20 setembro 2008

A província e o país real

Não é de hoje que me faz impressão, para não dizer outra coisa pior, a maneira como os “pensadores” de Lisboa vêem o resto do país. E não se julgue que estou a referir-me à classe política. Não, esses são um sector à parte. Falo mesmo dos lisboetas e dos arredores. E desde já as minhas desculpas aos outros lisboetas que, felizmente, conseguem ter o discernimento devido para pensar de outra forma, pois os que critico são aqueles que, sempre que falam do resto do país o fazem com um distanciamento estúpido que os faz pensar que Portugal é Lisboa e é província.
No meu tempo de escola tínhamos as províncias, sim. Do Minho ao Algarve, passando pelas Beiras e pelo Ribatejo, sem esquecer a Estremadura, onde se situava Lisboa, a capital do país. Logo, pela lógica, também Lisboa estaria na província. Enfim, nunca foi coisa capaz de me gerar trauma, mas sempre que ouvia alguém dizer que em Lisboa era assim, na província era assado, não sei porquê ficava com a sensação de que me estavam a insultar.
E foi o que aconteceu esta noite. Não tenho por hábito assistir ao Programa do Provedor, na RTP, que dá conta das queixas dos telespectadores, mas ontem não cheguei a tempo ao comando e mal ouvi a introdução do tema desisti de mudar de canal: afinal sempre queria ver tamanha estupidez. E por tamanha estupidez não me refiro ao programa, mas sim às queixas que alguns cidadãos, de Lisboa entenda-se, tinham em relação ao programa “Liga dos Últimos”, daquela estação. Em causa estava, simplesmente, o facto do programa, que retrata as vivências do futebol distrital, mostrar um Portugal que não interessa, aos queixosos, ou melhor algumas personagens que existem no futebol distrital e que, pelas queixas apresentadas, dão má imagem do país. A província também tem coisas boas, diria a determinada altura um dos queixosos que não gostou de ver o pitoresco de algumas figuras que povoam os meandros do desporto local e regional e que, queira-se ou não, existem um pouco por todo o lado, mesmo fora do desporto.
Qual é a cidade, a vila ou a aldeia que não tem a sua figura típica? Aquela que todos conhecem, mais não seja de nome, pelo seu comportamento peculiar, pela forma como se veste, como vive e que quase sempre é querida pelo resto da população? Mas, para os senhores de Lisboa, dá uma má imagem do país. Pois, até são capazes de ter razão, mas esquecem-se que o país real não tem só doutores e engenheiros. No país real também há personagens pitorescas. E, pior, também há “pensadores” de Lisboa. Incluindo muitos que se esquecem que têm as suas raízes… na província.

3 comentários:

  1. Quem se sentiou provinciano com o programa sobre o Castanheira?
    Apenas aqueles que dizem que há uma província profunda e uma centralidade chamada Lisboa.
    O provedor deveria preocupar-se com outro tipo de jornalismo, deixando às terras os seus lados mais seus: as suas figuras típicas, ainda que com uns litrinhos a mais e uns palavrões pelo meio.

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  2. Oh homem, está a tornar-se desinteressante!

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  3. http://dn.sapo.pt/2008/09/29/cidades/hora_e_meia_para_vaca_distribuir_pre.html

    ...
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