Numa conjuntura como a que se vive actualmente em Portugal, em que a crise é palavra dominante, a mensagem do Bispo de Viana vai no sentido de contrariar essa situação. Para D. Anacleto de Oliveira o desafio que se coloca aos cristãos é o de partilhar. “Partilhar a nossa vida, os nossos bens materiais, mas também o nosso tempo e o nosso carinho”, explicou o responsável pela Diocese de Viana do Castelo.
D. Anacleto, que esteve em Paredes de Coura para participar na última edição do Café com Temas, diz que “é preciso contrariar o individualismo” e que um momento de crise como o actual é oportuno para “exercitar algo que é humano”. Numa conversa informal que juntou cerca de meia centena de pessoas, o Bispo de Viana do Castelo lembrou que vivemos numa sociedade capitalista e consumista, mas que essa sociedade não tem futuro. “O capitalismo está a estoirar porque não respeita a pessoa humana na sua integridade”, explicou, acrescentando que a aposta do capitalismo é no consumismo. “Consumimos mais e mais e acabamos por nos afogar no consumo”, referiu.
Na sua intervenção, D. Anacleto falou ainda das crianças e dos idosos que, na sua opinião, são os mais menosprezados pela sociedade consumista. “A baixa natalidade é efeito desta cultura que se estabeleceu, onde o lucro é palavra de ordem e não há lugar para crianças”, criticou aquele responsável da Igreja Católica, que deixou também um alerta: “a Igreja pode estar a fazer o bem, mas ao mesmo a promover o mal”. O Bispo de Viana do Castelo referia-se às intervenções de carácter social que as entidades religiosas dinamizam, nomeadamente creches e lares que, por um lado vêm ajudar as pessoas no seu dia-a-dia, mas por outro lado correm o risco de promover o afastamento entre pais e filhos e o abandono dos idosos por parte das famílias.
Outro dos temas abordado por D. Anacleto, prendeu-se com a renovação da Igreja Católica. “´Há uma Igreja de ontem e uma Igreja de hoje, sem dúvida”, considerou o bispo, explicando que a Igreja precisou de se actualizar, sem ser infiel às suas origens. “Das coisas mais difíceis na Igreja é manter a tradição sem cair no tradicionalismo”, acrescentou ainda D. Anacleto, para quem “a Igreja nunca foi tão necessária e ao mesmo tempo tão desejada”.
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