08 outubro 2009

Os últimos cartuchos

A pouco mais de 24 horas do final da campanha eleitoral, a três dias do domingo de eleições autárquicas, as candidaturas preparam-se para gastar os últimos cartuchos. As caixas de correio entopem-se com panfletos de todos os partidos e até a CDU, que parecia estar adormecida, despertou nesta recta final da campanha e vá de fazer chegar a sua mensagem a cada um dos courenses. Também o PSD lembrou-se agora de reavivar o site que lançou em Agosto e que estava parado até ontem. Hoje já lá se podem encontrar mais informações, nomeadamente a composição das listas e o programa eleitoral deste partido para o concelho, bem como a tentativa de ficar com os louros de muitas das propostas aprovadas pela actual câmara socialista.
E por falar em programas, que dizer das propostas de cada um dos partidos para Paredes de Coura. O PS, naturalmente, aposta na continuidade, naquilo que já foi projectado e a que urge dar prosseguimento. E continua a fazer “finca-pé” em alguns projectos que já foram proposta em mandatos anteriores, nomeadamente na ligação à A3 que, ora garantem ser indispensável, ora dizem que não pode ser encarada como “a cura de todos os males” do concelho. O PSD dedica grande parte do seu programa à recuperação da economia, e apresenta mesmo uma interessante solução para a Casa do Outeiro, em Agualonga, colocando-a como espaço de acolhimento de uma incubadora de empresas de cariz agro-biológico. Um “dois em um” que ajudaria a criar emprego e mais valias, ao mesmo tempo que daria um destino digno a um valioso património arquitectónico do concelho. Na CDU são as questões da saúde concelhia e do emprego (ou da falta dele), que merecem mais atenção no folheto que me chegou à caixa de correio. Duas lutas, entre outras, com que o partido quer colocar um vereador no novo elenco camarário.
Pelas freguesias o panorama tem contornos diferentes. Ou se calhar nem por isso. É que, pegando no manifesto eleitoral da maioria das candidaturas, quase todas apresentam projectos semelhantes. E, ao ler de uma assentada todas as ideias que os candidatos, de qualquer um dos partidos, se propõem fazer nos próximos quatro anos, há duas áreas que saltam à vista: centros de dia e casas mortuárias. Umas querem um centro de dia, outras uma casa mortuária, outras ainda as duas coisas, de tal modo que a impressão que dá é que, no concelho, só nos preocupamos com os idosos e os mortos. O que, sendo sintomático do actual estado do concelho, deixa muito a desejar em termos de futuro.
Acompanhei, ao longo destas duas semanas, o desenrolar das campanhas dos vários partidos que concorrem em Paredes de Coura e não tenho dúvidas: todos podiam fazer muito melhor. É claro que cada partido tem os seus limites (financeiros e de recursos humanos, entenda-se), mas mesmo tendo em conta essas limitações, estou em crer que mais poderia ter sido feito. PS e PSD desdobraram-se em sessões de esclarecimento, correndo todas as freguesias do concelho. Estive presente em algumas, de um e de outro partido, e vi realidades diferentes. Vi um Partido Socialista bem “oleado”, com método e precisão, a percorrer todo o concelho. Por seu lado a candidatura de José Augusto Sousa demorou a ganhar o ritmo necessário: muitas vezes falhou na divulgação das sessões de esclarecimento, mau grado o incessante bombardear do seu programa eleitoral em todos os cantos do município, o que levou a plateias de reduzidas dimensões a assistir. E nem a presença do líder distrital parece ter ajudado o candidato a sentir-me mais confortável neste domínio. Valeu, no entanto, pelo esclarecimento de alguns pontos do seu programa. A CDU, por seu lado, mostrou-se nos últimos dias da campanha. Pouco pessoal, poucos meios, obrigam a um esforço considerável dos poucos militantes que o partido tem aqui por estas bandas.
Faltou, em minha opinião, o confronto directo entre os três candidatos. Um debate é sempre um ponto fulcral em qualquer campanha e, muitas vezes, é no debate, no confronto de ideias entre uma e outra candidatura que se consegue fazer a distinção entre as ideias que não passam da campanha e os projectos que prometem ter seguimento.
E depois temos a campanha paralela. Aquela que se faz nos jornais e nos “pasquins” e, fruto dos tempos, também na blogosfera. A campanha medíocre, do diz que disse e do dedo indicador em riste ocultado pelo anonimato. Aqui, como em muitos outros pontos do país, estas alturas são sempre período fértil para o surgimento de quezílias que estiveram em banho-maria durante quatro anos. E, é certo e sabido, daqui a quatro anos haverá mais!

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