23 abril 2010

Por onde anda Aquilino

casa grande romarigães 3

Na última edição do Notícias de Coura, José Luís Freitas, correspondente do jornal em Romarigães, dava conta da situação de quase esquecimento a que a freguesia e o concelho votaram o nome do escritor de “A Casa Grande de Romarigães”. Hoje, Dia Mundial do Livro, relembro essa crítica, a que me associo.

Mais de cinquenta anos após a publicação do romance, a “Casa Grande de Romarigães” continua por cá, por Paredes de Coura. Se divulgação e sem qualquer sinalização, com bem repara José Luís Freitas, mas também sem qualquer ideia para manter vivo aquele espaço que foi (será que continua a ser?), um marco na literatura. Há cerca de três anos, num espaço informativo da RTP, ouvi algumas propostas para transformar a zona envolvente num jardim, à imagem do que terá sonhado Aquilino Ribeiro. Algum tempo depois, por ocasião da comemoração dos 50 anos da publicação, o próprio presidente da Câmara de Paredes de Coura adiantou que gostaria de ver aquele espaço transformado num museu, assim houvesse fundos para tal. Mas, como em tudo, os fundos não existem, e por isso à Casa do Amparo, que depois de ter inspirado um dos vultos da literatura portuguesa, sobrevive hoje a custo, num misto de espaço privado e de local de visita a que só acedem alguns mais curiosos.

Situação diferente da que se vive em Moimenta da Beira, nas Terras do Demo, onde a antiga casa do escritor é hoje uma casa museu, sede da Fundação Aquilino Ribeiro e que a autarquia local quer agora transformar num local mais dinâmico, aberto à comunidade e aos investigadores, que ali encontram um pouco da história de Aquilino Ribeiro. Realidades diferentes sobre um mesmo epicentro, é certo, e nos tempos que correm já se sabe que a cultura é sempre o filho que fica esquecido pelas autoridades governativas. Mas, em Paredes de Coura, um primeiro passo poderia ser dado pela própria autarquia, seja a câmara ou a própria Junta de Freguesia de Romarigães: porque não dar ouvidos a José Luís Freitas e dotar a freguesia, pelo menos na principal via que a atravessa, de sinalização que indique aquele que devia ser um dos seus maiores motivos de orgulho?

1 comentário:

  1. Existem decisões que não dependem dos conhecimentos da área , dependem das motivações, mas essencialmente da sensibilidade e do carácter.

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