12 janeiro 2010

Pagar? Sim, mas devagar!

Até pode ser um bom cliente, cumpridor e com obra para fazer, mas é um cliente que paga tarde, muito tarde. De acordo com os resultados do estudo levado a cabo pela Federação Portuguesa da Indústria de Construção e Obras Públicas, relativo a Outubro último, a Câmara Municipal de Paredes de Coura é das que mais demora a pagar às empresas no final dos trabalhos.

A autarquia courense é apontada como sendo das que liquida as suas dívidas num prazo superior a um ano, partilhando esta distinção com Aveiro, Figueira da Foz, Lisboa, Tabuaço e Vila Nova de Poiares. No geral, o prazo médio de pagamento das autarquias portuguesas é de 6,5 meses, muito acima do prometido pelo programa Pagar a Tempo e Horas.

Mas o título do post não diz respeito apenas às autarquias. É que, se estas se atrasam nos pagamentos, o mesmo acontece com os fundos comunitários. Ou seja, é praticamente impossível a uma câmara fazer obra e pagar a tempo e horas se contar apenas com o dinheiro que há-de vir mas que, como habitualmente, demorará a entrar nos cofres municipais. Paredes de Coura aliás, tem alguns exemplos de situações em que, para viabilizar os projectos, pagou os trabalhos do seu bolso e só recebeu o dinheiro que lhe estava destinado alguns anos depois.

Deste modo, é praticamente impossível a uma autarquia com os cofres esvaziados, como é o caso da nossa, pagar nos prazos estipulados pelo Governo, quando, muitas vezes, é o próprio Governo a atrasar o pagamento das comparticipações a que os municípios têm direito. E se, no caso das autarquias a situação é preocupante, imagine-se o que acontece com inúmeras empresas que trabalham com a Administração Central e que, obrigadas a pagar a tempo e horas, nomeadamente as suas contribuições fiscais e sociais, vêem as suas facturas de serviços prestados ao Estado a acumular meses e meses à espera de pagamento?

Num cenário destes, não é de estranhar que muitos empresas acumulem dívidas em cima de dívidas, numa espiral sem fim, onde autarquias e Governo têm um papel determinante: o de parar o crescendo cada vez mais preocupante desta situação.

2 comentários:

  1. De facto diversas entidades incluindo algumas Câmaras Municipais, queixam-se desta situação. A propósito lembro algumas situações vividas na minha actividade profissional com alguns sobre endividados e com credito vencido. Chamados a regularizar, solicitavam planos de recuperação, argumentando contratempos financeiros. disponibilizados os planos, acabavam por cumprir, mas por pouco tempo, ao fim de poucos meses lá estavam outra vez com prestações em atraso.
    Com os Municípios acontece algo parecido, mas a causa é sempre a mesma, quer receba de imediato, quer receba com atraso, é uma gestão desadequada das suas capacidades financeiras, ou seja a diferença entre os gastos e a receita. Basta olhar para as contas apresentadas ano a ano e facilmente percebemos o que se passa.
    É claro que esta é uma forma simplista de ver as coisas, mas 2 + 2 são 4, e se não recebemos agora, recebemos mais tarde, o problema é quando andamos com as calças na mão, e acabamos por pagar um preço demasiado elevado em custos dos financiamentos.
    Verificando-se que se trata de um procedimento de longa data, os mais rigorosos, foram criando mecanismos que reduziram esta dependência, os mais laxados e com menos recursos, tem-se afundado sucessivamente, o nosso Município é um destes casos ,justificando-se mais do que nunca uma gestão rigorosa e cuidada dos investimentos a efectuar, e contenção dos custos, o que não parece ser a preocupação, veja-se algumas medidas recentes. por ex: 2 vereadores a tempo inteiro, lá diz o povo, migalhas é pão.

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  2. Ele até sabe que 2+2=4 !!!!!!!!!!!!!!!!!!
    e que migalhas é pao!!!!!!!!!!!!!

    Ó pá ponham-no a "economicista" da nossa Câmara Municipal!!!!!!Mais um menos um ....igual ao litro!!!!!!

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