01 outubro 2012

O empréstimo que todos vamos pagar

A Assembleia Municipal de Paredes de Coura discute amanhã, em sessão extraordinária, a adesão do município ao Programa de Apoio à Economia Local (PAEL). Em cima da mesa vai estar o pedido de empréstimo de mais de 3,5 milhões de euros, que o executivo municipal já aprovou na semana passada, com a oposição a lembrar que o acumular da dívida também se ficou a dever a alguns investimentos não prioritários e desnecessários.

O empréstimo em questão destina-se a pagar as dívidas a fornecedores da autarquia courense até 31 de Março último. Dívidas essas que ascendem a mais de 3,7 milhões de euros, muito embora, como o próprio presidente da Câmara admitiu na última sessão da assembleia municipal, existam verbas que não estão incluídas na listagem de dívidas, nomeadamente as respeitantes às obras delegadas nas juntas de freguesia. Ao mesmo tempo, contudo, constata-se que, de Março até Setembro, já foram pagos cerca de 470 mil euros de dívidas antigas, o que a não ser assim elevaria o total em dívida a fornecedores para 4,2 milhões de euros.

Mas, colocando de parte, para já, a listagem de dívidas a fornecedores, que inclui facturas que remontam a 2004, urge analisar as consequências que esse empréstimo, ao abrigo do PAEL, implicará nos courenses. É que, ao pedir a adesão ao referido programa, a Câmara de Paredes de Coura apresenta também um plano de ajustamento financeiro onde explica o que se propõe fazer para garantir o pagamento, em 14 anos, dos 3,5 milhões de euros.

Medidas que visam a redução da despesa mas também o aumento da receita, razão pela qual se aposta na maximização dos preços cobrados pelos serviços prestados pelo município. Traduzindo, isto significa que água e saneamento, por exemplo, vão ver os seus tarifários aumentados 3% já no próximo ano e depois gradualmente ao longo de cinco anos até atingir um aumento de 15% Ao mesmo tempo elevam-se os tarifários das piscinas municipais (10%), centro cultural (50%) e pavilhão municipal (75%). Paralelamente, o plano de ajustamento financeiro prevê também um reforço da fiscalização dos serviços camarários, de modo a que seja gerada mais cobrança. Tudo junto, a autarquia prevê um aumento da receita municipal na ordem dos 63 mil euros.

Pouco, muito pouco, para suportar os 4,15% de juros do empréstimo a que se candidata. Por isso mesmo, a trajectória passa também pela redução da despesa, que se prevê ser conseguida com a racionalização do período de abertura de alguns serviços municipais, à semelhança do que acontece actualmente com o CEIA que só funciona por marcação. Essa hipótese, aliás, já tinha sido avançada para as piscinas municipais. Ao pacote junta-se o alargamento dos cortes na iluminação pública e a redução do montante dos apoios dados  às associações concelhias, que diminuirão 19% no próximo ano e depois serão reduzidos sucessivamente, até totalizarem menos 27% em 2017. Ao mesmo tempo, o plano de ajustamento financeiro prevê ainda a racionalização e diminuição das ofertas culturais no concelho, sem prejuízo da qualidade, explicam, mas com  inevitável redução na frequência. No final, estima-se, a poupança rondará qualquer coisa como 1,4 milhões de euros.

No balanço de tudo isto, há que ter ainda em consideração duas coisas. A primeira é que a Câmara de Paredes de Coura não é a única a pedir dinheiro emprestado para pagar as dívidas ao abrigo do PAEL e que o programa só tem disponíveis mil milhões de euros, pelo que poderá haver necessidade de proceder a rateio e aí o valor a distribuir pelos interessados deverá ser menor do que aquilo que pediram. Se será suficiente para fazer face aos planos da autarquia, isso agora já é questão para outras reuniões. Por outro lado, o facto da autarquia courense aderir ao PAEL vai obrigar o município a acertar as contas e a ter de começar a pagar aos fornecedores num prazo médio de 60 dias.

Ninguém duvide, contudo, que os efeitos deste empréstimo se vão prolongar muito para além dos 14 anos previstos para o seu pagamento. Por isso mesmo a oposição na câmara, mesmo tendo votado favoravelmente o pedido de adesão ao PAEL, reconhece que a capacidade para iniciar novos investimentos está muito afectada e que há riscos de incumprimento que não podem ser minimizados. Talvez por isso recomendem acréscimo de rigor na gestão corrente da autarquia.

Freguesias: em Lisboa que decidam! (3)

Mil freguesias vão desaparecer até final do ano – artigo do Jornal de Notícias

E não é que vão mesmo decidir! E, pelo que conta a comunicação social, não vai demorar muito para começarem a tomar decisões.

25 setembro 2012

Freguesias: em Lisboa que decidam! (2)

O post anterior termina com uma questão, da social-democrata Elisabete Ribeiro, levantada na última sessão da Assembleia Municipal. Basicamente, a deputada do PSD questionava o que fazer quando, ao abrigo da lei em vigor, a reorganização administrativa das freguesias de Paredes de Coura vier a ser traçada, a régua e esquadro, por uma unidade técnica sentada em Lisboa e sem conhecimento do terreno, das suas gentes e vicissitudes locais. A questão, aliás, atravessou todo o debate, principalmente nas intervenções dos representantes do PSD e também do PCP, que alertaram para essa situação, lembrando que se fosse a Assembleia Municipal a aprovar uma proposta de agregação de freguesias, o cenário seria mais favorável ao concelho.

A maioria, contudo, optou pela não apresentação de qualquer proposta, escolhendo repudiar a lei, eventualmente à espera que esta venha a ser revogada. Isso mesmo referiu João Paulo Alves, do PCP, explicando que “estamos todos a apostar que o Governo cai, que vai haver novas eleições, que a lei é revogada”, mas alertando que “estamos a apostar o nosso destino”. Apesar disso o PCP votou contra a proposta social-democrata, a única que previa mexidas nas freguesias, argumentando que existem ainda muitas dúvidas em torno da reorganização, nomeadamente ao nível das finanças e dos eleitos locais.

A reunião da assembleia municipal serviu, também, para comprovar o que já se esperava, que nesta história da fusão, extinção ou agregação de freguesias, ninguém quer perder o que tem actualmente, ninguém quer que lhe mexam na sua freguesia. Os 20 pareceres enviados pelas assembleias de freguesia (Linhares não enviou) foram todos no sentido de reprovar a legislação, mas nenhum deles apresentou um qualquer cenário de reorganização administrativa. Isso mesmo realçou Décio Guerreiro, referindo que as juntas são contra a lei, mas nenhuma delas disse o que faria se tiver mesmo que enveredar pela agregação.

Todos os presidentes de junta que usaram da palavra nesta sessão manifestaram-se totalmente contra qualquer mexida no mapa das freguesias. Desde o carismático Joaquim Felgueiras Lopes, presidente da junta da vila, que diz que “quem manda em Paredes de Coura são os courenses”, passando por Amâncio Barbosa, de Padornelo, que não vê qualquer ganho na reorganização, e Eugénio Pereira, de Formariz, que diz ser uma perda de tempo estar a discutir uma lei que não tem nexo, acabando em António Pereira, que quis saber do PSD o porquê de se incluir Ferreira no lote de freguesias a serem mexidas. “Porque não Cossourado ou outra qualquer?” 

Sem esquecer Eduardo Dias, decano presidente da Junta de Freguesia de Cristelo que, vendo a proposta social-democrata de anexar a sua freguesia à vila, não hesitou criticar Décio Guerreiro por isso, provocando uma gargalhada geral na sala quando referiu que “o senhor (Décio) fez mal em falar de Cristelo, o senhor é candidato à Câmara, com que cara é que vai aparecer a fazer campanha em Cristelo?” O social-democrata respondeu que vai a Cristelo na mesma, “porque tenho coragem de assumir o que faço”, declaração que lhe valeu o aplauso da sua bancada. A contrastar com a crítica que lhe tinha sido feita anteriormente por Carlos Barbosa, do Partido Socialista, que referiu que “a proposta do PSD é tão boa que o PSD não conseguiu sequer convencer os seus presidentes de junta”. Parecia que antecipava a rejeição da proposta social-democrata, com duas abstenções de autarcas laranjas.

24 setembro 2012

Freguesias: em Lisboa que decidam!

Somos contra a lei e por isso não apresentamos qualquer proposta de agregação de freguesias. Foi mais ou menos essa a conclusão que saiu da última Assembleia Municipal de Paredes de Coura, com a maioria dos elementos a rejeitar a proposta apresentada pelo PSD e a optar por votar favoravelmente a intenção da maioria socialista de não mexer nas freguesias.

Ou seja, a Assembleia Municipal acabou por seguir o mesmo caminho que o executivo camarário, que já tinha rejeitado qualquer proposta de agregação de freguesias. Na reunião de sábado o voto de repúdio foi o que ganhou mais adeptos, inclusivamente por parte do próprio PSD que, apesar de apresentar uma proposta de reorganização administrativa, trouxe também para a discussão uma moção a pedir a revogação da polémica lei, moção essa que acabaria por ser aprovada por unanimidade e vai agora ser enviada à tutela.

O cerne da reunião, no entanto, esteve na proposta verdadeiramente dita, a que o PSD viu chumbada pela maioria na Câmara e que no sábado foi novamente chumbada na assembleia, com os votos contra da maioria socialista e ainda dos dois representantes do PCP. Curiosamente, não recebeu sequer os votos da totalidade dos elementos do PSD, com dois social-democratas, precisamente dois presidentes de junta, a optarem pela abstenção no momento do voto. De nada valeu o apelo de Décio Guerreiro ao voto secreto, rejeitado pelo plenário, eventualmente na esperança de ver algum voto mudar de lado. Se do seu, se do da maioria, fica a dúvida.

Em discussão esteve também a questão de se apresentar uma proposta de reorganização administrativa quando se está contra a lei. “Apresentar uma proposta é dizer que se concorda com a lei”, referiu a socialista Iolanda Pereira, lembrando ainda que todas as freguesias deram um parecer negativo à reorganização administrativa. Ou quase todas, pois Linhares não apresentou qualquer parecer. Na reunião de sábado, contudo, não aprovou a proposta apresentada pelo seu partido, preferindo abster-se.

Curiosamente, Linhares era uma das freguesias visadas pela proposta social-democrata, que previa a agregação de Linhares e Porreiras a Ferreira, e ainda a junção de Cristelo e Resende à vila, transformando-a, por via do aumento de área e do número de habitantes, numa freguesia urbana. “É o que causa menor impacto”, explicou Décio Guerreiro, que garantiu que aquela não era a proposta que defenderia inicialmente (que passava por mexer em todas as freguesias), mas foi aquela que o PSD resolveu apresentar depois de escutar a população e os autarcas. Os autarcas, contudo, na hora de votar, parecem ter optado por outra via, a de empurrar para Lisboa a decisão final, na esperança de que a lei venha a ser revogada, esperança, aliás, diversas vezes evocada ao longo da reunião.

Décio Guerreiro, e também José Augusto Caldas, vereador do PSD que pediu para intervir na sessão, tentaram ainda mostrar que o objectivo de se avançar com uma proposta concreta era evitar que, na ausência dela, a reorganização administrativa venha a ser decidida em Lisboa, pela unidade técnica ao serviço da Assembleia da República, como prevê a lei. “A grande vantagem de ser a assembleia municipal a pronunciar-se é termos a certeza de que a decisão é nossa”, explicou, adiantando que caso seja a unidade técnica, as mexidas serão mais profundas e com outros critérios. E depois, questionou a social-democrata Elisabete Ribeiro, “deixamos para eles, fechamos os olhos e não queremos responsabilidades?”

20 setembro 2012

Câmara pede ajuda para pagar dívidas

A Câmara de Paredes de Coura vai avançar com a adesão ao Programa de Apoio à Economia Local (PAEL), com vista ao pagamento da dívida acumulada da autarquia que actualmente ultrapassa os quatro milhões de euros. A decisão ainda não está oficializada, mas o executivo courense vai reunir na próxima semana para definir os termos e os montantes a incluir no pedido de adesão ao PAEL. A Assembleia Municipal vai pronunciar-se sobre esta situação, e dar o consentimento final, em reunião já agendada para o próximo dia 2 de Outubro.

Não se pode dizer, contudo, que a proposta de adesão do município ao PAEL seja uma completa surpresa. O acumular de dívidas a fornecedores nos últimos e as recentes exigências da Lei dos Compromissos e dos Pagamentos em Atraso apertavam cada vez mais as finanças da autarquia de Paredes de Coura, que se via a braços com dificuldades para cumprir as suas obrigações junto dos fornecedores.

Aliás, já no ano passado e novamente em Janeiro deste ano, o vereador social-democrata José Augusto Caldas alertava para a emergência da câmara pedir um plano de saneamento financeiro que permitisse, ao mesmo tempo, colocar as contas do município em dia e dar-lhe alguma margem de manobra para concretizar e pagar a sua comparticipação em todas as obras a que a autarquia se candidatou. Mais recentemente apelou a que fossem desenvolvidas estratégias de pagamento aos fornecedores com dívidas mais baixas, negociando o pagamento das restantes.

Apesar de ainda não ter sido discutida em reunião camarária, tudo indica que, tendo em em conta as posições anteriormente assumidas pela oposição no executivo camarário, deverá ser aprovada por unanimidade. Aliás, José Augusto Caldas já tinha dado a entender que sem esse plano a autarquia ficaria sem capacidade para exercer as duas funções essenciais (incluindo os transportes escolares ou a iluminação pública, por exemplo), hipotecando a actuação deste e de futuros executivos.

Resta saber, no entanto, as condições que vai ser feito esse plano de saneamento e qual o valor do apoio que a autarquia vai solicitar que, de acordo com as regras do PAEL, destinar-se-à a pagar as dívidas com mais de 90 dias, poderá ter um prazo máximo de 14 anos de vigência e poderá cobrir entre 50 a 90% das dívidas. Por definir ficam também as obrigações e os custos que essa operação trará para a Câmara e para os munícipes. Sabe-se, desde já, que o juro do empréstimo é de 4,15%, mas além disso as autarquias que recorram ao PAEL têm de cumprir um conjunto de obrigações e incorrem em multas no caso de aumento do endividamento durante a vigência do contrato de apoio. O apoio está também dependente das medidas que a autarquia apresentar no próximo orçamento.

19 setembro 2012

O ciclo da água, revisitado

Na escola primária aprendemos o ciclo da água e ficamos a saber que a água se transfere da superfície da terra para a atmosfera, e que retorna depois à superfície através da precipitação. Mas isso era nos tempos de escola. Nos dias que correm a expressão ciclo da água ganha todo um novo significado. E em vez de evaporação, condensação ou precipitação, temos novos conceitos: custos, aumentos, oferta e escassez.

Temos, por um lado, os defensores dos aumentos, que, indiferentes a qualquer coisa (seja a falta de dinheiro ou de água), querem elevar o preço da água a todo o custo. Mas temos igualmente os que, aparentemente mais preocupados com a questão dos custos, estão mais interessados em assegurar a gestão conjunta da distribuição de água no Alto Minho, prometendo uma tarifa única (lá se vai a preocupação com o custo da água!) e melhores serviços.

Mas há quem, certamente, nem se importaria com o custo da água… desde que a tivesse. E não tivesse de estar dependente do abastecimento por parte dos bombeiros para poder satisfazer as necessidades básicas do dia-a-dia. E provavelmente estes até se questionam de que adianta a gestão conjunta se há quem não tenha água para ser gerida?

Pior, certamente, estarão aqueles, cada vez mais, que tendo água disponível se debatem com outra forma de escassez: a de dinheiro. Vai daí, não se estranha o aumento do número de casos de famílias que, por não conseguirem pagar, sujeitam-se ao corte do fornecimento de água. Extremos que, infelizmente são cada vez mais comuns e que ilustram bem as consequências de uma crise que não permite sequer o acesso àquilo que deveria ser um bem de todos.

17 setembro 2012

Dado e arregaçado? Não, obrigado!

Lembram-se se de, há quatro anos, as câmaras municipais terem sido convidadas pelo Ministério da Educação, a assumirem as competências que até então pertenciam ao referido ministério? E de como uma grande maioria das autarquias portuguesas acedeu logo ao convite ministerial e tratou de assinar a transferência de competências? Lembram-se de que a face mais visível desse protocolo visava a transferência de todos os funcionários não docentes da tutela do Ministério da Educação para as câmaras? Pois, eu também me lembro. E de como tudo parecia ser um mar de rosas cheio de vantagens e garantias por parte do Governo.

O certo é que, quatro anos volvidos, começa a ser notória a falta de cumprimento por parte do Governo em relação às autarquias. E não apenas no que se refere à educação, mas também noutras áreas, em que procuraram passar para as mãos dos municípios, responsabilidades (e custos, claro está) que até então estavam sob a tutela de um qualquer ministério.

No caso concreto da educação, as queixas não são de agora. Veja-se, por exemplo, que já em Maio do ano passado a Câmara de Ponte de Lima reclamava do Ministério da Educação o pagamento de 900 mil euros em dívida, ameaçando com a rescisão do protocolo de transferência de competências. Não chegou a tal, mas aparentemente valeu a ameaça. Já a Câmara de Ílhavo, porventura cansada de ameaças sem resultado, resolveu mesmo dar de volta ao Ministério da Educação aquilo que tinha recebido em 2008. Vai daí, toca de rescindir, unilateralmente, o acordo de transferência de competências. E toca de devolver à procedência todos os funcionários, e responsabilidades, que lhe foram imputadas nessa data.

Se a moda pega, ainda para mais tendo em conta que se trata de uma autarquia social-democrata, não devem faltar câmaras ansiosas por devolver o presente.

14 setembro 2012

Um mês depois…

Um mês depois da realização do Festival de Paredes de Coura há coisas que são por demais conhecidas. Que foi um sucesso, garante a organização, alicerçada nos 85 mil espectadores repartidos por quatro noites. E também que, apesar desse sucesso, relativamente ao ano passado houve uma quebra de cerca de 15 mil espectadores.

Outras coisas ainda são desconhecidas. Mas, à semelhança do que acontece, por exemplo, com a Bienal de Cerveira, seria interessante conhecer alguns dos números que gravitam em torno do Festival. E não, não falo dos confidenciais, mas apenas dos que podem, e devem, ser utilizados para bem divulgar o Festival.

11 setembro 2012

Desemprego aumenta em Coura

De um dia para o outro o número de  desempregados em Paredes de Coura aumentou exponencialmente. E nem é preciso consultar estatísticas para confirmar isso. Basta ver que, na mesma semana, duas fábricas do concelho fecharam as portas. De vez, ao que tudo indica.

O caso mais gritante é da Gasfec Minho, comummente conhecida como “fábrica das camisas”, a laborar há cerca de vinte anos na zona industrial de Castanheira. Na semana passada os 40 funcionários daquela empresa receberam, pelo correio, uma notícia amarga, ainda mais nos dias que correm. A fábrica, que estava encerrada para férias, não reabriria e todos os trabalhadores foram dispensados. E as más notícias não ficaram por aqui, pois além de se verem confrontados com uma situação de desemprego, os funcionários da “fábrica das camisas” não receberam os seus direitos, bem como alguns subsídios em atraso e o salário de Agosto, que também ficaram por pagar.

O encerramento da Gasfec Minho não foi, contudo, infelizmente, caso único. Também a Cervigon, fábrica de barcos de luxo instalada há meia dúzia de anos na zona industrial de Formariz, fechou as portas para férias… e não as abriu em Setembro. Mais alguns postos de trabalho que se esfumam, num concelho onde todos os números contam. Depois de um primeiro trimestre de 2012 em que os indicadores do desemprego no concelho até contrariaram a tendência do resto da região, prevê-se que os números mais recentes já catapultem Paredes de Coura para o negro panorama do desemprego em Portugal.

13 agosto 2012

O nome do rio é Coura (2)

E pronto, começou a asneirada…

Anfiteatro natural na margem do rio Taboão volta a receber cinco dias de música a partir desta segunda-feira. – TVI 24

O nome mais esperado desta 20.ª edição do festival, nas margens do rio Taboão, provavelmente o dos portuenses Ornatos Violeta, que regressam após dez anos de silêncio para encerrar o festival na sexta-feira. – Lusa (replicado, com erro e sem revisão, em páginas de vários órgãos de comunicação social)

Depois de, no fim-de-semana, muitos festivaleiros terem aproveitado para acampar junto ao rio Taboão, o arranque é feito segunda à noite com a nova música nacional em foco. – Correio da Manhã

A partir de segunda-feira, o Festival Paredes de Coura festeja 20 anos. Nomes como Kasabian, Anna Calvi, dEUS e Ornatos Violeta sobem ao palco da Praia Fluvial do Rio Tabuão. – Jornalismo Porto Net

Talvez devido aos trunfos naturais das margens do Rio Tabuão, é também possível reencontrar músicos apaixonados por Paredes de Coura — e quem sabe ficar amigo deles. – Público (P3)

O passe para os quatro dias de festival custa €80,00 e dá direito a acampar nas margens do Rio Tabuão. – Blitz

Aquilo que se disse no post anterior começa a ser visível na comunicação social, à medida que as notícias sobre o Festival de Paredes de Coura se multiplicam. Não há a mínima preocupação de apurar o verdadeiro nome das coisas. E há mesmo casos que são de bradar aos céus, seja porque se tratam de órgãos de comunicação social especializados (caso da Blitz, que se farta de escrever sobre Paredes de Coura) e que mesmo assim persiste no erro, seja por se tratar de uma rádio local que replica uma notícia da Lusa sem sequer corrigir um erro que, tendo em conta a rádio em questão, salta aos olhos. Se fosse noutra, ainda se perdoava. Sendo na Rádio Vale do Minho, custa muito mais a engolir.

 

PS: De realçar, já agora, a atitude daqueles que, alertados para o erro, logo corrigem a asneira. Nesse campo, o Público serve de exemplo.

09 agosto 2012

O nome do rio é Coura

Concordo com o que Hernâni Von Doellinger, escreve, no seu blogue Tarrenego!, irritado com algo que também a mim me faz espécie: a mania que os jornalistas têm de, quando escrevem sobre o Festival de Paredes de Coura, se referir ao “rio Taboão”, confundindo o nome do rio com o da praia fluvial onde o festival decorre. Afinal, o festival vai já na sua vigésima edição e, teimosamente, ainda há quem escreva sobre ele, mas não conheça o local onde ele se realiza!

07 agosto 2012

Só se estranha não ter acontecido antes…

 

P. Coura: 3 indivíduos detidos em flagrante delito durante furto ao antigo sanatório de Paredes de Coura – notícia da Rádio Geice

A notícia só causa estranheza por ter demorado tanto tempo até aparecer alguém a aproveitar-se dum espólio que está “ao Deus dará” ali para os lados de Mozelos, Paredes de Coura. Desde o encerramento do antigo sanatório, convertido em hospital psiquiátrico, que se têm multiplicado os casos de vandalismo e aproveitamento ilegal, ou pelo menos imoral, das instalações que o Ministério da Saúde deixou completamente ao abandono. E depois temos ainda a polémica em torno dos processos dos antigos doentes que foram deixados nas instalações de Mozelos à mercê de serem “consultados” por quem quer que fosse, a que se juntou mais tarde a utilização do espaço exterior do antigo sanatório para a criação de porcos, transformando-o numa autêntica pocilga.

Situações que só comprovam o estado de abandono a que aquele edifício, outrora imponente na paisagem courense, foi votado. Nem o projecto dum grupo privado de turismo, a que se associou a Câmara de Paredes de Coura, de transformar aquele espaço num hotel com campo de golfe, veio inverter a situação. As ideias nunca passaram do papel, ou eventualmente da mente dos envolvidos, mas serviram, pelo menos, para se constatar que o dono do imóvel, supostamente o Estado português, nunca se interessou por ele, tal foram as dificuldades tidas para encontrar a verdadeira entidade a quem a autarquia courense queria entregar o cheque pela compra do imóvel.

Nada se fez, tudo se continuou a degradar. A um ponto que, olhando hoje para o edifício, torna-se praticamente certo que a sua recuperação é virtualmente impossível. Muitos, contudo, continuam a tirar proveito da sua existência. Desde os praticantes de geocaching, que o elegem para alguns jogos e aventuras, até aos apaixonados pela fotografia, que vêem no velho edifício um cenário surreal para alguns ensaios fotográficos. Sem esquecer os que nutrem algum interesse pelos fenómenos paranormais e que se debruçam em discussões sobre possíveis assombrações que se passeiam pelos corredores do antigo hospital psiquiátrico.

Se calhar o problema do velho sanatório de Mozelos é precisamente esse. Está assombrado! Não por alguma alma penada, ao estilo de um qualquer filme de terror, mas assombrado pelo esquecimento das entidades que o deixaram caminhar, lentamente mas não sem aviso, rumo a um futuro que passará, inevitavelmente, por mais furtos como o de hoje. Valham-nos, ao menos, os vizinhos atentos!

03 agosto 2012

Vai uma, vai duas… vendido!

Cinco anos depois a Câmara de Paredes de Coura volta a tentar vender três apartamentos que tem em dois edifícios do concelho. Objectivo: encaixar no seus cofres qualquer coisa na ordem dos 250 mil euros que, nesta altura de apertar o cinto, parecem fazer muita falta ao município courense.

E o destino do dinheiro que eventualmente se venha a conseguir com esta venda já está traçado. “Vamos investir em obras concretas no concelho”, garante o presidente da Câmara que, depois da tentativa falhada de 2007, quer agora aproveitar a presença dos emigrantes por Terras de Coura para ver se algum deles desembolsa os valores que o município está a pedir. Em causa estão dois apartamentos T3, um avaliado em 100 mil euros, outro em 80 mil, e ainda um apartamento T2, avaliado em 70 mil euros.

A ver se, desta vez, alguém se chega à frente com os valores pedidos pela autarquia. Não vale, contudo, fazer publicidade enganosa porque, dizer que os prédios em causa foram construídos há cerca de quatro anos é fugir um bocadinho à verdade. Um bocadinho de dez anos, em alguns casos…

Depois das freguesias… as paróquias

Ainda a discussão sobre a agregação e extinção de freguesias não chegou ao adro e já a procissão admite avançar para outros caminhos. Isto porque a Diocese de Viana do Castelo tem em mente a criação de zonas pastorais que, na prática, vão resultar na fusão de várias paróquias. A falta de fiéis, mas sobretudo de sacerdotes, a isso parece obrigar.

Será que, tendo em conta os envolvidos, este processo de fusão será mais pacífico que os das freguesias?

02 agosto 2012

As “Maias”… em Agosto

Na última edição de O Coura já o assunto veio à baila. Falo das coroas de “Maias” que, feitas por várias escolas e instituições do concelho, estiveram em exposição em algumas das varandas da vila, nomeadamente nos edifícios públicos. Bem, estiveram não, porque algumas ainda lá se encontram, como alertou aquele jornal.

Mas, se a situação já estava mal há duas semanas, quando O Coura escreveu sobre o assunto, está pior agora. É que, pelos vistos, quem de direito não se preocupou com a má imagem, de desleixo sobretudo, que este cenário dá, com as coroas secas dependuradas em vários edifícios, e elas lá continuam. Mesmo nos locais onde, na semana passada, andaram funcionários municipais a colocar as armações das Festas do Concelho de Paredes de Coura, como se pode ver na imagem deste post.

Não seria de ter aproveitado o pessoal, as escadas e a máquina que andou a prestar apoio a este serviço, e ter retirado, ali mesmo ao lado, algumas das coroas que parecem querer eternizar (sem sucesso) o mês de Maio?

31 julho 2012

Festas do Concelho? É fazer as contas…

A memória é uma coisa tramada! Quando menos esperamos faz das suas e traz-nos à lembrança algo que outros parecem ter esquecido. Ou então, a falta de memória, faz-nos esquecer o que fizemos anteriormente e hoje somos apanhados em contradição. Acontece aos melhores.

Neste caso, contudo, nem se pode dizer que tenha sido a memória, mas sim a internet. É que, ao ver esta notícia da Rádio Vale do Minho que dá conta da redução do orçamento da edição deste ano das festas concelhias de Paredes de Coura, bastou fazer uma pequena pesquisa online para verificar que, afinal, nem tudo o que se diz hoje bate certo com o que se contou ontem. É que, dizer hoje que as Festas do Concelho vão sofrer um corte de 50 por cento mas, logo a seguir, informar que o orçamento previsto é de cerca de 50 mil euros, é esquecer que, no ano passado já tinha havido uma redução significativa (face a 2010), e ainda assim o valor apontado para a realização das festas rondava os 70 mil euros.

Ora, de acordo com a minha calculadora, que é para não correr o risco de me enganar a fazer contas de cabeça, metade de 70 mil euros ainda consegue ser menos que os 50 mil euros que a organização diz ir gastar em 2012. Mas, como dizia o outro, é fazer as contas…

 

PS – Já agora, fica aqui a ligação para o programa das Festas do Concelho de Paredes de Coura 2012, a decorrer nos próximos dias 10, 11 e 12 de Agosto.

28 julho 2012

Decidir o que já está decidido (2)

Mesmo ainda sem nada estar decidido, pelo menos nos órgãos competentes, parece que, afinal, Paredes de Coura já tomou uma decisão. O mapa ontem publicado pelo semanário Sol (clicar para ampliar) indica claramente que o concelho já se decidiu pela oposição à fusão de freguesias.Premonições…