26 março 2007

Palavra de honra

No tempo do meu avô, muito mais que um contrato escrito, o que contava era a palavra. Palavra de honra. Hoje, a palavra de uma pessoa parece valer muito pouco. Ainda assim há quem continue a ver na palavra uma garantia, uma certeza. É o que se passa com Pereira Júnior, presidente da Câmara de Paredes de Coura, que continua convicto da força da palavra de honra do ministro da Saúde.
Mesmo depois de ter sido divulgada uma lista que dá conta da intenção de encerrar o serviço de atendimento permanente do nosso concelho, o autarca de Paredes de Coura mostra-se confiante na palavra ministerial e diz que aceita a decisão, desde que se concretizem as promessas feitas por Correia de Campos quando visitou o município há cerca de um ano. Pessoalmente acho que faz muito bem, ainda para mais quando o próprio ministério já veio a público explicar que a lista agora divulgada pela TVI já tem 14 meses, ou seja é anterior à visita do ministro a terras de Coura e que por isso já foi alvo de discussão aquando dessa deslocação.
Na altura, recorde-se, Correia de Campos disse que o SAP não fechava as portas… por enquanto. E por enquanto porque a negociação com o município previa a criação em Paredes de Coura de uma unidade de saúde familiar, chegando mesmo a ser indicado o edifício do antigo centro de saúde para acolher esse equipamento. Além disso, ficou ainda prometida a criação de um serviço médico ambulatório, com uma viatura equipada, tripulada por um médico e um enfermeiro, a fazerem consultas ao domicílio. Para já, nenhuma das propostas avançou, mas também as urgências ainda não fecharam, por isso acho que é de bom tom dar ao ministro o benefício da dúvida.
Sobre este assunto convém, contudo, não esquecer dois pontos que me parecem importantes. Por um lado, a falta de acessibilidades de Paredes de Coura aos municípios circundantes, onde teremos de recorrer quando o SAP encerrar. Mas, por outro lado, o verificarmos que a média de atendimento nas nossas urgências é de apenas 1,5 pessoas por noite.
Será que justifica ter um médico a trabalhar (em teoria pelo menos, porque sabemos que nem sempre é assim) durante toda a noite para atender uma pessoa, ou mesmo nenhuma, e receber horas extra por isso, quando, no dia seguinte, por não fazer o horário normal de trabalho, vai deixar de atender 15 ou 20 pessoas? Penso que as pessoas estão acima de qualquer número, mas há números, como estes, que não se podem ignorar.
Assim sendo, que se encerre o SAP, mas que se criem alternativas. Que se melhore a rede viária, que se prolongue o horário do centro de saúde, de modo a funcionar durante um maior período de tempo, inclusivamente ao fim de semana. Eventualmente, que se equacione a colocação de uma VMER em Ponte de Lima ou Valença, contra a actual localização em Viana do Castelo, de modo a dar uma resposta mais rápida em caso de emergência. E convém não esquecer que também os bombeiros vão precisar de mais apoio, pois é a eles que vai recorrer quem precisar das urgências fora de horas. Porque não colocar um enfermeiro de serviço durante a noite e fim de semana para acompanhar os casos mais complicados no transporte até Ponte de Lima?

2 comentários:

  1. olá

    se gostas de cinema vem visitar-nos em

    www.paixoesedesejos.blogspot.com

    todos os dias falamos de um filme diferente

    paula e rui lima

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  2. Eu até não discordo com o encerramento do SAP a noite. No entanto, o estado que dê primeiro as contrapartidas e só depois que pense no fecho do SAP.
    Enfim, a mim parece-me que vamos, mais uma vez, ficar mais "longe" de tudo.

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