27 outubro 2006

Porte pago: o fim da imprensa regional?


O Centro Cultural de Paredes de Coura acolhe hoje os trabalhos do Congresso de Jornalismo do Alto Minho, que começou ontem em Viana do Castelo, cidade onde irá terminar amanhã. Um encontro que inclui, à noite, um debate radiofónico sobre o futuro da imprensa regional. Já no passado fim-de-semana, em Cerveira, se analisou esta temática, numa altura em que se equaciona se os jornais regionais, como os conhecemos até agora, têm ou não futuro.
Num cenário em que o porte pago já é reduzido, especialmente para as expedições em território nacional, e em que se conhece a intenção do Governo de reduzir também, de forma drástica, a comparticipação com os envios para o estrangeiro, urge questionar se, sem este apoio, os jornais regionais terão pernas para, por si próprios, chegar aos seus assinantes.
Peguemos, por exemplo, no caso de Paredes de Coura, concelho que apesar dos seus dez mil habitantes, consegue dar à estampa três jornais locais, um mensal, os outros dois quinzenários. Sabe-se, de antemão, que o grosso da venda dos jornais, qualquer um deles, é feita por assinatura e, mesmo que não seja o a valor da assinatura a financiar o jornal, toda a gente sabe que sem leitores os poucos anunciantes tenderão a afastar-se. Que futuro terão, então, os três jornais que, mal ou bem, continuam a ser o melhor meio de ligação ao concelho por parte da grande comunidade courense que está fora da sua terra Natal, seja no estrangeiro ou um pouco por todo o país.
É que, findo o porte pago, e à falta de uma estratégia editorial e comercial, repito editorial e comercial, em conjunto, que ajude a sustentar o jornal, deixará de haver condições financeiras mínimas para pagar o envio dos jornais. Perdem os próprios jornais mas, acima de tudo, perde o leitor que deixa de ter aquele cantinho de Coura na caixa do correio todos os quinze dias. E perde o concelho que, desta forma, deixa de ter um aliado de peso na luta contra o isolamento.
Reconheço que três jornais são demais para um concelho como Paredes de Coura, em termos económicos e de rentabilidade. Não ouso, contudo, sequer sugerir uma qualquer eventual fusão, até porque reconheço limitações evidentes, nomeadamente do ponto de vista político e ideológico que teimam em cercear as opções editoriais dos seus directores. Mas, e espero bem que não, se o futuro teimar em trazer más notícias à imprensa regional, com que ficamos?

3 comentários:

  1. os 3 jornais em separado não fazem um jornal normal ou vulgar. são todos maus e piores do que o outro. mas nates 3 do que nenhum.

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  2. ah grande tone da peluda!... era bem-vindo o teu préstimo num dos três deploráveis pasquins! isto considerando que o bloguista onde estamos preferiu a criação de um blog em vez de dar continuidade à sua ligação ao periódico no qual chegou a ser chefe de redacção!... e as razões que invocou para abandonar a sua militância jornalística nesse órgão de comunicação local não convencem ninguém! Nem a ele próprio, porventura! Sede de protagonismo, inconstância... sei lá!...

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  3. Sr Eduardo, também pode "postar" no Coura Pública.
    Não tenha medo, que já vi que é homem de não ter.

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