas explicações? Ou será que, “a pedido de várias famílias”, se utiliza o Notícias de Coura para responder a questões levantadas noutros locais? Fica a questão.

25 novembro 2008

A força que o vento traz (2)

Por falar em eólicas e as vantagens que as energias renováveis trazem, de lembrar também que essas vantagens se alastram, e de que maneira, ao sector da cultura. Pelo menos, no que ao Alto Minho diz respeito, já que a empresa que explora as eólicas do Parque Eólico do Alto Minho I é um dos principais mecenas das Comédias do Minho.
Por isso mesmo, a cerimónia de inauguração de amanhã, com a presença de José Sócrates, vai servir também para a assinatura do segundo protocolo entre a Empreendimentos Eólicos do Vale do Minho e a companhia de teatro sedeada em Paredes de Coura. Uma parceria que se vai estender até 2011 e que possibilitará a continuação da dinamização da cultura, que não só do teatro, nos municípios associados das Comédias do Minho.
Um trabalho que a Associação Comédias do Minho tem desenvolvido nos cinco concelhos do Vale do Minho, e de onde têm saído projectos culturais com bastante interesse, quer com adultos, quer, sobretudo, com crianças. É, penso que ninguém contestará, um projecto que deve continuar nos próximos anos. Assim haja mais mecenas.

24 novembro 2008

A força que o vento traz

A semana começou ventosa, chuvosa e fria. De tal forma ventosa que ainda andam pelo ar os ecos da visita que José Sócrates fez, na semana passada, às instalações da Enercon, que inaugurou com pompa e circunstância, deixando para segundo plano as queixas daquela empresa relativamente à falta de mão de obra qualificada. Qualificada e barata, haveriam de criticar, à porta da festa, os sindicatos do sector, que parecem dizer que “para tal trabalhinho, tal dinheirinho”. Por outras palavras, se querem funcionários capazes que lhes paguem, caso contrário os jovens qualificados preferem rumar à Galiza na procura de melhores ventos.
Mas, no meu entender, o mais importante da passagem do primeiro-ministro por terras de Viana do Castelo foi a certeza que deixou de que o futuro do desenvolvimento do país passa pelas energias renováveis, nomeadamente a eólica e a hídrica. Sócrates, que chegou mesmo a considerar as renováveis como “a tábua de salvação” para a economia poder sair da actual crise, parece mesmo apostado em garantir que a sua previsão será realidade. De tal forma que volta ao Alto Minho esta semana para mais uma inauguração, desta feito do maior parque eólico construído na Europa, que inclui 120 aerogeradores, parte dos quais instalados em Paredes de Coura.
Um investimento de 361 milhões de euros que contou com a participação das autarquias onde os parques eólicos foram erigidos. E contou é a palavra certa, porque como é sabido a maior parte dessas autarquias resolveram alienar a parte que lhes cabia no bolo final das eólicas alto-minhotas. Quem sabe se por não estarem tão confiantes como José Sócrates e não partilharem das suas previsões optimistas. Quem sabe se por verem, na venda da sua quota na Ventominho, a “tábua de salvação” para a crise que já se instalara em muitos cofres municipais. Para Paredes de Coura, por exemplo, foi um “negócio da China”, como explicou o presidente da Câmara.
Habituados que estamos, já, a ver as enormes torres a orlar as serras alto-minhotas, esperemos, agora, que as previsões do primeiro-ministro não estejam muito longe do correcto. É que, se José Sócrates vê nas energias eólica e hídrica o coração do desenvolvimento do país, o Parque Eólico do Alto Minho I, pela sua dimensão e capacidade produtiva, bem pode ser considerado o pacemaker dessa operação de retoma económica.

21 novembro 2008

De que é que estão à espera?

Há quase um ano que foi construído, aparentemente está pronto a entrar em funcionamento mas, inexplicavelmente, continua encerrado. Daí que surja a pergunta: estão à espera de quê para abrir o polidesportivo construído em frente à GNR de Paredes de Coura?
Construído, ao que me lembro, ao abrigo de um protocolo qualquer entre a Câmara Municipal e a FIFA, o polidesportivo está, desde a sua conclusão, ou pelo menos aparente conclusão, vedado com uma rede que impede a sua utilização e, já agora refira-se também, não oferece qualquer segurança. Basta alguém encostar-se para que os painéis da rede cedam e tombem.
Mas a questão principal nem é essa, a questão principal é saber porque é que, tanto tempo depois de terminados os trabalhos, aquele espaço ainda está vedado ao público. E depois é ver os grupos de jovens que por ali passam a lamentarem-se por não poderem usufruir de um espaço com boas condições para a prática desportiva. É claro que por lá também passam aqueles, mais críticos, que dizem que o polidesportivo está bem é assim, fechado, porque os jovens, quando começarem a utilizá-lo, vão é estragá-lo. Pois, mas isso é outro problema.
E por isso lanço mais uma vez a pergunta: alguém sabe porque é que o polidesportivo não abre?

18 novembro 2008

Arte ou vandalismo?

Uns gostam, outros odeiam. É sempre assim quando se fala de arte! Mas, o que é acontece quando se salta a fronteira entre arte e vandalismo? O grafitti é mesmo assim, algo indefinido que baloiça numa ténue fronteira que, volta não volta, passa mesmo para o lado de fora da Lei.
Por esse país fora já vi vários exemplos de como o grafitti pode ser utilizado para dar mais cor, mais beleza, a algumas zonas degradadas, nomeadamente nos grandes centros urbanos, onde este tipo de actuação tem mais expressão. Aliás, considero que em Paredes de Coura este tipo de expressão artística podia até ser aproveitado para revestir as paredes do túnel e eventualmente evitar o que aconteceu em Viseu. Já agora, ressalve-se, que a maioria das intervenções que vi nem sequer tinham cariz político, muito embora este seja um tipo de propaganda bastante utilizado, sobretudo nos partidos mais à esquerda, existindo murais muito emblemáticos um pouco por todo o país.
Mas o sentido inicial da minha intervenção vem a propósito do cenário com que me deparei, há dias, nas traseiras do Centro Cultural de Paredes de Coura. A zona por detrás do palco, mais concretamente as escadas que dão acesso à varanda do piso superior, ostenta nas paredes um conjunto de inscrições que, sinceramente, de arte não me parece ter nada. E, atenção, não quero com isto entrar em falsos moralismos, a verdade é que o aspecto global é mesmo muito desolador.
Tendo em conta o papel preponderante que o Centro Cultural tem desempenhado na promoção da cultura do, e no concelho, tenho para mim que aquele cenário em nada abona nesse sentido. É claro que a entidade responsável por aquele equipamento, a Câmara Municipal, nada pode fazer para evitar situações deste tipo. Nem sequer mesmo para minimizar os danos causados, porque o revestimento do Centro Cultural não é dos melhores para limpar grafittis.
O problema é que as inscrições não são o único estrago que por ali fizeram. A zona das escadas parece um autêntico cinzeiro, tal a elevada quantidade de pontas de cigarro que por ali existe, num sinal claro de falta de limpeza. E o que dizer do piso daquela zona, totalmente danificado, com as lajes levantadas e até o próprio isolamento da cobertura do edifício já deteriorado? Não deve demorar muito tempo a verificarem-se infiltrações…

14 novembro 2008

A todo o gás!

Paredes de Coura prepara-se para receber o gás canalizado. A operação que, pelo que é conhecido, abrangerá apenas algumas zonas da vila, vai aproveitar os trabalhos para a instalação da rede de fibra óptica do Vale do Minho Digital. Poucos anos depois das obras de reabilitação do centro urbano, a vila volta a ser esventrada, novamente em nome do progresso.
Sem prazo de execução ainda apontado na agenda, a rede de distribuição de gás chega à vila dez anos depois do concelho ter sido atravessado pelo gasoduto que liga à vizinha Galiza. Desconhece-se, contudo, se o abastecimento à vila vai ser feito com recurso a gás natural, ainda que por intermédio de um depósito como acontece noutras localidades, ou se será o chamado “gás de cidade” a circular por debaixo das ruas courenses.
Uma coisa, contudo, é certa. Ou melhor, duas. A primeira é que se trata de uma melhoria que pode facilitar a vida a quem reside na vila, que assim deixa de se preocupar com a botija do gás. A outra já não será tão benéfica, pelo menos numa primeira fase. É que a instalação da rede vai obrigar a obras de vulto que vão servir não só para a rede de distribuição de gás, mas também para instalar a rede de fibra óptica. Vamos voltar a ter as ruas esburacadas durante semanas, naquela que é uma das faces piores do progresso.
Mas a questão principal nem será a realização dos trabalhos. O principal, digo eu, é que a vila sofreu grandes melhoramentos a nível da rede viária há poucos anos, mesmo poucos, mas como estas questões não eram previsíveis na altura, vai ser preciso estragar o que foi feito para depois tentar repor como estava. Não se esperam manifestações, mas a autarquia não se vai escapar de algumas críticas mais duras. Eu, sinceramente, só critico se, no final, as coisas não ficarem como estavam. Até lá, é confiar.

11 novembro 2008

Já compraram um cofre novo?

Depois da tentativa de assalto e do assalto propriamente dito, a Santa Casa da Misericórdia de Paredes de Coura recebeu hoje um subsídio no âmbito da Medida de Apoio à Segurança de Equipamentos Sociais. Nem de propósito, não acham.
Só espero é que já tenham comprado um cofre novo, instalado um alarme e reforçado a segurança das instalações, caso contrário, a verba de apoio à segurança pode ir parar aos bolsos de algum amigo do alheio.

Política psicológica

Acho que depois destas declarações à comunicação social por parte de Rui Solheiro, presidente da Câmara de Melgaço e da recém-formada Comunidade Intermunicipal do Alto Minho, o ambiente num distrito unido a dez será bem tenso. Nesta altura até já acho que, se calhar, o melhor é mesmo ganhar o Não em Viana do Castelo. A bem da integridade física de Solheiro e Defensor Moura, claro está.

10 novembro 2008

Multas (3)

Alguém já ouviu falar na multa que o Tribunal de Contas quer passar à Câmara Municipal de Paredes de Coura e ao seu actual Executivo? Pois eu já, e há já algum tempo, mas fiquei sempre à espera de ver a Câmara desmentir o que corria por aí à boca pequena: que alguém tinha tentado enganar a entidade fiscalizadora mas que a coisa não tinha corrido muito bem.
Mas afinal o desmentido não surgiu, os rumores continuaram, e até na última edição de O Coura o assunto já foi abordado, ainda que muito ao de leve. Mas explicações, nada… Será que anda tudo a esconder o que não tem esconderijo possível? Será que estão na expectativa de que tudo se resolva sem vir a público?
Recapitulemos: o Tribunal de Contas pode aplicar uma multa à Câmara de Paredes de Coura. E ao seu presidente. E aos seus vereadores. A história remonta à construção do Centro de Educação e Interpretação Ambiental, em Vascões, que além de um edifício novo incluiu também a recuperação da antiga escola primária e da casa do professor.
Ora, parece que é precisamente aqui que surgem os problemas. Ao que o Mais pelo Minho apurou, na altura de apresentar o projecto, e respectivos custos, esqueceram-se de incluir no lote a recuperação da antiga escola primária e depois, já com a obra feita, não foram de modas e vá de inserir essa empreitada na célebre rubrica de trabalhos a mais. Só que no Tribunal de Contas estranharam o valor dos extras e fizeram o que se esperava, avisaram que ou as contas eram revistas ou a multa seria a doer.
Mais! Parece que não só a Câmara, enquanto instituição, seria multada, mas também todos os que aprovaram os valores do fecho de contas da construção do CEIA que, tendo em consideração as actas das reuniões da autarquia, foram aprovadas por unanimidade. Ou seja, aparentemente os membros do Executivo aprovaram o que, muito certamente, lhes foi fornecido pelos serviços camarários como sendo correcto, e arriscam-se agora a pagar, literalmente, por esse excesso de confiança. É caso para dizer que, às vezes, assinar de cruz pode ter destas coisas…

04 novembro 2008

Uma questão de confiança

A um ano das eleições autárquicas há quem, em Paredes de Coura, já faça contas de cabeça para tentar descobrir quem serão os candidatos dos principais partidos. No PS aposta-se na continuidade, em jeito de final de carreira, enquanto no PSD especula-se se o velho líder dará lugar ao seu delfim.
Mas, enquanto se fala nos protagonistas, esquecem-se os actores secundários, que engrossam as listas de candidatos a vereadores. Tal já não deverá suceder em Caminha, concelho onde a actual presidente da Câmara está agora a sentir na pele a (má) escolha dos que a acompanharam nas eleições de há três anos e que agora lhe voltaram as costas. É que, na maior parte das vezes, a escolha dos restantes elementos das listas não está dependente do aval do candidato a presidente. Pelo contrário, enquanto o lugar de presidente, qual testa de ferro, até pode ser ocupado por um suposto independente, os lugares seguintes tendem a dar resposta às “solicitações” da concelhia local.
Resultado, em Caminha, há meses que Júlia Paula, a autarca social-democrata retirou a confiança política a seu antigo número dois. Aliás, retirou-lhe a confiança política e todos os pelouros. Só não conseguiu, porque não o pode fazer, retirar-lhe o tapete e metê-lo na rua. Bento Chão, o vereador em questão, não foi de modas e fincou pés na vereação, servindo agora de contrapeso entre um Executivo social-democrata com três vereadores mais ele próprio e uma oposição socialista que conta igualmente com três vereadores.
Ainda na semana passada se colocou do lado da oposição e o PSD viu chumbadas algumas propostas que uma maioria no Executivo supostamente garantiria a aprovação e aprovadas outras que não pretendia (caso da redução do IMI para 0,2%). “Traição”, acusam os social-democratas que se viram, de repente, sem maioria. De tal modo que já dizem que Bento Chão e a oposição aliaram esforços para não deixar trabalhar a Câmara. E não me admiraria se, nas próximas autárquicas, o antigo vereador social-democrata aparecesse nas listas socialistas.
É o que dá não poder escolher a equipa com quem se quer trabalhar. Nesse aspecto concordo com a sugestão que foi feita para alterar a lei eleitoral e que transformava, de certo modo, a eleição do presidente da Câmara numa escolha parecida com a do primeiro-ministro: o presidente era eleito pelo povo e escolheria depois a sua equipa de trabalho, podendo até basear essa escolha em critérios técnicos em vez dos habituais critérios políticos. Mas, e nestas coisas há sempre um mas, quem nos garante que não existiriam outros “critérios” a determinar as escolhas?

03 novembro 2008

E vão três...


Três anos passaram desde a primeira publicação no Mais pelo Minho. Três anos a escrever o que me vai na alma sobre esta regiao que me acolheu. Em cada post a convicção de que o se publicava era a minha opinião. Em cada comentário a certeza de que cada qual tem o seu ponto de vista e a liberdade necessária para o exprimir.

Em trẽs anos muita coisa mudou. Mudou o mundo, mudou o Minho, mudou o nosso concelho. Mudou o Mais pelo Minho, pouco mas com alguns ajustes que foram sendo feitos. E vai continuar a mudar, com a ajuda de todos os que por aqui passam.

O futuro próximo passa por alguns retoques no layout do blogue, que pouco mudou desde a sua fundação, mas seguir-se-à a criação de um novo espaço de comentários, mais dinâmico, e a abertura do blogue a novos autores, que vão trazer ao Mais pelo Minho novos pontos de vista, novas abordagens da realidade desta região. Em nome do Minho, em nome de todos os leitores.

E enquanto as mudanças não chegam, fica o agradecimento a todos quantos por aqui passam, uns mais anónimos que outros, uns mais participativos que outros. É com todos eles que apagamos as velas de mais um aniversário.


Eduardo Bastos