07 dezembro 2007

A Beira... lá pelo Minho

Decididamente, as coisas não correm de feição no cinquentenário da publicação de "A Casa Grande de Romarigães". Por um lado o atraso verificado nas comemorações "oficiais", promovidas pela Câmara Municipal de Paredes de Coura e que decorrem amanhã e domingo, conforme programa que se pode ver aqui. Um encontro de leitores de Aquilino Ribeiro, a visita ao local que inspirou o escritor e uma exposição de fotografias de Rui Luís Romão, actividades promovidas pela Cooperativa Árvore, e que surgem praticamente no final do ano em que se assinala a efeméride. Tarde e, na minha opinião, com reduzida divulgação. Mas enfim...
Por outro lado, temos que, só a meados deste ano é que a Bertrand, editora responsável pela publicação do livro, resolveu reeditar a obra, prestando-lhe assim, e ao autor, a devida homenagem. Mas, será que na Bertrand, alguém leu o livro? Quer-me parecer que não! Não acredita? Então faça como eu, clique aqui e leia a nota introdutória que a editora faz a "A Casa Grande de Romarigães". Se não quiser clicar, fica aqui a transcrição: "Este romance reproduz a mundivivência das terras nortenhas e aproxima o texto ficcional da realidade narrada, numa Beira rural e analfabeta ancorada numa sociedade patriarcal. Misturando erudição com a linguagem popular, Aquilino capta esse ambiente arreigado na religiosidade e na crendice e revela o instinto camponês com todas as superstições e todos os subterfúgios assossiados à obsessão de propriedade."
Leu? Também eu, e não quis acreditar... Partindo do princípio que falam da Beira interior e não da Beira, cidade de Moçambique (o que ainda seria pior), esta nota só demonstra desconhecimento. Então agora Romarigães, concelho de Paredes de Coura, distrito de Viana do Castelo, fica na Beira? É certo que Aquilino nasceu por aqueles lados, mas um fácil exercício de pesquisa mostraria a informação correcta. E o pior é que as más informações se propagam. E assim, não é só a Bertrand que induz o leitor em erro. Também a Fnac e outras livrarias online alinham pelo mesmo diapasão e dão o cenário de Romarigães algures na Beira interior de Portugal.
Lamentável, no mínimo. A quem de direito, na Bertrand ou noutra livraria qualquer, recomendo apenas e só uma voltinha por algumas páginas da Internet ou por uma enciclopédia mais actualizada. Ou que leiam jornais, como este aqui. É o suficiente para ficarem a saber um pouco mais sobre "A Casa Grande de Romarigães". De qualquer das formas, e já que falei no assunto, o melhor mesmo é lerem o livro. E até podem comprá-lo nesta livraria online. A informação é a mesma, errada, mas o preço parece ser mais em conta.

7 comentários:

  1. Eis como se reiventam nomes e coisas afins: Já fui ver esse link da árvore, ao palacete de mantelães chama-lhe Casa Miguel Dantas; à Casa do Amparo, Casa grande de Romarigães e Paço dos Montenegros - Paço de Antas, informem-se por favor, antes de fazer este tipo de erros. Não queiram reescrever a história courense!

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  2. Caro Eduardo: já telefonei e enviei um correio electrónico para a Bertrand Livreiros a manifestar a minha e nossa repulsa por tão manifesto lapso. Ficaram de ver o que se passava.... Jofre Alves

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  3. Dou razão ao anónimo anterior, erradamente se chama Paço de Antas ao maior Solar que nesse lugar existe, quando se sabe que o Paço de Antas é do outro lado da estrada a esse solar é à Capela de São Bartolomeu. Pede-se mais cuidado e atenção!

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  4. O pior é que já li na Caras esse erro... Mas porque é que está tudo a ser feito em cima do joelho?????

    Cristina

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  5. O livro de Aquilino Ribeiro foi editado à 50 anos quando? a 8 de Dezembro concerteza dái falar da senhora de Amparo.

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  6. Senhora a dar amparo é o que não falta por aí, veja-se a nível da cultura em Coura!!!

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  7. Caro Jofre
    Também eu fiz questão de fazer chegar o meu protesto junto da Bertrand. Obrigado pelo seu comentário.

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