30 março 2009

No fundo, no fundo...

Pela mão do João Carlos Gonçalves e do Nuno de Matos, dois companheiros de blogosfera de Ponte de Lima, chegaram-me dois indicadores de desenvolvimento. Daqueles que são muito bonitos de ver quando dizem que estamos muito bem, mas que procuramos esconder quando as coisas não estão tão bem assim.
Pegando pela perspectiva de Paredes de Coura, e tendo como base apenas estes dois indicadores em questão, o panorama não é famoso. Se na tabela do indicador de desenvolvimento municipal ocupamos o penúltimo lugar, logo acima de Melgaço, na outra estatística, sobre o ganho médio mensal, o último lugar é mesmo nosso. Números para reflectir em início de semana.


NB: Imagem retirada do blogue Ponte de Lima

Concelho com desporto, concelho vivo

O último fim de semana passei-o por terras de Valença. Envolvido (quase engolido!) num torneio de basquetebol que juntou naquele concelho equipas de vários pontos do país e também da Galiza num total de participantes que, contas minhas, deverá ter rondado as 300 crianças e jovens até aos 12 anos.
Três dias de actividades em que, além da prática desportiva em si, as crianças participaram em momentos lúdicos e recreativos, sempre com o objectivo de promover o convívio entre os participantes, oriundos de clubes e realidades tão diferentes. O torneio só hoje termina mas, independentemente dos resultados alcançados, no caso concreto pelo Basket Clube de Coura, o importante foi o convívio entre todos os atletas. Uma iniciativa onde deu para ficar a perceber o papel importante que os clubes têm, através dos seus atletas, dirigentes e mesmo dos pais dos atletas, no sentido de dinamizar actividades que, de outra forma, ficaram no papel, à espera do apoio e do envolvimento das entidades oficiais.
Não se julgue, contudo, que este tipo de iniciativas só acontece lá por fora. Em Paredes de Coura, nos próximos dias 10 e 11 de Abril, vamos ter algo parecido, desta feita dedicado às camadas jovens do futebol. Organizado pelo Sporting Clube Courense, o Torneio Internacional da Páscoa, já na sua segunda edição, promete reunir cerca de 600 jogadores de 20 equipas, com idades compreendidas entre os 8 e os 15 anos.
Um evento que, pelo que sei, se realiza com muito esforço do clube e dos seus dirigentes, que não se têm cansado no sentido de obter as melhores condições para receber tão distintos visitantes. E também dos familiares dos jogadores que, como é hábito neste tipo de iniciativas onde se apela ao voluntariado, não vão certamente deixar de oferecer o seu melhor à organização.
Desconheço, tanto no caso de Paredes de Coura como no de Valença, se as respectivas autarquias se envolveram também na organização, apoiando a realização dos torneios. Creio, contudo, que são eventos que merecerem o apoio de qualquer câmara, não só por serem criadoras de toda uma dinâmica que enriquece o concelho, mas também porque são o exemplo mais visível de que o concelho está vivo e tem futuro.

24 março 2009

E o candidato é...

José Augusto Viana é o candidato do PSD à Câmara de Paredes de Coura. Depois de anos como número dois, o vereador social-democrata avança, finalmente, para a liderança na corrida à autarquia courense.
Muito se falou, nos últimos meses, sobre quem iria disputar a Câmara de Paredes de Coura ao Partido Socialista e, ao que tudo indica, a Pereira Júnior, que já por diversas vezes disse estar disposto a concorrer a mais um mandato. Ficou por terra a hipótese Décio Guerreiro, o eterno candidato laranja à presidência. Ficou também de fora, se é que alguma vez chegou a fazer parte dos planos da concelhia, o nome de José Eduardo Martins, deputado social-democrata eleito por Viana do Castelo.
E o que dizer de João Cunha, presidente da concelhia do PSD? Optou por ficar de fora da frente da corrida para se salvaguardar ou reconhece que não tem ainda o peso suficiente para ocupar a presidência da câmara? Satisfeita deve ter ficado Maria José Carranca, que depois de ter exortado José Augusto Viana a chegar-se à frente, vê o vereador a avançar a passos firmes.
Será que José Augusto Viana tem potencial para conquistar Paredes de Coura ao PS? É o que vamos ver, mas espera-se uma campanha eleitoral muito técnica e bem explicadinha, bem ao jeito do vereador social-democrata, com os aspectos financeiros do concelho a ganharem lugar de relevo. Numa altura de crise, até nem será mal visto. Não esquecer, aliás, que foi pela mão de José Augusto Viana que o PSD apresentou na autarquia várias propostas de cariz social e económico que foram adoptadas pela câmara no final do ano passado.
Ficamos agora a aguardar a reacção de Venâncio Fernandes. O deputado municipal do PSD dizia que iria esperar pela escolha da concelhia para decidir se avançava ou não com uma candidatura independente. Resta saber se, face à indicação de José Augusto Viana, vai ou não entrar na corrida.

23 março 2009

Isto faz sentido?

Sobre a visita de Paulo Campos, secretário de Estado das Obras Públicas, ao distrito de Viana do Castelo, incluindo uma passagem por Paredes de Coura, os ecos que nos chegam através da comunicação social são, no mínimo, contraditórios.
O Diário do Minho, por exemplo, diz-nos que os novos acessos previstos para o distrito ajudam a enfrentar a crise. É, até pode ser um ajuda. Por um lado encurtam-se distâncias, por outro lado dá-se trabalho a várias empresas de construção civil. Vistas bem as coisas, até pode ser, realmente.
Mas, mais ao lado, no Jornal de Notícias, somos surpreendidos com a pressa do Governo, pela voz do mesmo governante, em implementar o sistema de portagens nas SCUT's, incluindo na ligação entre Viana do Castelo e o Porto. Ora, se o objectivo é ajudar a enfrentar a crise, não me parece que dificultar a vida a particulares e empresas que passam a ter de pagar por um trajecto para o qual não têm alternativa seja o melhor caminho. Ou será que, oferece-se com uma mão e retira-se com a outra logo a seguir?
De qualquer das formas, para Paredes de Coura ficou uma certeza. A de que está tudo na mesma no que respeita à famosa ligação à A3. Ou seja, Paulo Campos explicou que esta ligação está em fase de estudo prévio e que este deverá estar concluído até Junho. Para quem contava com algo mais, fica a esperança de que em Junho saia novo anúncio... o do início das obras...

12 março 2009

Vamos votar nas acessibilidades?

O título do post pode enganar! Não vou aqui falar sobre qualquer proposta eleitoral que verse as acessibilidades a Paredes de Coura ou a onde quer que seja. Vou falar, isso sim, da acessibilidade que deveria ser garantida a qualquer cidadão português na hora de votar mas que, infelizmente, muita vezes não acontece, obrigando a que uma coisa que, supostamente, deveria ser secreta, tenha de ser forçosamente partilhada com outros.
A este propósito, na passada quarta-feira, um grupo de cidadãos entregou ao presidente da Assembleia da Republica mais de quatro mil assinaturas, numa petição que apelava à introdução de boletins de voto em Braille, para que os cegos portugueses possam votar de forma secreta e autónoma. Um cenário que não se verifica actualmente, pois os invisuais são obrigados a pedir auxílio a outra pessoa, vendo, desta forma, a sua privacidade violada.
A questão dos cidadãos invisuais é, contudo, apenas uma no meio de outras tantas que impossibilitam o exercício livre do acto de votar. E por livre, aqui, entenda-se o facto de o fazer pela sua própria mão, sem recurso a terceiros. É o que acontece, por exemplo, a muitos cidadãos com mobilidade reduzida e que, no dia das eleições, se deparam com escadarias enormes a transpor para exercerem o seu direito cívico.
Em Paredes de Coura, por exemplo, são vários os exemplos de mesas de voto situadas em local pouco acessível a cidadãos com mobilidade reduzida. Uma situação que, se em circunstâncias normais já causa transtornos aos munícipes, num acto eleitoral assume contornos ainda mais gritantes, com as barreiras arquitectónicas a servirem de entrave ao exercício da cidadania.
É certo que, em meios pequenos em que todos se conhecem, não são raros os casos de mesas de voto que vêm à rua recolher o voto daqueles que não podem entrar no local onde funciona a assembleia. Não se trata, contudo, de um comportamento de todo correcto, na medida em que, mesmo assim, a privacidade de quem vota pode não ficar preservada.
Por isso, e num ano em que temos três actos eleitorais, seria de bom tom precaver entraves deste género e, se possível, instalar as assembleias de voto em locais com melhor acessibilidade. Não é garantia de maior afluência às urnas, nem de mais votos neste ou naquele partido, mas seria o reconhecer de um direito soberano que muitos cidadãos têm visto limitado nos últimos actos eleitorais.

Protegidos? (2)

E eis que, nove meses volvidos, nova "matança" de garranos por terras de Coura. Será que esta gente não tem um pingo de dignidade?

09 março 2009

O sol quando nasce...

Numa altura em que as energias renováveis estão na ordem do dia, e em que até o próprio Governo preparou um pacote de incentivos ao aproveitamento da energia solar, a atitude da Junta de Freguesia de Deão, em Viana do Castelo, surge como um exemplo que pode ser seguido por outras entidades: a utilização do sol para a produção de energia eléctrica e sua posterior venda à EDP apresenta-se como uma oportunidade que pode representar alguns euros nos cofres cada vez mais vazios das autarquias locais.
No caso concreto, a Junta de Deão instalou três conjuntos de painéis solares fotovoltáicos, num investimento de cerca de cem mil euros, que vão produzir energia que a EDP compra, a preço garantido. De uma assentada só, garantem os responsáveis daquela junta de freguesia, ganham duas vezes. Ganham com a venda da energia produzida e com o que poupam por não ter pagar aquela que habitualmente gastavam.
Ora, ao ler a notícia da iniciativa pioneira (julgo eu) de Deão, que inclusivamente instalou painéis solares no cemitério local, não pude deixar de pensar que, por cá, também se podia fazer alguma coisa do género. Aproveitar os espaços públicos para dinamizar um investimento como este e obter, desta forma, uma fonte de financiamento alternativa, cujo resultado poderia ser canalizado para diversas aplicações. Aliás, se até os privados reconhecem que, mesmo a nível unifamiliar, esta é uma oportunidade que, se bem pensada, não deverá ser desperdiçada, porque não alargar este cenário às entidades públicas.
Imagine-se, por exemplo, o telhado da Escola do 1º Ciclo com uma série de painéis fotovoltaicos a produzirem energia? Ou ainda o telhado do pavilhão municipal e das piscinas com painéis solares térmicos, que produzissem água quente que cobriria, se não a totalidade, pelo menos parte das necessidades daqueles equipamentos públicos? Num concelho que se tenta pautar pelos valores ecológicos e ambientais, não seria de apostar neste tipo de energias renováveis, agora que já cá temos também o parque eólico a fazer-nos companhia? Será sonhar muito alto? Até pode ser, mas não se costuma dizer que o sol quando nasce é para todos. Há que tentar aproveitá-lo ao máximo!

06 março 2009

Só falta a pancadaria!

Insultos e ameaças. Assim vai a Assembleia da República neste país. Na sessão de ontem, a fazer fé nas notícias que hoje trazem os jornais e que já ontem à noite nos entraram em casa pelos noticários televisivos, só faltou mesmo a pancadaria para que o Parlamento português se transformasse naquele circo que, de quando em quando, conhecemos dos parlamentos nipónico, coreano ou de Taiwan.
O protagonista foi José Eduardo Martins, que os courenses bem conhecem. Ainda se lembram da sua passagem pela Assembleia Municipal de Paredes de Coura, no mandato anterior? Ainda se lembram da forma quase insultuosa como se dirigia ao plenário, que motivou diversas críticas, inclusivamente de colegas de bancada? Pois bem, desta vez José Eduardo Martins não se ficou pelas ameaças de insulto e desatou mesmo a insultar outro deputado, o socialista Afonso Candal, que usava da palavra.
Insultos que deixaram outros deputados estupefactos (veja-se a cara de Diogo Feio, por exemplo) e que, certamente, não serão apanágio do que deve ser uma Assembleia da República, casa maior do poder democrático em Portugal. Mais! Aos insultos, fortes, seguiram-se ameaças. E só faltou mesmo... a pancadaria, prometida para outra altura, talvez. Só faltou também Afonso Candal, que parece não ter ouvido os insultos de José Eduardo Martins, ter respondido à altura. Se fosse comigo, sempre poderia dizer: vai tu!


Para ver aqui, aqui, e aqui.

05 março 2009

Iguais... mas tão diferentes

Um dia destes andava eu às compras num supermercado cá da vila quando assisti a uma cena que, julgava eu, nunca iria ter o incómodo de presenciar. Ainda para mais em Paredes de Coura, terra que dizem conhecida pela sua hospitalidade e abertura. Mas, infelizmente, parece que a regra geral é contrariada por alguns habitantes. Que se há-de fazer…
Ora, estava eu já quase de saída, na caixa a pagar, quando uma senhora que estava na caixa ao lado, com o seu carrinho carregado, deita cá para fora alguma coisa do género: “Ui, o que lá vêm!” Pensei que estaria a falar da conta, certamente elevada, mas não. Infelizmente referia-se a um grupo de estudantes cabo-verdianos que estuda em Paredes de Coura, a milhares de quilómetros de casa, e que chegava à superfície comercial. Acho que nessa altura fiquei um bocadinho de boca aberta, mas o pior estava ainda para vir, pois à medida que os estudantes cabo-verdianos entravam, a senhora continuava com comentários insultosos, chegando ao cúmulo de dizer para uma outra senhora a seu lado que devia ser feito um abaixo assinado para “correr com aquela gente”.
Por esta altura já eu procurava a todo custo saber se estava a sonhar (um pesadelo dos grandes) ou se estava mesmo acordado e tinha de responder à letra. Como é possível alguém ter uma mentalidade tão tacanha onde o racismo continua a ter lugar de honra? Como pode alguém deitar cá para fora semelhante sem se preocupar, no mínimo, com o que sentirá quem a ouve ou, mais importante ainda, quem por ela é visado?
Felizmente, tenho para mim que casos como o desta senhora, que não conhecia e que procuro não conhecer a partir de agora, são cada vez mais raros. Infelizmente se calhar não é bem assim e tenho uma visão optimista demais das coisas. Se calhar já me esqueci dos problemas que tiveram os primeiros alunos cabo-verdianos quando chegaram a Paredes de Coura e a maneira como foram insultados e provocados. Se calhar só penso assim porque dou mais valor ao esforço de integração que fizeram, procurando sentir-se, também eles, parte de Paredes de Coura, seja no futebol, na catequese ou, mais recentemente, abrindo as portas da sua cultura, da sua dança mais especificamente, ao resto da população courense. Se calhar a senhora do abaixo-assinado devia ir dançar uma morna um dia destes. Provavelmente era capaz e esquecer as assinaturas.

04 março 2009

O cantinho do lixo

Num espaço com, sensivelmente, 300 metros quadrados, encontramos nada mais, nada menos, que um ecoponto com três contentores, outros três contentores de lixo e qualquer coisa como dez papeleiras. Aqui não pode haver lixo no chão!