29 março 2007

Propostas que se perdem

De vez em quando, nas actas das reuniões da Câmara Municipal de Paredes de Coura, lá aparecem algumas propostas da oposição que merecem o apoio da maioria socialista. Seria de esperar, por isso, que fossem levadas a cabo, ao contrário de muitas outras que parecem condenadas à partida. Nos últimos tempos recordo três situações deste género: o serviço de consultas ao domicílio, com recurso a uma ambulância devidamente apetrechada e enriquecida com a presença de um médico e um enfermeiro; a implementação do programa Bibliocafé da Fundação Calouste Gulbenkian em alguns cafés do concelho; e ainda, esta mais recente, a classificação de interesse público do conjunto arquitectónico composto pela antiga fábrica de lacticínios e o palacete de Mantelães.
Sobre este último tema, contudo, não se pode ainda dizer que tenha tido o apoio do Executivo courense, pois o assunto chegou à última reunião mas a sua discussão foi adiada. Espera-se, no entanto, que PS e PSD unam esforços na defesa de um marco histórico do nosso concelho. Ficamos é à espera de ver o que dali vai sair…
Já em relação às “consultas ao domicílio”, como referido no post anterior, o assunto até foi tido em consideração pelo ministro da Saúde. Ainda nada foi feito mas o presidente da Câmara já manifestou a disponibilidade da autarquia para custear a ambulância, a sua manutenção e, eventualmente, o salário de um motorista. Continuamos à espera que Correia de Campos cumpra a sua palavra.
Colocada de parte parece estar a implementação do programa Bibliocafé, que João Cunha tão bem defendeu aquando da sua passagem pela vereação. Se não foi esquecida, está mais atrasada do que em alguns municípios vizinhos. Isto porque Arcos de Valdevez, Caminha e Ponte de Lima já têm um espaço do género, com livros e café à mistura, numa tentativa de levar a leitura até aos munícipes, já que estes parecem arredados dela. Mais uma vez foi a Valimar, comunidade quem reúne aqueles municípios e ainda Ponte da Barca, Viana do Castelo e Esposende, onde também vão funcionar estruturas semelhantes, que se antecipou e deu força à dinamização deste projecto. Nós ficamos à espera de ver os livros ali num qualquer café, da vila ou das freguesias, até porque nas freguesias começam a multiplicar-se os exemplos de que a cultura pode muito bem estar de braços dados com a diversão que habitualmente caracteriza aqueles espaços.

26 março 2007

Palavra de honra

No tempo do meu avô, muito mais que um contrato escrito, o que contava era a palavra. Palavra de honra. Hoje, a palavra de uma pessoa parece valer muito pouco. Ainda assim há quem continue a ver na palavra uma garantia, uma certeza. É o que se passa com Pereira Júnior, presidente da Câmara de Paredes de Coura, que continua convicto da força da palavra de honra do ministro da Saúde.
Mesmo depois de ter sido divulgada uma lista que dá conta da intenção de encerrar o serviço de atendimento permanente do nosso concelho, o autarca de Paredes de Coura mostra-se confiante na palavra ministerial e diz que aceita a decisão, desde que se concretizem as promessas feitas por Correia de Campos quando visitou o município há cerca de um ano. Pessoalmente acho que faz muito bem, ainda para mais quando o próprio ministério já veio a público explicar que a lista agora divulgada pela TVI já tem 14 meses, ou seja é anterior à visita do ministro a terras de Coura e que por isso já foi alvo de discussão aquando dessa deslocação.
Na altura, recorde-se, Correia de Campos disse que o SAP não fechava as portas… por enquanto. E por enquanto porque a negociação com o município previa a criação em Paredes de Coura de uma unidade de saúde familiar, chegando mesmo a ser indicado o edifício do antigo centro de saúde para acolher esse equipamento. Além disso, ficou ainda prometida a criação de um serviço médico ambulatório, com uma viatura equipada, tripulada por um médico e um enfermeiro, a fazerem consultas ao domicílio. Para já, nenhuma das propostas avançou, mas também as urgências ainda não fecharam, por isso acho que é de bom tom dar ao ministro o benefício da dúvida.
Sobre este assunto convém, contudo, não esquecer dois pontos que me parecem importantes. Por um lado, a falta de acessibilidades de Paredes de Coura aos municípios circundantes, onde teremos de recorrer quando o SAP encerrar. Mas, por outro lado, o verificarmos que a média de atendimento nas nossas urgências é de apenas 1,5 pessoas por noite.
Será que justifica ter um médico a trabalhar (em teoria pelo menos, porque sabemos que nem sempre é assim) durante toda a noite para atender uma pessoa, ou mesmo nenhuma, e receber horas extra por isso, quando, no dia seguinte, por não fazer o horário normal de trabalho, vai deixar de atender 15 ou 20 pessoas? Penso que as pessoas estão acima de qualquer número, mas há números, como estes, que não se podem ignorar.
Assim sendo, que se encerre o SAP, mas que se criem alternativas. Que se melhore a rede viária, que se prolongue o horário do centro de saúde, de modo a funcionar durante um maior período de tempo, inclusivamente ao fim de semana. Eventualmente, que se equacione a colocação de uma VMER em Ponte de Lima ou Valença, contra a actual localização em Viana do Castelo, de modo a dar uma resposta mais rápida em caso de emergência. E convém não esquecer que também os bombeiros vão precisar de mais apoio, pois é a eles que vai recorrer quem precisar das urgências fora de horas. Porque não colocar um enfermeiro de serviço durante a noite e fim de semana para acompanhar os casos mais complicados no transporte até Ponte de Lima?

23 março 2007

A Junta e o cemitério

A notícia tem vindo a público em vários jornais, regionais ou nacionais: no próximo domingo a Junta de Freguesia de Resende deixa o cemitério e vai para a escola. Ora aqui está um cenário que não se vê todos os dias, já que o mais comum é que quem vá para o cemitério de lá não regresse.
Mas a Junta de Resende não está morta, assim garantem os seus responsáveis que, aproveitando o fecho da escola primária da freguesia, encetaram esforços no sentido de não deixar o edifício desocupado e trataram de lhe dar o inquilino que entenderam ser o mais adequado. Bem visto, por duas razões. Primeiro, dão à Junta um novo espaço, mais aberto à comunidade e com melhores condições para ali serem desenvolvidas uma série de actividades com e para os munícipes. Por outro lado dão à freguesia um espaço que há muito vinha sendo reclamado e que, num concelho tristemente marcado pelo avanço dos números da necrologia, há muito deveria ter sido instituído em todas as freguesias: a casa mortuária.
Nos tempos que correm, e mesmo nos que correram antes destes, não faz qualquer sentido velar os mortos em casa, por muito respeito que se lhes tenha. Não é de todo humano sujeitar os que cá ficam, sabe-se lá com que estado de espírito, a uma convivência forçada com aqueles que acabam de partir. Uma partilha de espaços que, não raras vezes, se prolonga por mais de um dia e que, além das consequências psicológicas, pode muito bem acarretar problemas de saúde pública.
É, por isso, com agrado, que vejo que cada vez mais freguesias estão a dar prioridade a este tipo de equipamento nos seus planos de actividades, quer aproveitando edifícios desocupados, quer construindo uma casa mortuária de raiz, criando um espaço onde familiares e amigos podem velar os seus falecidos, mas mantendo a integridade do lar onde residem e onde, no final da oração, se podem refugiar em sossego.
Não podemos, contudo, esquecer, que este tipo de equipamentos sociais não se faz sem dinheiro. Por isso não será de reprovar qualquer aumento de taxas de ocupação dos cemitérios por parte das juntas de freguesia. Sei de freguesias onde, por falta de dinheiro, mesmo a limpeza do cemitério já deixou de ser paga pela autarquia e é feita graciosamente por aqueles que ainda se preocupam em manter a dignidade de um espaço de reclusão e memória. Se o dinheiro não chega para a limpeza, como se constrói, então, uma casa mortuária? A resposta é fácil: com o envolvimento de todos, porque, mais cedo ou mais tarde, quer se queira ou não, todos vamos precisar dela.

19 março 2007

Mesmo à porta

Afinal a polémica do estacionamento em Paredes de Coura não tem nada a ver com a instalação de parcómetros no centro da vila, ou menos ainda com os parques subterrâneos. Afinal, digo eu, toda a questão se resume apenas a uma constatação: os automobilistas não conhecem os sinais.
Se assim não fosse, como explicar o cenário da fotografia, tirada ontem. Não era dia de semana e, por isso mesmo, não havia parcómetros a pedir a respectiva moedinha. Também não era sábado de feira e por isso havia muitos lugares de estacionamento nas ruas vizinhas. No entanto parece que o sinal de trânsito proibido colocado à entrada do Largo Visconde de Mozelos não é suficiente para impedir a entrada daqueles que, talvez por não quererem caminhar alguns metros, têm de estacionar a viatura mesmo à porta do café.
Ainda bem que em Paredes de Coura não existe nenhum restaurante do género “drive in”, caso contrário o proprietário ainda se arriscava a ver os clientes avançarem de carro pela cozinha dentro. Concluindo, a foto só demonstra que, com parcómetros ou sem eles, o problema é que queremos sempre levar o carro até à porta do estabelecimento comercial para onde nos dirigimos.

16 março 2007

O fim das taxas, o aumento das tarifas

No dia do Consumidor, o Partido Socialista quis dar um agrado de boca aos portugueses, talvez para fazer esquecer outros assuntos, e vá de apresentar uma proposta de lei no sentido de acabar com as taxas fixas dos serviços considerados públicos e essenciais. Seria o fim da assinatura do telefone e do aluguer dos contadores de água, luz e gás. Iuuuppi! Finalmente liberdade. Se gastar, pago. Se não gastar, não preciso de pagar.
É claro que a proposta ainda não foi aprovada. O meu entusiasmo será, por isso mesmo, prematuro e, porventura, infundado. Isto porque, mesmo sem estar aprovada, já houve quem viesse a público dizer que não seria bem assim.
Fernando Ruas, presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, não gostou de ver o Governo mexer nas receitas das autarquias e já avisou que, se as taxas de aluguer caírem haverá uma subida das tarifas cobradas pelos municípios. Mais uma? Depois dos aumentos que se têm visto de cada vez que uma câmara entrega a concessão das redes de água e saneamento a privados? Lembre-se, a título de exemplo, o caso de Paredes de Coura, que há três anos, por uma questão de uniformizar as tarifas dos vários municípios servidos pela Águas do Minho e Lima, aumentou a factura da água em mais de cem por cento.
Já agora, e por falar em água, tenho ouvido algumas pessoas a queixarem-se da má qualidade da água de Coura nos últimos tempos, nomeadamente no que respeita ao seu sabor “a lixívia”. As mesmas pessoas que dizem que antes das Águas do Minho e Lima a água era muito melhor, quase comparável à agua engarrafada. É certo que o sabor a desinfectante é sinónimo de tratamento, mas certamente haverá outros processos menos “saborosos” de dar qualidade à água da torneira.

Querem fechar o Alto Minho?

A pergunta que dá título a este post não é minha, descobri-a no blogue Parar para Pensar, de João Carlos Gonçalves. Tomei a liberdade de lhe “roubar” a interrogação porque, tal como ele, também eu vejo, dia após dia, toda uma série de decisões que, mais cedo ou mais tarde, vão resultar, em última instância, na perda de qualidade de vida para todos quantos vivem no Alto Minho, principalmente nos concelhos do interior como Paredes de Coura.
João Carlos Gonçalves, que já lançou um outro blogue exclusivamente sobre este assunto, dá-nos alguns exemplos da operação, mais ou menos concertada, que o Governo e as estruturas dele dependentes parecem ter em mente para esta região. Se bem que não concorde com a incidência que algumas delas possam ter nesta conjuntura, caso da concentração de escolas, outras há que se traduzem, logo à partida, na perda de direitos adquiridos pelas populações.
Falo, por exemplo, do encerramento anunciado de algumas repartições de Finanças no distrito de Viana do Castelo. Paredes de Coura não escapa a esta vaga de encerramentos, o que levará a que os courenses, de cada vez que precisarem de recorrer a este serviço, tenham de se deslocar até Cerveira, Ponte de Lima ou Valença, por exemplo. É também a Valença que terão de ir, ao que parece dentro de pouco tempo, sempre que precisarem de recorrer ao Tribunal. O de Paredes de Coura, como bem referiu o “Exorcista” em comentário ao post anterior, tem uma actividade deveras reduzida e, numa lógica meramente economicista, há que concentrar serviços de vários concelhos para poupar uns cobres. Eles, os do Governo, porque nós teremos de abrir ainda mais os cordões à bolsa, com deslocações acrescidas.
Na secção Registos e Notariado ainda nos vamos safando. A junção dos dois serviços é um mal menor, mas, pelo menos por agora, não se fala em tirar do concelho mais este serviço público. Que se seguirá, neste cenário de fechar aqui e acolá para juntar tudo noutro lado? Será que o Centro de Saúde sempre consegue escapar aos estudos ministeriais e se mantém aberto fora de horas? E a Segurança Social? Será que, num concelho profundamente envelhecido, onde grande parte da população depende dos recursos que lhe chegam através daquele serviço, além da factura da farmácia e da mercearia, os nossos idosos vão ter de contar também com a factura do táxi até Valença? E a GNR, será que se mantém como posto territorial, ou passará a ser apenas um posto avançado ainda mais dependente de Arcos de Valdevez e com uma patrulha ou outra a vaguear pela nossa área?
De qualquer das formas, o cenário actual, e o anunciado a curto prazo, são suficientes para deixar qualquer um preocupado. E já estou como diz o “Exorcista”, se calhar mais valia fechar a Câmara e irmos todos daqui embora.

13 março 2007

Contradições

Ouço as notícias do dia na Rádio Geice e fico na dúvida. Melhor dizendo, fico com dúvidas. Por um lado ouço o presidente da Câmara de Paredes de Coura a dizer que continua a acreditar na promessa (ou na palavra) de Correia de Campos, ministro da Saúde, aquando da sua visita ao concelho, em meados do ano passado, quando garantiu que, para já, o concelho não irá perder o serviço de urgência no período nocturno.
Mas logo a seguir outra notícia, desta feita com epicentro em Cerveira, dá-nos conta do interesse do Grupo BES, atráves da Hospor (Clípovoa), em criar um serviço de urgência naquele concelho. Nada de mais, nada contra a iniciativa que até se aplaude e incentiva. Mas depois vem a justificação para o funcionamento daquele serviço em Vila Nova de Cerveira, nomeadamente a centralidade face a outros concelhos, e são dados os exemplos de Caminha, Valença e Paredes de Coura, que vão perder o serviço de atendimento permanente no período nocturno.
Afinal em que ficamos? Por um lado temos a promessa do ministro, por outro declarações que vão em sentido contrário. E recordo que já o presidente da Câmara de Valença se referiu também ao encerramento da urgência no nosso concelho. Será que eles sabem mais que Pereira Júnior? Ou, e acredito que sim, utilizam apenas o nome de Paredes de Coura para fortalecer os seus próprios intentos, dando mais força ao seu protesto, num caso, ou ao seu projecto, no outro? De qualquer das formas, creio que não fica bem estar a alarmar os courenses para uma situação que, até informação em contrário, não se irá verificar.

À espera do lixo

Estão todos à espera do lixo. Ou melhor estão à espera de uma decisão para ver quem fica com o lixo. O aterro intermunicipal do Vale do Minho, em S. Pedro da Torre, fecha as portas no próximo ano e o autarca de Valença não está disposto a mantê-lo aberto um dia mais que o necessário. É, por isso mesmo, o principal interessado em saber qual o município que se segue, tendo em conta que, a cada dez anos, um dos seis municípios aderentes da ValorMinho será responsável por acolher esta estrutura.
Para já ainda não é certo quem será o próximo, muito embora as previsões apontem para Cornes, em Vila Nova de Cerveira. Certo é que não ficará em Valença. Mas pode ficar em Linhares, Paredes de Coura. Pode? Pode, este foi o local que a Câmara courense sugeriu para acolher aquele equipamento. E se vier para cá, como ficamos?
Na memória tenho as manifestações dos moradores de S. Pedro da Torre, quando começaram a construir o aterro actual. E ainda no passado sábado a SIC nos relembrou dos protestos das populações de Lazarim e Bigorne, em Lamego, aquando da luta contra a implantação de um aterro sanitário naquelas freguesias. Que têm em comum um e outro caso? Em ambos os locais os protestos de nada valeram e os aterros lá estão.
Mas os dois casos não são de todo iguais. É que, em Valença, anos após a entrada em funcionamento do aterro, a Justiça deu finalmente razão aos populares que, ao que parece, conseguiram com que o facto de acolherem o aterro nos seus quintais trouxesse algum proveito para a freguesia. Vamos ver, agora, se a freguesia que se segue tem a mesma sorte, ou melhor dizendo, se tem a mesma capacidade de fazer valer os seus direitos e os direitos dos seus habitantes, retirando alguma mais valia de uma estrutura que, apesar de necessária, supostamente limpa e que irá servir todos os habitantes dos seis municípios envolvidos, acaba sempre por trazer mais dissabores a quem a vai ter a seu lado, dia a e noite, faça chuva ou faça sol, especialmente quando faz sol.
A propósito disto, saliento aqui a jogada de mestre que a Junta de Freguesia de Formariz parece estar disposta a fazer, relativamente ao tubo de saneamento junto à Ponte de Mantelães. Depois do autarca anterior ter colocado a empresa responsável pela sua instalação em tribunal, eis que o novo presidente da autarquia resolveu levar a sério a máxima de olhar pelos interesses dos habitantes da sua freguesia e aparece disposto a esquecer o atentado ao património edificado que, embora a defender, assume, nos tempos que correm, menor relevo. Assim, vai de tentar chegar a acordo com os “prevaricadores” e aproveitar ao máximo o que estes podem oferecer à freguesia, sejam estradas arranjadas, passeios construídos ou outro tipo de apoio para realizar obras que, de outra forma, não seriam possíveis. Até pode ser eticamente reprovável e não ficar muito bem na fotografia, mas lá que é uma boa oportunidade, que não pode ser desperdiçada, disso ninguém tenha dúvidas.

07 março 2007

Terapia de grupo

Isto de fazer parte de um grupo é como tudo na vida, tem as suas vantagens e desvantagens. Umas vezes temos o apoio do grupo do nosso lado, noutras temos de travar passo porque o resto do grupo está mais atrasado que nós. Assim também parece ser com as associações de municípios. Veja-se o caso de Paredes de Coura e a sua participação na Comunidade Intermunicipal do Vale do Minho.
Em alguns casos são notórias as vantagens resultantes dessa associação de municípios do Alto Minho para Paredes de Coura. Veja-se, por exemplo, o projecto Vale do Minho Digital, que vai ligar esses concelhos numa enorme rede informática, e em cada concelho uma diversidade de estruturas e equipamentos públicos. Em Coura, por exemplo, já estão no terreno os trabalhos de instalação dessa “intranet”, se assim se pode chamar, que promete tornar mais fácil o trabalho entre os vários departamentos da autarquia.
Mas, como disse no início, há alturas em que é preciso refrear os ânimos porque os nosso vizinhos ainda não estão ao mesmo nível que nós ou, no caso concreto, porque uma vez que se optou por fazer uma estrutura conjunta, esta está mais demorada do que se tivéssemos avançado sozinhos. Na memória tenho o caso do canil intermunicipal, de que ouço falar há, pelo menos, três anos.
Diz-se que vai ficar em Monção, por ser mais central, e que vai acolher os animais vadios dos cinco concelhos da Intermunicipal. O problema é que o canil nunca mais chega. Mas também não avança um equipamento do género a nível concelhio porque, explicou o autarca courense, seria dinheiro desperdiçado quando se está a pensar na construção de uma estrutura colectiva. Resultado: para já não temos nem uma coisa nem outra e os animais continuam à solta.
Mais recentemente ficámos a conhecer outra situação do género, ou seja de não resolvermos os nossos problemas por estarmos à espera de resolver os de cinco concelhos ao mesmo tempo. Falo da ausência e do mau estado de conservação de muitas placas toponímicas do concelho, principalmente da vila. Pereira Júnior reconhece que se trata de um problema que merece atenção, mas adianta que não será feita qualquer intervenção porque está a estudar-se uma solução conjunta e uniforme para os concelhos da Vale do Minho.
Assim sendo, mais uma vez, os interesses do concelho cedem lugar aos da comunidade intermunicipal. Nada contra, desde que não seja necessário esperar tanto tempo como em relação ao canil. É que, se assim for, bem que se pode fazer a intervenção nas placas toponímicas que, quando for encontrada uma solução comum aos cinco concelhos, já essas placas estão a pedir nova reforma.

06 março 2007

O carreiro da Europa

É certo que, nos tempos que correm, somos mais vezes impelidos a rumar a Espanha do que a outras paragens dentro do nosso país. É para lá que vamos quando precisamos de abastecer, de forma económica, o depósito do automóvel, é lá que fazemos as compras do mês. Mais: muitos de nós, courenses, é por lá que encontramos trabalho. São as vicissitudes de um país marcado por uma crise económica que, não obstante as previsões surrealistas de alguns ministros, ainda não tem os dias contados.
No entanto, apesar desta apetência por terras de “nuestros hermanos” acho que ninguém tem dúvidas que é urgente, é necessário, é de todo imprescindível, dotar Paredes de Coura de bons acessos que nos liguem ao resto de Portugal. Ninguém está livre de uma deslocação a Viana do Castelo, seja para ir ao médico ou ao Governo Civil, ou mesmo a Braga, onde se situam muitos dos serviços de que necessitamos no dia-a-dia. Parece estranha, por isso, a declaração de Eduardo Daniel Cerqueira na última reunião da Assembleia Municipal, especialmente quando o deputado socialista afirmou que “o futuro não está em Ponte de Lima ou em Viana, está na Europa”.
Os mais atentos logo associaram as palavras de Eduardo Daniel Cerqueira à proposta que o PSD courense em tempos fez de se apostar na ligação a Ponte de Lima e ao eixo A27/A29 ao invés de se desperdiçar esforços na ligação à A3 que teima em não desandar. Tudo bem. Era o deputado socialista a defender a dama de honra do seu partido.
Mas, logo a seguir, o mesmo elemento da bancada do PS questionou o presidente da Câmara sobre o processo de colocação das placas indicativas de Paredes de Coura na A29, em Arcozelo, e na A3, em Sapardos e aí fiquei na dúvida. Então se o futuro está na Europa, para que raio serão as placas a indicar Paredes de Coura? Será que alguém no seu perfeito juízo se vai desviar do rumo europeu e enveredar pelos desvios da realidade courense?
Por falar em Europa, Eduardo Daniel Cerqueira aproveitou a oportunidade para questionar o Executivo sobre o facto de algumas ruas da vila não terem ainda nome atribuído, lembrando que isso causa dificuldades na entrega do correio. E não lhe faltaram sugestões, nomeadamente para a rua do campo de jogos do Courense que, em ano de bodas de diamante do clube, bem poderia receber o nome daquela colectividade. Ou ainda para a nova variante à EN303, entre os Dadores e Mantelães. A obra está parada há meses, vá-se lá saber porquê, mas o deputado do PS já tem nome para aquele carreiro: Avenida da Europa.

05 março 2007

Pelas notícias...

Os blogues do alto Minho foram notícia na edição de ontem do Jornal de Notícias. Que dá a conhecer alguns dos "diários online", como lhes chama o jornalista, que existem no distrito. Miguel Rodrigues considera-os uma alternativa às tradicionais páginas da Internet. Para ler aqui.

01 março 2007

Por falar em estacionamento...

Desde que os parcómetros entraram em funcionamento, parece que todos em Paredes de Coura começaram a ter mais preocupação com o estacionamento. Que o diga Joaquim Felgueiras Lopes, presidente da Junta de Freguesia da vila que aproveitou a última reunião da Assembleia Municipal para questionar o presidente da Câmara sobre algumas situações anómalas em termos de estacionamento.
Falou do “caos” que se verifica no estacionamento do Centro de Saúde, completamente desordenado e com carros ali parados em situação abusiva. Inclusivamente acusou alguns funcionários daquele equipamento de contribuírem para essa confusão, estacionando em zonas proibidas e limitando a passagem a outros veículos, nomeadamente ambulâncias. Mas não se ficou por aí e, alguns metros à frente, criticou também os automobilistas que estacionam na entrada da Eprami. “Aquilo ficou muito bonito, mas agora parece um parque de estacionamento”, esclareceu o autarca da vila.
Pereira Júnior escutou e explicou, que em relação ao Centro de Saúde a responsabilidade é do seu director e de mais ninguém. Já em relação à Eprami, entidade de que a Câmara de Paredes de Coura é proprietária, explicou que aquela situação já foi comunicada ao director da escola e reforçou as palavras de Joaquim Felgueiras Lopes: “aquilo não foi feito para estacionamento”.
Nem sequer os autocarros da Courense escaparam às críticas de estacionamento desordenado. Tudo porque os autocarros ocupam lugares que estão destinados a outros veículos. E não podem, referiu Pereira Júnior, porque existem zonas reservadas para acolher aqueles veículos, a começar pela Central de Camionagem, que tem bastante espaço.
O problema, explicou José Felino, presidente da Junta de Insalde, é que o regulamento da Central proíbe o estacionamento de autocarros que não estejam em serviço e, dos dois locais apontados para estacionamento dos pesados de passageiros, um deles, junto à GNR, está praticamente lotado com as viaturas que transportam os alunos da escola básica integrada.
A ser assim, restam à Courense alguns metros defronte do Museu, mas apenas do outro lado da rua. De que é que estão à espera para retirar a empresa de transportes do centro da vila? Há anos que se houve falar no assunto, mas as oficinas não arredam pé do centro, onde nem sequer deveria ser autorizado o seu funcionamento. Com tanto espaço disponível em Formariz… se calhar estão à espera que venha outro convite para levar a empresa para Valença.