30 maio 2006

A estrada


Já começaram os trabalhos para a construção da variante que vai ligar Mantelães à vila, junto ao centro de saúde. Uma estrada que vai encurtar o percurso actual em… 500 metros! Leu bem, 500 metros!
Como se pode ver na imagem, o percurso actual, a amarelo, tem cerca de um quilómetro, enquanto que a nova estrada, assinalada a verde (já agora as minhas desculpas pela imprecisão do traço) vai ter aproximadamente 500 metros. Poupa-se tempo? Algum, é certo, mas não o suficiente. Aumenta-se a segurança? Acredito que sim porque aquelas curvas são um bocado traiçoeiras. Poupa-se dinheiro? Pois… está-se mesmo a ver.
Sinceramente não penso que a construção daquela nova estrada fosse uma prioridade para Paredes de Coura. É claro que tem as suas vantagens: possivelmente dará origem a uma mais frente de construção praticamente no centro da vila e tem todo o potencial para se transformar na principal entrada desta, desaguando no jardim que a Câmara quer fazer junto ao Centro Cultural.
Mas também terá as suas desvantagens, nomeadamente afastar ainda mais quem nos visita da praia fluvial do Taboão ou converter-se numa pista para aceleras, à semelhança do que acontece com o túnel e a avenida Cónego Chouzal.
Se me disserem que existe financiamento para tal obra, acredito. Mas também lhes digo que seria preferível não gastar a pequena parte que caberá à câmara naquela obra e canalizá-la para outras coisas. Para a sinalização turística, por exemplo.

29 maio 2006

Os cucos


O cuco é uma ave conhecida por utilizar os ninhos alheios para o seu proveito. Preguiçoso, ou oportunista, deixa os seus ovos ao cuidado de outros que tiveram o trabalho de construir um ninho e procuraram dotá-lo das melhores condições para receber as suas próprias crias. Aqui pela região também temos alguns "cucos", que aproveitam o que é desenvolvido pelos outros. E neste caso ainda bem que assim o é, porque, julgo eu, não se trata de oportunismo, mas de dinamização desinteressada.
Vem isto a propósito da intenção da Associação Regional de Desenvolvimento do Alto Lima, dos Arcos de Valdevez, de criar um corredor turístico que aproveita o percurso entre aquele vila e a Área de Paisagem Protegida do Corno de Bico.
Poder-se-ia dizer que aproveita para fazer o que não é feito aqui, pelas entidades competentes de Paredes de Coura, mas sabemos que não é bem assim. É pública a criação do Centro de Interpretação Ambiental, por parte da Câmara de Paredes de Coura, os trilhos pedestres já estão no terreno e não têm faltado outras actividades que dinamizam e são dinamizadas em função daquela área protegida.
Fica, contudo, o alerta, de que se não soubermos aproveitar os recursos (sejam eles naturais, culturais ou outros) que temos à disposição no concelho, corremos o risco de ter os de fora a utilizá-los eventualmente na promoção do seu município.

26 maio 2006

É só contratar

O Diário Económico de hoje revela que, entre 1999 e 2005, os quadros de pessoal das câmaras e serviços municipalizados cresceram 51%. Um valor que dá um ritmo de 19 novas admissões por dia. É certo que neste valor estão certamente incluídos muitos contratos a prazo que entretanto terminaram e foram substituídos... por outros contratos a prazo. Não deixa de ser, contudo, um número avassalador, especialmente numa altura em que se fala na redução do peso dos recursos humanos na administração pública.
De qualquer das formas, até nem seria uma notícia muito espectacular, não fosse uma outra também divulgada hoje, no Público, onde o Partido Socialista da Póvoa de Varzim acusa o executivo camarário liderado pelo PSD de "compadrio por razões familiares" na contratação de funcionários. Depois de vermos pelo país fora autarcas a contratar os filhos para assessores, não vejo onde é que está a surpresa.
Por cá parece que a palavra de ordem é poupar nas contratações. Ainda hoje, à Rádio Alto Minho, o presidente da Câmara de Paredes de Coura falou do mecanismo encontrado para substituir a contratação de vigilantes nos transportes escolares, com recurso a alunos do secundário. O trabalho é pago com oferta dos livros, material escolar, transporte e das refeições na cantina. Nada mau, mas e quem é que justifica os atrasos e as faltas ao primeiro tempo lectivo que os "vigilantes" estão a dar.

Ponto de ordem

Não creio que deva explicações a quem quer que seja e do que quer que seja. Fica, contudo, aqui um ponto de ordem sobre o funcionamento do blog.

1 - Não respondo a comentários anónimos ou aqui deixados ao abrigo de pseudónimos. Excepção óbvia feita aos posts em que conheço a pessoa que está por detrás do pseudónimo. Quem quiser resposta pode também utilizar o email na coluna lateral, como já o fazem alguns dos leitores do blog.

2 – Não tenho, nem nunca tive, qualquer ligação à Câmara Municipal de Paredes de Coura que não fosse a de munícipe deste concelho. Não devo “lealdade” a ninguém a não ser a mim mesmo. Do mesmo modo, nada me liga à vida partidária do concelho.

3 – O Mais pelo Minho surgiu apenas como forma de tentar dar o meu humilde contributo a Paredes de Coura. Com o mesmo à vontade falo do que se faz bem ou do que acho que está mal.

4 – Como a maior parte dos blogs, também o Mais pelo Minho é um blog de opinião: a minha. Compreendo que não seja a de todos, e ainda bem que o não é. Peço somente que a respeitem, de acordo com as bases da boa educação, e da mesma forma respeitarei quem a quiser comentar.

Eduardo Bastos

25 maio 2006

Pressionar resulta?

Duma coisa não nos podemos queixar: quando o presidente da Câmara de Paredes de Coura mete as mãos ao trabalho consegue sempre o quer.
Não é assim? Então não é que o secretário de Estado Adjunto das Obras Públicas prometeu vir ao concelho no próximo mês para adjudicar uma série de obras. É a requalificação da estrada Coura/Arcos (por Bico), da ligação entre Cerveira e S. Bento e daí até à vila também. E mesmo o estudo prévio da ligação rápida à A3 em Sapardos e posteriormente ao IC1/A28, que Pereira Júnior julgava atrasado, vai ser adjudicado já no próximo mês.
Assim vale a pena! Mas nestas coisas é melhor esperar para ver. Veja-se o exemplo do novo quartel dos Bombeiros. Também cá esteve o governante, prometeu mundos e fundos, e obra... nem vê-la.
NB - Para quem não percebeu, trata-se de um texto obviamente irónico.

23 maio 2006

Pressionar, pressionar, pressionar...


O presidente da Câmara Municipal de Paredes de Coura vai reunir amanhã, em Viana do Castelo, com o secretário de Estado Adjunto das Obras Públicas. Na agenda um ponto único: a ligação de Paredes de Coura ao nó de Sapardos da A3.
Depois de tantos anos, Pereira Júnior mostra que ainda não desistiu e quer fazer ver junto do governante a necessidade urgente desta via. É que, como se não bastassem anos de espera, um concurso anulado e muitas promessas, agora apareceram vinte interessados na realização do estudo prévio. Ora, sabendo nós como funcionam as coisas, se para apreciar uma proposta se demora uma eternidade, para analisar vinte... Bem, o melhor é fazer novo concurso, não?

21 maio 2006

Esta semana

Com o mês Maio na recta final, a programação da iniciativa Maio Cultural ainda tem muito para dar.
Esta semana, por exemplo vamos poder assistir a alguns dos filmes que concorreram ao último Cinanima - Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho. No fim de semana, no Centro Cultural de Paredes de Coura.
Uma exibição que surge integrada no programa da Feira do Livro, este ano dentro de portas, o que tendo em conta o tempo de hoje, até não será mal.
Do programa da Feira do Livro, a destacar também a conversa com Miguel Carvalho, autor do livro "Álvaro Cunhal Intímo e Pessoal - Um dicionário afectivo", que pode ser abordado aqui. A realizar na sexta-feira à tarde.
Ou ainda, no sábado à noite, o lançamento do livro "Notas e nótulas sobre a família", da autoria de Carlos Aguiar Gomes, professor universitário e presidente da Associação Famílias que escreve sobre o tema em vários jornais e revistas.

No domingo à noite é altura de escutar o Coro dos Meninos Cantores da Trofa, grupo que nasceu em 1999 pela iniciativa do Pelouro da Cultura do Município da Trofa.

Bons ventos



... os que sopraram na noite de sexa-feira no Centro Cultural de Paredes de Coura. Um espectáculo que conseguiu, numa só noite, a dupla proeza de lotar o grande auditório (a pagar, ainda por cima) e deixar em quem assistiu a vontade de ver mais. Aliás, desconfio que se houvesse novo espectáculo no dia seguinte, muitos dos que viram a primeira vez estariam lá sentados de novo.
"Ventos do Oriente, Ventos do Ocidente" foi uma brisa serena, daquelas que nos retempera a alma e o corpo numa noite quente de Verão. O flamenco e as danças do ventre mostraram todo um conjunto (das bailarinas aos técnicos) que só dá bom nome à dança, em particular, e à cultura, em geral.
Não sei se tencionam regressar ao concelho, espero que tenham sido suficientemete bem recebidas para tal, mas uma coisa é certa: só perdeu quem não viu.

19 maio 2006

Turismo: é preciso mais e melhor

Antes de mais convém explicar o seguinte: quando me refiro a turismo não estou a falar apenas dos que, de fora, vêm visitar o concelho; falo também de todos quantos aqui moram e procuram uma ocupação de tempos livres diferente.
Dito isto, vamos ao que interessa que, no caso, é a dinamização do turismo em Paredes de Coura. Numa altura em que se fala na fusão de regiões de turismo ou na sua eventual extinção, penso que é o momento certo para fazer as contas do que tem sido feito em prol do turismo no concelho e do muito que poderia fazer-se. Na minha opinião, a Região de Turismo do Alto Minho, há muito liderada por Franscisco Sampaio, por quem tenho o maior respeito, não tem dado o seu melhor na promoção do concelho e das duas uma: ou muda radicalmente a sua forma de actuação ou o melhor será deixar a promoção do concelho nas mãos da própria câmara.
Alguém se lembra de outro evento dinamizado pela RTAM que não sejam os "Domingos Gastronómicos"? Não temos praia (com areia, pelo menos), não temos Feiras Novas ou Vaca das Cordas, não temos Senhora da Agonia ou Coca, mas temos as nossas potencialidades que não têm sido bem aproveitadas. Tirando os "Domingos Gastronómicos" Paredes de Coura praticamente não existe no panorama turístico. Onde fica o Corno de Bico, a praia fluvial do Taboão, as festas do concelho, os percursos pedestres e tantas outras actividades que, devidamente promovidas, podem trazer mais visitantes? É claro que depois seria necessário também preencher os "espaços" livres ao longo do calendário, para não concentrar o turismo apenas em determinado período do ano.
Resumindo, julgo que a programação cultural, lúdica e até desportiva do concelho poderia ser melhor promovida. Agora vivemos um cenário de apatia onde o exemplo máximo é o posto do turismo que, pasme-se, encerra ao domingo, certamente o dia em que mais visitantes acorrem ao concelho. Não sei se aquele serviço depende da autarquia ou da RTAM mas, apenas com uma funcionária ali destacada não se consegue fazer melhor.

Nota final - Repararam que deixei de fora, proprositadamente, o Festival de Paredes de Coura. Foi intencional. Por um lado, sou daqueles que defendo, às claras, que o Festival já extravasou as fronteiras de Paredes de Coura, muito embora duvide da eficácia da relação causa/efeito na promoção do concelho, e falo de promoção não de actividade comercial. Por outro lado, julgo que o exemplo do festival, ou melhor da sua visibilidade, poderia ser seguido para dar a outras actividades do concelho o mesmo protagonismo mediático.

18 maio 2006

No bom caminho

Depois de vários anos a comparticipar o transporte, a Câmara de Paredes de Coura decidiu agora apoiar de outra forma as crianças do concelho portadoras de deficiência mental, apoiando a criação de um centro de apoio em Paredes de Coura. "Chegou-se à conclusão que a resposta ideal já não se compadece apenas com a comparticipação ao nível do transporte", explicou o presidente da autarquia.
Neste momento, e ainda segundo Pereira Júnior, existirão perto de 100 casos a necessitar de apoio no concelho. O autarca está esperançado no arranque do projecto ainda durante este ano. Não falou foi se vai ser construído um edifício de raiz ou se se vai aproveitar alguns dos vários que existem no concelho, abandonados. Assim de cabeça estou a pensar, por exemplo, no antigo centro de saúde, mas há outros...

17 maio 2006

Mais segurança?

Entra hoje em vigor a nova legislação sobre o transporte colectivo de crianças, que obriga à utilização de cintos de segurança e à presença de um ou mais vigilantes nos veículos. A legislação dá um prazo de seis meses às empresas transportadoras e um ano à autarquias, mais ainda às IPSS e assoções culturais e desportivas, para estarem conformes. A Câmara de Paredes de Coura, contudo, parece já ter começado a trabalhar ao abrigo da nova Lei e os alunos da escola básica integrada já têm a companhia de um vigilante no percurso casa/escola/casa. Tudo em nome da segurança.
Será? É que, ao que parece, os vigilantes recrutados pela autarquia, mais não são que alunos do secundário, pouco mais velhos que os alunos que acompanham e, certamente, menores de idade. Que responsabilidades terá um aluno/vigilante nestas condições? Será que pode ser chamado à razão em caso de acidente? E perante as autoridades policiais?
A legislação estipula que os vigilantes devem ser maiores de idade, mas também é certo que, pelo menos nos próximos seis meses, a empresa responsável pelo transporte das crianças ainda não precisa de cumprir a Lei. E o mesmo é válido para o autocarro da Câmara, durante o próximo ano.
Até lá há que ter em conta que este novo serviço vai encarecer, e de que maneira, o já elevado custo do transporte escolar, serviço que a Câmara não esconde ser bastante oneroso para os cofres municipais. Será que o próximo passo é obrigar os pais a pagar o transporte dos filhos?

11 maio 2006

Renovada

A página na internet da Câmara de Paredes de Coura aparece agora renovada. Uma nova imagem, mais moderna, funcional e apelativa que, espera-se, será actualizada com mais assiduidade. Ali estão praticamente todas as informações relativas ao concelho, desde o turismo à cultura, passando pela divulgação das festas e romarias que por aqui se realizam e dos endereços das associações culturais e desportivas do concelho.
Mas a nova página traz mais, muito mais. Ou melhor, traz menos... burocracia. A Câmara aproveitou a oportunidade para implementar a relação online com os munícipes e a partir de agora já é possível comunicar a leitura do contador da água, fazer um requerimento ou simplesmente consultar alguns dos regulamentos municipais através desta página.
Um passo em frente (um salto até), que engloba ainda os concursos para admissão de pessoal e a possibilidade de consultar online o PDM actual e aquele que se propõe para o substituir. E até acompanhar o licenciamento de obras particulares ou consultar as actas das reuniões de Câmara e da Assembleia Municipal, como já tinha defendido noutro post.
Uma mudança que é de saudar e que coloca Paredes de Coura ao nível dos concelhos mais avançados neste campo e, acima de tudo, mais próxima dos cidadãos. O próximo passo será a ligação online das juntas de freguesia aos serviços camarários?

09 maio 2006

Concentração - outra vez

Depois da concentração das escolas primárias do concelho, a Câmara de Paredes de Coura prepara já o próximo passo: a concentração dos jardins de infância. Ao que tudo indica, desta vez, contudo, o modelo passa pela construção não de um pólo único, mas de três pólos, um localizado na vila, um na zona sul do concelho e outra na zona norte.
Mesmo em fase embrionária (será), o tema não tem sido consensual no interior da maioria socialista da autarquia, havendo mesmo quem questione se as localizações escolhidas serão as melhores. Para já fala-se num pólo que ficará localizado no eixo Romarigães/Agualonga/Rubiães e outro na área de Bico/Parada/Cristelo, muito embora tenha apurado na Câmara que estas localizações ainda estão a ser alvo de estudo, até porque há presidentes de junta que não concordam com esta possível área de intervenção.
Certo parece ser o pólo da vila, que deverá aproveitar as estruturas criadas na nova escola básica integrada. Aquando da sua inauguração ficou em funcionamento uma sala de jardim de infância mas, recorde-se, o espaço tem capacidade para duas salas deste tipo.
Desconhecido é também o prazo para esta medida entrar em vigor, muito embora se admita que tal aconteça, no máximo, dentro de dois anos lectivos. Ou seja, faltam pouco mais de dois anos para esta que ideia seja realidade. Um cenário que faz lembrar a concentração das escolas primárias, em que quando a situação foi comunicada aos pais foi já dada a conhecer como um dado adquirido.
Não estaria na hora de começar a falar com os pais sobre este assunto. Explicar o porquê desta situação e como funcionariam as coisas, nomeadamente o transporte e os horários, seria de todo aconselhável. Ou será que a má experiência do primeiro ano da escola básica integrada não fez disparar sinais de alerta? E é preciso saber quem irá pagar os novos edifícios, para que não aconteça o mesmo que com a nova escola que só depois de concluída e estar em funcionamento recebeu algum apoio do Governo.
Já agora fica aqui novo inquérito. Concorda ou não com a concentração dos jardins de infância do concelho?

08 maio 2006

Assembleia Municipal - Breves

Limpeza de matas – A Câmara conseguiu um apoio financeiro de 358 mil euros para a limpeza de matas. A propósito, o representante da AM na comissão de defesa da floresta pediu a todos os presidentes de junta para indicarem prioridades nas suas áreas de intervenção. Até àquele dia só seis tinham respondido.

Lugares marcados – Joaquim Felgueiras Lopes (PS) alertou para o caos que é o estacionamento no bairro Combatentes da Travanca. “Se um dia houver um incêndio…” lembrou o presidente da Junta da vila. A Câmara tomou nota e garante que vai marcar lugares de estacionamento.

Provisório e definitivo – Mário Fernandes Cunha (PSD) lembrou que a construção de um canil provisório em Coura foi aprovada por maioria, mas ainda nada foi feito. Pereira Júnior, por seu lado, diz que um canil provisório custa tanto como um definitivo. “Estamos a construir um canil conjunto em Monção por isso seria desperdiçar dinheiro”, explicou o autarca, informando que o canil de Monção abre ainda este ano.

Buracos – O piso degradado da estrada que liga a vila a S. Roque foi lembrado por Mário Fernandes Cunha, que questionou se o empreiteiro não teria abandonado a obra. O presidente da Câmara disse que efectivamente o empreiteiro não tem cumprido e que o mesmo já aconteceu em Ponte de Lima. Mas realçou que se trata de uma obra das Águas do Minho e Lima.

Deus na Terra – “O nosso presidente da Câmara é um Deus”. Assim mesmo falou Joaquim Felgueiras Lopes sobre Pereira Júnior. Tudo a propósito da sua (do presidente da junta) participação no encontro da ANAFRE e do que por lá ouviu. Uma constatação que surge depois de escutar as queixas de alguns colegas seus sobre as más relações que tinham com os seus presidentes de Câmara, nomeadamente de Braga e de Caminha.

04 maio 2006

Ainda a Liberdade

Depois da Assembleia Municipal de 25 de Abril, a evocar a Revolução dos Cravos, a Liberdade voltou a ser tema de discussão naquele órgão autárquico, desta feita na reunião da passada sexta-feira. Imbuído ainda do espírito da efeméride, Venâncio Fernandes, do PSD, voltou a falar de liberdade e de evolução democrática. E lembrou que o PSD tem apoiado tudo o que não penaliza o concelho ao contrário do Partido Socialista que rejeita as propostas social-democratas.
Ainda assim, e fazendo um balanço dos seis meses de vida que leva esta Assembleia, Venâncio Fernandes não deixou de criticar algumas atitudes da maioria socialista, lembrando que “temos um mesa da Assembleia composta por um só partido”, bem como comissões onde todos os representantes são do PS.
Mas Venâncio Fernandes não deixou passar a oportunidade de falar sobre as entrevistas que os presidentes de junta do concelho têm dado aos jornais, dizendo que “têm ideias excelentes mas aqui (na Assembleia) nunca os ouvi falar”. E, continuou, “é aqui que devemos defender as freguesias".
Críticas a que não escapou o director do Notícias de Coura, ali presente na qualidade de membro do grupo municipal do PS. Disse Venâncio Fernandes que “temos um director de jornal que defende, nos seus editoriais, as ideias da Câmara mas nunca o ouvi falar aqui”. Dito e feito, Manuel Tinoco acusou o toque e usou da palavra para dizer que fala quando quer e quando acha oportuno. “Não é o sr. Venâncio que me vai fazer falar”, disse ainda aquele elemento do PS que, confundindo talvez o seu papel naquela sala, lembrou ao social-democrata que a sua assinatura do jornal estava prestes a terminar.
Também o socialista Vítor Paulo Pereira reagiu à intervenção de Venâncio Fernandes, explicando que o princípio democrático é o princípio do voto. “É pelo voto que se elegem os representantes das comissões”, referiu, acrescentando que o PSD pode sempre apresentar as suas propostas novamente, mas que estas correm o risco de ser chumbadas uma vez mais. Declarações que motivaram a reacção de Paulo Rosas, do PSD, dizendo que, desta forma, “as propostas morrem à nascença”.

02 maio 2006

Quem é que os entende

Desde que comecei a assistir às reuniões da Assembleia Municipal de Paredes de Coura apercebi-me que, ao contrário do que sucede com o PS e, eventualmente, com a CDU, o PSD não faz os trabalhos de casa. Depois, é o que se vê nas sessões: votações contraditórias, desentendimentos e perguntas óbvias que obtém respostas iguais.
O Partido Socialista, antes das reuniões, junta praticamente todos os seus elementos e, presumo eu, devem traçar uma directoria comum para ser seguida na Assembleia, espero que sem nunca comprometer a independência de cada um dos deputados. A CDU, por seu lado, mesmo na sua cruzada solitária, mostra quase sempre que estudou os dossiers previamente enviados para casa de cada um dos membros da Assembleia.
Já o PSD parece ser um caso à parte. Tão à parte que, inclusivamente, já vi os seus elementos a apresentarem propostas sobre freguesias doutros colegas, do mesmo partido, que o próprio colega visado vota contra.
Na reunião da passada sexta-feira, por exemplo, o PSD só conseguiu votar em sintonia os votos de pesar que foram apresentados, a alteração ao regimento e as revisões do plano de actividades para 2006 e do plano plurianual de investimentos. Nos restantes casos houve sempre divergências, inclusivamente em relação a uma proposta apresentada por Fernando Carranca de Oliveira, um dos mais intervenientes da bancada social democrata, que foi chumbada pela maioria mas que logrou obter também cinco abstenções do seu próprio partido.
Pior ainda foi quando estavam em discussão as contas da Câmara referentes ao ano passado, altura em que o social democrata Paulo Rosas chegou ao cúmulo de querer saber a opinião e qual tinha sido o sentido de voto do seu colega de partido José Augusto Viana na reunião de Câmara que tinha aprovado as contas. José Augusto Viana é vereador e, por isso mesmo, por norma, nem sequer intervém nas reuniões da Assembleia. Será que os elementos do PSD não falam entre si? A propósito, as contas acabariam por ser aprovadas com 34 votos a favor, incluindo oito do PSD. Os restantes elementos deste partido abstiveram-se.

A palavra contada

Na reunião da passada sexta, a Assembleia Municipal de Paredes de Coura aprovou uma (mais uma) alteração ao seu regimento. Ou melhor várias alterações. Umas de saudar, como a possibilidade de realizar as sessões fora dos Paços do Concelho. Bico e Romarigães são já locais a ter em conta, mas sem data ainda marcada.
Mas também houve lugar a mudanças que, do meu ponto de vista, em nada contribuem para o papel que a Assembleia Municipal deve ter na fiscalização do poder autárquico. É que, a partir da próxima sessão, entra em vigor um sistema de limitação dos tempos de intervenção por partido, tendo em conta a representatividade deste na assembleia. Ou seja, o elementos do PS têm à sua disposição mais tempo de intervenção que os do PSD e, mais ainda, que o representante da CDU.
Veja-se, por exemplo, o que sucederá no período de antes da ordem do dia, habitualmente com a duração de uma hora bem controlada pelo presidente da Assembleia Municipal. Na sessão de sexta-feira utilizaram da palavra sete deputados (sem contar com eventuais respostas), três do PS e quatro do PSD. Mas se não tivesse falado ninguém do PS, mais elementos do PSD poderiam ter utilizado da palavra. A partir da próxima reunião, com as alterações, o tempo de intervenção do PS está limitado a 30 minutos, o PSD a 25 e a CDU tem 5 minutos à sua disposição.
Uma situação que, como bem lembrou José Augusto Pacheco, presidente da Assembleia, vai obrigar à gestão do tempo de intervenção dentro de cada partido, situação que, é sabido, não é fácil de controlar, ainda para mais num partido como o PSD que tem dificuldades óbvias de entendimento entre os seus membros.
Deste modo, creio eu, retirou-se tempo de intervenção à oposição, em nada contribuindo para uma maior dignificação da Assembleia Municipal. É certo que é necessário controlar os tempos de intervenção de cada deputado, tarefa que José Augusto Pacheco tem desempenhado com mão sabedora, mas desta forma está-se, ainda que de forma indirecta, a retirar a palavra aos críticos à actuação da Câmara.