Há uma tendência, cada vez mais generalizada, para ver a política em todo o lado. Se há alguém que resolve criticar uma determinada tomada de posição porque, simplesmente, a acha merecedora da sua crítica, logo virá quem diga que essa chamada de atenção tem contornos políticos. O mesmo acontece quando alguém toma determinado rumo, diferente do da maioria, e não falta quem veja esse desvio como um facto político.
Pessoalmente já senti na pele essa “mentalidade” mesquinha que vê motivos políticos em tudo o que se faz, como se não fosse possível ter opinião diferente sem ter uma visão política dessa divergência de sentido. Infelizmente é um cenário que todos os dias se repete, um rótulo que se cola às pessoas que, ao olhos de quem pouco vê, salta à vista como um adereço político.
O último caso, público e notório, tem andado pela comunicação regional, e até nacional, e envolve a Capital Europeia da Cultura – Guimarães 2012. Pondo de lado todo a polémica em torno dos salários elevados e, eventualmente, pouco justificados de um evento com bases públicas, eis que agora surge novo foco de interesse, pois, imagine-se o desplante, a fundação gestora do evento resolveu contratar um economista, especialista na sua área, que, pasme-se, tem uma vertente política na sua vida.
O presidente da Câmara de Guimarães, socialista, não gostou de ver incluído no leque de contratações da capital europeia da cultura o nome de Ricardo Rio, social-democrata que lidera a oposição na Câmara de Braga. E, não satisfeito, fez questão de divulgar essa sua insatisfação por se ter contratado alguém que “é opositor dos nossos parceiros”. Ou seja, se se tratasse de uma pessoa com igual competência (ou menos, talvez) mas que fosse simpatizante, estava tudo bem, mas como o homem até tem o defeito de estar contra o colega de Braga, pronto, temos o caldo entornado.
Infelizmente é este o país em que vivemos. Uma sociedade onde o tacho e o tachinho são por demais evidentes que se torna estranho quando, olhando mais longe que o cartão de militante, se ousa recrutar alguém que tem provas dadas em trabalhos semelhantes. Infelizmente, não é só em Guimarães. Felizmente, a excepção de Guimarães também não é caso único no país.
Estão admirados em politica há dois critérios que são fundamentais e que são o grande cancro da admnistração pública: ser dos nossos ou ser pessoa conhecida ou mediática. A competência, o saber ou a honestidade não contam nada. Por isto é que um dia isto fecha para balanço. Quanda esta geração de autarcas forem embora demorarão anos até que a situação normalize dada a dimensão da irresponsabilidade e a leviandade que durou durante os anos dourados do cimento.
ResponderEliminarFala-se que com a geração colibri seria uma festa!
ResponderEliminarQue tal?
Eu sinceramente penso que a geração dele e mesmo ele são competentes. Infelizmente em pouco tempo ficam como o resto da malta. O mal é esse. De início até tem ideias, mas pouco tempo depois ficam ainda piores que os outros. Mas seja como for é tempo de mudar e dar lugar aos jovens independentmente do partido que tiverem.
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