28 fevereiro 2010

O fado do golfe em Paredes de Coura

“Temos um fado muito grande em relação à construção de um campo de golfe em Paredes de Coura!” O desabafo é de António Pereira Júnior, presidente da Câmara Municipal de Paredes de Coura, na Assembleia Municipal da passada sexta-feira. O autarca courense respondia a uma interpelação de Elisabete Ribeiro, do PSD, que quis saber o estado em que se encontrava actualmente o projecto para a instalação de um complexo turístico com campo de golfe de montanha em Mozelos e arredores.
Na resposta, Pereira Júnior não conseguiu esclarecer a assistência mas, lembrando que vivemos uma situação de crise, recordou que já foi protocolada, ainda que não escriturada, a compra de grande parte dos terrenos necessários ao campo de golfe. E, acrescentou, está incluído nas candidaturas aos fundos comunitários. Sobre o edifício do antigo sanatório, voltou a lembrar o que já é do domínio público: que ainda não é conhecido o proprietário correcto daquele equipamento e que, quando se souber qual o organismo, dentro do Estado, que detém a sua propriedade, a autarquia está disposta a adquiri-lo e entrar assim no capital da sociedade detentora do futuro complexo turístico.
O presidente da Câmara aproveitou ainda para esclarecer os presentes que o projecto do campo de golfe em Mozelos nada tem a ver com outro equipamento género que vai surgir em Covas, Vila Nova de Cerveira, e que já estará mais adiantado. Sobre o assunto, aliás, aproveito para pegar no que diz Nuno de Matos, no seu blogue, sobre a multiplicação de projectos turísticos com características semelhantes em todo o Alto Minho. Aliás, ainda há tempos, em conversa com um amigo sobre o assunto, se questionava a futura taxa de utilização de seis campos de golfe num espaço tão próximo. Coisa que, mais do que a crise ou a propriedade do antigo sanatório, pode colocar em risco o projecto de Mozelos.

23 fevereiro 2010

Caminho fora dos eixos

A crítica partiu da Câmara Municipal de Ponte de Lima, mas também afecta Paredes de Coura. Em causa está uma publicação especial do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, associação de municípios que reúne 17 concelhos do Norte do país e outros tantos na Galiza, que em ano de Jacobeu resolveu divulgar algumas informações de cariz turístico. Ao longo de 125 páginas são destacados alguns aspectos das principais cidades atravessadas pelos caminhos de Santiago, bem como os próprios caminhos utilizados pelos peregrinos.

E é aqui que surge a indignação de Ponte de Lima, porque a publicação  praticamente omite o Caminho Central, que passa por aquela vila e sobe, por Paredes de Coura, em direcção a Espanha. A autarquia limiana critica ainda a total omissão dos albergues portugueses, entre os quais o de Rubiães, da lista de sugestões apresentada pela revista do Eixo Atlântico.

De fora das sugestões, no que respeita a espaços naturais da Galiza e Norte de Portugal, ficou também a área de paisagem protegida das Lagoas de Bertiandos, o que mereceu mais um reparo da Câmara de Ponte de Lima. Já Paredes de Coura pode dar-se por satisfeita por ver naquela publicação a referência à área de paisagem protegida do Corno de Bico. E daí… talvez não! É que, o trabalho da revista é tão bom, no sentido de ter sido devidamente corrigido, que o Corno de Bico é indicado como estando no Alto Douro. Nada de mais, especialmente se tivermos em conta que a Área Protegida do Litoral de Esposende aparece no litoral interior de Trás-os-Monte. E o mar ali tão perto…

22 fevereiro 2010

Nós... também

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Ligação de Paredes de Coura à A3: Pereira Júnior espera não ter "mais uma desilusão" – título de notícia da Rádio Geice

Depois de anos de espera, de promessas e mais promessas, eis que surge a crise, a maldita crise, que manda apertar o cinto e congelar tudo o que é projecto que não interessa a Lisboa mas que podia fazer a diferença lá na aldeia. E eis que aqui pelos lados de Paredes de Coura se volta a ter pesadelos com o sonho prometido e já se pensa que poderá não haver ligação à A3.

Com o projecto ainda em fase de estudo de impacte ambiental, e sem nada preto no branco no papel por parte do Ministério das Obras Públicas (se bem que, nos tempos que correm, isso de estar preto no branco não quer dizer nada), o presidente da Câmara de Paredes de Coura espera não ter mais uma desilusão. Pois… E eu acrescento, nós também esperamos que não.

Fiquei, contudo, sem saber, se Pereira Júnior se referia concreta  e unicamente à tão-falada-e-prometida-mas-nunca-mais-concretizada variante de ligação da vila a Sapardos ou se a sua preocupação se estenderá a outros domínios. Será que já está a ver mal parados outros projectos que apresentou para o concelho? Esperemos que não. É que, se o peso político de Paredes de Coura  parece diminuído depois da vitória (???) no braço de ferro das listas de deputados, só nos resta esperar (e acender uma velinha?) que não venha por aí nenhum defensor da vingança a cortar tudo o que é ideia para o município.

18 fevereiro 2010

Limpar Paredes de Coura? Claro!

O dia 20 de Março de 2010 vai ser assinalado em todo o país como o Dia L, instituído pelo Projecto Limpar Portugal. O objectivo é identificar e limpar as lixeiras espalhadas pelas bermas de estrada e pelos montes. Paredes de Coura, também vai ter o dia seu Dia L, tendo nos últimos meses reunido uma equipa de voluntários que se tem debruçado sobre a realidade do nosso concelho, identificando os locais a ser alvo de intervenção, mas também fazendo um trabalho incansável de recolher apoios de entidades que, com pessoal ou meios, vão também dar uma mão no dia 20, quando se avançar para o terreno.

Pessoalmente nunca participei em nenhuma reunião do Projecto Limpar Portugal em Paredes de Coura. Fui convidado, é certo, mas afazeres pessoais com calendário anual definido logo em Setembro têm-me afastado dos encontros. Tenho, contudo, acompanhado ao longe o trabalho desenvolvido pela equipa de Paredes de Coura, bastante dinâmica muito embora, como os próprios admitem, com uma reduzido número de voluntários. Urge, por isso, que mais pessoas, mais mãos, se juntem a esta tarefa de ajudar a melhorar o ambiente do concelho. No blogue que o grupo de Paredes de Coura dinamiza, e que desde a sua fundação está na coluna da direita do Mais pelo Minho, podem ser encontradas mais informações sobre este projecto e, principalmente, sobre as formas de ajudar e de aderir a este grupo que, no dia 20 de Março de 2010, se quer grande e disposto a avançar para a limpeza dos locais indicados.

Uma forma fácil de ajudar, e que não passa sequer pela inscrição no grupo, diz respeito à identificação das lixeiras. Muitas vezes passamos todos os dias por locais onde foram depositados detritos e ignoramos, mas são esses locais que o Projecto Limpar Portugal quer conhecer. Basta indicar o local aos responsáveis do grupo concelhio e estes tratam de o incluir no roteiro que está a ser preparado para a intervenção do dia 20 de Março. Pela minha parte, e enquanto não consigo ter a certeza da minha disponibilidade para o Dia L, fica aqui o registo de uma lixeira, já identificada há meses, mas que continua a marcar o dia-a-dia de quem passa pela zona industrial de Formariz.

lixo zona industrial 2 Localização:    41°55'9.01"N                 8°35'50.00"W

É claro que, como referem os próprios responsáveis do Projecto Limpar Portugal, o objectivo não é apenas utilizar o dia 20 de Março para limpar o que está mal, mas também utilizar todas as movimentações em torno desta campanha para sensibilizar a população, e especificamente alguns grupos alvo, para a necessidade de se preservar o ambiente. O caso mais flagrante será mesmo o dos empreiteiros que, não dispondo de um espaço para depositar os detritos resultantes do seu trabalho, acabam por o abandonar em algum local mais ermo. E depois de dado o primeiro passo, há sempre quem se aproveite para ali deixar também o seu lixo.

12 fevereiro 2010

Os nosso sabores (2)

CIMG0065 A propósito de gastronomia e de produtos locais, não posso deixar de lembrar o projecto que a Câmara Municipal de Paredes de Coura tem em mãos para criar, no Largo Visconde de Mozelos, uma loja rural. O projecto, de que desconheço os contornos, trouxe-me à memória uma lojinha que existia, se não estou em erro, no largo fronteiro ao tribunal, antes das obras de beneficiação no Largo 5 de Outubro, e que vendia produtos típicos de Paredes de Coura.

Este novo projecto, contudo, será certamente diferente. Por um lado pretende dar a conhecer e comercializar alguns dos produtos característicos do concelho, e eventualmente da região, numa escala maior do que acontecia com a pequena loja de madeira. Por outro lado, tendo em conta o valor previsto para a sua construção, cerca de 200 mil euros, leva-nos a pensar que se trata de um investimento que terá de ser rentabilizado com outras coisas mais do que as de uma simples loja rural. Provavelmente com acções de formação (para produtores e clientes), eventos gastronómicos ou sessões de experiências culinárias, por exemplo.  Um pouco à semelhança, aliás, do que vai ser feito com a Casa da Terra, que o município de Ponte de Lima vai promover.

Neste processo temos ainda que ter em conta a localização da loja rural de Paredes de Coura. É que, o Largo Visconde de Mozelos não tem espaço por aí além e, mais importante, ostenta já um exemplo do que não se deve fazer, de que é exemplo flagrante a construção da actual biblioteca, a manchar a dignidade de um espaço orlado por edifícios de elevado valor histórico.

Outro aspecto a ter em consideração é que não se pode dissociar esta ideia da Câmara de Paredes de Coura de uma outra, lançada em plena campanha eleitoral das últimas eleições autárquicas, pelo candidato do PSD à autarquia. Na altura, recorde-se, José Augusto Viana defendia a criação, na Casa do Outeiro, em Agualonga, de uma incubadora de empresas de produtos locais, de cariz biológico. Com a derrota a 11 de Outubro, a proposta ficou pelo caminho, mas com este projecto da loja rural, não seria de reconsiderar?

10 fevereiro 2010

Os nossos sabores

Começou no passado fim de semana mais uma iniciativa destinada a promover o turismo do Alto Minho, nomeadamente dos municípios do Vale do Minho. Em foco está a lampreia do rio Minho, que será servida à mesa de vários restaurantes dos municípios envolvidos, sem necessidade de reserva. Paredes de Coura também está presente nesta iniciativa que decorrerá em todos os fins de semana de Fevereiro e Março, com quatro restaurantes do concelho a incluírem o ciclóstomo nas suas ementas.

Pessoalmente, advirto já, é iguaria a que reconheço o valor mas que não me cativa. Felizmente há muito quem tenha opinião contrária e, pelo menos o primeiro fim de semana trouxe boas perspectivas aos restaurantes aderentes cá do burgo. Não deixo, contudo, de me questionar se será a lampreia um prato que se liga a Paredes de Coura. Não sendo natural deste concelho, nem sequer desta região, sempre ouvi dizer que os expoentes máximos da gastronomia courense seriam a truta e o cabrito do monte, a par do afamado bacalhau da defunta Miquelina, cuja menção era suficiente para arrastar até Paredes de Coura muitos visitantes desejosos de encher a barriga com tão apetitosos sabores.

Foi, por isso, com alguma estranheza, que vi o nome de Paredes de Coura neste programa gastronómico intermunicipal e também na futura Confraria da Lampreia do Rio Minho. Como alguém que nada percebe de gastronomia, tenho para mim que devíamos apostar, não apenas mas também, na valorização dos produtos que por cá se criam e que, em tempo passados, deram nome ao concelho. A lampreia pode ser um atractivo, mas tendo em conta a concorrência de municípios onde a sua inclusão na gastronomia está já muito mais evoluída, não sei se haverá quem venha a Paredes de Coura de propósito para comer lampreia quando a tem, mais famosa, em Monção ou noutros concelhos do Vale do Minho. De qualquer das formas, tendo em conta as perspectivas dos organizadores destes fins de semana especiais, que falam num retorno de cinco milhões de euros que esta iniciativa irá gerar, porque não hão-de os restaurantes courenses aproveitar também parte deste bolo?

05 fevereiro 2010

Uma solução aqui ao lado

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O progresso tem destas coisas, criam-se coisas novas e as antigas correm o risco de ficar ao abandono ou sem utilização. Veja-se, por exemplo, o que aconteceu com as antigas escolas primárias de Paredes de Coura que, com a construção da nova Escola Básica Integrada ficaram sem utilização. Por pouco tempo, é certo, já que a Câmara Municipal resolveu dar-lhes novos inquilinos, nomeadamente os jardins de infância do OUSAM e várias associações culturais do concelho. Acresce ainda os casos da escola primária da Costa, em Rubiães, transformada em Abrigo de Peregrinos do Caminho de Santiago, ou da escola de Venade, Ferreira, que irá receber o arquivo do escritor Mário Cláudio. Quando? Pois… algum dia será.

Mas, a estratégia de ocupação dos velhos edifícios das escolas primárias terá necessariamente de ter continuação nos próximos anos. É que, com a concentração dos jardins de infância em três novos pólos (Mozelos, Rubiães e Cristelo), ficarão novamente devolutas as escolas actualmente ocupadas por quatro jardins de infância do OUSAM. A estes juntar-se-ão os espaços actualmente ocupados pelos jardins de infância da rede pública em Infesta, Cossourado, Insalde e Formariz que vão também ficar sem crianças e, inevitavelmente, sem ocupação.

Ao que parece a Câmara Municipal já tem projectos para alguns destes espaços, nomeadamente Cossourado e Formariz, mas o que será feito dos outros seis edifícios? A solução pode estar aqui ao lado, em Ponte de Lima, onde a autarquia local resolveu apostar na reconversão de algumas das escolas desactivadas e transformá-las em Albergues de Montanha. Neste momento já existem 13 equipamentos do género, que oferecem um total de 124 camas e que aliam o alojamento de qualidade em espaço rural a toda uma envolvência pitoresca. De referir, aliás, que essa atmosfera envolvente recebe muito do património natural da zona onde estão inseridas as escolas, mas é também patrocinado pela própria autarquia que, inclusivamente, chega a comprar rebanhos para serem pastoreados naquela área, dando ao visitante um maior noção do que foi o espaço rural onde está alojado.

Estamos aqui ao lado, temos condições paisagísticas semelhantes, se não mesmo superiores em alguns locais, não será, por isso, esta uma alternativa para a reutilização dos antigo edifícios escolares? É certo que a concentração dos jardins de infância, ainda que já no terreno, só deverá estar concluída daqui a alguns anos, mas nunca é cedo demais para se projectar o futuro.