26 fevereiro 2008

O país real

O país real começa em Cascais e termina em Lisboa. Com um pouco de sorte alastra-se a Almada, Montijo e, inevitavelmente, a Alcochete. Isto se não houver um qualquer ministro a dizer que, por aquelas bandas de além Tejo mais não há que deserto.
O país real não acorda todos os dias às seis da manhã para ir trabalhar 10 horas por dia. Não tem de se preocupar com um ordenado de miséria, nem de esperar que o futuro lhe garanta a parca reforma com que conta para o final dos seus dias. O país real não tem dívidas ao banco, não teve de se hipotecar para comprar a casa, o carro.
O país real é aquele que não tem se de preocupar, todos os dias, com o que vai comer, ou melhor se tem o que comer, todos os dias… É o país onde mais importante que ter comida no prato é ter uma parabólica a apanhar os canais da moda. É o país onde a moda dita o dia-a-dia daqueles que vivem em função da moda, mesmo que não tenham com que sobreviver.
O país real é o que muitos políticos nos tentam impingir todos os dias, na televisão, nos jornais, um pouco por todo o lado. O país onde não há crise, há apenas quem tenha dinheiro e quem não o tenha. O país onde não há desemprego, só gente que quer trabalhar e não tem onde. O país onde tudo está bem e onde não há manifestações de desagrado (nem se admite tal coisa).
Resumindo, o país onde vivemos, mesmo que estejamos a centenas de quilómetros de quem nos governa e de quem, talvez por isso, nem se lembra de nós, com uma ou outra visita de excepção para mostrar que, afinal, também fazemos parte do país real. Mas só quando convém…

2 comentários:

  1. Realmente, que Páis e futuro estámos a deixar às gerações vindouras. Uma interrogação que comungo plenamente.

    ResponderEliminar

Agora que leu, pode deixar aqui o seu comentário. Já agora, com moderação e boa educação! O Mais pelo Minho reserva-se o direito de não publicar comentários insultuosos. Quaisquer comentários inadequados deverão ser reportados para o email do blogue. Muito obrigado!