24 novembro 2008

A força que o vento traz

A semana começou ventosa, chuvosa e fria. De tal forma ventosa que ainda andam pelo ar os ecos da visita que José Sócrates fez, na semana passada, às instalações da Enercon, que inaugurou com pompa e circunstância, deixando para segundo plano as queixas daquela empresa relativamente à falta de mão de obra qualificada. Qualificada e barata, haveriam de criticar, à porta da festa, os sindicatos do sector, que parecem dizer que “para tal trabalhinho, tal dinheirinho”. Por outras palavras, se querem funcionários capazes que lhes paguem, caso contrário os jovens qualificados preferem rumar à Galiza na procura de melhores ventos.
Mas, no meu entender, o mais importante da passagem do primeiro-ministro por terras de Viana do Castelo foi a certeza que deixou de que o futuro do desenvolvimento do país passa pelas energias renováveis, nomeadamente a eólica e a hídrica. Sócrates, que chegou mesmo a considerar as renováveis como “a tábua de salvação” para a economia poder sair da actual crise, parece mesmo apostado em garantir que a sua previsão será realidade. De tal forma que volta ao Alto Minho esta semana para mais uma inauguração, desta feito do maior parque eólico construído na Europa, que inclui 120 aerogeradores, parte dos quais instalados em Paredes de Coura.
Um investimento de 361 milhões de euros que contou com a participação das autarquias onde os parques eólicos foram erigidos. E contou é a palavra certa, porque como é sabido a maior parte dessas autarquias resolveram alienar a parte que lhes cabia no bolo final das eólicas alto-minhotas. Quem sabe se por não estarem tão confiantes como José Sócrates e não partilharem das suas previsões optimistas. Quem sabe se por verem, na venda da sua quota na Ventominho, a “tábua de salvação” para a crise que já se instalara em muitos cofres municipais. Para Paredes de Coura, por exemplo, foi um “negócio da China”, como explicou o presidente da Câmara.
Habituados que estamos, já, a ver as enormes torres a orlar as serras alto-minhotas, esperemos, agora, que as previsões do primeiro-ministro não estejam muito longe do correcto. É que, se José Sócrates vê nas energias eólica e hídrica o coração do desenvolvimento do país, o Parque Eólico do Alto Minho I, pela sua dimensão e capacidade produtiva, bem pode ser considerado o pacemaker dessa operação de retoma económica.

1 comentário:

  1. Permita-me que corrija, o Presidente, não foi claro na resposta que deu, porque ficou a dúvida, se foi "um negócio da China" para o Municipio, ou para a Ventominho. Continuo a defender, que foi a alineação, que mais irá prejudicar as gerações futuras.

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