03 outubro 2012

O empréstimo que todos vamos pagar (2)

Como se esperava, o pedido de adesão de Paredes de Coura ao Plano de Apoio à Economia Local foi aprovado pela Assembleia Municipal, numa reunião rápida e sem grandes intervenções, a revelar, contudo, a falta de preparação da oposição. A adesão ao PAEL, que se traduz num empréstimo de 3,5 milhões de euros para pagar as dívidas a fornecedores da Câmara courense anteriores a 31 de Março de 2012, passou pelo crivo da assembleia quase sem interferências: só dois deputados municipais, do PSD, se abstiveram no momento da votação.

Do Partido Socialista não se esperavam grandes intervenções, dada a unanimidade em torno do assunto em discussão. Ainda assim, Etelvina Montenegro, presidente da Junta de Freguesia de Cossourado, quebrou o silêncio da bancada da maioria e quis saber, da boca do presidente da Câmara, se os 3,5 milhões também iriam servir para pagar as obras delegadas pela autarquia nas juntas de freguesia, aflitas com os credores à porta. A resposta, já conhecida, foi negativa. Ainda assim Pereira Júnior sempre foi dizendo que isso não quer dizer que não sejam pagas. “Se calhar até podem ser pagas antes”, adiantou o autarca.

Do outro lado da barricada, que é como quem diz da bancada do PSD, apenas Décio Guerreiro usou da palavra. Mas apenas para demonstrar que não se tinha preparado para a discussão, questionando o presidente da Câmara sobre números (que o próprio autarca também desconhecia) que se encontravam plasmados nos documentos enviados a todos os membros da Assembleia Municipal. E continuou, referindo que, para fazer face ao custo deste e dos outros empréstimos contratados pela Câmara de Paredes de Coura, “vamos ter de ir cortar em algum lado”, deixando no ar a questão de onde e como. Bastava pegar no plano de ajustamento financeiro que fazia parte do lote de documentos que lhe foi remetido, para verificar logo onde e como iriam ser feitos esses cortes, de modo a suportar os cerca de 740 mil euros que o município vai ter de encargos com empréstimos no próximo ano, baixando a partir daí.

Apesar disso, sempre foi dizendo que apelava ao voto favorável à contracção do empréstimo, “embora alguma dívida tenha sido contraída por causa de obras que o PSD não aprovou”, porque “é preferível que a câmara deva à banca do que às empresas”. Na hora da votação, contudo, dois dos seus companheiros de bancada não seguiram o caminho que o líder indicou. João Cunha e José Cunha optaram pela abstenção e o último quis mesmo deixar marcada a sua posição com uma declaração de voto onde criticou os erros de gestão do executivo camarário. “Não vai haver dinheiro para suportar elefantes brancos”, concluiu o antigo presidente da Junta de Freguesia de Bico.

Já Pereira Júnior preferiu recordar aos presentes que, apesar do empréstimo, Paredes de Coura é o segundo concelho do distrito com menor dívida (logo a seguir a Ponte de Lima). O autarca courense lembrou ainda que este empréstimo decorre das obrigações trazidas pela “Lei dos Compromissos”. “Continuo a pensar que esta lei é incumprível”, referiu o presidente da Câmara, que se manifestou confiante em conseguir, da parte do PAEL, a totalidade do empréstimo a que o município concorre, apesar de haver possibilidade de rateio se a procura for muito grande. “Pelo menos 50% vamos ter, o que já nos dá um desafogo razoável”, explicou Pereira Júnior.

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