31 janeiro 2008

Ir ao médico de helicóptero

Parece que, afinal, estão bem encaminhadas as alternativas propostas pelo ex-ministro da Saúde à Câmara de Paredes de Coura com vista ao encerramento do SAP do centro de saúde local no período nocturno. De tal modo que a autarquia está já a estudar a implantação em pleno centro da vila de um heliporto para receber a aeronave que, sediada em Braga, vai ser o nosso apoio de emergência.
Em declarações prestadas hoje à Rádio Geice, Pereira Júnior adianta que está já escolhido o local onde vai ser erguida tal infra-estrutura: precisamente num terreno ao lado do centro de saúde. Em termos de facilidade de acesso e centralidade o local, presumimos que naquele espaço ajardinado entre a sede dos Dadores e o Centro Cultural, não poderia ser melhor para a função a que se destina. De tal modo que, se as coisas forem planeadas desse modo, o doente poderá sair do centro de saúde e seguir em maca até ao helicóptero, à semelhança do que acontece no Centro Hospitalar de Viana do Castelo, por exemplo.
Não esquecer, contudo, que para aquela zona estava prevista (se bem que nunca concretizada) uma intervenção de fundo que a transformaria numa autêntica zona de lazer para courenses e não só. Um projecto que faria par com os equipamentos que a Câmara queria instalar no antigo largo da feira, após as obras de remodelação para ali programadas. A ser assim, o heliporto cairá naquele espaço como um intruso. No entanto, tendo em conta o objectivo daquele equipamento, a saúde de todos nós, é bem melhor ter um heliporto, do que uma zona verde, ali à mão de semear.
Por revolver, no caso das alternativas ao encerramento do SAP, continua a questão dos “médicos à chamada”, cenário que, já antes de firmado o protocolo com o Ministério da Saúde, se mostra ser difícil de conseguir. A ver vamos se a nova ocupante do Ministério consegue levar as negociações a melhor porto. Ou se volta atrás e mantém o SAP aberto.

30 janeiro 2008

Boas intenções

De boas intenções está o inferno cheio, reza o ditado popular. E assim parece. Basta recuar uns meses no tempo e ver isso mesmo. Por um lado fala-se na desertificação do interior e no que é preciso fazer para fixar a população que teima em sair. Por outro lado olha-se para o lado na hora de agir e, quando se podia fazer alguma, ainda que pouca, coisa, toma-se o sentido contrário.
Veja-se o caso de Paredes de Coura, a braços com um decréscimo constante de habitantes. A desertificação ainda não é uma realidade, mas todos os dias caminhamos mais nesse sentido. De tal modo que a autarquia encara a fixação da população como um dos principais objectivos. Exemplo disso é o tão falado subsídio que a Câmara quer dar às famílias a partir do nascimento do terceiro filho. Um valor bem generoso (mais de 15 mil euros), mas que ainda ninguém viu porque a intenção ainda não passou disso mesmo.
No entanto, não faltaram oportunidades de melhorar o nível de vida da população, por um lado, e de tentar atrair mais alguma empresa para o concelho, por outro lado. Pequenos gestos, é certo, mas que todos juntos poderiam traduzir-se numa mais valia para quem aqui reside. O exemplo mais flagrante, e que voltou agora a ser falado na comunicação social, diz respeito à oportunidade que o Governo deu às autarquias de abdicarem da sua pequena parte da fatia do IRS que (quase) todos pagamos. Um valor praticamente simbólico mas que, numa sociedade onde cada cêntimo conta, pode fazer a diferença.
As notícias recentes dizem-nos, contudo, que só 16 municípios portugueses resolveram apostar neste caminho e beneficiar os seus habitantes. Paredes de Coura, infelizmente, não consta dessa curta lista. Ao contrário de Ponte de Lima, por exemplo, que renunciou ao seu quinhão, consideravelmente superior ao que Paredes de Coura não quis perder. Será que é Ponte de Lima que tem de cativar a população? Não creio…
Mas este cenário não constitui surpresa. Já antes a autarquia courense havia rejeitado duas propostas, feitas pelo vereador social-democrata José Augusto Viana, para minimizar os custos da interioridade aos seus munícipes. A primeira foi a não redução do Imposto Municipal sobre Imóveis, que o social-democrata queria baixar mas que a Câmara resolveu manter mais elevada. A segunda, visando as empresas, também afecta os habitantes: José Augusto Viana quis acabar com a derrama no concelho, a autarquia fixou-a em 1,5% sobre o lucro das empresas. Parece pouco mas, na hora de escolher o local da sede de uma nova empresa, todos os aspectos contam, não?

24 janeiro 2008

Dias explosivos

Depois da comunicação das autoridades espanholas na semana passada, parece que Portugal passou a viver sob a ameaça do terrorismo. Suspeitas de bombas aqui, suspeitas de bombas acolá. E novamente aqui porque a brincadeira até correu bem, enfim…
Mas, efectivamente, as bombas existem. Que o diga quem reside ou trabalha em Formariz! Nas últimas semanas não há dia que passe em que não tenhamos uma dúzia de explosões, quando não mais. Até parece que existe uma pedreira em funcionamento na zona industrial. Mas não, pelos vistos não existe. Há explosões, mas não se vê qualquer sinal a alertar para o perigo, ou sequer informação de estarmos numa zona de rebentamentos. Já dos sustos e de alguns prejuízos materiais os vizinhos não se livram.
Ao que parece, trata-se da obra de terraplanagem de um novo loteamento desta zona industrial de Paredes de Coura. Uma tarefa que se tem mostrado difícil, não só devido à extensão do terreno, mas também à sua morfologia, caracterizada pela existência de muitas pedras de grandes dimensões. De tal modo que está uma equipa a rebentar literalmente com os tais calhaus.
Mas… e a segurança, será que foi acautelada? À vista desarmada eu diria que não. Especialmente quando se assiste à queda de grandes pedras a vários metros do lugar da explosão, numa zona junto à via pública e na proximidade de veículos estacionados. A explosão é arriscada? Não duvido, mas a ser assim não seria melhor vedar a zona? Ou limitar as explosões a determinados horários, à semelhança do que acontecia com a pedreira instalada em Ferreira?
Já agora, só mais uma questão: se a zona está transformada numa autêntica pedreira, estará licenciada para tal actividade?

Eu era mais Espanha...

A população de Lanhelas parece que está na disposição de abandonar o concelho de Caminha e passar a integrar o de Vila Nova de Cerveira. De acordo com a notícia da Rádio Geice, dizem que tem mais afinidades com o "concelho das artes".
Eu, já que é para mudar, optava por pertencer a um qualquer concelho do outro lado do rio Minho. É que, mudar por mudar, que se mude logo para um país onde o nível de vida ainda vale a pena.

23 janeiro 2008

As maravilhas da Internet

Um clique e já está, acedemos a um mundo de informação. Se estiver disponível… Foi o que aconteceu em relação ao assunto do estacionamento na Avenida Cónego Bernardo Chouzal, em Paredes de Coura. Parece que, efectivamente, José Augusto Viana apresentou uma proposta que vai no mesmo sentido deste post. Ele (ou alguém por ele) bem o disse na caixa de comentários, mas como a acta da reunião em questão só ficou disponível no site da autarquia esta semana… não havia como o cidadão comum saber.
De qualquer das formas, ao ler a acta da reunião do executivo camarário realizada em 3 de Dezembro último, ficamos a saber que o assunto exposto pelo vereador social-democrata já tinha sido tido em consideração pelo presidente da autarquia que, inclusivamente, já havia acordado com a GNR local que seria interdito estacionar naquela troço. E muito bem, digo eu.
Acontece é que, quase dois meses depois da reunião, e mais tempo ainda depois da conversa com o comandante da GNR, a situação continua na mesma. Com a agravante de que, nos últimos tempos, é precisamente uma instituição de que a Câmara de Paredes de Coura é comproprietária, que ali estaciona todos os dias o seu autocarro. Será este o melhor exemplo?
Já agora, que falamos da página Internet da Câmara de Paredes de Coura, de realçar que também já se encontram disponíveis para download os documentos relativos às Grandes Opções do Plano para 2008. É certo que, como já aqui tínhamos falado, o ideal era estarem disponíveis para serem consultados ainda antes de aprovados, porque agora é tarde demais para qualquer reparo, mas ainda assim é um bom sinal.
Apesar disso a página do município continua a apresentar muitas deficiências. Veja-se o já referido caso das reuniões do executivo cuja acta só sobe à Internet semanas depois de realizadas. De qualquer das formas, muito melhor do que o que acontece com a Assembleia Municipal. A última reunião foi em Novembro, a próxima será em Fevereiro, mas a convocatória disponível ainda é a de… Setembro. E as actas então, é melhor nem falar.
Já agora, em jeito de comentário final, fica só mais um reparo. A câmara tem cinco vereadores, três do PS e dois do PSD. Ora, se para os vereadores socialistas existe um endereço de email para serem contactados pelos munícipes, porque não fazer o mesmo para os dois social-democratas?

22 janeiro 2008

Emergências

Leio a imprensa do dia e não posso deixar de ficar admirado. As questões da saúde têm dominado a actualidade informativa a nível nacional. A extrapolação exagerada e errónea de consequências resultante da morte de duas crianças na semana passada parece ter dado mais força à contestação às medidas governamentais que estão a fechar urgências atrás de urgências.
Paredes de Coura também não escapa, já o sabemos. Valham-nos as alternativas que nos couberam na rifa, se bem que algumas delas já nos tinham sido prometidas antes mesmo da decisão de entregar a chave do SAP a Correia de Campos. É o caso da Unidade Móvel de Saúde, ideia originária da vereação laranja da Câmara de Paredes de Coura que parece ter ficado na gaveta até ter ganho relevo de moeda de troca nas negociações com o Ministério da Saúde.
Leio no Jornal de Notícias que em Macedo de Cavaleiros a viatura já circula, já serve quem dela precisa, já facilita a vida dos que tem mais dificuldades em fazer quilómetros para ir ao médico. A nossa não, continua parada, ali num dos parques de estacionamento subterrâneo. Faltavam alguns acertos, subir um degrau, acho eu. Mas já lá vão meses e a ambulância continua a enfeitar aquele espaço.
Que será que falta mais? Será a tripulação? Será apenas o motorista? Não sabemos… Para nós, o que está a impedir a utilização da unidade móvel de saúde até pode ser o simples facto de que aquela viatura não consegue sair do parque de estacionamento a não ser pela… entrada, de marcha-atrás. A sério! Não é brincadeira, é mesmo assim! Mas não deve ser apenas isso, digo eu.
Mas, se aquela viatura não anda, outras continuam a andar e, pelo que se prevê, vão andar muito mais. As ambulâncias dos Bombeiros de Paredes de Coura vão ser o principal meio de transporte daqueles que, na impossibilidade de se dirigem ao centro de saúde, vão ter de rumar a Ponte de Lima. Não é desconhecido de ninguém. Aliás, ainda hoje um artigo do Diário de Notícias alertava para isso mesmo. Para isso e para o facto de, com as ambulâncias a servirem de táxi, serem maiores os riscos de não estarem disponíveis para atender a uma emergência. A ver vamos.

18 janeiro 2008

Os meninos à volta dos milhões

Os presidentes das câmaras do distrito de Viana do Castelo parecem aqueles meninos a quem prometem doces e presentes se se portarem bem na frente das visitas. Andam anos e costas praticamente voltadas, ao ponto de dividir em dois um distrito que, mesmo unido nos seus dez municípios, teria muitas dificuldades em ombrear com os seus congéneres do resto do país. No entanto, agora que lhes cheirou a dinheiro fresquinho vindo lá dos lados de Bruxelas, é vê-los a falar, novamente, numa união do Alto Minho.
Uma união que, mesmo a acontecer, e terá de acontecer se quiserem ver a cor do dinheiro da Europa, nunca vai ser efectiva. E isso vê-se já. Numa altura em que se fala, porque a isso se é obrigado, na reunião dos dez concelhos do distrito, há já quem teça críticas que, logo à partida, não fosse o peso dos 400 milhões de euros, inviabilizaria qualquer projecto a dez.
É que há meninos que acham que, por a bola deles ser maior do que a dos outros, merecem mandar no jogo. Esquecem-se que, sozinhos, pouco valeriam no jogo. E que neste jogo o árbitro não vai estar pelos ajustes: se os jogadores não se entendem, acaba-se a brincadeira.
Enfim, contradições de um processo que parece “deja-vu”. Quem não se lembra das trocas de galhardetes entre o menino de Viana do Castelo e o amiguinho de Melgaço? Eles até são do mesmo clube, mas um tem a mania que manda na bola, no jogo e nos jogadores. E o outro não gosta de meninos mandões.

17 janeiro 2008

Promessas

Seis meses, foi a promessa feita. Mas os seis meses passaram e do prometido nem sombras. Bem diz José Augusto Pacheco, no seu Telure, que não nos podemos fiar nas promessas dos políticos. José Augusto Pacheco refere-se a Sócrates e à questão do referendo que já não vai ser, mas o seu escrito adapta-se também à promessa de Nunes Correia, ministro do Ambiente, aquando da sua passagem por terras de Coura, a 1 de Julho do ano passado.
O ministro, recorde-se, veio inaugurar o Centro de Educação e Interpretação Ambiental, em Vascões e trouxe com ele, como convinha, a promessa de que o plano de ordenamento da Área de Paisagem Protegida do Corno do Bico, que o ICN andou a atrasar anos e anos, estaria pronto em seis meses. Palavra de ministro que tutela o sector. O certo é que o ICN foi extinto (ou reformulado, vai dar ao mesmo) e do plano de ordenamento nem sombras.
Acreditamos no dito do ministro, nós e todos os que, naquele dia chuvoso de Verão, encheram o CEIA para apadrinhar a inauguração. Mal sabíamos que iríamos ter ainda, eventualmente, de servir como testemunhas da promessa feita por Nunes Correia, caso a Câmara de Paredes de Coura resolva pedir satisfações ao ministro por ter faltado à sua palavra. Mas como isto de certezas ministeriais não anda lá muito bem (veja-se o que aconteceu lá para os lados de Benavente e do Montijo), quer-me parecer que vamos continuar à espera que o ICNB (estão a ver como mudou?), resolva meter mãos à obra e avance com o prometido. Ou então, e voltando ao caso do aeroporto, se calhar da noite para o dia alguém lê o resumo do documento e aprova o plano de ordenamento assim sem mais nem menos.
Nós continuamos à espera. Do plano de ordenamento ou do ministro, o que vier primeiro.

15 janeiro 2008

O funil

Com a entrada em funcionamento da variante à EN303, entre Mantelães e a vila, a avenida Cónego Bernardo Chouzal transformou-se naquilo para que foi inicialmente projectada: a entrada principal de paredes de Coura. No entanto, provavelmente por falta de atenção de quem de direito, é uma entrada acanhada, estrangulada. Para isso ajudam os veículos pesados estacionados naquela rua, no sentido GNR/Centro Cultural, ocupando parte da faixa de rodagem.
A postura municipal de estacionamento, publicada por ocasião da entrada em funcionamento dos parcómetros, indicava diversas zonas na vila onde poderiam ser estacionados autocarros e camiões, incluindo a referida avenida Cónego Bernardo Chouzal mas apenas no sentido Centro Cultural/Dadores, na zona de estacionamento paralela à faixa de rodagem. Em relação ao outro lado, nada foi referido. Aliás, à entrada da avenida aparece um sinal de proibição de estacionamento, que deixa de ser válido logo após o posto da GNR. Resultado: essa faixa é ocupada, dia e noite, por camiões e autocarros, grandes e pequenos, que ocupam metade da faixa de rodagem, obrigando os automobilistas a circular pelo meio da estrada, quando não pela outra faixa em sentido contrário.
É certo que o lado reservado ao estacionamento de veículos pesados está quase sempre lotado e que, de acordo com a postura municipal de estacionamento, as outras zonas indicadas para o seu parqueamento são a rua Aquilino Ribeiro, do lado contrário ao Museu, e o antigo largo da Feira. Os dois distantes da única avenida de Paredes de Coura e, no caso do antigo largo da Feira, já por diversas vezes denunciado como de difícil acesso para os autocarros. De qualquer das formas, ali mesmo ao lado, na rua José Gomes Moreira, há espaço com fartura e, certamente, o impacto, visual e funcional, será muito menor. Aliás, já por ali se vêem alguns veículos pesados estacionados.
Se a avenida Cónego Bernardo Chouzal é a principal entrada da vila, se é para ali que a Câmara tem muitos planos de embelezamento e desenvolvimento de estruturas colectivas de lazer, então o futuro terá de passar por colocar um ponto final no “funil” que a estrangula logo à partida. Alternativas não faltam.

11 janeiro 2008

E já de seguida... os telemóveis

Depois do tabaco, porque não impor limitações à utilização do telemóvel? Elas já existem em vários espaços, é certo, mas porque não dar-lhes força de Lei e esperar que a ASAE ou outra qualquer autoridade entre em campo com atitude repressiva a multar todos os que desrespeitarem?
Impensável? Inconcebível? Claro… Mas a ideia surgiu-me nos últimos dias, depois de ver, mais uma vez, o pouco respeito que as pessoas parecem ter quando se trata de lidar com telemóveis. Já todos sabem que não podem utilizar os telemóveis ao volante (embora muitos não o cumpram…), ou nos postos de abastecimento de combustíveis, ou ainda nos aviões, mas há uma série de outros locais onde o bom senso, sempre o bom senso, poderia impor algum travão na consciência dos utilizadores.
Ainda na semana passada, encontrava-me a assistir à missa numa igreja lotada por algumas centenas de pessoas. E, numa cerimónia que durou pouco mais de 45 minutos, não faltaram telemóveis a tocar e, pasme-se, houve mesmo quem não hesitasse em interromper o recolhimento do silêncio e atendesse a chamada, como se estivesse na rua, aliás, pelo volume da voz, como se estivesse no meio do campo.
É um exemplo extremo da falta de bom senso de algumas pessoas, mas há outros. Não é nada agradável, também, estar num restaurante e a pessoa na mesa ao lado estar ao telefone, esquecendo-se porventura de onde está, de tal modo que enceta uma conversa que deveria ser privada mas que, dada a exiguidade do espaço, é partilhada por todos quantos estão no restaurante. E assim se ficam a saber as intimidades dos outros… E o que dizer daquelas pessoas que não tem qualquer problema em atender o telemóvel em plena sessão de cinema?
É claro que não é preciso Lei alguma para lidar com este tipo de situações. Bastam dois palmos de testa, penso eu. E daí… tenho as minhas dúvidas, especialmente desde que vi, numa bomba de gasolina, um sinal a advertir que não era permitido o abastecimento por crianças. Mas... há quem coloque os filhos a encher o depósito do carro? Só falta irem de cigarro aceso!

09 janeiro 2008

Fumaça

Dizia-me em tempos um professor que tive, que a Lei agrada a todos, dependendo da forma como se lê e como se interpreta. Ora, a recente “Lei do Tabaco” é mais um exemplo disso. Quem a lê interpreta-a à sua maneira e dá-lhe o sentido que julga ser o mais acertado.
O caso mais flagrante foi, precisamente, o flagrante do inspector-geral da ASAE na passagem de ano no Casino do Estoril. Tinha razão? Pelos vistos tinha, porque parece que afinal nos casinos continua a ser permitido fumar. Claro, se se tem peito suficiente para perder uns milhares nas “slots machines” quem é que nos vai impedir de acender a cigarrilha ou o charuto para “apagar a mágoa”? Pois…
Devo confessar que sou dos que defendem que os não fumadores não devem ser incomodados pelo fumo dos outros. Com a saúde deles, dos fumadores,, que se preocupem eles, mas com a minha se não for eu a preocupar-me, quem será? Apesar disso considero que o legislador não quis ter muito trabalho e vá de fazer uma lista de sítios possíveis e imaginários onde, desde o passado dia 1, é proibido fumar.
De tal modo que, fazendo uma leitura estrita da Lei, até ao ar livre não é permitido fumar. É o caso dos estabelecimentos escolares, e ainda bem, mas não só. É que a designação “local de trabalho” indicada na legislação é de tal forma vaga que, mesmo o varredor da rua, no exercício das suas funções, não pode fumar. Está na rua, mas… é o seu local de trabalho. O mesmo se diz do jardineiro, ou do guarda-nocturno que, na sua solitária ronda, não pode agora ter a companhia de um cigarro. A Lei estipula ainda, por exemplo que é proibido fumar nos recintos de feiras, excepto se estes forem ao ar livre. Mas, aquele não é o local de trabalho dos feirantes? E assim sendo é permitido fumar no local de trabalho?
O melhor mesmo seria definir os locais onde se pode fumar. Se calhar, deste modo, a lista era mais curta e menos sujeita a más interpretações.

08 janeiro 2008

Gota a gota

Foi o tema que dominou o final do ano passado, em termos políticos, em Paredes de Coura. E promete continuar a dar que falar em 2008. A entrega a privados da rede de distribuição de água em baixa, ou seja aquela que chega até à nossa porta, é, ainda e só, apenas uma possibilidade. Mas está nos planos da autarquia, ainda que o presidente da Câmara diga que isso só acontecerá se não houver outra opção.
Essa foi, pelo menos, a justificação dada por Pereira Júnior na última Assembleia Municipal, onde o assunto veio à baila precisamente por a verba resultante da possível venda estar inserida no Orçamento da Câmara para o corrente ano. Mas, se a concessão será ainda uma possibilidade, uma coisa é certa: a avançar vai trazer aos courenses um aumento considerável da conta da água.
E é, mais uma vez, o próprio presidente da Câmara quem o assegura, explicando que, actualmente, a autarquia paga do seu bolso metade da despesa efectuada pelos consumidores. Por outras palavras, cada consumidor paga actualmente 26 cêntimos por cada metro cúbico de água, quando este mesmo metro cúbico de água custa à autarquia 52 cêntimos. Ou seja, nós só pagamos metade, o resto a Câmara oferece. Ora, como qualquer entidade privada que se preze não está para fazer ofertas destas, é garantido que se a rede de distribuição for concessionada, com um grande, mesmo grande, encaixe financeiro para os cofres da edilidade, quem vai sofrer na pele, ou melhor na carteira, são todos os que recebem a factura da água em casa todos os meses.
Depois do grande aumento de 2003, que no caso dos consumidores particulares foi para mais do dobro, espera-se agora nova subida vertiginosa nas tarifas. Se, há pouco mais de quatro anos, a justificação foi a uniformização de tarifas entre os vários concelhos servidos pelas Águas do Minho e Lima, agora o motivo é outro e vale por dois: por um lado entra muito dinheiro na Câmara, por outro, e a acreditar nas palavras de Pereira Júnior, a Câmara vai poupar muito dinheiro. Sem problema, nós pagamos!

02 janeiro 2008

ABC de 2008

À falta de astrólogos, tarólogos e afins, deixo aqui a minha previsão para 2008 no que se refere a Paredes de Coura. De A a Z, com alguns saltos pelo meio, aqui ficam algumas indicações. E se não acontecer assim, já sabem que a culpa é do destino… muito variável.

A – Água. Acabou a dominar o fim de 2007, mas é em 2008 que promete muita polémica. Se a Câmara avançar com a concessão da rede de distribuição, uma coisa é certa: a água vai aumentar. Muito!

B – Bombeiros. Depois de resolvida a questão da direcção, eis que surgem os projectos. O destaque vai para a integração de voluntárias femininas, que se aplaude. Para trás fica o projecto do novo quartel, a aguardar melhores dias.

C – Comunidade. A cinco? A dez? Depois das divisões políticas, eis que as restrições económicas e financeiras podem ditar a junção dos dez municípios do distrito de Viana do Castelo. É a ida ao pote (do dinheiro europeu) a conseguir o que as preocupações políticas não fizeram.

E – Esgotos. O saneamento continua a esventrar o concelho. É necessário, é certo, mas agradecia-se mais consideração por quem tem de percorrer as picadas que as obras deixam.

F – Festival. A bandeira de Paredes de Coura vai continuar a ondular na Praia do Taboão. Aguarda-se o prometido (para 2006) inventário do apoio logístico concedido pela autarquia.

H – Hotel. Do alto da Pena avista-se grande parte do concelho. Só não se vislumbra ainda um rumo para a transformação do antigo hospital em hotel com golfe. A venda do edifício estava prevista para Fevereiro... de 2007. A ver se é em Fevereiro de 2008.

I – Incentivos. Ao aumento da população, claro está. Se até o Presidente da República quer mais crianças, quem somos nós para o contradizer. A Câmara de Coura lançou o foguete dos subsídios à maternidade, 15 mil euros a partir do terceiro filho. Mas ficou-se por aí, pelo fogo de artifício, porque, ao que parece, o assunto está ainda em estudo.

L – Limites. A “Lei dos 50 metros” promete continuar a dar dores de cabeça a quem quer construir no concelho e noutros pontos do país. A ver vamos se a ofensiva lançada pela autarquia dá frutos ou se o Governo continua a obrigar os cidadãos a fazer o que compete aos serviços do Governo.

M – Morte. O lema é: uma casa mortuária em cada freguesia. Proposta recente da Assembleia Municipal de Paredes de Coura. Não morreu à partida, foi mantida com respiração artificial e aguarda agora a alta médica para ser aplicada. A ver como reage a Igreja Católica.

O – Ondas hertzianas. Vulgo rádio. Paredes de Coura tem uma frequência atribuída mas não tem rádio local. Um diferendo para seguir em 2008. O que é feito de um abaixo-assinado levado a cabo há alguns anos?

P – Parque. Os parques continuam praticamente às moscas. Há muito quem prefira arriscar uma multa do que pagar 5 cêntimos.

R – Relvado. Precisa-se, com urgência, para o Courense. O Castanheira agradece.

S – SAP. Vai fechar. É garantido! Aguardam-se as alternativas, que funcionem, porque para não funcionar basta o SAP que temos.

T – Tribunal. Ainda não fechou. Será que vai fechar? Será que se vai transformar em Loja do Cidadão? Aguardemos.

V – Variante. Abriu o primeiro troço da variante de acesso à A3. Pouco mais de 500 metros que continuam a deixar Sapardos bem longe. O traçado está em estudo. Lá para meados deste ano deve haver algum risco no mapa.

Z – Zonas industriais. Mais indústrias, ainda que pequenas, estão a dar nova vida às zonas industriais do concelho. Falta a sinalização e melhores acessos, nomeadamente à de Formariz. Com o acesso actual, gostava de ver dois camiões da Transcoura a cruzarem-se…