14 setembro 2006

Não é o fim do sonho, mas...


Não sei porquê mas, quando a nova escola básica integrada surgiu tive a sensação, ingénua, de que estava a viver numa sociedade perfeita, onde as crianças dispõem de uma escola de qualidade, onde é possível ter um ensino de qualidade, gratuito, e com todas as condições necessárias a uma boa aprendizagem e mais algumas. Hoje, dois anos volvidos, já não será assimi: a escola continua com muita qualidade, mau grado algumas falhas, e o ensino depende de quem o dá, mas em relação à ausência de custos...
A escola não tem dinheiro. Isso mesmo disse a presidente do Agrupamento de Escolas que, com a sua habitual sinceridade, chegou a dizer aos pais que, se conhecessem as finanças daquele estabelecimento de ensino, "iam pedir para dar à escola". Tudo porque, ao fim de dois anos em que a escola oferecia o lanche da tarde aos alunos, verifica-se agora que não consegue suportar os 1500 euros mensais desta despesa e vá de pedir 5 euros por mês aos pais. Confesso que, com 5 euros por mês não consigo comprar pão e leite para o lanche diário do meu filho, por isso não foi o valor que me causou estranheza. Foi a lembrança da primeira reunião de pais da nova escola, há precisamente dois anos, com os responsáveis autárquicos e escolares a apresentarem um mar de vantagens aos pais, onde se incluia o lanche gratuito das crianças.
Já nessa altura, em artigo que custou a sair no Notícias de Coura, alertava para a impraticabilidade desta situação, dados os elevados custos que não iriam ter grande comparticipação por parte do Estado. Foram apenas dois anos até que a realidade se sobrepusesse à vontade daqueles responsáveis.
E o próximo passo será...? O pagamento dos transportes escolares por parte dos pais? Quem sabe, mas não seria de estranhar, tendo em conta que este serviço custa mais de 50 mil euros todos os meses. Vamos esperar para ver.
Já agora, neste ínicio de ano lectivo, uma palavra para a boa ideia que o Agrupamento de Escolas teve este ano, ao separar os intervalos dos alunos do 1º e 2º ano, dos do 3º e 4º. Evitam-se confusões e contribui-se para um melhor ambiente escolar, num estabelecimento que, apesar de muito bom, continua a primar pela ausência de espaços exteriores para as brincadeiras dos mais pequenos.

2 comentários:

  1. EB, o homem é um ser estranho!
    E parece que tu não foges à regra.

    Estás arrependido?

    ResponderEliminar
  2. Pois é o problema do português é que ta habituado a querer e as vezes a ter tudo de borla, mas isto não pode continuar assim, há que começar a desembolsar um dinheirito para que os nossos filhos tenham mesmo um ensino de qualidade.
    O justo seria incluir o pagamento dos transportes, lanches etc nos escalões, quem tem menos posses paga menos e quem tem mais paga obviamente mais.

    ResponderEliminar

Agora que leu, pode deixar aqui o seu comentário. Já agora, com moderação e boa educação! O Mais pelo Minho reserva-se o direito de não publicar comentários insultuosos. Quaisquer comentários inadequados deverão ser reportados para o email do blogue. Muito obrigado!