26 junho 2008

Expresso para o fim do mundo

A Empresa de Transportes Courense prepara-se para acabar, já a partir da próxima semana, com a ligação diária ao expresso que, saindo de Valença, faz a ligação a Lisboa. Para quem sempre ouviu falar no Rapide e se habitou a ver os autocarros listados de azul e amarelo como um dos mais eficazes meios de ligação entre as origens e a comunidade courense na capital e arredores, esta é uma notícia que não augura nada de bom.
As razões da decisão da Courense são conhecidas, e justificáveis: os passageiros oriundos e com destino a Paredes de Coura são cada vez menos, o que já não justificará a manutenção da única ligação ainda existente. Mas, em que situação ficarão aqueles, poucos admitimos, que ainda a utilizam? Ficam condenados a encontrar outra alternativa, seja o recurso a um táxi, seja a utilização de outro tipo de ligações que não o expresso da ETC.
A Câmara Municipal de Paredes de Coura vai, ainda, tentar demover a administração da Courense, à semelhança do que fez quando a empresa resolveu acabar com o serviço de transporte aos sábados, com a mesma justificação da falta de utentes. Na altura conseguiu-se que esse serviço fosse mantido nos sábados de feira, mas agora, com a conjuntura económica actual em que o preço dos combustíveis é mais volátil que o próprio combustível em si, teme-se que a decisão de acabar com a ligação ao expresso seja irreversível.
E, assim, lá ficamos cada vez mais isolados.

O esclarecimento

O PCP não se esteve presente na sessão da Assembleia Municipal de Paredes de Coura comemorativa do 25 de Abril. É um facto do qual ninguém tem dúvidas. Foi notado na altura, foi falado depois. E voltou a ser falado agora.
Catarina Moreira, representante comunista na AM courense não gostou que a sua ausência fosse comentada e na sessão da passada sexta-feira fez questão de pedir esclarecimentos ao presidente daquele órgão. É que, explicou, no dia 24 de Abril foi acometida de doença súbita, esteve no hospital até, e contactou telefonicamente o secretariado da mesa da assembleia a explicar o sucedido. E faltou à reunião.
O caso ficaria por aqui, não fosse tratar-se da sessão que era, onde os líderes dos vários partidos tomaram a palavra e onde, do lado do PCP houve silêncio, o que levou aos comentários, que Catarina Moreira diz ter ouvido fora da Assembleia… e de que não gostou. Porque, diz, tinha avisado a mesa e a mesa não terá explicado a situação aos presentes.
José Augusto Pacheco contrapôs e explicou que na acta vai a indicação de que a falta foi justificada, mas o que Catarina Moreira queria é que tivesse sido explicado aos restantes membros da Assembleia Municipal o porquê da sua ausência e, implicitamente, do PCP na reunião de 24 de Abril. A ideia que ficou foi que o partido terá “puxado as orelhas” ao PCP courense e que o esclarecimento de sexta-feira seria para atenuar as coisas. Mas pode ser só a minha impressão.
Certo, certo é que o PCP esteve ausente da mais simbólica reunião da AM. Catarina Moreira ainda explicou que tentou a sua substituição pelo segundo da lista, Arlindo Alves, mas que este estaria incontactável. Como ficou, também, o partido ao perder o reduzido tempo de antena de que goza na Assembleia.

25 junho 2008

Antecipação ou distracção?

Há algumas semanas, a propósito da desastrada actuação de Amy Winehouse no Rock in Rio edição 2008, acompanhei com algum interesse o debate que se fez sentir em alguns blogues lusos sobre o erro crasso cometido pelo jornal Público, que no dia seguinte ao falhado concerto saíu para as bancas com a indicação de que o espectáculo da cantora britânica tinha sido um êxito.
Jornalismo de antecipação não dá bons resultados, vaticinavam alguns comentadores, nomeadamente aqui e aqui. De tal modo que até o provedor do leitor daquele jornal, que também se apercebeu das constradições, não perdeu tempo e vá de pedir e dar explicações. Enfim, coisas que até se admitiriam num jornal local ou regional, mas que num diário nacional, ainda para mais num que se quer manter como "jornal de referência" são pouco ou nada toleráveis.
Ontem, ao folhear a última edição do Notícias de Coura, o debate sobre a notícia por antecipação do concerto de Amy Winehouse veio-me de novo à memória. E porquê? Porque o artigo da página 3 (não disponível na edição online), que faz o resumo da reunião da Assembleia Municipal em Padornelo também peca por antecipação. Ou se calhar aqui foi mesmo por distracção.
Assinado por Vaz de Sousa, o texto retrata a noite calma que se viveu no salão da Junta de Freguesia de Padornelo, sem grandes intervenções ou temas quentes em agenda. Tudo bem. Só que o mesmo artigo refere que os nomes mais sonantes do PSD faltaram à chamada, o mesmo acontecendo com os vereadores Décio Guerreiro e José Augusto Viana. Pois... mas se tivermos em linha de conta que José Augusto Viana está a ser substituído por João Cunha e que este esteve sentado na mesa reservada aos vereadores, ao lado dos elementos socialistas, durante toda a sessão, ficamos a pensar que quem escreveu ou não esteve na sala, ou não esteve com a atenção devida.
De resto, Vaz de Sousa transmite bem o que por lá se passou. A ausência de intervenções políticas por parte da oposição (se não contarmos com o pedido de esclarecimento de Catarina Moreira), a apatia de Paula Caldas que, naquele que poderia ser um dos momentos importantes da sessão (a interpelação ao presidente da Câmara) aproveitou para sair da sala, e pouco mais. Uma sessão morna, quase a roçar o frio. Assim como estas noites de Verão que ainda obrigam a um casaco pelas costas.

O biscoito é nosso

A Câmara de Paredes de Coura deu um passo em frente na promoção turística do concelho, dando destaque ao típicos biscoitos de milho que se fazem pela região. Na sequência, aliás, do que tem sido defendido em vários encontros onde o tema “potencialidades de Coura” está em debate. Já por mais de uma vez assisti a intervenções que defendiam a promoção deste produto típico, como elemento catalisador do turismo neste concelho.
A Câmara de Paredes de Coura, contudo, quis ir mais longe e, como se pode ler na edição de hoje do Jornal de Notícias, registou a marca “Biscoito de Milho de Coura” no Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Ou seja, a partir de agora, o biscoito de milho é como a Coca Cola, tem marca registada.
O objectivo da autarquia courense, reza a notícia, é fiscalizar a produção deste biscoito caseiro, implementando critérios de qualidade e, acrescento eu, dando ao produto final uma imagem uniforme que o identifique com o concelho. O problema surge quando, como explica Pereira Júnior, a Câmara quer ser responsável por autorizar ou não o fabrico desse doce a quem o quiser produzir. É que, pelo que se vê, parece estarmos aqui perante um outro caso como o do Bolo Rei Escangalhado que se faz por Braga a arrabaldes e que, nos últimos anos, chegou mesmo a Tribunal, com uma pastelaria, que registou a patente do bolo, a querer impedir que outras a produzissem.
Ora, no caso do biscoito de milho de Coura, como o próprio presidente da Câmara de Coura reconhece, este é feito por várias pessoas, há muito tempo e com aquela designação. E agora, estas pessoas ficam impedidas de comercializar os biscoitos de milho nestas circunstâncias? Espero que não, porque a ser assim, está a tomar posse de um património que, sendo de Coura, não é, nem pode ser da autarquia.

24 junho 2008

Manhã de S. João

A placa defronte da Câmara Municipal diz: "WC Público". Fica a foto, aguarda-se a explicação do "quadro" pintado na madrugada de S. João.

23 junho 2008

Interdita. Outra vez...

Mais uma descarga ilegal de esgotos nas águas do Coura? Parece que sim, diz o Jornal de Notícias, que dá a conhecer os resultados das análises periódicas levadas a cabo pelo INAG. As últimas, feitas na passada segunda-feira, recomendam mesmo a interdição temporária da praia, por parte do delegado de saúde.
A culpa é das vacarias, explica o autarca municipal numa reacção à descarga, dizendo que a situação não é nova. Pois não! Não é de hoje, nem de ontem, nem do ano passado, quando a praia voltou a atingir valores de interdição por duas ocasiões distintas.
Há anos que as vacarias são apontadas a dedo pelos responsáveis pelo bom ambiente de Paredes de Coura, do rio Coura, principalmente. Várias medidas terão sido levadas a cabo, pelo menos a acreditar no que tem sido dito pela autarquia, mas o certo é que continuam a acontecer situações que não podem, de todo, acontecer.
Que não tem forma de controlar as descargas ilegais das vacarias, acrecenta Pereira Júnior ao JN, explicando que é preciso um grande investimento por parte das vacarias para tratar os esgotos e que muitas não tem essa capacidade. Mas, a ser assim, como podem estar a funcionar? É que, como bem referiu o presidente da autarquia na passada sexta-feira, na Assembleia Municipal, sobre o licenciamento de novas fábricas no concelho, as empresas que para cá quiserem vir são obrigadas a tratar os seus efluentes não domésticos. E no caso das vacarias, como é?
A fiscalização à posteriori, a meu ver, não resulta. Nem no caso das descargas ilegais no Coura, nem no caso das descargas (ilegais ou não) nos campos em tempo de preparação dos terrenos. É uma questão de sensibilização que alguns proprietários já têm, mas que outros teimam em não adquirir. Até lá sofre o Coura, sofre o ambiente, sofremos todos.

20 junho 2008

Tecnologia sem serviço

A Assembleia Municipal de Paredes de Coura reúne esta noite, em Padornelo, em mais uma sessão descentralizada, que procura levar a autarquia ao encontro dos munícipes. Uma iniciativa que se saúda desde a primeira hora, reconhecendo, contudo, que os resultados práticos têm sido muto poucos, como referiu, aliás o presidente da AM na última reunião, lembrando a fraca participação da população.
Não será, porventura, devido a isto que pouca gente vai às reuniões, mas o certo é que a autarquia também não aposta muito na sua divulgação. Veja-se, por exemplo o que acontece no site da Câmara Municipal onde, na página respectiva, se podem consultar os editais da AM. Pois, mas acontece que o que lá está é o edital das deliberações da assembleia de 24 de Abril. Foi a última, pois então, mas se pensarmos que a convocatória nunca por lá apareceu, como não aparece a da reunião de hoje… fica-se a pensar para que serve.
Mas não é caso único. Na página ao lado, dedicada à Câmara Municipal, o cenário ainda é mais desolador, pois as actas das reuniões do executivo, com carácter quinzenal, estão de tal forma desactualizadas que a última diz respeito à reunião de 7 de Abril último, já lá vão mais de dois meses. Como presumo que não seja para esconder o que por lá se vai decidindo, não se percebe o porquê do site não estar mais actualizado!
Tenho para mim que é um desperdício das potencialidades tecnológicas que estão à disposição do município, e dos munícipes já agora. Ainda para mais quando, por outro lado, se procura dar à população livre trânsito no uso das novas tecnologias, de que são exemplo a rede Wi Fi na vila e a futura rede de fibra óptica que, até ao final do ano, vai ligar alguns pontos do concelho. Abre-se a casa às visitas, mas deixamo-las penduradas na entrada?

19 junho 2008

Socorro (2)

Apesar das dificuldades faladas no post anterior, há sempre uma mão amiga para dar a mão a quem não olha para o lado quando precisamos de uma mão. Que o digam os Bombeiros de Paredes de Coura que se preparam para receber mais quatro viaturas, duas ambulâncias e dois auto-tanques, numa oferta do município francês de Cenon.
São os primeiros reflexos da visita da comitiva courense àquela cidade, há duas semanas, com os bombeiros franceses a ficarem sensibilizados pela situação da corporação courense e a fazerem esta oferta, a troco do simbolismo de um euro.
Tratam-se de viaturas usadas, é certo, mas ainda assim em bom estado de conservação, pois as corporações francesas, à semelhança do que acontece noutros países, são obrigadas a renovar a frota periodicamente, independentemente da utilização dos veículos. Que venham, portanto, estes quatro “novos” veículos para os Bombeiros de Paredes de Coura, como já vieram outros, oferta de emigrantes courenses. Mesmo sem dinheiro para o combustível, são uma mais valia que pode fazer a diferença na actuação dos soldados da paz neste concelho.


Foto retirada daqui.

Socorro!

O pedido de ajuda dos bombeiros portugueses é, no mínimo, original, pois se é a eles que estamos habituados a recorrer quando precisamos, precisamente, de socorro. Mas é também uma acção que só vem pôr ainda mais a descoberto a má situação financeira por que passam muitas corporações de bombeiros nos dias que correm. E os aumentos consecutivos do preço dos combustíveis vieram agravar ainda mais o aperto que são as contas diárias das associações humanitárias.
Socorro, pedem eles. Como nós, contribuintes singulares ou colectivos que, de cada vez que vamos abastecer o carro, damos conta de que os 10 euros já praticamente não chegam para sair da estação de serviço. Imagine-se, por isso, o que não devem passar os bombeiros e outras instituições de solidariedade social que, sem os lucros das empresas, lutam pela sobrevivência. Imagine-se o que é um aumento de “apenas” 15 cêntimos por litro de gasóleo, quando estamos a falar de alguns milhares de litros por mês. Pois… é fazer as contas!
O protesto dos bombeiros é, também por isso, de respeitar. E a ver se têm a mesma sorte que os camionistas na semana passada. Pelo menos tiveram a responsabilidade de não cortar estradas, de não atacar os colegas que não estão solidários com a sua causa e não paralisaram os serviços. Aliás, as corporações de bombeiros que aderiram a esta iniciativa fizeram questão de salientar que o serviço não será colocado em causa e que ninguém ficará sem auxílio se dele necessitar.
Pelo menos por enquanto, avanço eu, porque da maneira que isto anda ainda estou a ver os bombeiros a deixarem ambulâncias paradas por não terem dinheiro para as abastecer. Sobre o apoio aos bombeiros, aliás, não posso deixar de recordar uma situação vivida há alguns meses, com os Bombeiros de Paredes de Coura a pedirem apoio financeiro ao Governo para a compra de equipamento que diziam indispensável ao seu bom serviço. A resposta do Governo Civil de Viana do Castelo não podia ser mais elucidativa, ao passar a “batata quente” para as mãos da Câmara Municipal, como quem: nós não temos, peçam a outro.
No mesmo barco, das dificuldades financeiras, estão as forças de segurança, nomeadamente, e no que nos diz respeito, a GNR. Aliás, não são de agora as dificuldades sentidas por esta força policial em relação aos transportes, nomeadamente a falta de viaturas quando algumas das que têm ao serviço necessita de recolher à oficina. Imagine-se o que não será agora com o preço dos combustíveis a subir em flecha!

18 junho 2008

A análise

Pois é, a pergunta do inquérito mudou e ficou por fazer a análise dos resultados, como bem lembrou um comentário ao post anterior. Pois bem, “a pedido de várias famílias”, como costuma dizer-se, aqui ficam os resultados finais da questão que colocava frente a frente, na corrida à Câmara Municipal de Paredes de Coura, três possíveis candidatos do PS e outros tantos do PSD.
Como referido no outro post dedicado ao assunto, não se quer com isto fazer qualquer tipo de análise política, apenas olhar de forma directa para os resultados que, também como se ressalvou anteriormente, valem o que valem, eventualmente até poderão nada valer.
Uma coisa, contudo, parece ser certa: quem andou a votar em António Esteves na escolha dentro do PS, parece ter continuado a votar no presidente da concelhia socialista quando em confronto com a oposição, pois o actual vereador continua a reunir a maioria dos votos. Se a coisa fosse a sério, tínhamos António Esteves na cadeira do poder.
Do lado social-democrata é João Cunha quem conquista a melhor posição, em segundo lugar, com 26% dos votos, à frente da terceira figura mais votada, José Augusto Pacheco, actual presidente da Assembleia Municipal courense. Para trás ficou, como tinha ficado no inquérito inicial, Pereira Júnior, o presidente em funções.
De referir, contudo, que os votos atribuídos ao espectro socialista batem, de longe, os que vão para a área social-democrata. O que pode dizer que há mais votantes do PS, por um lado, ou que este partido vai ter mais dificuldade em avançar com um nome para encabeçar uma lista candidata a 2009, por outro lado. Mais isto já era dar alguma importância a uma sondagem deste tipo que, como se sabe, vale apenas… o que vale.

17 junho 2008

Memórias

O inquérito na coluna aqui ao lado tem já uma nova questão, relacionada com a edição deste ano da Feira Mostra de Paredes de Coura. Uma edição que, a meu ver, só teve a ganhar com a associação da Expoleite, certame de cariz agro-pecuária levado a efeito pela associação Vessadas.
Gostei de ver a componente agrícola, que me trouxe à memória algumas recordações de outros tempos. Dos tempos em que me entretinha a ver os meus avós paternos de volta das dez ou doze vacas “leiteiras” que nos forneciam o leite de todos os dias. Tempos sem ordenhas mecânicas, em que eram umas mãos calejadas pelo trabalho na terra que tinham a seu cargo a suave tarefa de aproveitar ao máximo o leite de cada “turina”.
Hoje em dia, na minha terra Natal como aqui no Ato Minho, o pequeno produtor de leite, aquele que, tal como a minha avó, ia todos os dias de bicicleta ao posto entregar o produto do dia, deixou de existir. Os postos de recolha fecharam. A produção só compensa aos grandes produtores, com várias dezenas de animais e uma forte componente mecânica a ajudar no dia-a-dia. E a produção artesanal ficou para subsistência, ou se calhar nem para isso.
Foi, por isso, com alguma nostalgia, que no sábado ao cair da noite, quando passava junto à exposição de bovinos no Largo 5 de Outubro, detive-me a assistir durante um bocado à ordenha que decorria àquela hora. Na memória imagens de outros tempos, à minha volta todo cenário do que se pretende para a agricultura actualmente. Máquinas, mecanismos e toda uma série de apoios (financeiros, logísticos, estruturais) para que o produto da terra continue a gerar (ainda que pouco) rendimento. E ali perto, em conversa, muitos dos que foram forçados a deixar a agricultura de lado e se voltaram… para o nada.

13 junho 2008

Todos à Feira

Começa hoje mais uma edição da Feira Mostra, que promete animar a vila durante o fim de semana. Este ano, contudo, e pela primeira vez desde que ando aqui por estas bandas, além das tradicionais barraquinhas de artesanato e das inevitáveis tasquinhas o programa traz-nos uma outra feira dentro da feira: a Expoleite.
Organizada pela Vessadas, a Expoleite (re)introduz os animais na Feira Mostra, com exposição de vários exemplares, nomeadamente de bovinos da raça Frísia, com a realização na tarde de domingo, do 1º Concurso Regional da Raça Frísia do Alto Minho. Mas traz mais! Traz provas de degustação de carne minhota e uma “Oficina do Pão”, por exemplo, assim como actividades equestres e uma componente teórica que tem o seu ponto alto no workshop sobre “Valorização do património rural” que decorre amanhã no CEIA.
Espera-se, por tudo isto, um crescimento qualitativo de uma Feira que pode ter muito para mostrar deste concelho, desta região, mas que ainda tem um longo caminho a percorrer nesse sentido. Não basta, como diria uma amiga minha, a mistura constante que nos é oferecida de concertinas e ranchos folclóricos. São representativos do Minho? São, embora de outra geração. São factores de atracção? São, mas apenas para uma determinada faixa.
Como diz actualmente Francisco Sampaio, ex-responsável do turismo no Alto Minho, esta região precisa de atrair melhores turistas, que garantam uma estadia mais longa. Faltam as camas, eu sei, mas não faltará também uma oferta mais diversificada, que não apenas de concertinas e ranchos folclóricos, para trazer esses turistas?

09 junho 2008

Dia de Portugal, de Camões e dos protestos

Cavaco Silva assinala mais um 10 de Junho em Viana do Castelo. A cidade foi tomada de assalto pelos muitos militares dos três ramos das forças armadas que amanhã de manhã desfilam no Campo da Agonia. O Presidente da República chegou mais cedo, porque já hoje teve um dia cheio, repartido entre recepções e homenagens.
Desengane-se quem, contudo, julgar que vão ser dois dias de festa, porque este ano, além de assinalar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, o 10 de Junho vai ser também o dia dos protestos. Pelo menos em Viana do Castelo. A começar nos protestos anónimos, aqueles que mais dizem porque quem o diz não tem a coragem de mostrar a cara. Um panfleto que andou a ser despejado pelas ruas da capital alto-minhota apela a um protesto negro contra o actual estado do país. E o protesto pode passar por um saco de plástico pendurado na janela (não pode ser papel, já que assim protegíamos o ambiente?) até usar roupa negra quando sair à rua.
Ainda procurei nas minhas gavetas, mas a única t-shirt negra que tenho tem dois problemas: por um lado tem na frente a capa de um álbum dos AC/DC já com uns aninhos, o que me podia fazer passar por desactualizado face ao panorama actual do país e da música em geral; por outro lado, tal como o álbum, a t-shirt já tem alguns dez anos e, além de um buraquinho debaixo da manga, recorda-me a fase em que pesava menos uns quilinhos e a t-shirt ainda me servia.
Mas os protestos não se ficam por aqui. Amanhã de manhã, eventualmente enquanto o PR aprecia o desfile dos tanques no Campo da Agonia, o seu chefe da Casa Civil recebe o movimento Alto Minho Contra as Portagens. Acho bem. É aproveitar que o homem está cá por cima, porque para ir lá abaixo a Lisboa teriam de desembolsar uns euros valentes para as portagens.
Por último, não podia faltar outro protesto, no mínimo original. Ou se calhar, no máximo. Falo da manifestação que um grupo de skaters de Viana do Castelo quer fazer para reivindicar a construção de um espaço onde possam partir as cabeças. A manifestação não foi autorizada, mas não estou a ver isso a ser impedimento para uma qualquer manobra acrobática deste grupo. A ver vamos.

Rescaldo

Dois dias apenas e tanto que contar. Um fim-de-semana marcado pela ausência das cúpulas de Paredes de Coura algures em terras de França. Marcado, igualmente, por dois golos ali perto (mais perto de França do que de nós, entenda-se), mas que foram muito festejados cá pelo nosso bairro. Uma Feira das Ciências que animou o Centro Cultural, numa altura em que já se vislumbra, lá mais para o final da semana, nova Feira, mas desta feita, a Feira Mostra, que este ano promete mais.
Comecemos pelo princípio, como diria Gabriel Alves, célebre comentador desportivo. Mas não vamos ainda ao desporto, fiquemos antes pela cultura. A mesma que levou uma grande comitiva de courenses a Cenon, algures ali nos arredores de Bordéus, “cidadezinha” pequena de “apenas” 23 mil habitantes que encontrou no nosso Território com Alma motivos suficientes para celebrar um protocolo de geminação.
São, deste modo, cidades irmãs, Coura e Cenon, unidas pela cultura, para começar, mas que prometem estreitar laços em muitos outros sectores. Disso mesmo foram tratar os vários elementos que compuseram a comitiva courense que partiu na quinta-feira e regressou ontem, depois de cumprido o programa de recepção que os franceses, bem assessorados por uma courense lá radicada, prepararam para bem os acolher. Entre as várias actividades, a atribuição do nome do concelho alto-minhoto a uma linha de metro de Cenon. Para Agosto, em cheio nas festas do concelho, está prometida a paga: uma comitiva de Cenon vai estar por cá para conhecer melhor o concelho e o município deverá dar a uma rua courense o nome da “irmã” francesa. Pode ser que a sorte calhe à variante à EN303?
E será apenas o primeiro de muitos acordos de geminação firmados por Paredes de Coura? Desconhece-se, mas não seria de estranhar que o concelho, que acordou tarde para esta história das cidades irmãs, até porque nem cidade é, se venha a render às vantagens, porque desvantagens não as haverá, de firmar acordos vários com outros municípios. Para já, em fila de espera, podem estar Catoira, aqui ao lado na vizinha Pontevedra, e Magnac sur Trouve, outra cidade francesa onde os courenses já levaram as cores da nossa terra.
Mas, enquanto a comitiva de Paredes de Coura estava por terras gaulesas, por cá também se dava espaço e tempo à cultura. Primeiro com a Feira das Ciências que o agrupamento de escolas levou a efeito sexta e sábado no Centro Cultural. E no domingo foi a vez do folclore assentar arraiais no Largo Hintze Ribeiro e, mais tarde, na Casa Grande. Pelo meio, houve lugar ao desporto e aos festejos da primeira vitória portuguesa no Europeu de futebol. Com pouca gente nas ruas, é certo, mas como diz o povo, ainda a procissão vai no adro. De louvar a transmissão do jogo no Centro Cultural, especialmente por estarmos num concelho que ainda não é totalmente coberto pela emissão da TVI. A ver se nos próximos também temos a mesma sorte e as portas continuam abertas.

04 junho 2008

Protegidos?

Não consigo sequer comentar o que se lê aqui, aqui e aqui. Tristes notícias para uma zona que se quer um "santuário" da vida animal. Enfim...

03 junho 2008

Imagem de marca (2)

E por falar na divulgação de Paredes de Coura, de referir que o concelho tem vindo a ser promovido em diversos roteiros turísticos, daqueles que os jornais e revistas lançam todos os anos em maré de pré-férias. Ainda recentemente o roteiro oferecido pela revista Visão, no fascículo dedicado ao Minho, não deixava de passar por Paredes de Coura, com algumas indicações e informações para os visitantes, ressalvando, contudo, que o concelho não tem a riqueza de outras localidades vizinhas.
O leque de sugestões oferecido pelo suplemento da Visão incluía o Museu Regional, na sua vertente etnográfica, e a rede municipal de percursos pedestres, que considera uma excelente maneira de explorar a fauna, a flora e as tradições locais. O CEIA ocupava também lugar de destaque, bem como as actividades desenvolvidas em toda a área de paisagem protegida do Corno de Bico.
A revista aconselha ainda uma passagem por Cossourado, mais concretamente pela cividade, com seus vestígios da Idade do Ferro. Uma menção que, diga-se em abono da verdade, é novidade neste tipo de roteiros que, tal como acontece por cá, não têm dado grande importância àquele bocado de História.
Sem qualquer efeito de surpresa ficamos ao ver as sugestões de comidas e dormidas que por cá se oferecem aos visitantes. O roteiro da Visão aconselha o Conselheiro para o repasto, como tem acontecido invariavelmente em todas as publicações do mesmo género, o que só atesta o prestígio que a casa gerida por Vilaça Pinto tem sabido manter no panorama gastronómico nacional. Para dormir, a escolha recaiu na Casa das Cerejas, em plena área protegida. Uma unidade de turismo rural que tem conseguido cativar a atenção de turistas e dos media, nomeadamente do guia, de reconhecido prestígio, “Boa cama e boa mesa”, publicado anualmente pelo jornal Expresso.

02 junho 2008

Imagem de marca

Há uns anos, em conversa de café, discutia-se a visibilidade de Paredes de Coura nos meios de comunicação social nacionais. À parte o fenómeno Festival, é raro saírem notícias sobre o concelho e, quando saem, nem sempre são as que agradam a quem cá está, como já ficou patente em algumas intervenções públicas.
Mas, voltando à tal conversa, tida seguramente há alguns cinco anos, havia quem lembrasse que Paredes de Coura podia seguir o exemplo de Moledo, Caminha, que beneficiava da visibilidade que lhe era dada, fosse directa ou indirectamente, de cada vez que o maestro António Vitorino de Almeida falava sobre o seu lado mais dedicado ao lazer e recordava as passagens pela praia alto-minhota. Ideia que voltou à baila algum tempo mais tarde, quando Durão Barroso foi eleito primeiro-ministro e Portugal inteiro acompanhou as férias do governante pelas areias e esplanadas de Moledo.
Agora, volvidos alguns anos, eis que ouço novamente a mesma ideia, desta feita aplicada a Ricardo Araújo Pereira (RAP). O humorista esteve em Coura na passada sexta-feira para apresentar o seu livro e para trocar dois dedos de conversa com quem esteve no Centro Cultural. Entre alusões ao património de Paredes de Coura, e às meninas que pontilham os acessos pelas Pedras Finas, houve alguém que pediu a RAP que, de ora em diante, vestisse as cores de Paredes de Coura e aproveitasse a sua visibilidade mediática para divulgar o concelho.
A ideia até nem seria descabida se se tratasse de uma pessoa que vem a Paredes de Coura com alguma frequência, o que não é o caso. E no caso de RAP, já por diversas vezes este aludiu às suas origens alto-minhotas, ainda que remotas, e por aí se ficou, dando a entender que a sua ligação ao concelho se resume a apenas isso e à influência que essa vivência minhota que lhe foi transmitida pela avó e pela mãe consegue ter nas suas criações.
Mas, repito, a ideia não é de todo descabida. Há que aproveitar todos os caminhos que podem dar mais notoriedade ao concelho e se isso passar por colocar as figuras públicas a falar de Coura, que assim seja. Veja-se, a título de exemplo, o artigo que ontem saiu no Correio da Manhã com Mário Cláudio, que escolheu Paredes de Coura por opção, a tecer rasgados elogios a este município. À espera de que, como ele, venham mais.