26 fevereiro 2007

Parcómetros: a conversa que não sai do café

Pois é, os parcómetros voltam a ser assunto neste blogue. Justificação: a última sessão da Assembleia Municipal de Paredes de Coura, onde PSD e PS defenderam a manutenção do estacionamento pago nas ruas da vila. E, pergunto eu, onde estavam os críticos desta medida do executivo de Pereira Júnior? Não seria de aproveitar a Assembleia Municipal para vincar o seu descontentamento? Ou só debatemos o tema em conversa de café e quando dali saímos o assunto fica esquecido?
Isso mesmo lembrou Venâncio Fernandes, do PSD, que pediu ao presidente da câmara para não ceder às pressões daqueles que vieram a terreiro criticar a instalação dos parcómetros, nomeadamente o grupo de comerciantes que reuniu com Pereira Júnior e pediu horários mais limitados e menos zonas com estacionamento pago. “A instalação dos parquímetros foi correcta, e as reuniões deveriam ter tido lugar antes, não era depois de entrarem em funcionamento”, referiu o social-democrata, acrescentando que “o desenvolvimento de Coura não depende dos parquímetros”.
Joaquim Felgueiras Lopes, socialista presidente da Junta de Freguesia da vila, alinhou pelo mesmo tom: os parcómetros eram necessários. “As pessoas já começaram a sentir que há alguma disciplina no estacionamento, onde antes reinava a anarquia”, explicou o autarca. E foi mais longe, referindo que só alguns comerciantes “de elite” é que criticaram o estacionamento pago, porque “estão atrapalhados por não poderem estacionar os carros junto dos seus estabelecimentos”.
Os comerciantes, não perderam tempo a bater à porta da Câmara, uns a criticar, outros a incentivar a manutenção do estacionamento pago. Por isso mesmo o presidente da autarquia explicou que o assunto está ainda a ser estudado e que algumas medidas vão ser tomadas. Quais? Ainda não se sabe, mas Pereira Júnior sempre foi dizendo que “não vamos ceder a pressões, vamos tentar um consenso alargado”.
Da Assembleia, sobre este assunto, trago ainda as palavras da presidente da mesa, Luísa Castro, que lembrou que os parcómetros já estavam nos planos da autarquia há bastante tempo, mais precisamente desde as obras de requalificação do centro urbano. Assim sendo, porque não se manifestaram antes os seus críticos? Talvez pela mesma razão porque o não fazem agora nas reuniões da Assembleia Municipal, no espaço reservado à intervenção do público.

21 fevereiro 2007

Como é que é?

Eu até compreendo, e incentivo, que um presidente da Câmara faça tudo pelos seus munícipes, mas há coisas que, sinceramente, não passam pela cabeça de ninguém. A questão das urgências tem dado muito que falar em Valença, com manifestações, cortes de estrada e acusações de parte a parte, com presidente da Câmara e ministro da Saúde a trocarem acusações, mas, independentemente de quem tenha a razão, que até terão os dois, há limites para tudo.
Eu, por exemplo, acho impensável ver um presidente da Câmara, que para todos os efeitos é o representante da ordem pública num município, a encabeçar um corte de estrada que sabe, à partida, ser ilegal. E não é por ter sido a ligação à fronteira, até poderia ter sido um caminho de cabras. É ilegal, ponto final. Podia apoiar, dizer que também estaria lá se não fosse a sua condição, mas participar é que não.
Ficou-lhe muito melhor a atitude que teve dias antes, ao demitir-se de todos os cargos ocupados nas estruturas do Partido Socialista. Não é que lhe valha de muito, mas marcou a sua posição junto do partido que o elegeu e que agora aparenta ter-lhe virado as costas.
E o que dizer da moção aprovada hoje na reunião de Câmara, em que o Executivo valenciano demonstra total abertura para dialogar com o ministro da Saúde mas, atente-se nisto, desde que esteja garantida a manutenção das urgências no concelho. Como? Abertura para dialogar sobre a manutenção das urgências, desde que esteja garantido à partida que aquilo que vão discutir e, assim sendo, já não precisa de discussão?
Só mais um reparo em toda esta história. É que, pelo parece, José Luís Serra tem conhecimento privilegiado sobre estas questões da Saúde e já alertou que também Paredes de Coura vai ser prejudicado. Depois das garantias dadas a Pereira Júnior sobre a manutenção das urgências no nosso concelho, em que é que ficamos?

19 fevereiro 2007

Perigo?


Qual Torre Eiffel no centro de Paris, também Paredes de Coura tem a sua estrutura metálica, imponente e a dominar a paisagem. Não é tão antiga, apesar de já nos fazer companhia há vários anos, e verdade seja dita, não consegue rivalizar com a beleza da torre francesa, mas teima em ser um marco nos céus da vila.

Ali para os lados da Boavista, à espera que alguém se digne mandá-la de lá retirar. À espera de uma construção que não surge? Do renascimento de uma empresa que terá fechado as portas?

Ou... simplesmente à espera que um dia, se calhar não tão longe quanto isso, a grua caia... e vire memória pelos piores motivos.

14 fevereiro 2007

Somos tão poucos (2)

A propósito da diminuição da população no interior do país, e da fuga dos activos para outras paragens, na semana passada, num artigo publicado no Jornal de Notícias, um professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro alertava para a necessidade de serem criados mais postos de trabalhos para ajudar a fixar a população. Dizia Luís Ramos que “as pessoas ficam onde tiverem emprego”, e que não são os subsídios pontuais atribuídos pelas autarquias às famílias que vão solucionar esse problema.
Falava aquele docente dos apoios que têm surgido nos últimos tempos, mas que já se verificaram noutras alturas, aos casais que queiram permanecer nos concelhos do interior, beneficiando quem quiser contribuir para o aumento da população local. A propósito disso, lembrei-me que também em Paredes de Coura, há cerca de 8/9 anos se chegou a falar na ideia de um apoio financeiro ao terceiro filho de um casal, de modo a incentivar a natalidade.
Na altura, creio eu, a proposta não avançou e também não se equiparia, certamente à de Carrazeda de Ansiães, que oferece 7500 euros pelo terceiro filho. Valor que, ainda assim, reconhece o autarca local, não será decisivo para levar alguém a mudar-se para aquele concelho, mas que ajudará os que já lá habitam a aguentar melhor as dificuldades da interioridade. “É um apoio aos que vão tendo a coragem de resistir”, referiu o autarca ao Jornal de Notícias.
O problema do interior do país, no entanto, como defende um outro docente da UTAD no mesmo artigo, só se resolve com políticas directas da administração central. Aliás, este professor catedrático diz mesmo que as políticas do Governo são discriminatórias, centralizando tudo no litoral. Não é difícil concordar com ele, especialmente quando vivemos num concelho que não está dotado de uma ligação directa e eficaz à principal via de comunicação do país, ou quando vemos os nosso vizinhos a receber projectos que já não mudam a realidade económica dos seus concelhos mas que muito ajudariam a mudar o cenário de Paredes de Coura. Mas, como dizia o presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães, há sempre quem vá tendo a coragem de resistir.

13 fevereiro 2007

Somos tão poucos

Basta pegar na lista telefónica para ter uma noção da cruel realidade. Somos poucos, muito poucos, nem seis páginas completas ocupamos. A população de Paredes de Coura tem vindo a diminuir a olhos vistos. Basta consultar os resultados dos dois últimos Censos para verificar a tendência de queda. Melhor ainda, basta aproveitar as informações que os jornais locais nos dão, com nascimentos e óbitos, para verificar que, ano após ano, no concelho, morre mais gente do que aquela que nasce.
É claro que esta realidade não é exclusivo nosso, todo o interior do país sofre com a fuga das pessoas, principalmente aquelas em idade activa, para os grandes centros, em busca de melhores condições de vida. São essas condições de vida que as autarquias do interior têm procurado implementar, no sentido de fixar a população na sua terra Natal.
Paredes de Coura também o tem tentado. Ninguém o pode negar. As zonas industriais foram um dos principais passos no sentido de contrariar essa tendência e hoje, apesar de sub-ocupadas e depois de algumas unidades já terem encerrado, a indústria continua a dar trabalho a algumas centenas de courenses. Faltam mais projectos, ou melhor os projectos existem, falta é dar-lhes seguimento.
De tempos a tempos lá ouvimos falar deles, da unidade hoteleira que poderá surgir no Monte da Pena, de uma outra grande indústria que poderá vir para as nossas zonas industriais, da revitalização do comércio e do centro urbano. Uns concetizam-se, outros, como é normal, estão ainda em banho-maria. Outros, também, deixam de estar interessados no concelho.
Nos últimos dias, duas notícias de investimento, lembraram-me a posição de Paredes de Coura no mapa de investimentos do Alto Minho. Por um lado, a Dayco-Ensa, de Valença, que apresentou o projecto de ampliação das estruturas e, consequentemente, do número de funcionários. E nós aqui tão perto, mas, sem vias de acesso, também tão longe. A ser penalizados pelo isolamento que tentamos combater.
Por outro lado, de Braga vieram os ecos da contestação a uma fábrica de alumínios que a população não quer à porta e que se vai mudar para Lanheses, onde também já é contestada. A lembrar um projecto espanhol que chegou a ser apontado para a zona industrial de Formariz mas que foi abandonado. Não sei se por parte da Câmara, se por parte do investidor, mas se foi por causa da poluição, ainda bem que não veio.

12 fevereiro 2007

Não... outra vez

O Sim ganhou em Portugal. Não obstante a maior parte dos portugueses ter optado por ficar em casa e deixar que outros cumprissem o dever cívico por eles. Ainda assim, dos portugueses que fizeram questão de marcar a sua posição numa questão sensível como a do aborto, a maioria votou Sim. E ainda bem.
Em Paredes de Coura, contudo, venceu o Não. Outra vez... É que já em 1998 esta tinha sido a resposta da maioria dos courenses que foram às urnas. No entanto, de 1998 para cá muita coisa mudou, inclusivamente terá mudado a mentalidade de muitas pessoas e, ontem, o Sim venceu em quatro freguesias do concelho, quando há nove anos o Não tinha dominado a totalidade das freguesias. Foi assim em Cossourado, Formariz, Paredes de Coura e Rubiães (dois votos de diferença), freguesias onde a maioria dos votantes escolheu votar Sim.
As mudanças não se ficaram por aí. Ainda que de forma mais suave, registaram-se alterações também ao nível do número de pessoas que foi votar, mais 4% que em 1998, bem como na diferença entre as duas respostas possíveis: em 1998 o Sim registou apenas 23.17%, ontem ultrapassou os 41%.
De qualquer das formas, o referendo de ontem serviu para mostrar, uma vez mais, que os portugueses, de uma forma geral, continuam afastados das urnas. A abstenção a nível nacional rondou os 56% e no nosso concelho ultrapassou mesmo os 70%. O destaque, em termos de freguesias, vai para Insalde, onde apenas 98 dos 497 inscritos foram votar. Ou seja, apenas 19,72% das pessoas expressaram a sua opinião. O que vale é que temos também cenários opostos, como o de Romarigães, que conseguiu mobilizar até às urnas mais de 40% dos seus eleitores.

08 fevereiro 2007

Quem limpa?


É fácil ver quem sujou: os muitos pombos que parecem ser mais e mais a cada dia que passa e que vão dando conta de uma série de equipamentos públicos e privados. Com a sujidade em tudo quanto é lado, com os ninhos que entopem as chaminés, com o risco de doenças a que normalmente estão associados.

Mas, se é facil saber quem sujou, será que custa muito averiguar quem deveria limpar? Ou será que, com tantos bancos espalhados por Paredes de Coura, ter um ou outro cheio de porcaria de pombo até fica bem na fotografia?

07 fevereiro 2007

Nunca é tarde

Em Bico, concelho de Paredes de Coura, um grupo de pessoas, homens e mulheres, todos com mais de 60 anos de idade, voltou à escola. Voltou é como quem diz, pois alguns deles nunca tinham frequentado o ensino.
Outros tempos, em que não era obrigatório ir à escola, em que os trabalhos no campo eram a prioridade. Agora, volvido mais de meio século, eis que desperta nestes “jovens” a vontade de aprender. Criaram filhos, netos, alguns até bisnetos, e livres do trabalho no campo, apegam-se às letras.
O mesmo acontece com aqueles que, tendo interrompido os estudos em determinada fase da sua vida, procuram agora atingir o patamar que não chegaram a alcançar na altura devida. A certificação de competências tem sido bastante procurada em Paredes de Coura. Promovida pela Eprami, aposta em dar aos interessados a possibilidade de concluir o 4º, 6º ou 9º ano de escolaridade, reconhecendo como útil as competências que as pessoas foram desenvolvendo ao longo de uma vida de trabalho.
A validação de competências pode ter, contudo, na minha opinião, um outro lado da moeda. É que, ao ver que, se abandonarem o ensino regular podem, mais tarde, com menos esforço, conseguir o mesmo grau académico, muitos jovens poderão ver no reconhecimento de competências um escape para largarem a escola. Cumpre aos pais, sobretudo ao pais, assegurar que a “expectativa” de um 9º ano conquistado sem esforço, não se sobrepõe à pouca vontade de muitos jovens em continuar a estudar.