15 setembro 2010

Tempo de rescaldo

Os incêndios que afligiram o concelho em Julho e Agosto ocuparam praticamente todo o período de antes da ordem do dia, com o grupo municipal do PSD a apresentar duas moções, sobre o mesmo assunto – fogos florestais – mas com objectivos diametralmente opostos. É que, enquanto numa se elogiava todos os que estiveram envolvidos no combate aos fogos florestais que fustigaram Paredes de Coura, na noutra criticava-se veementemente a actuação do comando das operações de combate a incêndios. As duas moções social-democratas foram aprovadas por unanimidade e, se em relação à primeira pouco haveria a dizer, já em relação à moção de protesto, Décio Guerreiro não deixou de criticar a forma de coordenação existente actualmente, que delega o comando das operações no concelho onde os incêndios têm início e que, no caso de Paredes de Coura, originou algumas situações em que os bombeiros courenses, chamados a intervir pelas populações, não o puderam fazer por não terem autorização do comando vizinho para sair do quartel. Uma situação que foi notória nos fogos de Linhares e da Boalhosa, em que uma mais rápida autorização da intervenção da corporação courense poderia ter evitado que o fogo se propagasse como aconteceu. A este cenário juntam-se ainda situações que chegaram a ser caricatas, como contou o deputado municipal social democrata na Assembleia.
O protesto socialista foi subscrito pelo próprio presidente da Câmara, que anunciou que os autarcas do Vale do Minho vão reunir com o secretário de Estado da Administração Interna para analisar esta situação e a eventual transferência de competências nesta área para os municípios. “A coordenação não foi boa, houve erros graves”, criticou António Pereira Júnior, acrescentando que “os nossos bombeiros foram chamados quando já não havia nada a fazer”. Já antes Décio Guerreiro havia questionado o presidente da Câmara sobre a possibilidade de, accionando o plano municipal de emergência, a autoridade da autarquia se sobrepor à do comando das operações no concelho vizinho. Pereira Júnior, contudo, acabaria por responder que a activação desse plano, além de extremamente difícil e de elevada responsabilidade, poderia gerar situações de conflito entre os dois comandos, razão pela qual não foi opção nos incêndios de Julho e Agosto.
A discussão em torno deste assunto traria ainda a intervenção de João Paulo Alves, da CDU, que alertou para o problema de base que está na origem dos incêndios florestais: a falta de limpeza das matas. “Na Boalhosa, antes de arder, o que lá havia era matagal”, referiu o deputado municipal comunista, acrescentando que “o Estado dá o pior exemplo”, ao não cuidar da limpeza das suas áreas florestais. No rescaldo da discussão ficaram no ar os números da floresta destruída pelos fogos florestais no concelho, com Pereira Júnior a revelar que os números, ainda provisórios, apontam para a destruição de 1337 hectares de floresta. Um número que deve dar que pensar.

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