30 janeiro 2008

Boas intenções

De boas intenções está o inferno cheio, reza o ditado popular. E assim parece. Basta recuar uns meses no tempo e ver isso mesmo. Por um lado fala-se na desertificação do interior e no que é preciso fazer para fixar a população que teima em sair. Por outro lado olha-se para o lado na hora de agir e, quando se podia fazer alguma, ainda que pouca, coisa, toma-se o sentido contrário.
Veja-se o caso de Paredes de Coura, a braços com um decréscimo constante de habitantes. A desertificação ainda não é uma realidade, mas todos os dias caminhamos mais nesse sentido. De tal modo que a autarquia encara a fixação da população como um dos principais objectivos. Exemplo disso é o tão falado subsídio que a Câmara quer dar às famílias a partir do nascimento do terceiro filho. Um valor bem generoso (mais de 15 mil euros), mas que ainda ninguém viu porque a intenção ainda não passou disso mesmo.
No entanto, não faltaram oportunidades de melhorar o nível de vida da população, por um lado, e de tentar atrair mais alguma empresa para o concelho, por outro lado. Pequenos gestos, é certo, mas que todos juntos poderiam traduzir-se numa mais valia para quem aqui reside. O exemplo mais flagrante, e que voltou agora a ser falado na comunicação social, diz respeito à oportunidade que o Governo deu às autarquias de abdicarem da sua pequena parte da fatia do IRS que (quase) todos pagamos. Um valor praticamente simbólico mas que, numa sociedade onde cada cêntimo conta, pode fazer a diferença.
As notícias recentes dizem-nos, contudo, que só 16 municípios portugueses resolveram apostar neste caminho e beneficiar os seus habitantes. Paredes de Coura, infelizmente, não consta dessa curta lista. Ao contrário de Ponte de Lima, por exemplo, que renunciou ao seu quinhão, consideravelmente superior ao que Paredes de Coura não quis perder. Será que é Ponte de Lima que tem de cativar a população? Não creio…
Mas este cenário não constitui surpresa. Já antes a autarquia courense havia rejeitado duas propostas, feitas pelo vereador social-democrata José Augusto Viana, para minimizar os custos da interioridade aos seus munícipes. A primeira foi a não redução do Imposto Municipal sobre Imóveis, que o social-democrata queria baixar mas que a Câmara resolveu manter mais elevada. A segunda, visando as empresas, também afecta os habitantes: José Augusto Viana quis acabar com a derrama no concelho, a autarquia fixou-a em 1,5% sobre o lucro das empresas. Parece pouco mas, na hora de escolher o local da sede de uma nova empresa, todos os aspectos contam, não?

5 comentários:

  1. E o que é que a fotografia tem a ver com o caso?!

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  2. A fotografia tem muito com “o caso”, felizmente. Prova que a vida política municipal poder ser “tocada” a toque de caixa e ser instrumentalizada ao som da música de bombo; prova que o “Zé pagante” é bombo de festa; e até o nome do grupo é coerente: Os Imparáveis.


    Jofre Alves
    http://padornelo.blogs.sapo.pt/

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  3. O Jofre já critica...já não lambe as botas do poder? Toca o bombo segundo os interesses

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  4. "A desertificação ainda não é uma realidade"

    Para mim, é mais que evidente.

    Ps: Em nenhum país minimamente civilizado, uma autarquia com um caso grave de desertificação vai oferecer um subsídio ao terceiro filho... um agregado médio de Coura com dois filhos, jamais pensará em ter um terceiro... parece-me óbvio que esse incentivo, nestas condições, deve ser dado principalmente ao primeiro filho, que é para podermos fixar os casais jovens... são estes casais que a câmara tem que apoiar, não aqueles que pensam ter um "hipotético" terceiro filho...
    Mas por aqui já nada me espanta...

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  5. Idem. Mas eu acredito que isto não vai lá cpm incentivos. São meios para fixar a população jovem e para eles o meu aplauso, no entanto, é incontornável que os jovens acabem por se fixar em locais onde mais facilmente arranjam emprego e estabelecem vida. Coura vai ficando cada vez mais para opção de fim-de-semana. É a triste realidade, mas é a vida...

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