03 agosto 2007

Estamos (quase) fechados

O SAP – Serviço de Atendimento Permanente de Paredes de Coura vai, a partir do final do ano, passar a fechar no período nocturno. A decisão, há muito conhecida, só agora foi oficialmente confirmada (pode ler e ouvir aqui) com o entendimento conseguido entre a Câmara e o Ministério da Saúde. Recorde-se que Pereira Júnior sempre disse estar à espera das alternativas prometidas por Correia de Campos para que fosse efectivada aquela decisão.
Não se conseguiu, pelo menos para já, tudo o que se pedia, nomeadamente a unidade de saúde familiar, mas tendo em conta que o fecho das urgências era um dado adquirido para o Ministério, tudo o que se conseguiu terá sido bom. Bem, bom, bom, não será. Foi antes o que se conseguiu arranjar.
Já cá temos a unidade de saúde móvel, parada num dos parques de estacionamento da vila desde o dia 22 de Junho à espera sabe-se lá de quê. Suspeito que seja de um motorista, mas vou ter de esperar para ver. E agora, com o acordo conseguido por Pereira Júnior, a partir de Janeiro vamos ter um serviço um tanto ou quanto pouco ortodoxo. As urgências passam a fechar às 22 horas, nos dias de semana, e às 20 horas durante o fim-de-semana e a partir dessa hora fica um enfermeiro (de plantão, presumo eu) pronto para acolher qualquer doente que ali acorra. Só em caso de necessidade é que esse enfermeiro chamará um médico para acompanhar a situação. Ou seja temos um médico à chamada.
Não sei porquê, mas tenho a vaga impressão que, mesmo agora, em muitos dias já é isso que acontece. O enfermeiro está lá, atende o doente e telefona ao médico, que se ausentou. Além disso, não compreendo como é que Pereira Júnior pode estar satisfeito com esta situação, que, repito, é melhor que nada, quando ainda há meses dizia que ter um médico à chamada não seria uma opção muito viável dado que, dos 10 clínicos que prestam serviço no concelho, apenas dois aqui residem e estariam, por isso, disponíveis para ser chamados em tempo útil. Alguém está a imaginar telefonar para um médico espanhol e esperar uma hora para ele chegar?
De qualquer das formas, parece que o Ministério da Saúde vai reforçar ainda o distrito com três ambulâncias de suporte imediato de vida, duas delas no Vale do Minho. Pode ser que nos calhe alguma na rifa. Que venham bem equipadas de pneus, porque a Travanca tem umas curvas jeitosas que gostam de comer a borracha.

4 comentários:

  1. A situação é grave e vai causar muitos problemas. Imagine esta situação. Uma pessoa vai à (falecida) urgência às 4 horas da manhã, é atendida por um enfermeiro, de certeza um técnico competente na sua área profissional, mas que não está habilitado para fazer diagnósticos.

    O tal paciente pode estar no início dum enfarte do miocárdio encoberto, e tal sintoma passar inicialmente despercebido. O enfermeiro hesitará sempre entre o medo de “chatear” desnecessariamente o médico e o medo de falhar e deixar passar alguma coisa grave. De quem será a responsabilidade dum erro de diagnóstico?

    Já agora o que é «um caso de necessidade»? Para o doente e para a família até uma simples diarreia é um caso de necessidade. Mas para o Serviço Nacional de Saúde será assim? Numa trombose ou enfarte do miocárdio onde todos os minutos contam, o facto ser atendido de pronto é a diferença entre morrer ou ficar com graves sequelas.

    Agora vamos ser visto por um enfermeiro – certamente competente – que chamará o médico e que depois o vai enviar para Ponte de Lima. Entre o doente chegar á falecida urgência e ao Hospital de Ponte de Lima irá passar quanto tempo? Uma hora? Eis a diferença entre a vida e a morte.

    O nosso concelho vai morrer mais um pouco no próximo fim de ano. Depois do encerramento do Hospital de Mozelos, depois do encerramento da Unidade de Internamento do Centro de Saúde, depois da malfada via rápida que não anda a 12 anos, da eventual extinção da Comarca Judicial de Paredes de Coura e do mais que ainda estará para suceder – correios, repartição de finanças.

    Estas medidas são a morte lenta, agonizada e anunciada de todo o interior. Lamentável, assim como lamentável é a apatia das pessoas que assistem a tudo resignadas como os bois quando vão para o matadouro...

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  2. Conclusão: Na prática não vai mudar nada. Até agora, a maioria dos médicos não estava a tempo inteiro no seu horário de urgencia, sendo só chamado quando é necessário. Um doente em início de enfarte do miocárdio não seria nem hoje nem nunca socorrido devidamente nas urgencias. Era logo enviado para Ponte de Lima ou Viana, sejemos realistas. O SAP nunca teve capacidade para dar resposta a casos de cáracter verdadeiramente urgente, ou querem compará-lo com as urgencias de um hospital de cidade? O facto é que entre ficarmos sem urgencia, como está a acontecer na grande parte das localidades do país e termos um serviço que funcionará como funciona hoje o SAP, o menor dos males é evidente. Tudo bem que não será a mais perfeita solução do mundo, mas é a mais adequada ao cenário actual.

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  3. Quantas pessoas já morreram em Coura com problemas muito divresos só porque nºao existiam equipamentos adequados? Parece que a presença do médico era o lemitivo psicológico, mas, infelizmente, muita gente já morreu porque a assistência foi deficitária.
    Vão melhorar ou piorar as coisas? O balanço deve ser feito e os políticos devem tirar conclusões.

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  4. Ou há medicação à saúde ou há rotundas.
    Acho que as rotundas foram bem escolhidas, deviam até haver mais.

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