23 agosto 2008

Para onde foram?

E subitamente, na véspera das festas do concelho, eis que desaparecem! Acção divina? Acção criminosa? Afinal, a quem se deve a retirada das lombas no cruzamento junto ao quartel dos Bombeiros de Paredes de Coura?
Não querendo meter a foice em seara alheia, atrevo-me a dizer que entre mão divina ou mão criminosa, nenhuma das duas. Primeiro, porque quero crer que as forças divinas tem mais em que pensar do que nas lombas de Coura. E em segundo lugar porque, apesar do roubo de sinais de trânsito estar em alta, não consta que as lombas sejam feitas com o alumínio que os criminosos procuram neste tipo de furtos.
Ora, a ser assim, resta uma explicação: as lombas foram retiradas a mando da Câmara Municipal. A mesma Câmara Municipal que as mandou lá colocar em Janeiro do ano passado. No seu lugar surgiram umas marcações na estrada que, apesar de bem visíveis, em nada ajudam a reduzir a velocidade dos automóveis que por ali circulam ou a aumentar a segurança daquele cruzamento, provavelmente o mais movimentado da vila.
O porquê de se ter voltado atrás é que, à falta de explicação da autarquia, pode causar estranheza. É que, recorde-se, as lombas foram pedidas em Dezembro de 2006 por Paula Caldas, na Assembleia Municipal. Na altura Pereira Júnior explicou à social-democrata que, dada a localização do cruzamento, junto aos bombeiros, era ilegal colocar ali lombas. Tudo bem, mas dois meses depois eis que as lombas surgem na estrada, como se nada se tivesse passado, dando resposta ao pedido de Paula Caldas. Como parecia ter acontecido antes, com a instalação dos parcómetros na vila. Primeiro Paula Caldas sugeriu, a Assembleia rejeitou e meses depois a Câmara avança com o estacionamento pago à superfície.
Mas agora, com a retirada das lombas pedidas pela social-democrata, primeiro negadas, depois oferecidas, eis que pergunto: será que a eventual influência de Paula Caldas nas decisões da autarquia tem prazo de validade e já expirou? E se assim for, será que o próximo passo é acabar com todos os parcómetros da vila?

21 agosto 2008

Meu querido mês de Agosto

Agosto chega ao fim quando ainda faltam duas semanas para o final do mês. Confuso? Eu explico, até porque não se trata de nenhuma teoria revolucionária, antes a constatação de uma realidade que, ano após ano, se repete nas aldeias e vilas portuguesas marcadas pela emigração.
Chega Agosto e com ele os muitos emigrantes que passam o ano a ganhar a vida lá fora, pelas franças e alemanhas desse mundo. A população do concelho quase duplica, garantiram-me num dos primeiros verões que por cá andei. E assim parece. As matrículas dos carros não deixam margem para dúvida e se dúvidas houvesse bastava uma ida a uma qualquer romaria das muitas que pululam por Terras de Coura durante este mês para escutar a mistura de sotaques, o português afrancesado (ou será o francês aportuguesado) e ter a certeza: estamos no mês-rei dos emigrantes.
Mas Agosto chega ao fim, e neste caso o fim de Agosto chega logo após o dia 15. É público e notório que, passado o meio do mês, a presença emigrante diminui sobremaneira. O tempo do mês inteiro de férias já lá vai, que agora são duas, três semanas e toca a andar., Não dá para mais, explicam, com um aperto no coração. É que, acrescentam, aquilo lá fora dá muito dinheiro, mas não é como a nossa terra.
“Lá temos o nosso corpo, aqui o nosso coração”. Assim mesmo, dito desta maneira, por um courense emigrado há mais de 40 anos em França, lá para as bandas de Clermond-Ferrand que encontrei por acaso na sala de espera do dentista e que, mesmo não me conhecendo de lado algum, não hesitou em partilhar comigo a sua alegria por regressar a Portugal, à sua Castanheira, uma vez no ano. “Ai e isto está tão lindo, cada vez mais”, acrescenta, enquanto não chega a sua vez. E fala das estradas que o sr. presidente mandou arranjar para se chegar mais facilmente à vila, mas também dos buracos que deixou por tapar nas ruas de Castanheira e das pedras que podiam ter cortado para alargar as estradas.Fala com o conhecimento de quem está por Coura há pouco mais de duas semanas e todos os dias pega no velho carro que trouxe de França há vários anos e que fica por cá todo o ano, para dar uma voltinha pelo concelho. A descobrir coisas novas todos os dias, garante. Coisas que vê com os olhos de quem tem apenas três semanas para consumir tudo o que o concelho tem para lhe oferecer, para durar mais um ano lá fora, nas recordações. Já passa do dia 15, está na hora de voltar. Só mais um dia e há que se fazer à estrada, com mulher, filho, nora e dois netos. Desejo-lhe boa viagem. E bom regresso no próximo Agosto, para mais um percurso pelas novidades da terra

13 agosto 2008

Orgulhosamente sós

Não será, certamente, este o lema de Defensor Moura, presidente da Câmara de Viana do Castelo, mas é a ideia que dá a entender. A acérrima recusa em fazer parte de um Alto Minho a dez vozes torna-o, a ele e ao município por ele presidido, numa ilha no meio da união de todos os outros.
Até ontem poderia ter em Daniel Campelo e em Ponte de Lima um aliado (como se fosse possível!), mas a unanimidade com que a Câmara limiana aprovou ontem a adesão à comunidade que deveria reunir os dez concelhos do distrito deixou-o isolado. Cada vez mais… Tudo porque quer fazer valer a máxima: um homem, um voto, que daria, obviamente, mais poder aos municípios mais povoados, precisamente com Viana do Castelo à cabeça.
Não é tolo, não senhor, mas também não deixa de ter alguma razão. Contudo, quando se trata de unificar o distrito na tentativa de canalizar o máximo de apoios da Europa, não será essa uma questão de segundo plano? Se o objectivo de concorrer aos fundos de Bruxelas é, precisamente, corrigir algumas deficiências sentidas por esta região, por este distrito, não seria essa forma de gestão de uma comunidade a dez mais um agravar do fosso existente entre os grandes concelhos do distrito, nomeadamente o eixo Arcos de Valdevez/Ponte de Lima/Viana do Castelo, e os concelhos do interior, mais isolados e também mais necessitados?
Defensor Moura diz que aguarda a publicação da Lei que vai regular estas comunidades de municípios para levar o assunto a referendo popular. E se o referendo se pronunciar pelo Sim à integração da comunidade a dez, será que Defensor Moura vai acatar a decisão dos munícipes? Ou será que, como parece acontecer no caso do Prédio Coutinho, só descansará quando a decisão tomada for do seu agrado?

11 agosto 2008

Silêncio e tanta gente

As notícias bem davam conta de que não teria havido foguetório nas festas do concelho, mas a organização trocou-lhes as voltas e o fogo sempre veio. A tragédia da Pirotecnia Minhota não estragou a edição de 2008 das Festas do Concelho.
Uma edição que trouxe muita gente até à vila, se bem que as atracções… sejam as mesmas de sempre. Mas também, se com as mesmas coisas de sempre as pessoas afluem em grande número, para quê mudar? As farturas não faltaram, os carrosséis também não, para delírio dos mais pequenos e desgraça dos pais, assim como os vendedores ambulantes que saltam de feira em feira, com artigos vindos de vários pontos do globo… e da China também. E outras bancas onde não faltam as estreias do cinema já em DVD, as sapatilhas de marca a preço muito concorrencial e aqueles óculos escuros que vimos na montra de uma qualquer loja, mas a um décimo do preço. É aproveitar, é aproveitar! Enquanto o preço não sobe ou enquanto a GNR não chega (que a ASAE ainda demora), para confiscar os artigos contrafeitos.
Não faltou também a música e, mais uma vez ficou evidente que o folclore continua a ser rei das festas de Coura. O folclore e o cortejo luminoso, contrapõem logo alguns. Que sim, concordo eu, que também se encheu a vila para ver passar o desfile dos carros alegóricos, engalanados a preceito. Mas não será o próprio cortejo, também ele, um pouco do muito folclore que temos para mostrar por Terras de Coura? Fica a questão.
As festas só terminam mais logo, com folclore, que mais haveria de ser. Nova enchente do Largo Hintze Ribeiro? É esperar para ver. Mais música até altas horas, porque parece que em Coura, durante as Festas do Concelho, ninguém prega olho. É o rancho a dançar até às tantas, o conjunto musical até mais tarde ainda e o fogo de artifício, o tão desejado fogo. Não há festa que se preze que não aposte no foguetório, como se isso fosse o símbolo máximo do valor dos festejos, e não importa a hora a que rebentam, importa é a quantidade de foguetes e o barulho ensurdecedor. Seja a meio da manhã ou da tarde, seja às duas horas da madrugada. O povo gosta? O povo aguenta? O sono recupera-se para a semana...

04 agosto 2008

Recordação do Festival de Paredes de Coura (2)

O mesmo responsável acredita que para a captação dos vários investimentos e apoios estatais ocorridos na última década não foi indiferente "a notoriedade que o festival proporcionou” – Excerto de notícia publicada na edição de ontem do Jornal de Notícias (para ler na íntegra aqui).

As declarações são de Pereira Júnior, presidente da Câmara Municipal de Paredes de Coura, inseridas numa peça jornalística que fala da influência que o festival tem no concelho, assunto já por demais debatido por terras de Coura. E entre opiniões favoráveis e outras contra a realização do festival, que também as há, lá vem a célebre referência ao movimento registado nos multibancos da vila durante os dias do festival (já agora, apenas uma máquina em todo o recinto do festival é coisa que não lembra a ninguém!).
A novidade está na declaração que abre este post, em que Pereira Júnior dá a entender que a notoriedade alcançada pelo festival abriu as portas a vários investimentos e apoios estatais na última década. Uma afirmação que, contudo, pode ter duas interpretação diferentes.
Por um lado, o presidente da Câmara corre o risco de ser mal interpretado quando dá a entender que os apoios estatais são concedidos mais em função da notoriedade de cada concelho do que do interesse público do investimento. É que já estou mesmo a ver o fiscalista Saldanha Sanches, conhecido pela sua “guerra” pessoal contra a corrupção nas autarquias, a dizer que assim não pode ser, que não pode haver beneficiados nesta coisas e que é preciso transparência. Teorias da conspiração que o homem tem…
Mas, por outro lado, ao ler isto podemos ficar a pensar que somos uns privilegiados, porque temos um trunfo que outros municípios não têm e que nos consegue mais investimento para a nossa terra. Mas depois temos de perguntar: então se é assim, porque raio é que demora tanto a via rápida de ligação à auto-estrada?

Recordação do Festival de Paredes de Coura


02 agosto 2008

Já alguém os viu por ai?

Há precisamente uma semana a RTP dava a notícia de que já se encontravam no terreno os técnicos, portugueses e espanhóis, que estão a trabalhar no sentido de encontrar o melhor trajecto para a linha ferroviária de velocidade elevada que vai ligar o Porto a Vigo. Mas, por cá, por Paredes de Coura, já alguém os viu?
Independentemente do traçado que vier a ser escolhido, uma coisa parece estar garantida: a ligação à futura plataforma logística de Valença, que ganha assim uma estação onde irá parar o comboio que rumará ao futuro. A outra estação intermédia neste percurso será Braga, escolha que, por motivos óbvios, dispensa explicações. Mas, se parece não haver dúvidas sobres estas duas estações, sobre tudo o resto ainda há muita incerteza, principalmente no traçado, o tal que os técnicos já andarão por aqui a definir, pelo meio de montes e campos, a escolher provavelmente o que melhor se adequa à passagem dos novos comboios.
Eventualmente o nosso concelho será ponto de passagem desta ligação de velocidade elevada. E digo eventualmente porque ainda ninguém sabe por onde ela irá passar, apenas se especula que poderá seguir o traçado do gasoduto ou da A3. E tanto num caso como no outro Paredes de Coura surgirá, inevitavelmente, no caminho do comboio. E é esse aspecto que terá de ser assegurado pela autarquia courense, acompanhando de perto os técnicos ao serviço da RAVE para lhes mostrar, como fez e bem com a empresa responsável pelo estudo do traçado da ligação à A3, que conhecem melhor que ninguém o terreno e sabem, pelo menos, por onde não deverá passar a nova ligação.
Os benefícios para o concelho, já aqui o mencionei por diversas vezes, resumem-se aos proveitos que poderão auferir os donos dos terrenos afectados pela construção e à possibilidade de termos a 20 kms de casa uma ligação rápida ao resto do país e da Europa. A meu ver, é só isto que nos calha, por isso acho que é de todo o interesse assegurar que, na balança dos ganhos e perdas, não ficamos a perder demasiado, com atravessamentos desnecessários, limitações a eventuais projectos futuros e, acima de tudo, com a diminuição da qualidade de vida (leia-se acessos e impacte ambiental) de quem por cá reside. E quem melhor do que os técnicos da autarquia para ajudar nesse tarefa?