06 março 2007

O carreiro da Europa

É certo que, nos tempos que correm, somos mais vezes impelidos a rumar a Espanha do que a outras paragens dentro do nosso país. É para lá que vamos quando precisamos de abastecer, de forma económica, o depósito do automóvel, é lá que fazemos as compras do mês. Mais: muitos de nós, courenses, é por lá que encontramos trabalho. São as vicissitudes de um país marcado por uma crise económica que, não obstante as previsões surrealistas de alguns ministros, ainda não tem os dias contados.
No entanto, apesar desta apetência por terras de “nuestros hermanos” acho que ninguém tem dúvidas que é urgente, é necessário, é de todo imprescindível, dotar Paredes de Coura de bons acessos que nos liguem ao resto de Portugal. Ninguém está livre de uma deslocação a Viana do Castelo, seja para ir ao médico ou ao Governo Civil, ou mesmo a Braga, onde se situam muitos dos serviços de que necessitamos no dia-a-dia. Parece estranha, por isso, a declaração de Eduardo Daniel Cerqueira na última reunião da Assembleia Municipal, especialmente quando o deputado socialista afirmou que “o futuro não está em Ponte de Lima ou em Viana, está na Europa”.
Os mais atentos logo associaram as palavras de Eduardo Daniel Cerqueira à proposta que o PSD courense em tempos fez de se apostar na ligação a Ponte de Lima e ao eixo A27/A29 ao invés de se desperdiçar esforços na ligação à A3 que teima em não desandar. Tudo bem. Era o deputado socialista a defender a dama de honra do seu partido.
Mas, logo a seguir, o mesmo elemento da bancada do PS questionou o presidente da Câmara sobre o processo de colocação das placas indicativas de Paredes de Coura na A29, em Arcozelo, e na A3, em Sapardos e aí fiquei na dúvida. Então se o futuro está na Europa, para que raio serão as placas a indicar Paredes de Coura? Será que alguém no seu perfeito juízo se vai desviar do rumo europeu e enveredar pelos desvios da realidade courense?
Por falar em Europa, Eduardo Daniel Cerqueira aproveitou a oportunidade para questionar o Executivo sobre o facto de algumas ruas da vila não terem ainda nome atribuído, lembrando que isso causa dificuldades na entrega do correio. E não lhe faltaram sugestões, nomeadamente para a rua do campo de jogos do Courense que, em ano de bodas de diamante do clube, bem poderia receber o nome daquela colectividade. Ou ainda para a nova variante à EN303, entre os Dadores e Mantelães. A obra está parada há meses, vá-se lá saber porquê, mas o deputado do PS já tem nome para aquele carreiro: Avenida da Europa.

4 comentários:

  1. Que mauzinho Eduardo bastos...

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  2. “O futuro está na Europa”, uma frase enigmática desse grande vulto (já consagrado) da política courense. Até consigo imaginar o que o Sr. deputado quereria dizer – algo na linha do que o Sr. Eduardo Bastos referiu. Todavia, concentrando-me no que ele disse, só me ocorre pensar que a aposta no futuro são os caminhos que nos levam para fora do concelho e do país, e serão esses os caminhos a valorizar. É bonito saber que temos um deputado suficientemente inocente/néscio para dizer o que toda a gente pensa mas ninguém tem coragem de verbalizar.

    Boa sugestão para o nome da Rua seria Estrada da Agonia. Passem por lá e descubram porquê.

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  3. Visão de futuro é o que falta a alguns, para quem o futuro não faz nenhuma Carranca.

    Aquilininho

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  4. Nestes 50 anos do Tratado de Roma, o nome até não é mau. E Portugal irá presidir á União Europeia no 2º semestre, era uma forma de estar reconhecido á União Europeia, aos emigrantes, e principalmente estar de braços abertos para a Europa, é um dever. Quanto ao resto, entendo que alguns senhores só querem passar a mensagem que a auto-estrada só tem um faixa, relembro que tem 4 ou mais, de ida e volta.

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