02 novembro 2006

Vender o que não é nosso

O mínimo que se pode dizer de alguém que tenta vender aquilo que lhe não pertence é que desconhece aquilo de que é dono. Parece ser esse o caso do presidente da Junta de Freguesia de Insalde que, a braços com uma dívida (da junta, não dele) de perto de 150 mil euros, equaciona vender o edifício sede daquele órgão autárquico para saldar as contas.
A intenção até parece boa, pois o autarca não quer ficar conotado como devedor, ainda para mais quando herdou parte da dívida, e a totalidade do problema que lhe deu origem, de mandatos anteriores. José Felino parece, contudo, esquecer-se que aquilo que pretende vender não é, inteiramente, propriedade da Junta de Freguesia. É que a Junta de Insalde recebeu dinheiros públicos para ajudar à construção da sua sede, logo o Estado terá também uma palavra a dar em todo este processo e, quer-me parecer que aprovar a venda do edifício seria abrir um precedente perigoso, se imitado por outros autarcas do país.
Em todo este processo há ainda que ter em conta que, apesar dos 150 mil euros gastos em processos judiciais, a Junta de Freguesia, segundo sei, ainda não encontrou forma de começar a receber dividendos do que, trabalhosamente, logrou conquistar na justiça, relativamente aos direitos de ocupação da Boalhosa. Seria, por isso, este o caminho prioritário e não o anúncio, meio encondido, de que a Junta enfrenta graves problemas financeiros e que os cerca de 25 mil euros anuais que recebe do Estado não chegam para lhes fazer face. Será que tudo não passa de uma manobra para chamar a atenção para um problema que se arrasta há anos?

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