Entrevista a Armando Araújo, presidente da Comissão Política de Paredes de Coura do Partido Socialista. 48 anos.
MPM – Estamos a ano e meio das eleições autárquicas. Já há alguma coisa definida sobre este assunto, nomeadamente nomes de candidatos?
AA – Neste momento não há novidade alguma relativamente a candidatos. Estamos à espera das decisões sobre a reforma administrativa.
MPM – Por falar nisso, qual é a sua opinião sobre a reforma administrativa? Concorda com ela?
AA – Está tudo muito confuso. O governo já recuou em algumas coisas, mas ainda não há um modelo definitivo a que nos possamos agarrar e estamos rigorosamente contra este modelo. Não é funcional.
MPM – Em que sentido?
AA – Num meio rural como o nosso não faz sentido. Deixa de haver identidade de cada junta de freguesia. Com estas reformas as pessoas vão acabar por deixar de ir votar.
MPM – O PS de Paredes de Coura vai apresentar alguma proposta no âmbito da reforma administrativa para ser discutida a nível local?
AA – Não vamos apresentar qualquer projecto. Vamos deixar que o Governo apresente e depois discutimos. Mas digo-lhe já que, face ao que está em discussão actualmente, todos os presidentes de junta estão contra.
MPM – E relativamente à forma como seria eleito presidente da Câmara, qual a sua opinião?
AA – Sobre as alterações na forma de eleição da câmara e do funcionamento dos órgãos autárquicos, não concordamos que os presidentes de junta percam poder de voto na Assembleia Municipal em algumas matérias, como a aprovação do orçamento, por exemplo. Votar o orçamento da Câmara é uma forma de fiscalizar a acção da autarquia. Além disso, não é correcto que os eleitores sejam quase que enganados com a forma como irá surgir o executivo da câmara.
MPM – Acha que a substituição de Pereira Júnior vai ser complicada?
AA – É certamente mais complicado escolher candidatos. Sai uma pessoa com carisma, que ganhou as eleições sempre à vontade, mas o PS tem bons elementos para o substituir. De qualquer das formas, não me quero pronunciar muito sobre este assunto.
MPM – Porquê?
AA – O Partido Socialista está a reformular os seus estatutos e depois disso vão ser definidas as datas para eleições na distrital e na concelhia, por isso haverá uma nova direcção na concelhia de Paredes de Coura, que é quem terá a responsabilidade de tratar desse assunto.
MPM – Mas já há nomes que andam na “boca do povo”. Que me diz de Manuel Monteiro ou Vítor Paulo Pereira?
AA – São dois nomes. São ambos competentes e inteligentes, mas qualquer socialista que tenha dado provas tem condições para ser candidato. A comissão política nunca se debruçou muito sobre isso. Nem era correcto que o tivesse feito, esta comissão política, quando vai haver eleições. Não faria sentido tomar decisões com que a nova comissão não pudesse concordar.
MPM – Mas vai concorrer novamente à concelhia?
AA – Depende de como vierem os novos estatutos. O candidato à câmara tem de ser escolhido pela concelhia e pelos militantes, nunca por anónimos. Não concordo com primárias, porque não faz sentido que simpatizantes possam decidir escolha do candidato. Mas julgo que isso não será problema.
MPM – Outra coisa de que se fala do é do regresso de António Esteves à política activa…
AA – Não faço ideia. Sempre que falei com ele não mostrou muita disponibilidade para tal. Mas é um bom político, que deu e dá muito ao concelho. Se vier é bem-vindo.
MPM – Quem é que preferia encontrar na corrida eleitoral do lado da oposição?
AA – É-me indiferente. Seja quem for que venha do outro lado, vamos ter de lutar, sempre com respeito mútuo e com certeza com ideias divergentes. Se é A ou B isso é pouco importante.
MPM – Que balanço faz da actuação da Câmara de Paredes de Coura?
AA – Como todas está a passar por momentos difíceis a nível financeiro. As câmaras vivem num quase sufoco permanente. Se calhar nem tudo foi bem feito, mas no essencial registo um trabalho positivo. Pereira Júnior, até ao final do mandato, vai cumprir na íntegra aquilo com que se comprometeu. A minha confiança enquanto presidente da concelhia é total no executivo.
MPM – Neste momento, tanto PS como PSD têm os seus líderes concelhios afastados das lides autárquicas. É fácil manter-se a par da realidade da Câmara e da Assembleia Municipal não tendo participação activa em qualquer destes órgãos?
AA – Não estou por opção. Quando entrei para a concelhia já tinham sido as eleições autárquicas, mas já tinha sido convidado antes disso e recusei.
MPM – E nas próximas eleições?
AA – Digo desde já que não farei parte de quaisquer listas. Absolutamente.
MPM – Mas entende que é necessário renovar as listas de candidatos, seja no PS seja noutro partido?
AA – Entendo que deve ser da competência do candidato à presidência da Câmara escolher quem quer que o acompanhe. Já em relação à Assembleia Municipal entendo que deveria haver alguma renovação, ter ali representadas pessoas que possam dominar determinado tipo de assuntos e que possam ser mais valias nas discussões.