27 janeiro 2010

Os bons exemplos que… podiam vingar

Nota prévia: este post não tem nada a ver com o post anterior. Dito isto, urge explicar o porquê da escolha do título, tão similar ao anterior. É que, se há exemplos que facilmente são aplicados e continuados, outros há que, muito dificilmente vingarão. E, mesmo quando vingam, é de questionar a sua utilidade.

Em causa está a intenção da Câmara Municipal da Vidigueira de reduzir os salários dos seus eleitos (e nomeados, acrescente-se) em 10% no corrente ano. Ou seja, presidente, vereadores (desconhece-se se só os que tem pelouro ou se os outros também) assessores e outros funcionários alvo de nomeação aceitaram, ao que parece de bom grado, receber menos 10% do que teriam direito. Se essa notícia já seria surpreendente nos dias que correm, atente-se então na sua justificação. É que, ainda antes desta decisão, já a autarquia alentejana havia deliberado aumentar o ordenado dos funcionários municipais que auferem apenas o salário mínimo nacional, e que desta forma passarão a receber 532 euros ao invés dos 450 estipulados por Lei. A diferença será coberta pelos tais 10% de que os outros abdicaram, mas apenas parcialmente, porque a autarquia já explicou que isso não é suficiente e que, por esse motivo, o orçamento do município vai sair penalizado.

O presidente da Câmara da Vidigueira exorta ainda os seus colegas, e não só, a seguirem o mesmo caminho e a desprenderem-se de parte dos seus vencimentos. Ora, aqui está um exemplo a seguir, pois então. Ou talvez não! É que, a meu ver, está-se a fazer as coisas ao contrário. É certo que os ordenados de topo são bastante elevados comparativamente aos da base da pirâmide, mas se assim não fosse será que a vida política, especialmente a autárquica, se tornaria aliciante? Por outro lado, é na base que se deve trabalhar e aumentar os salários mais baixos para diminuir as diferenças face aos do topo. Veja-se, por exemplo, os valores do salário mínimo aqui ao lado, na vizinha Espanha.

De qualquer das formas, e no contexto local em que se insere, esta atitude da Câmara da Vidigueira merece o meu aplauso. Mais não seja porque demonstra que num autarca local, acima do dinheiro, também podem estar os interesses do seu município.

4 comentários:

  1. Cá pra mim é gato escondido com o rabo de fora!!!!!!!!!!!!!!

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  2. O que me parece de errado neste facto, é a mistura das duas situações, reduzir ao executivo para aumentar os mais carenciados.
    A atitude até pode ser de louvar, mas deixa algumas interrogações!!!!!.
    Pessoalmente, já manifestei de que sou contra o actual sistema de remunerações dos eleitos para as autarquias.
    Fazer obra com o dinheiro dos outros, sem que se seja responsabilizado, é tarefa fácil.
    Não me parece que seja um exemplo a seguir, mas contrasta bem com o sucedido na nossa Autarquia.
    Da minha parte, gostaria de ver melhorada a remuneração dos mais carenciados, mas à custa da eficiência , da melhoria de gestão e de uma maior responsabilização para quem decide.
    Não acredito que o aumento da remuneração da classe politica só por si, tivesse como resultado uma melhoria da qualidade.

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  3. "Os salários são baixos. O pessoal do meio é que ganha de mais. Têm de ser aumentados o último piso e o rés-do-chão"

    Belmiro de Azevedo
    In:JN

    http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1481134

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  4. "Não acredito que o aumento da remuneração da classe politica só por si, tivesse como resultado uma melhoria da qualidade.""

    Pois está enganado Venancinho!!!!!Por causa dos ordenados na vida politica Portuguesa nao serem dos melhores,é que os bons nao vao para a politica!!!!!!Pois no mercado privado ganham muito mais!!!!!!!!!!!!
    Se lê-se mais um Bocadinho veria que muita gente defende isso mesmo!!!!!

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