01 abril 2008

Migalhas e pão de forma

Muito se tem falado de panificação e seus derivados nos últimos tempos, a começar nos temidos aumentos do preço do pão e a terminar na migalha que os portugueses dizem ir poupar com a descida do IVA em 1%. Que não se trata de uma migalha, garantia ontem o nosso ministro da Economia, ele que até dizia que a crise já havia acabado há mais de um ano… mas ter-se-á esquecido de avisar o seu superior hierárquico. Mas, se não é uma migalha, será o quê? Uma carcaça? Um “bijou”? Ou um pão de forma? Daqueles já sem côdea e com o coração enriquecido com vitaminas.
Comecemos pelo pão, pelo verdadeiro pão. Aquele que os industriais do sector dizem que não podem aguentar mais com o actual preço. Pois, se tudo sobe, porque não há-de subir o preço do pão? E como se não chegasse o aumento do custo dos cereais e dos combustíveis, há ainda que ter em conta coisas como a recente taxa que a Câmara Municipal de Paredes de Coura resolveu criar para aplicar sobre a distribuição do pão ao domicílio no concelho. Coisa pouca, na ordem dos 38 euros anuais, mas que sempre é mais um custo a engrossar a factura da produção… e do custo final.
Tal como parecem ser coisa pouca os 110 mil euros que o município courense conta arrecadar, este ano, com o IRS dos que aqui têm o seu domicílio fiscal. Parece, mas não é, porque caso contrário a autarquia não teria quaisquer problemas em abdicar dessa receita em benefício dos seus munícipes, como fizeram outras câmaras pelo país fora. A explicação de Pereira Júnior, de que não podia tomar a decisão de baixar o IRS sem saber o impacto dessa medida nas contas da Câmara, deixa muito a desejar. Até porque, se a própria oposição foi capaz de fazer as contas e chegar ao valor dessa receita, mais fácil seria para a maioria na câmara.
E chegamos finalmente à migalha, a tal que Sócrates parece ter lançado aos portugueses do alto da varanda de um qualquer hotel de cinco estrelas numa noite escura. Ele bem a viu quando decidiu descer o IVA em um ponto percentual. O povo cá em baixo é que a terá perdido de vista na descida vertiginosa. De tal modo que fica-se a pensar se, efectivamente, esse desconto se vai sentir na carteira. Eu penso que sim. Sei que baixou, de cinco para quatro por cento, mas ainda assim permanece compensador. Ahh… não falo do IVA, falo do desconto imediato que os portugueses têm nas compras aqui ao lado, em Espanha. É que lá também há migalhas. E pão de forma.

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