05 maio 2008

O regresso do Celeiro

Num fim-de-semana dedicado à agricultura, não pude deixar de notar, com agrado, que ainda há muita gente que se preocupa com o cultivo dos campos em Paredes de Coura. Muitos, muitos mesmo, é certo, continuam abandonados, mas há ainda muita gente que amanha a terra, a maior parte para sustento próprio. Precisamente por isso, nos últimos tempos, com o agudizar da crise que paira sobre o nosso país, vi muitos campos que estavam votados ao esquecimento a ganhar novamente vida.
Batatas, couves, cebolas… Um pouco de tudo para encher a despensa e poupar a carteira, porque, se o tempo é de apertar o cinto, há que aproveitar ao máximo o que a terra nos dá. Longe vão, contudo, os tempos do “Celeiro do Minho”. Um cenário que, a bem da verdade, nunca cheguei a conhecer. Nem o frenesim do cultivo de batatas na Boalhosa de que muitos falam.
Mas, numa altura em que se fala, e de que maneira, no aumento do preço dos cereais e das consequências dessa situação, o “Celeiro do Minho” surge nos meus pensamentos, mais do que como uma recordação de algo que não conheci, mas como uma resposta ao aumentos dos preços, uma solução para aumentar a oferta deste bem essencial.
Sonhos utópicos, claro, mas que não deixam de tocar na questão principal, a quebra da produção. Portugal é, cada vez mais, dependente de outros países no que respeita ao consumo de cereais, como de outros produtos de primeira necessidade. E no entanto, a produção agrícola está muito longe do que já foi. Os subsídios para não produzir sobrepõem-se à necessidade de sermos auto-suficientes.
Veja-se o que aconteceu há algum tempo com o leite. A União Europeia impôs as suas quotas, multou quem produziu mais do que o autorizado, e há alguns meses chegou a falar-se em falta de leite. Especulação? Certamente, mas também incompreensão quando se está perante um cenário de falta, por um lado, e de proibição de produzir mais, por outro.
Com os cereais não será também um pouco assim, esta contradição de factores que, por um lado, nos leva a abrir os cordões à bolsa para matar a fome, e por outro lado nos deixa as terras vazias porque não queremos/podemos produzir?

1 comentário:

  1. Eduardo acho que devias colocar um post sobre o vandalismo que aconteceu no sábado à noite. O que fizeram aos espantalhos, que estavam nas ruas é de pais de terceiro mundo. Será que alguém fez alguma coisa, onde andam as autoridades nestas ocasiões? A dormir porventura.

    Abraço

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