16 julho 2010

A herança

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Não escolhemos quem vem antes de nós, nem aquilo que poderemos vir a herdar de quem parte antes de nós. Ou será que podemos escolher o que vamos ter no futuro? Na política, nomeadamente na vida autárquica, seria desejável que soubéssemos hoje com o que o vamos contar amanhã, mas nem sempre assim. E depois há quem queria ajustar contas por isso!

Veja-se, por exemplo, o que acontece actualmente em Barcelos, concelho que, depois de um longo reinado social-democrata, com Fernando Reis quase a imortalizar-se na presidência da autarquia, foi em Outubro último conquistado pelos socialistas. E agora, oito meses volvidos e com uma auditoria às contas municipais ainda a decorrer, eis que o novo inquilino da cadeira do poder barcelense admite colocar o seu antecessor em tribunal, por ter optado por um caminho que comprometeu gravemente o futuro do concelho.

Esta ideia de processar os antigos autarcas por alegados erros de gestão, lembrou-me das críticas que, nas últimas campanhas eleitorais, com especial destaque na última, também se fizeram por Paredes de Coura, nomeadamente com José Augusto Caldas a considerar que o futuro do concelho estaria hipotecado “e com um grau de liberdade diminuído por força de algumas más decisões do passado”. Em Outubro o Partido Socialista voltou a conquistar a presidência da Câmara de Paredes de Coura, mas se em 2013 o PSD sair vitorioso do confronto, será que também vamos ter ajuste de contas por cá?

Por outro lado, este assunto de querer justificar um mau futuro com decisões do passado e querer punir quem as tomou, levanta também outra questão: é que, para o mal ou para o bem, quem decidiu e planeou recebeu do eleitorado essa carta branca, para, pelo menos durante quatro anos, tomar as decisões que entendesse. E, no final desses quatro anos, quem esteve no poder foi, necessariamente, avaliado. Ora, se quem supostamente tomou más decisões for reconduzido na presidência com os votos da maioria dos eleitores, será que quem os reconduziu terá ser também alvo de processo judicial?

O que é certo é que, se a ideia de Barcelos vingar e os antigos autarcas forem mesmo responsabilizados por erros de gestão (e estamos a falar em erros políticos e não de índole criminal), isso representará um agrilhoamento das decisões políticas de um presidente de Câmara. É que nem sempre aquilo que hoje se vê que não resulta, apresentava maus resultados aquando da sua decisão.

2 comentários:

  1. "mas se em 2013 o PSD sair vitorioso do confronto,"

    E alguem acredita que O PSD vai sair vitorioso?????Com quem é capaz de ganhar umas eleicoes em Paredes de Coura??Novamente com o Zé Augusto????Com o Décio novamente!!!!Ou apostam no perdedor venancinho???
    Quem tem o PSD em Paredes de Coura para conseguir ganhar umas eleicoes????NIMGUEM....Zero

    E nimguem tem um processo judicial por tomar às vezes más decisoes ou erros politicos!!!
    Mostrem-me um único proceso desses!!!
    Só há processos judiciais se houve má gestao das contas.
    De qualquer forma gostava de ver concorrer às eleicoes o Venancinho Fernandes(por qualquer Partido),aposto que nao consegue mais de 300 Votos!!!!!!!

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  2. A legitimidade de quem foi eleito por via democrática, não pode nunca ser posta em causa, podem sim é ser discutíveis os métodos utilizados para conseguir essa legitimidade.

    Um eleito não recebe carta branca para fazer o que quiser, recebe um mandato para executar o programa com que se apresentou. se for um verdadeiro democrata desapegado do poder, sempre que o não consiga fazer, por circunstâncias que lhe são alheias, deve auscultar os munícipes e em casos cuja decisão possa condicionar o executivo seguinte, deve até utilizar a figura do referendo.

    Sempre que um órgão(Câmara) mude de cor partidária, para salvaguarda do bom nome de quem sai, e de quem entra, deveria ser objecto de uma auditoria externa.

    As decisões politicas podem e devem ser discutidas, e os seus autores devem responder pelos meios que as regem, se estritamente politicas, em termos políticos, se sendo politicas, a sua decisão resultar em actos de gestão condenáveis à luz da lei que as rege, devem responder ao abrigo dessas leis.

    Quer queiramos quer não, a governação de qualquer executivo pode estar condicionada pelas decisões do executivo anterior, portanto é legitimo que se faça referência a esse facto.

    Pese embora a legitimidade, no caso concreto de Paredes de Coura, todos sabemos que o futuro de pelo menos 3 dos próximos executivos está condicionado por decisões erradas tomadas em executivos anteriores

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