Candidatos importados

Não é novidade, nas lides eleitorais, a incorporação nas listas de um determinado círculo ou concelho, de elementos vindos de outros círculos ou municípios. São aquilo que habitualmente, e numa linguagem mais popular, designamos por pará-quedistas.

Os actos eleitorais que se aproximam não fugiram à regra e é ver as "importações" de candidatos em diversos círculos e autarquias. E depois temos açorianos de gema e coração como cabeças de lista pelo Alentejo, já para não falar da quantidade enorme de "vizinhos" que resolveram trocar o seu concelho de sempre pelo município do lado, eventualmente por ser mais apetecível... ou acessível.

Nunca, creio eu, se assitiu, contudo, a uma situação tão díspare como a que se verifica em Salvaterra de Magos, onde a lista do CDS-PP que concorre à Câmara Municipal local nas eleições de 11 de Outubro é composta por militantes daquele partido oriundos de Famalicão e Ponte de Lima, algumas centenas de qulómetros a Norte do município ribatejano. Falta de gente, questionam alguns? Erro informático, alegam os responsáveis do partido. Mas há quem, em tom irónico, avance outras explicações, como a de fomentar o turismo em território nacional, ou ainda o surgimento de uma nova diáspora. De qualquer das formas não deixa de ser curioso e pode até ser um prenúncio de eleições futuras, em que teremos excursões do Algarve para concorrer no Minho ou, à semelhança das migrações sazonais para as colheitas e vindimas, grupos organizados que percorrem o país para "ajudar" onde for mais necessário.