27 dezembro 2007

Restos de Natal

Há imagens que valem por mil palavras, mas mesmo assim vale sempre a pena ler este artigo. E este outro também. Se dúvidas houvesse de que o Natal passou a ser uma febre consumista...

21 dezembro 2007

Bom Natal!


Para os que visitam todos os dias. Para os que vêm cá de quando em quando. Até para aqueles que nunca aqui meteram os pés. A todos eles deixo aqui os votos de que tenham um Bom Natal!


20 dezembro 2007

A pergunta

"Admite ou não o MADRP - Ministério da Agricultura do Desenvolvimento Rural e das Pescas proceder com brevidade à revisão e alteração da norma estabelecida no nº 3 do artº 16º do Dec-Lei 124/2006 de 28 de Junho com vista a encontrar solução para o problema atrás descrito? "


A pergunta é dos deputados socialistas Jorge Fão, Rosalina Martins e Fátima Pimenta, eleitos pelo círculo de Viana do Castelo, e em causa está o polémico decreto-lei do Sistema Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios, mais conhecido pela "lei dos 50 metros", por obrigar as construções em algumas zonas rurais e florestais a deixarem livre uma faixa de 50 metros para os terrenos vizinhos. Por cá, pelo concelho, o assunto já por diversas vezes subiu à Assembleia Municipal e mereceu, inclusivamente, a aprovação de um voto de protesto, que juntou a Câmara e a Assembleia e que foi enviado ao Ministério da Agricultura.
Agora o protesto parece ter ganho mais força, com o trio de deputados do PS a pedir esclarecimentos sobre uma eventual revisão do decreto-lei publicado em 2006. A mostrar que, quando é preciso, os políticos esquecem os partidos que os elegeram e que, no caso concreto, aprovaram a legislação em vigor, e preocupam-se com os interesses dos que os elegeram. O requerimento pode ser consultado aqui.

À moda da ASAE

Será que a gastronomia tradicional tem os dias contados? O tema tem sido abordado em diversos locais, nomeadamente na comunicação social, mas certamente o lugar onde mais se tem discutido é nos próprios restaurantes. No passado fim de semana jantei num restaurante de Paredes de Coura onde o simpático dono me falava precisamente desta relação complicada entre a cozinha tradicional e as directivas emanadas de Bruxelas, tal como o retratou esta semana Sérgio Andrade, na sua coluna semanal do Jornal de Notícias.
Dizia-me o proprietário do restaurante que cada vez tem mais dificuldade em conciliar o que dá à gastronomia típica da região minhota o seu sabor e o seu nome, com os impedimentos ditados pela legislação comunitária que a ASAE tanto tem feito valer nos restaurantes portugueses. E não se julgue que é apenas a cozinha do Minho que sofre com isso, pois as exigências de Bruxelas, feitas se calhar por alguém que nunca comeu fora de casa ou dos restaurantes ditos de cozinha internacional, andam a criar muitas dores de cabeça a proprietários de restaurantes de todo o país.
No caso minhoto, por exemplo, veja-se a tarefa hercúlea que será, por exemplo, fazer um arroz de cabidela, quando as normas comunitárias obrigam a que o animal seja abatido no matadouro. O cozinheiro vai buscar o sangue onde? Mas, mesmo que o conseguisse, imagine-se a despesa de fazer uma cabidela de frango, daquelas mesmo com o animal caseirinho, para um restaurante de Paredes de Coura? É que, para abater o bicho, o matadouro mais próximo fica em… Famalicão. Transporte de animais para um lado, transporte térmico para o outro… façam as contas. E que dizer da lampreia, pescada no rio Minho e comprada directamente aos pescadores, isentos de facturar o que vendem, quando o restaurante é obrigado a ter factura de tudo o que compra?
Preocupações como esta têm juntado vários empresários ligados ao sector e representantes dos organismos estatais que o fiscalizam, no sentido de serem encontradas soluções de consenso. Uma das que está em cima da mesa é a criação de pequenos matadouros em cada concelho, onde, sob a supervisão do veterinário municipal, poderiam ser abatidos alguns animais. Não sei se será a melhor solução, especialmente para concelhos com poucos restaurantes como Paredes de Coura, criar uma estrutura que iria estar mais tempo parada do que a funcionar. Mas concordo com o princípio em si e não vejo porque não se possa fazer isso agregando alguns concelhos, de modo a rentabilizar mais o equipamento e, ao mesmo tempo, garantir-lhe melhores condições de funcionamento.
Não se julgue, contudo, que tudo o que vem de Bruxelas em relação a este sector é mau. Já todos vimos, através da comunicação social, que as inspecções da ASAE nos mostram, muitas vezes, realidades pouco condizentes com o que deve ser uma cozinha. Na segurança alimentar, seja na cozinha tradicional ou na mais moderna, é o cliente, a sua saúde, que está em causa, por isso há que cumprir.

18 dezembro 2007

Momento de nostalgia

Ao reler o post anterior, fiquei de repente preso na memória, na minha memória de outros tempos. Os meus tempos de escola, mais precisamente. Nascido e criado numa família de classe média/baixa, como a maioria dos portugueses da minha geração, cresci com brinquedos, é certo, mas nada que se compare ao que hoje em dia se vê por aí.
Quando andava na escola primária, daquelas modelo centenário, com oito salas de aula, sanitários turcos e muito espaço ao ar livre para correr e saltar, a brincadeira de eleição, futebol à parte, era o “Jogo do Prego”. Hoje em dia, se vejo o meu filho com alguma coisa mais afiada na mão chamo-lhe logo a atenção para os perigos. Esqueço-me que, quando tinha a idade dele, levava todos os dias na pasta um prego, ou melhor uma cavilha, com que nos entretínhamos a jogar nos intervalos, no recreio de terra batida, a ver quem completava primeiro o círculo. E havia ainda o pião, ou a mona, a minha preferida. As raparigas ficavam-se pelo elástico ou pela corda, a que nós, rapazes, também jogávamos, fingindo que o fazíamos a contra-gosto.
A saída da escola primária para o ciclo marcou o fim desse tipo de brincadeiras, pelo menos as mais arrapazadas, porque as meninas continuaram sempre com o elástico e a corda atrás delas. Curiosamente, ou talvez não, não se viam bonecas na escola. Carrinhos, um ou outro apenas. Aliás, na época o que estava em alta eram os carrinhos de rolamentos, que agora parecem ter regressado.
Mas, dizia eu, no ciclo, muito antes de “playstations” e “gameboys”, mas numa altura em que o Spectrum começava já a criar os primeiros viciados nos jogos electrónicos, quem mandava eram quem tivesse o maior saco de berlindes. Tal era a apetência pelos berlindes que a escola preparatória que frequentei tinha um percurso próprio, ao género de mini-golfe, com diversos campos diferentes, que nos intervalos se enchiam de miúdos agachados atrás das pequenas bolas.
E que dizer do futebol jogado com uma bola de ténis e utilizando os bancos do recreio como balizas? Os autênticos campeonatos mundiais que se disputaram nos pequenos átrios das salas de aula… Brincadeiras improvisadas, num tempo em que havia brinquedos, claro, mas em que, penso eu, não se tinha ainda dado a explosão de todo o consumismo que vemos hoje, em que o melhor é o que tem o jogo electrónico mais moderno, onde as marcas e a ampla oferta à mão de semear superaram o “desenrascanço” típico de uma criança que, quando queria brincar, inventava os seus próprios brinquedos, os seus próprios jogos. Hoje são apenas um momento de nostalgia.

14 dezembro 2007

Não se pode

Não se pode ver televisão nesta altura do ano. Ou melhor, do Verão para cá, porque parece que os publicitários decidiram que, findo Agosto, já é tempo de Natal. Nas últimas semanas, contudo, ver televisão, especialmente de manhã e ao fim de semana (porque será?) tornou-se uma tarefa impossível.
Para quem não tem filhos é tal a enchente de anúncios sobre brinquedos e afins que se torna enjoativo. Para quem os tem, é bem pior. Ora andamos nós, pais, a apertar o cinto para fazer face à crise (que a há, sr. ministro da Economia, não duvide) e eis que se oferece aos nossos filhos uma janela aberta para um mundo de coisas que eles querem ter e nós não podemos, ou não queremos, ou melhor ainda não devemos dar. É desligar a televisão, está claro. Não há melhor remédio.
Mas não se pense que a ameaça fica resolvida. Basta sair de casa para ver que a tentação nos persegue. Anúncio aqui, anúncio ali. Se resolvermos enfrentar a besta e entrar numa superfície comercial, então aí… estamos perdidos. Só falta pegarem em nós ao colo e levarem-nos a dar uma volta pelo mundo da brincadeira. O mundo onde a Playstation rivaliza com a Barbie, onde o Action-Man ataca, de metralhadora em punho, o desgraçado do Noddy que se lhe atravessou no caminho. O mesmo mundo onde parece que o tamanho é que conta, quanto maior o boneco, melhor. Um mundo a evitar.
É claro que, no fim, somos sempre atacados por aquele vírus maléfico que é o olhar terno das crianças… por isso o melhor mesmo é não sair de casa. Mas manter a televisão desligada e… ler um livro, por exemplo. Até dia 6 de Janeiro, pelo menos.

11 dezembro 2007

Unidos na hora da morte (2)

Como referido no post anterior, a proposta de Paula Caldas para o surgimento de uma casa mortuária em cada freguesia reuniu o consenso e o voto unânime da Assembleia Municipal de Paredes de Coura. Ainda bem. Mas será que esse consenso vai continuar com a tentativa de aplicação desta resolução no terreno?
A proposta agora aprovada visa o apoio, por parte da Câmara Municipal, à construção ou reconstrução de uma casa mortuária em cada freguesia. Acresce que na vila esse equipamento deverá ter capacidade para dois corpos em simultâneo e câmara de frio. O subsídio a atribuir será igual para todas as freguesias e a gestão destas estruturas ficará a cargo das respectivas juntas de freguesia.
Mas, e a Igreja onde fica no meio disto tudo? É que, como bem ressalvou o presidente da Junta de Freguesia de Paredes de Coura, o protocolo a firmar entre as várias partes, deve assegurar que qualquer religião terá direito a utilizar as casas mortuárias. Ora, sabendo de antemão que elas vão funcionar em edifícios da Igreja Católica, ou construídos em terrenos desta mesma Igreja, como se irá processar esse “entendimento”?
Olhando em volta e vendo alguns casos de que a comunicação social vai fazendo eco, em que pessoas de religiões diferentes viram vedado o acesso a cemitérios ou mesmo a um funeral condigno, quer-me parecer que vai ser preciso trabalhar muito para conseguir trazer para as paróquias o consenso conseguido na Assembleia Municipal.

Unidos na hora da morte (actualizado)

À primeira vista, quem leu a notícia ontem publicada no Jornal de Notícias pensa duas coisas: em primeiro lugar, que a Assembleia Municipal de Paredes de Coura é um palco de consensos; em segundo lugar que Paula Caldas, deputada municipal do PSD é capaz de gerar esses mesmos consensos. Pois… mas não é bem assim.
Quem leu o jornal de ontem não sabe, por exemplo, que a proposta agora aprovada por todos os grupos políticos representados na AM, já tinha sido apresentada antes. Por duas vezes. Em Setembro praticamente nem chegou a ser discutida porque, por sugestão do presidente da Câmara, foi adiada e já antes disso, na reunião de Junho, foi pedido à proponente o seu adiamento para outra data, de modo a gerar o tal consenso.
Vistas assim, as coisas mudam de figura, não? Pois mudam. É claro que não é isso que vai retirar mérito a uma proposta que, por intervenção da sua proponente ou do próprio presidente da Assembleia Municipal (não deu para perceber quem foi), originou um encontro dos líderes das bancadas do PS, PSD e CDU, a anteceder a reunião do passado dia 30 de Novembro. Um encontro de onde saiu, então, o agradecido consenso partidário.
“Esta Assembleia, quando quer, consegue atingir consensos”, explicou na altura o seu presidente. Pois consegue, está provado. A grande questão é: porque não o faz mais vezes? O assunto ajudou, é certo, diz respeito a todos e todos havemos de nos ver envolvidos nele. Aliás, costuma-se dizer que na hora da morte, aos olhos dos outros, somos todos boas pessoas. Mas é apenas um exemplo! Um exemplo de que, quando o objectivo é Paredes de Coura, as suas gentes, não deveria haver cores políticas a toldar as mentes, a dominar os votos. E já por diversas vezes temos assistido a duros confrontos por causas que, à vista desarmada, mereceriam a unanimidade. Assim a política o deixasse…

07 dezembro 2007

A Beira... lá pelo Minho

Decididamente, as coisas não correm de feição no cinquentenário da publicação de "A Casa Grande de Romarigães". Por um lado o atraso verificado nas comemorações "oficiais", promovidas pela Câmara Municipal de Paredes de Coura e que decorrem amanhã e domingo, conforme programa que se pode ver aqui. Um encontro de leitores de Aquilino Ribeiro, a visita ao local que inspirou o escritor e uma exposição de fotografias de Rui Luís Romão, actividades promovidas pela Cooperativa Árvore, e que surgem praticamente no final do ano em que se assinala a efeméride. Tarde e, na minha opinião, com reduzida divulgação. Mas enfim...
Por outro lado, temos que, só a meados deste ano é que a Bertrand, editora responsável pela publicação do livro, resolveu reeditar a obra, prestando-lhe assim, e ao autor, a devida homenagem. Mas, será que na Bertrand, alguém leu o livro? Quer-me parecer que não! Não acredita? Então faça como eu, clique aqui e leia a nota introdutória que a editora faz a "A Casa Grande de Romarigães". Se não quiser clicar, fica aqui a transcrição: "Este romance reproduz a mundivivência das terras nortenhas e aproxima o texto ficcional da realidade narrada, numa Beira rural e analfabeta ancorada numa sociedade patriarcal. Misturando erudição com a linguagem popular, Aquilino capta esse ambiente arreigado na religiosidade e na crendice e revela o instinto camponês com todas as superstições e todos os subterfúgios assossiados à obsessão de propriedade."
Leu? Também eu, e não quis acreditar... Partindo do princípio que falam da Beira interior e não da Beira, cidade de Moçambique (o que ainda seria pior), esta nota só demonstra desconhecimento. Então agora Romarigães, concelho de Paredes de Coura, distrito de Viana do Castelo, fica na Beira? É certo que Aquilino nasceu por aqueles lados, mas um fácil exercício de pesquisa mostraria a informação correcta. E o pior é que as más informações se propagam. E assim, não é só a Bertrand que induz o leitor em erro. Também a Fnac e outras livrarias online alinham pelo mesmo diapasão e dão o cenário de Romarigães algures na Beira interior de Portugal.
Lamentável, no mínimo. A quem de direito, na Bertrand ou noutra livraria qualquer, recomendo apenas e só uma voltinha por algumas páginas da Internet ou por uma enciclopédia mais actualizada. Ou que leiam jornais, como este aqui. É o suficiente para ficarem a saber um pouco mais sobre "A Casa Grande de Romarigães". De qualquer das formas, e já que falei no assunto, o melhor mesmo é lerem o livro. E até podem comprá-lo nesta livraria online. A informação é a mesma, errada, mas o preço parece ser mais em conta.

Para reciclar é preciso ter onde

Pois é, um blogue aberto à participação dos leitores tem destas coisas: as reacções.
Ontem lancei novo inquérito ao lado, na barra lateral, sobre a proposta-que-ainda-não-o-é-e-que-pode-nunca-o-ser, através da qual o Governo quer aplicar uma taxa qualquer, assim à laia de imposto dissimulado, sobre os sacos plásticos vulgarmente utilizados nas compras. O objectivo máximo, dizem, é reduzir a quantidade de resíduos deste tipo, que levam algumas centenas de anos a serem reintegrados na Natureza. Reduzir, reciclar e reutilizar continuam, portanto, a ser as palavras de ordem. Mas, para reciclar é preciso ter como…
Isso mesmo disse um leitor do Mais pelo Minho, que me fez chegar um email onde lembra que, por muito boa vontade que um cidadão tenha de dar o seu contributo para a melhoria do ambiente, é preciso ter os meios para tal. Falava o tal leitor dos conhecidos ecopontos e de como são poucos os que existem espalhados pelo concelho, nomeadamente nas freguesias rurais. Tem razão. Aliás, já por diversas vezes a Câmara Municipal foi chamada à razão por esse motivo. E porque não aparecem mais? Simplesmente porque não compete tal coisa à autarquia, mas sim à ValorMinho, empresa responsável pela recolha e tratamento dos resíduos dos municípios do Vale do Minho.
Mesmo assim, como respondi no email e torno a reafirmar agora, em Paredes de Coura existe, no mínimo, um ecoponto em cada freguesia. E se a vontade de participar na transformação do planeta é mesmo real, então há sempre hipótese de levar o vidro, o cartão ou as embalagens até ao conjunto de recipientes mais próximo. Não é tão prático, é certo, mas por isso mesmo torna-se um gesto ainda mais valioso.
Na vila, pelo contrário, os ecopontos pululam em cada esquina, num bom aproveitamento das obras de requalificação urbana de que o centro foi alvo aqui há uns anos. Ainda assim, e como foi já referido noutros locais e por diversas vezes, a forma de trabalhar dos receptáculos não é a melhor, impossibilitando a colocação de volumes de grandes dimensões, nomeadamente no papelão. Além disso, há zonas fora do “núcleo urbano” que continuam sem ecoponto. O exemplo mais flagrante será o da Volta da Quinta, onde existem alguns estabelecimentos comerciais e reciclagem… nada. Que venha o ecoponto.

06 dezembro 2007

Pela estrada fora, eu vou, eu vou...

A minha memória já não é o que era, mas tenho a vaga ideia que o título do post é parte integrante duma música de “O Capuchinho Vermelho”. De qualquer das formas tenho quase a certeza de que se trata de uma música infantil. Talvez por isso, ainda hoje, muitas das nossas crianças e jovens a coloquem em prática todos os dias, a caminho da escola, pela estrada fora, porque passeios não existem.
Passa-se em muitos locais, e passa-se também no nosso concelho. Veja-se, por exemplo, o acesso à Escola EB 2.3/S de Paredes de Coura, ali a partir do pontão na saída do túnel, até à zona escolar. Sem passeios, aquele que é, provavelmente, o principal acesso àquela escola, é percorrido todos os dias por algumas dezenas de crianças que arriscam a caminhada pela berma da estrada.
Poderão dizer, como eu também eu o disse já, que a maior parte dos alunos daquela escola utilizam os transportes públicos e que por isso a construção de passeios naquele acesso não é uma prioridade. Mas, e questiono eu também, será que os passeios em Resende, na estrada que liga Coura aos Arcos de Valdevez, são mais importantes? É que lá, onde serão muito menos as pessoas a passar a pé, estão a fazer passeios. Só lá.
E depois também não faltará quem diga que esta questão dos passeios é de menor importância, quando comparada com outras que afectam os alunos do concelho, e não só. Pois! Têm razão, infelizmente. Por Paredes de Coura, só para dar um exemplo, é mais preocupante (pelo menos para mim) ver crianças de 6/7 anos sozinhas à espera do autocarro nas freguesias, ou sozinhas à porta da escola, ali deixadas (sabe-se lá com que custo) pelos pais muito antes do horário de abertura. Mas, creio eu, é mais fácil resolver a questão dos passeios do que a das mentalidades ou dos horários de trabalho.
Por último, haverá também quem, como eu, lembre que noutros tempos não havia passeios e que muitos de nós tivemos de ir a pé para a escola, sozinhos, à chuva e ao frio. Pois! Mas haverá também, sempre, quem nos diga que temos de procurar um futuro melhor para as gerações futuras.

04 dezembro 2007

Certezas & Dúvidas

Certeza: se o PSD estivesse à frente da Câmara de Paredes de Coura não tínhamos parques de estacionamento subterrâneo. Dúvida: se o PSD estivesse à frente da Câmara de Paredes de Coura tínhamos um concelho mais próspero, mais desenvolvido, com mais população e com melhores condições de vida.
É mais ou menos isto que se pode extrapolar das intervenções de Fernando Carranca na última Assembleia Municipal. Fazendo uso do tempo de antena que aquele órgão autárquico lhe oferece (e que muitas vezes não é aproveitado), o líder da bancada social-democrata aproveitou para, num dois em um, criticar a proposta de orçamento para 2008 e a actuação da Câmara nos últimos anos, e ao mesmo tempo mostrar que o seu partido teria feito diferente, assim ao jeito de campanha eleitoral.
E então ficamos a saber (mais uma vez) que o PSD não construía os parques. Nem os dois de estacionamento subterrâneo, nem os dois de lazer que a autarquia projecta para o futuro. Dão prejuízo, não é novidade. O orçamento para 2008 aponta as receitas na ordem dos 50 mil euros. A deputada comunista Catarina Moreira fez contas e chegou ao valor de 136 EUR/dia. “Mais valia serem gratuitos”, lançou a representante da CDU. Algo que também os social-democratas já tinham sugerido em tempos.
Mas o problema foi serem construídos, explicou Fernando Carranca, pois o orçamento para 2008 continua a mostrar “dificuldades financeiras resultantes da construção dos parques”. Talvez por isso o líder da bancada do PSD refere que as opções do Plano não trazem obras estratégias, antes obras não prioritárias. “Vemos mais embelezamento para a vila, o que é igual a mais esquecimento das aldeias”, explicou Fernando Carranca, realçando que “são obras que dão mais nas vistas porque as eleições não estão longe”.
Não estão? Faltam pouco menos de dois anos… mas são só em Outubro de 2009. Para a Câmara e para as juntas de freguesia. Será que Fernando Carranca também estava a pensar na substituição de alguns candidatos no próximo acto eleitoral? É que muito se falou de represálias antes desta AM, aludindo-se ao facto de os presidentes de junta do PSD poderem votar favoravelmente o orçamento, como veio a acontecer.
Por um lado questiona-se: se estava aprovado à partida, o voto deles faria diferença? E se assim é, porquê afrontar o partido que os elegeu? Mas, por outro lado, há também quem diga que, a haver represálias, estas poderão surgir do lado dos social-democratas. Inclusivamente, a suspensão dos trabalhos da AM pedida por Fernando Carranca a meio da discussão do orçamento, deu a entender que se tratava de uma derradeira tentativa de conseguir o voto contra dos presidentes de Junta. Se assim foi, não teve sucesso.

03 dezembro 2007

O orçamento do "pentelho"

Depois do “orçamento do queijo”, como ficou conhecido aquele que foi apresentado pelo Governo de António Guterres e aprovado com o voto de Daniel Campelo, temos agora o “orçamento do pentelho”. A explicar mais adiante.
O Orçamento para 2008 era o tema forte da Assembleia Municipal de Paredes de Coura, realizada na passada sexta feira. E foi aprovado, como se esperava. Com os votos do PS e também dos presidentes de Junta do PSD, igualmente como previsto. Ainda assim foi preciso esperar até quase à uma da manhã para levar o documento forte da gestão da Câmara à votação. Pelo meio, bastante discussão por parte da oposição e a suspensão dos trabalhos, pedida pelos social-democratas.
Com Maria José Fontelo ausente, depois da polémica resultante da última reunião, coube a Fernando Carranca a liderança da bancada e das críticas ao documento apresentado pelo Executivo de Pereira Júnior. Críticas que, contudo, se centraram demasiado na questão omnipresente da concessão da rede de distribuição de água no concelho. É certo que o deputado do PSD também lembrou que este orçamento ainda está a sofrer os efeitos do endividamento da câmara para construir os parques de estacionamento, tendo ainda referido que faltam obras estratégicas com vista à melhoria do concelho, especialmente quando analisada a situação das freguesias, mas a “privatização” da água dominou o debate.
Dela falou também Catarina Moreira, que abriu as hostilidades com aquilo que Pereira Júnior considerou “uma redacção muito boa, mas sem conteúdo”. Um texto bem elaborado, sem dúvida, onde a representante da CDU escalpelou o suposto “rigor técnico” do orçamento proposto onde predomina a rubrica Outros o que, na sua opinião, é revelador exactamente do contrário, ou seja do improviso e da falta de rigor técnico. “Vamos chamar os bois pelos nomes, nós não temos capacidades adivinhatórias”, acabaria por desabafar a deputada comunista, depois do presidente da Câmara ter explicado alguns dos “Outros” do orçamento para 2008.
Questões demasiado técnicas, na análise de um documento que se quer técnico, mas que é também, acima de tudo, um documento político, já que é que ele que, teoricamente, vai delinear a acção da Câmara no próximo ano. Por isso mesmo, Luísa Castro, do PS, não hesitou em considerar que a oposição estava preocupada com um “pentelho”. “Há mais dúvidas técnicas do que sobre as opções do Plano”, criticou a deputada socialista. E então, vá de dar uma aula de Contabilidade Autárquica aos presentes. Para a próxima sessão está marcada aula de Introdução à Política I e II?