12 outubro 2007

Tecnologicamente isolados

Uma trovoada. É quanto basta. Uma trovoada e deixamos de estar ligados ao mundo. Sinónimo de fragilidade? Ou de incompetência? Estamos em pleno século XXI, aquele que o Governo de José Sócrates nos apresenta como sendo o do “choque tecnológico”. Computadores a 150 euros para alguns, Internet para todos, tecnologia ao serviço do cidadão… balelas?
De que adianta investir num sistema que praticamente obriga os cidadãos a utilizar a Internet para comprar o “selo” do carro se a maior parte dos portugueses continua analfabeta em termos informáticos. Pede ao vizinho, paga ao conhecido que lhe faz esse “favor”? Que remédio! Investir em computadores a preço da chuva não vai acabar com essa situação. Falta o resto. Falta a cana, a linha e o anzol, porque o peixe oferecido já confeccionado e no prato todos o sabem comer…
Uma trovoada, repito.
Vivemos numa sociedade pontilhada de telemóveis e pda’s, gps e outros que tais. Tecnologias, dizem. Tecnologias que não funcionam em todo o país, e que, assim sendo, contribuem ainda mais para a o fosso que separa as zonas desenvolvidas das zonas que não vale a pena desenvolver. Muito duro? Talvez, mas é o que acontece. De que adianta telemóveis 3G se a antena se fica pela tecnologia anterior? E porque somos obrigados a comprar uma placa 3G para aceder à Internet móvel capaz de atingir velocidades estonteantes quando sabemos à partida que estamos limitados ao mínimo que a rede nos vai disponibilizar… Ah, já me esquecia, é porque é móvel e podemos ir para outro lado... Para longe daqui, é o que parece. É o que querem?
Só pode ser. Ir para um lado onde a concorrência exista. Dois, três, quatro, doze operadores a oferecerem a mesma coisa, mais barata, com melhor condições. É o que nos falta. É do que nos privam. É o tal fosso… tecnológico. E daí a trovoada. A tal que nos corta as ligações telefónicas que demoram dias a ser reatadas. A mesma que, durante semanas, nos condiciona a ligação ADSL, a única que parece (parecia) funcionar sem grandes problemas num concelho que dista 45 minutos da sede do distrito… Da civilização? Estaremos tecnologicamente isolados? Quem conseguir ligar à Internet que responda.

2 comentários:

  1. Ora aqui está um assunto... interessante!
    A população continua analfabeta em termos informaticos e não só. Analfabetos de uma forma geral.
    As tecnologias de informação são, que se goste ou não, importantissimas nos dias que correm.
    Tão importantes como uma auto estrada,um acesso, por exemplo.
    E neste aspecto estamos, em Paredes de Coura, distantes. Muito distantes.
    Pedir investimento privado no Concelho e não ter em conta este facto é um erro.
    Tecnologicamente como noutras situações estamos de facto isolados...

    SB

    ResponderEliminar
  2. Aproveitei este dia de bom tempo que o nosso governo nos permitiu, meti algum carvão na minha caranguejola e vim navegar por estas águas já por demais exploradas.
    Sem surpresas, encontrei algumas inverdades, ou melhor, alguma desinformação polvilhada com metáforas semi-bíblicas sem sentido algum.

    Então o governo deu o peixe no prato? O governo deu a oportunidade a toda uma geração de comprar computadores (a cana, a linha e o anzol!) a preços, diria eu, bastante acessíveis. O Sr é que acha que apesar de estarmos em terras de intrépidos marinheiros, eles nunca aprenderão a pescar ou, neste caso, navegar. Se calhar, a cana deveria trazer um empregado que ensinasse a pescar... Quando até o Sr. conseguiu...

    Depois vem a internet móvel. Para ir a algum sítio com 3 operadoras a oferecer o mesmo serviço (concorrentes) não tem que sair de Paredes de Coura. Mais: a velocidade da internet móvel em Paredes de Coura é semelhante à que podemos encontrar em grandes cidades de Portugal (se é que existem grandes cidades em Portugal). Experimente, vai ver que não se arrepende.

    Por fim a trovoada. Nunca a trovoada foi grande amiga dos marinheiros. A julgar por tudo o que disse, o seu meio de locomoção por estas águas é um "computador de secretária" ligado à ficha de telefone. Ora se isso se confirma, tem em mão três problemas: a PT, a EDP e o filho da mãe do governo que não lhe deu um portátil. O facto da EDP e da PT não funcionarem como todos desejariamos acaba no fundo por ser uma benção para marinheiros menos experientes. É que com a trovoada não se devem manter estes barcos com o motor a trabalhar. Corre-se o risco de chamuscar umas peças e ir parar ao Rui dos computadores. Isso sim, parece o Cabo das Tormentas.

    Sem querer levantar mais ondas...

    ResponderEliminar

Agora que leu, pode deixar aqui o seu comentário. Já agora, com moderação e boa educação! O Mais pelo Minho reserva-se o direito de não publicar comentários insultuosos. Quaisquer comentários inadequados deverão ser reportados para o email do blogue. Muito obrigado!