28 fevereiro 2008

Esclarecido?

“Depois da análise do estudo-prévio à variante de ligação do concelho de Paredes de Coura à A3, foi deliberado, por unanimidade, decidir pelo seguinte traçado: ‘Solução 2 – do nó de Sapardos a S. Bento – a ligar à alternativa 3.1 até à Zona Industrial de Formariz, com ligação à Solução 3, à EN 306 e 303 e assegurar uma ligação à rotunda de Mantelães, início da Solução 1, em Paredes de Coura.” – in acta da reunião do Executivo da Câmara Municipal de Paredes de Coura realizada a 18 de Fevereiro de 2008

Ficou esclarecido? Eu também. É claro que qualquer pessoa percebeu que a solução 1 é a melhor resposta à alternativa 4, mediante uma ligação directa ao atalho 3.5.
Confuso? Não é o único. A decisão do executivo camarário de Paredes de Coura está tomada, mas para quem não conhece o estudo é como se estivessem a falar da possibilidade de viver em Marte com recurso a uma combinação heterogénea de oxigénio e dióxido de carbono. Ou seja, pouco nos diz.
Ficamos a saber que, pelo que depender da autarquia, a ligação à A3 começa em Sapardos e vai passar por S. Bento da Porta Aberta. Por onde exactamente? Isso ainda não sabemos, é aguardar para ver. Lemos ainda que o traçado proposto prevê a ligação à Zona Industrial de Formariz. E aqui já ficamos a saber duas coisas: em primeiro lugar, que os acessos ao parque industrial vão ficar mais facilitados; em segundo lugar, que é abandonada a ideia do traçado anterior de cortar Formariz ao meio.
Por último, a decisão da autarquia dá-nos a entender que a variante vai ligar à nova estrada construída entre Mantelâes e os Dadores, mas que não ficará por aí, continuando até ao outro lado da vila, onde entroncará nas estradas que ligam a Ponte de Lima e Arcos de Valdevez. De tudo isto, e uma vez que não conhecemos o estudo-prévio para saber por onde passa exactamente o traçado (se calhar o objectivo é esse), fica a satisfação de saber que o processo da ligação de Paredes de Coura à A3 está em movimento.

Todos diferentes, todos iguais

A principal fonte de receita das juntas de freguesia é, salvo raras excepções, a verba que lhe é destinada pelo Fundo de Equilíbrio Financeiro. Um valor que é variável, respeitando critérios que têm em conta a área da freguesia e a sua população, levando a que freguesias vizinhas recebam valores diferentes. Não deixa de fazer sentido, tendo em conta que, teoricamente, uma maior freguesia, quer em área quer em habitantes, implicará um maior trabalho.
Já a Câmara de Paredes de Coura prefere não fazer qualquer tipo de discriminação. Exemplo disso é o protocolo assinado no final de Janeiro com as várias juntas de freguesia do concelho, através do qual a autarquia se comprometeu a transferir cinco mil euros anuais para cada junta. Por seu lado, estas ficam responsáveis pela limpeza de valetas, bermas, aquedutos, recintos, largos e espaços municipais.
Uma delegação de competências que se saúda, principalmente por dotar de mais responsabilidade um órgão autárquico que, muitas vezes, não lhe vê atribuída a importância que poderá ter. Estranha-se, contudo, que ao contrário do que acontece com o FEF, aqui não seja feita qualquer distinção quando se trata de calcular o valor a atribuir a cada freguesia.
Se os cinco mil euros anuais, pagos pelo município em suaves prestações mensais, se destinam a tarefas como a limpeza de bermas e valetas, por exemplo, fará sentido que uma freguesia com mais quilómetros de estradas receba o mesmo que outra que, com o mesmo dinheiro, vai gastar muito menos nesse trabalho porque tem menos quilómetros de arruamentos, e necessariamente de bermas, para limpar? Não é, esse mesmo trabalho, noutras ocasiões em que a autarquia delega nas juntas de freguesia, contabilizado ao quilómetro pela Câmara Municipal? Então porque não o é agora?
Atente-se, por exemplo, na situação especial da Junta de Freguesia de Paredes de Coura, em que grande parte do território é o centro urbano de Paredes de Coura, vila, concelho. Será que faz sentido, melhor, será que é justo para as outras juntas de freguesia, esta receber os mesmos cinco mil euros para fazer um trabalho que, em grande parte da sua área de influência é realizado pela própria Câmara Municipal? É que, na vila, a limpeza é feita por funcionários camarários, o que não acontece nas outras freguesias que, deste modo, saem prejudicadas no acordo estabelecido com a autarquia.
Por isso fica a questão: houve critério na celebração dos protocolos, ou foi tudo corrido de igual forma para poupar trabalho?

26 fevereiro 2008

O país real

O país real começa em Cascais e termina em Lisboa. Com um pouco de sorte alastra-se a Almada, Montijo e, inevitavelmente, a Alcochete. Isto se não houver um qualquer ministro a dizer que, por aquelas bandas de além Tejo mais não há que deserto.
O país real não acorda todos os dias às seis da manhã para ir trabalhar 10 horas por dia. Não tem de se preocupar com um ordenado de miséria, nem de esperar que o futuro lhe garanta a parca reforma com que conta para o final dos seus dias. O país real não tem dívidas ao banco, não teve de se hipotecar para comprar a casa, o carro.
O país real é aquele que não tem se de preocupar, todos os dias, com o que vai comer, ou melhor se tem o que comer, todos os dias… É o país onde mais importante que ter comida no prato é ter uma parabólica a apanhar os canais da moda. É o país onde a moda dita o dia-a-dia daqueles que vivem em função da moda, mesmo que não tenham com que sobreviver.
O país real é o que muitos políticos nos tentam impingir todos os dias, na televisão, nos jornais, um pouco por todo o lado. O país onde não há crise, há apenas quem tenha dinheiro e quem não o tenha. O país onde não há desemprego, só gente que quer trabalhar e não tem onde. O país onde tudo está bem e onde não há manifestações de desagrado (nem se admite tal coisa).
Resumindo, o país onde vivemos, mesmo que estejamos a centenas de quilómetros de quem nos governa e de quem, talvez por isso, nem se lembra de nós, com uma ou outra visita de excepção para mostrar que, afinal, também fazemos parte do país real. Mas só quando convém…

21 fevereiro 2008

Tristes sinais dos tempos

Triste vai a terra que precisa de construir mais lares de idosos ao invés de escolas? Sim… e não. Aliás, uma coisa até pode nem ter nada a ver com a outra e serem as duas sinónimo de uma mesma situação: aumento da população.
Infelizmente tal não é o caso de Paredes de Coura. Escolas do 1º ciclo só por cá temos uma e ainda não está lotada. Ainda, porque não deve demorar muito a lá chegar. Mas faltam-nos as crianças, os novos nascimentos. Aqueles que a autarquia anunciou que iria apoiar, financeiramente falando, mas que demoram a chegar. Tal como o tal apoio, previsto para o final do ano passado mas que ainda não viu a luz.
Por outro lado, temos um aumento considerável do número de pessoas que necessita dos cuidados de um lar de idosos. Ou pelo menos de apoio domiciliário. Sinais dos tempos, de uma maior longevidade de homens e mulheres. Mas também sinal de que as famílias à moda de antigamente já praticamente não existem e que agora já quase ninguém cuida dos seus “velhos”, que não têm outro remédio que não seja terminar os seus dias num lar.
Vieira da Silva, ministro da Solidariedade Social, vai estar por terras de Coura amanhã à tarde, precisamente para ajudar a essa tarefa que antes era das famílias e que hoje é confiada a previdência social. O novo lar de idosos que irá ser construído em Bico, e no qual Vieira da Silva vai colocar o primeiro tijolo, num gesto simbólico que, presumivelmente, dará início à obra, surgirá numa altura em que os dois equipamentos do género estão há muito lotados.
Mas não convém esquecer também o bom trabalho que tem vindo a ser desenvolvido por várias instituições particulares de solidariedade social do concelho nesta área, nomeadamente através da sua ocupação nos centros de dia e principalmente com o fornecimento de refeições e o apoio domiciliário aos mais idosos. Apoio esse que pode contar agora com o complemento que lhe deve ser dado pelo serviço de consultas médicas ao domicílio, poupando os nossos idosos a algumas viagens até ao centro de saúde.
Que ninguém se engane, contudo, que o futuro não segue nesta direcção. Segue, tem de seguir, na direcção oposta, no aumento da natalidade, no crescimento da população. Mas isso é já outra conversa…

20 fevereiro 2008

Este ano é que é!

“No nosso plano de negócios está previsto que se concretize a venda durante o ano de 2008”. E pronto, com esta declaração de Martins Alves, administrador do Centro Hospitalar do Alto Minho (CHAM), coloca-se um ponto final no famoso processo de venda do antigo sanatório de Mozelos, Paredes de Coura.
Ah, mas afinal não é bem assim. Andei a remexer nos meus arquivos e descobri que já em Dezembro de 2006 o administrador do CHAM apontava a venda do edifício para Fevereiro… de 2007. Ora, Fevereiro do ano passado foi há precisamente… um ano. Resta-nos esperar que, realmente, seja desta, que seja este ano.
Numa altura em que tanto se falta de desburocratização, numa época de simplificação de processos, ainda ninguém se lembrou de criar um Simplex que permita ao CHAM vender aquele imóvel? Eu sei que, quando não há interessados em comprar, é muito difícil vender o que quer que seja, mas neste caso não falta quem queira adquirir o antigo sanatório. Parece, isso sim, é que não o querem vender.
E entretanto arrasta-se no tempo um projecto de projecto que pode fazer a diferença para Paredes de Coura. Um investimento de cerca de 50 milhões de euros que um grupo privado está disposto a aplicar no nosso concelho, na dinamização turística de um município que muito precisa de turistas, de gente. Mas é em Paredes de Coura e por isso não importa a quem, em Viana do Castelo, provavelmente nem quer saber o que vai ser feito de um edifício público que o Estado deixou cair num tal estado de abandono que, qualquer dia, deixa de ter qualquer interesse.
Aguardemos, então, pelo decorrer de 2008, a ver se surgem novidades. Valha-nos, ao menos, a certeza de que a Câmara de Paredes de Coura continua apostada neste projecto, talvez para estimular o interesse do tal grupo privado. De tal modo que, há tempos, até se avançava a hipótese de ser a própria autarquia a comprar o edifício. Se esse for o caminho para apressar as coisas, porque não?

18 fevereiro 2008

Degrau a degrau

Barreiras arquitectónicas. Muito se tem falado sobre elas nos últimos anos, especialmente devido à legislação que entrou em vigor em 2006 e que obrigava entidades públicas e privadas a ter em linha de conta a eliminação de barreiras arquitectónicas nas novas construções, bem como a adaptarem as existentes. Uma situação que a Câmara de Paredes de Coura aproveitou devidamente aquando da realização das obras de beneficiação do centro da vila, eliminando degraus e criando rampas alternativas.
No entanto, poucos anos volvidos, parece que a autarquia esqueceu a matéria estudada, por isso aqui fica a minha sugestão de leitura dirigida aos responsáveis da autarquia. Que leiam o decreto-lei 163/2006, de 8 de Agosto. É que, uma leitura atenta mostra-nos que o objectivo daquela legislação é definir as condições de acessibilidade a observar no projecto e construção de espaços públicos, incluindo nos acessos, nomeadamente nos passeios e outros percursos pedonais movimentados.
Ora, isto é precisamente o que não acontece na envolvente do novo arquivo municipal, que deverá entrar em funcionamento por estes dias. A autarquia aproveitou, e bem, a construção do edifício naquela zona para abrir um novo acesso pedonal que vai ligar a Rua Conselheiro Miguel Dantas à Rua 25 de Abril, ali juntinho à central de camionagem. Acontece que quem projectou o referido acesso deve ter esquecido o decreto-lei de 2006 e vá de enfeitá-lo com uns poucos degraus, vedando a sua utilização a cidadãos com dificuldade de locomoção, que poderiam ter naquele passeio uma alternativa à escadaria que se vai manter uns metros ali ao lado.
A diferença é que, enquanto em relação a essa escadaria pouco ou nada poderia ser feito, no caso do novo acesso pedonal, tendo em conta a sua extensão e localização, é quase certo que haveria hipótese de abdicar dos degraus e torná-lo acessível a todos. Assim, quem tiver dificuldades de locomoção, e não estou a falar apenas de cidadãos com deficiência mas de todos os idosos, poderia ter ali uma alternativa a uma viagem de mais longa ao longo da Rua 25 de Abril para chegar ao centro, por exemplo. Poderia, digo eu, porque os degraus estão lá, à espera de serem inaugurados em conjunto com o novo arquivo. Por mim, o melhor era deitá-los abaixo ainda antes da inauguração. E até deixo aqui a sugestão de uma empresa que pode ajudar a Câmara a cumprir o seu papel de agente fiscalizador.

Pobres de espírito

Paredes de Coura é tido como um concelho que se estende por muito além das fronteiras do próprio concelho, mercê da diáspora que levou muitos courenses a procurar melhores condições de vida noutras paragens. Pessoas que, apesar de estarem longe nunca esqueceram a terra que os deu ao mundo. De tal modo que alguns se preocupam mais em divulgar os valores de Paredes de Coura do que muitos dos courenses que aqui residem.
É o caso de Jofre de Lima Monteiro Alves, courense natural de Padornelo que as vicissitudes da vida levaram para fora de Coura há cerca de 40 anos. Mas, e se vos disser que mesmo fora de Paredes de Coura, foi através dele, das informações por ele veiculadas, que muito aprendi sobre este concelho? Verdade! São as maravilhas do mundo moderno, da internet, que Jofre Monteiro Alves soube aproveitar, dominando a blogosfera com os seus blogues sobre Paredes de Coura.
Em tempos, num outro blogue sobre este concelho (já desaparecido), Jofre Monteiro Alves chegou mesmo a ser apelidado de “o homem dos blogues”. E é mesmo. Com uma paciência e uma dedicação invejáveis manteve, durante largos anos, vários blogues sobre um único tema: Paredes de Coura. Dir-se-ia mesmo que, embora a residir em Lisboa, nunca saiu da sua terra Natal. Foi no Coura Magazine – Foto que vi algumas fotografias da Paredes de Coura de outros tempos (num trabalho que Eduardo Daniel Cerqueira tem sabido continuar). Foi através do Coura Magazine – História que conheci grande parte do passado deste concelho, desta região. Em resumo, Jofre Monteiro Alves fez da internet, da sua blogosfera, um portal informativo, didáctico, recreativo sobre Paredes de Coura. Aberto a todos, dinamizado por uma pessoa que se preocupa em não deixar esquecer este concelho.
E que agradecimento teve? Da parte de quem o consulta, lote onde orgulhosamente me incluo, vários comentários de incentivo. Um obrigado aqui, um muito bem acolá. Apenas e só, mas ainda assim agradecimentos sentidos. Pelo contrário, tenho a ideia que, da parte dos poderes instituídos, aqueles que teriam todo o interesse, senão mesmo a iniciativa, em divulgar Paredes de Coura, nem uma palavra de agradecimento terá recebido. Pior, temo que ao invés de apoiarem o bom trabalho que vinha desenvolvendo, tiveram a preocupação de o ignorar, pior, de o descredibilizar.
Jofre de Lima Monteiro Alves fechou, na passada semana, as portas dos seus blogues sobre Paredes de Coura. Com uma honrosa excepção, o blogue Padornelo, cujos laços afectivos o impelem a continuar e onde dá conta da sua decisão. Os restantes estão suspensos ad eternum, mercê da falta de sensibilidade de algumas pessoas. Ficamos mais pobres, todos nós, que os consultávamos. Outros permanecerão pobres, pobres de espírito, por não perceberem que havia quem fizesse mais por Coura que eles próprios.

14 fevereiro 2008

A hora do Arquivo

O arquivo municipal de Paredes de Coura está prestes a entrar em funcionamento. E ainda bem! Um arquivo municipal não é uma obra que conquiste votos: pouco ou nenhum interesse terá para o comum dos mortais; não dá dinheiro a ganhar à terra, não é um factor de atracção de pessoas ou bens. Mas, também por isso é uma obra que se saúda. E que se aplaude.
Não é qualquer autarquia que resolve investir num equipamento género quando, provavelmente com menos trabalho e maior efeito, podia construir outra coisa qualquer: um novo jardim, uma rotunda mais vistosa, etc. Não, um arquivo não é bem visto, pese embora o bom resultado conseguido na reutilização da fachada da antiga Casa do Couçoeiro. Para muitos não passa de mais um edifício público, daqueles onde é raro entrar e que, por isso, não está ali a fazer nada.
Nada mais errado! O arquivo municipal é mais, muito mais, que um edifício. É toda uma estrutura que tem com objectivo principal a manutenção da memória, da história, de um povo, de uma terra, de uma ou várias culturas. Também por isso mesmo a Câmara Municipal de Paredes de Coura apelou, nos últimos tempos, à doação de documentos por parte de todos os que tivessem qualquer coisa que contribuísse para o enriquecimento da memória colectiva courense.
Como é sabido as minhas raízes não são de cá, por isso não posso dizer que tenha algo para oferecer ao arquivo. Mas, se assim não fosse, podem estar certos que não teria qualquer problema em ajudar uma entidade que promete zelar pela história do concelho. Em nome de todos! Não sei quais os resultados obtidos por essa campanha de sensibilização, mas espero que tenham sido, no mínimo, muito bons. De que adianta ter em casa um documento de suprema importância se não podemos partilhar a sua importância com os nossos conterrâneos, enfim, com todos os que podem aceder a essa informação num equipamento como um arquivo municipal.
De saudar também, a posição do presidente da Câmara que, confrontado com a recente substituição do titular da pasta da Cultura e a impossibilidade de trazer o novo ministro a Coura na data prevista e já confirmada para a inauguração do arquivo municipal, não teve qualquer problema em dizer que o que interessa é colocar este equipamento ao serviço da população, não importando quem o inaugura. Ainda bem que é assim.

12 fevereiro 2008

A grande velocidade

Comboio de alta velocidade ou comboio de velocidade elevada? Não importa, para nós será sempre o TGV. O tal que, ao que parece, vai passar pelo nosso concelho. Ainda não há estudos divulgados, mas são muitos os políticos que dão como garantida a ligação entre o Porto e Vigo, com passagem por Braga, Ponte de Lima e Valença.
O último a abordar a questão foi, precisamente, o presidente da Câmara de Ponte de Lima, insatisfeito por não ser dado a conhecer à autarquia o eventual traçado desta ligação ferroviária. É que, financiamento já existe, de acordo com deliberação da União Europeia, mas mapa a indicar por onde vai passar o TGV, isso é que ninguém conhece.
Ora, atendendo a tudo quanto tem sido dito na comunicação social, é de supor que o traçado Porto/Vigo vai atravessar terras de Coura, pois deverá passar por Valença, servindo a plataforma logística prevista para aquela vila alto-minhota. Mas, afinal, passará por onde? Há quem defenda que a nova ferrovia de alta velocidade seguirá o percurso da A3. Mas, a ser assim, será que vai dar a volta por Romarigães e Sapardos, ou seguirá o percurso que a auto-estrada supostamente deveria ter, ao longo do gasoduto que cruza o concelho na zona de Linhares e Ferreira?
É uma dúvida como outra qualquer e que vem levantar a velha questão dos benefícios que uma obra do género trará para o concelho. É que, se analisarmos a questão friamente, trata-se de um projecto que não nos vai servir minimamente. Se a A3 já está longe, em Sapardos, o TGV, mesmo que pare, só o fará em Valença.
Será, por isso, apenas mais um factor de separação de Paredes de Coura? Obviamente! Assim à primeira vista os únicos que poderão beneficiar com a sua passagem são os proprietários dos terrenos que a linha vai atravessar. E ainda assim, na devida proporção que estas coisas das expropriações públicas costumam ter.
Podemos evitar que ele passe por aqui? Não creio que, como aconteceu com a auto-estrada, se consiga fazer o comboio dar uma volta de mais alguns quilómetros em torno do concelho. É, por isso, uma realidade com que vamos ter de lidar. Mas, não deixa de ser uma situação que poderá trazer graves prejuízos para o município, nomeadamente ao nível ambiental e da degradação da rede viária (por via das obras de construção da linha). Situações com que a autarquia se deve preocupar desde o início. Por exemplo, como fez Daniel Campelo e o seu companheiro de partido Abel Baptista, deputado eleito por Viana do Castelo, procurando desde logo saber se já existe ou não algum traçado em estudo. É que, quando as obras começarem será tarde demais para reclamar.

11 fevereiro 2008

Ao abandono

Não sei a data exacta, nem estive para pesquisar, não interessa. O que interessa é que o Governo emitiu legislação que obriga os proprietários a cuidarem do bom estado dos seus imóveis. Mais, se não estou em erro essa legislação dava poderes às autarquias para fiscalizarem, por um lado, e obrigarem, por outro lado, a que as obras de beneficiação fossem levadas a cabo.
Em Paredes de Coura, contudo, o exemplo da Câmara vai precisamente no sentido contrário e cada vez engrossa mais o rol de edifícios que são propriedade do município e estão praticamente votados ao abandono. Dir-se-ia que aguardam o implementar de projectos - que os há, pelo menos no papel - mas o certo é que, enquanto os tais prometidos projectos não vêem a luz do dia, o seu estado de conservação vai-se deteriorando dia após dia.
Assim de cabeça faço uma lista com cinco espaços, todos propriedade da autarquia, e que estão devolutos, alguns até em risco de ruína. O exemplo mais flagrante é, certamente, a Casa do Outeiro, em Agualonga, que calhou em herança ao município. Muitos projectos já para lá se apontaram. O último a criação de um centro de estudo da dieta Atlântica, mas já ouvi falar num pólo do Politécnico de Viana e até num hotel. O certo é que, passados tantos anos, continua sem ocupação definida, à mercê do avanço do tempo e dos larápios que a visitam ocasionalmente.
Mas pela vila há mais exemplos de edifícios da autarquia abandonados. Veja-se a antiga escola primária, que há-de ser biblioteca municipal, mas que enquanto não surge a transformação vê o mato galgar as ruínas. Ou as casas dos magistrados, as três que a câmara comprou. Duas eram para o arquivo, mas agora serão para quê? A outra, mais antiga e deteriorada, acolherá uma filial da APPACDM. Esperemos que sim, porque é uma estrutura que faz falta ao concelho, mas dada a sua localização palpita-nos que o edifício em questão não será o mais apropriado. Por último temos o antigo quartel dos bombeiros, hoje transformado em armazém de salvados da autarquia. E será que fica por aqui? Não sei... é só pegar nos jornais de quando em quando para ver que o impulso comprador da autarquia ainda não parou. Por um lado querem vender três apartamentos que têm na vila e outros tantos terrenos, para realizar dinheiro, já se sabe. Por outro lado, também lemos que o município poderia comprar a Casa Grande, se tivesse dinheiro. Ou o antigo hospital psiquiátrico de Mozelos, para dar o pontapé de partida no grande projecto turístico que para ali se prevê. Para aqui, creio eu, já têm onde ir buscar o dinheiro.

01 fevereiro 2008

Tinta & boa vontade

À primeira vista poder-se-ia dizer que um pouco de tinta faz milagres. Mas não é bem assim. Ou melhor, não é apenas assim. O quartel dos Bombeiros Voluntários de Paredes de Coura ganhou nova vida nos últimos tempos e, se as obras de conservação ajudam ao aspecto estético, é certo que a nova direcção muito contribuiu para as melhorias no aspecto funcional.
Para quem está de fora é notória a melhoria do ambiente que se vive na Associação Humanitária e que, por sua vez, influencia a corporação de bombeiros. Mais voluntários no quartel, mais actividades com os bombeiros e, como aconteceu no Natal, com as famílias. Mas também uma maior participação dos bombeiros no bem-estar do “seu” quartel.
Basta olhar para o cenário actual e lembrar o de há um ano para ver que algo mudou. E se pensarmos que, em muitos dos casos, são os próprios bombeiros que estão a meter a mão na massa para melhorar as coisas, então temos a certeza que houve mesmo uma mudança.
O projecto da remodelação do quartel, pelo que se lê na imprensa regional, não foi colocado de parte, mas enquanto não avança, com a boa vontade dos voluntários e a ajuda de vários comerciantes e empresários do concelho, vai-se dando nova cara ao quartel. E, ao mesmo tempo, dá-se nova vida a uma instituição que ainda tem muito para dar a Paredes de Coura.

31 janeiro 2008

Ir ao médico de helicóptero

Parece que, afinal, estão bem encaminhadas as alternativas propostas pelo ex-ministro da Saúde à Câmara de Paredes de Coura com vista ao encerramento do SAP do centro de saúde local no período nocturno. De tal modo que a autarquia está já a estudar a implantação em pleno centro da vila de um heliporto para receber a aeronave que, sediada em Braga, vai ser o nosso apoio de emergência.
Em declarações prestadas hoje à Rádio Geice, Pereira Júnior adianta que está já escolhido o local onde vai ser erguida tal infra-estrutura: precisamente num terreno ao lado do centro de saúde. Em termos de facilidade de acesso e centralidade o local, presumimos que naquele espaço ajardinado entre a sede dos Dadores e o Centro Cultural, não poderia ser melhor para a função a que se destina. De tal modo que, se as coisas forem planeadas desse modo, o doente poderá sair do centro de saúde e seguir em maca até ao helicóptero, à semelhança do que acontece no Centro Hospitalar de Viana do Castelo, por exemplo.
Não esquecer, contudo, que para aquela zona estava prevista (se bem que nunca concretizada) uma intervenção de fundo que a transformaria numa autêntica zona de lazer para courenses e não só. Um projecto que faria par com os equipamentos que a Câmara queria instalar no antigo largo da feira, após as obras de remodelação para ali programadas. A ser assim, o heliporto cairá naquele espaço como um intruso. No entanto, tendo em conta o objectivo daquele equipamento, a saúde de todos nós, é bem melhor ter um heliporto, do que uma zona verde, ali à mão de semear.
Por revolver, no caso das alternativas ao encerramento do SAP, continua a questão dos “médicos à chamada”, cenário que, já antes de firmado o protocolo com o Ministério da Saúde, se mostra ser difícil de conseguir. A ver vamos se a nova ocupante do Ministério consegue levar as negociações a melhor porto. Ou se volta atrás e mantém o SAP aberto.

30 janeiro 2008

Boas intenções

De boas intenções está o inferno cheio, reza o ditado popular. E assim parece. Basta recuar uns meses no tempo e ver isso mesmo. Por um lado fala-se na desertificação do interior e no que é preciso fazer para fixar a população que teima em sair. Por outro lado olha-se para o lado na hora de agir e, quando se podia fazer alguma, ainda que pouca, coisa, toma-se o sentido contrário.
Veja-se o caso de Paredes de Coura, a braços com um decréscimo constante de habitantes. A desertificação ainda não é uma realidade, mas todos os dias caminhamos mais nesse sentido. De tal modo que a autarquia encara a fixação da população como um dos principais objectivos. Exemplo disso é o tão falado subsídio que a Câmara quer dar às famílias a partir do nascimento do terceiro filho. Um valor bem generoso (mais de 15 mil euros), mas que ainda ninguém viu porque a intenção ainda não passou disso mesmo.
No entanto, não faltaram oportunidades de melhorar o nível de vida da população, por um lado, e de tentar atrair mais alguma empresa para o concelho, por outro lado. Pequenos gestos, é certo, mas que todos juntos poderiam traduzir-se numa mais valia para quem aqui reside. O exemplo mais flagrante, e que voltou agora a ser falado na comunicação social, diz respeito à oportunidade que o Governo deu às autarquias de abdicarem da sua pequena parte da fatia do IRS que (quase) todos pagamos. Um valor praticamente simbólico mas que, numa sociedade onde cada cêntimo conta, pode fazer a diferença.
As notícias recentes dizem-nos, contudo, que só 16 municípios portugueses resolveram apostar neste caminho e beneficiar os seus habitantes. Paredes de Coura, infelizmente, não consta dessa curta lista. Ao contrário de Ponte de Lima, por exemplo, que renunciou ao seu quinhão, consideravelmente superior ao que Paredes de Coura não quis perder. Será que é Ponte de Lima que tem de cativar a população? Não creio…
Mas este cenário não constitui surpresa. Já antes a autarquia courense havia rejeitado duas propostas, feitas pelo vereador social-democrata José Augusto Viana, para minimizar os custos da interioridade aos seus munícipes. A primeira foi a não redução do Imposto Municipal sobre Imóveis, que o social-democrata queria baixar mas que a Câmara resolveu manter mais elevada. A segunda, visando as empresas, também afecta os habitantes: José Augusto Viana quis acabar com a derrama no concelho, a autarquia fixou-a em 1,5% sobre o lucro das empresas. Parece pouco mas, na hora de escolher o local da sede de uma nova empresa, todos os aspectos contam, não?

24 janeiro 2008

Dias explosivos

Depois da comunicação das autoridades espanholas na semana passada, parece que Portugal passou a viver sob a ameaça do terrorismo. Suspeitas de bombas aqui, suspeitas de bombas acolá. E novamente aqui porque a brincadeira até correu bem, enfim…
Mas, efectivamente, as bombas existem. Que o diga quem reside ou trabalha em Formariz! Nas últimas semanas não há dia que passe em que não tenhamos uma dúzia de explosões, quando não mais. Até parece que existe uma pedreira em funcionamento na zona industrial. Mas não, pelos vistos não existe. Há explosões, mas não se vê qualquer sinal a alertar para o perigo, ou sequer informação de estarmos numa zona de rebentamentos. Já dos sustos e de alguns prejuízos materiais os vizinhos não se livram.
Ao que parece, trata-se da obra de terraplanagem de um novo loteamento desta zona industrial de Paredes de Coura. Uma tarefa que se tem mostrado difícil, não só devido à extensão do terreno, mas também à sua morfologia, caracterizada pela existência de muitas pedras de grandes dimensões. De tal modo que está uma equipa a rebentar literalmente com os tais calhaus.
Mas… e a segurança, será que foi acautelada? À vista desarmada eu diria que não. Especialmente quando se assiste à queda de grandes pedras a vários metros do lugar da explosão, numa zona junto à via pública e na proximidade de veículos estacionados. A explosão é arriscada? Não duvido, mas a ser assim não seria melhor vedar a zona? Ou limitar as explosões a determinados horários, à semelhança do que acontecia com a pedreira instalada em Ferreira?
Já agora, só mais uma questão: se a zona está transformada numa autêntica pedreira, estará licenciada para tal actividade?

Eu era mais Espanha...

A população de Lanhelas parece que está na disposição de abandonar o concelho de Caminha e passar a integrar o de Vila Nova de Cerveira. De acordo com a notícia da Rádio Geice, dizem que tem mais afinidades com o "concelho das artes".
Eu, já que é para mudar, optava por pertencer a um qualquer concelho do outro lado do rio Minho. É que, mudar por mudar, que se mude logo para um país onde o nível de vida ainda vale a pena.

23 janeiro 2008

As maravilhas da Internet

Um clique e já está, acedemos a um mundo de informação. Se estiver disponível… Foi o que aconteceu em relação ao assunto do estacionamento na Avenida Cónego Bernardo Chouzal, em Paredes de Coura. Parece que, efectivamente, José Augusto Viana apresentou uma proposta que vai no mesmo sentido deste post. Ele (ou alguém por ele) bem o disse na caixa de comentários, mas como a acta da reunião em questão só ficou disponível no site da autarquia esta semana… não havia como o cidadão comum saber.
De qualquer das formas, ao ler a acta da reunião do executivo camarário realizada em 3 de Dezembro último, ficamos a saber que o assunto exposto pelo vereador social-democrata já tinha sido tido em consideração pelo presidente da autarquia que, inclusivamente, já havia acordado com a GNR local que seria interdito estacionar naquela troço. E muito bem, digo eu.
Acontece é que, quase dois meses depois da reunião, e mais tempo ainda depois da conversa com o comandante da GNR, a situação continua na mesma. Com a agravante de que, nos últimos tempos, é precisamente uma instituição de que a Câmara de Paredes de Coura é comproprietária, que ali estaciona todos os dias o seu autocarro. Será este o melhor exemplo?
Já agora, que falamos da página Internet da Câmara de Paredes de Coura, de realçar que também já se encontram disponíveis para download os documentos relativos às Grandes Opções do Plano para 2008. É certo que, como já aqui tínhamos falado, o ideal era estarem disponíveis para serem consultados ainda antes de aprovados, porque agora é tarde demais para qualquer reparo, mas ainda assim é um bom sinal.
Apesar disso a página do município continua a apresentar muitas deficiências. Veja-se o já referido caso das reuniões do executivo cuja acta só sobe à Internet semanas depois de realizadas. De qualquer das formas, muito melhor do que o que acontece com a Assembleia Municipal. A última reunião foi em Novembro, a próxima será em Fevereiro, mas a convocatória disponível ainda é a de… Setembro. E as actas então, é melhor nem falar.
Já agora, em jeito de comentário final, fica só mais um reparo. A câmara tem cinco vereadores, três do PS e dois do PSD. Ora, se para os vereadores socialistas existe um endereço de email para serem contactados pelos munícipes, porque não fazer o mesmo para os dois social-democratas?

22 janeiro 2008

Emergências

Leio a imprensa do dia e não posso deixar de ficar admirado. As questões da saúde têm dominado a actualidade informativa a nível nacional. A extrapolação exagerada e errónea de consequências resultante da morte de duas crianças na semana passada parece ter dado mais força à contestação às medidas governamentais que estão a fechar urgências atrás de urgências.
Paredes de Coura também não escapa, já o sabemos. Valham-nos as alternativas que nos couberam na rifa, se bem que algumas delas já nos tinham sido prometidas antes mesmo da decisão de entregar a chave do SAP a Correia de Campos. É o caso da Unidade Móvel de Saúde, ideia originária da vereação laranja da Câmara de Paredes de Coura que parece ter ficado na gaveta até ter ganho relevo de moeda de troca nas negociações com o Ministério da Saúde.
Leio no Jornal de Notícias que em Macedo de Cavaleiros a viatura já circula, já serve quem dela precisa, já facilita a vida dos que tem mais dificuldades em fazer quilómetros para ir ao médico. A nossa não, continua parada, ali num dos parques de estacionamento subterrâneo. Faltavam alguns acertos, subir um degrau, acho eu. Mas já lá vão meses e a ambulância continua a enfeitar aquele espaço.
Que será que falta mais? Será a tripulação? Será apenas o motorista? Não sabemos… Para nós, o que está a impedir a utilização da unidade móvel de saúde até pode ser o simples facto de que aquela viatura não consegue sair do parque de estacionamento a não ser pela… entrada, de marcha-atrás. A sério! Não é brincadeira, é mesmo assim! Mas não deve ser apenas isso, digo eu.
Mas, se aquela viatura não anda, outras continuam a andar e, pelo que se prevê, vão andar muito mais. As ambulâncias dos Bombeiros de Paredes de Coura vão ser o principal meio de transporte daqueles que, na impossibilidade de se dirigem ao centro de saúde, vão ter de rumar a Ponte de Lima. Não é desconhecido de ninguém. Aliás, ainda hoje um artigo do Diário de Notícias alertava para isso mesmo. Para isso e para o facto de, com as ambulâncias a servirem de táxi, serem maiores os riscos de não estarem disponíveis para atender a uma emergência. A ver vamos.

18 janeiro 2008

Os meninos à volta dos milhões

Os presidentes das câmaras do distrito de Viana do Castelo parecem aqueles meninos a quem prometem doces e presentes se se portarem bem na frente das visitas. Andam anos e costas praticamente voltadas, ao ponto de dividir em dois um distrito que, mesmo unido nos seus dez municípios, teria muitas dificuldades em ombrear com os seus congéneres do resto do país. No entanto, agora que lhes cheirou a dinheiro fresquinho vindo lá dos lados de Bruxelas, é vê-los a falar, novamente, numa união do Alto Minho.
Uma união que, mesmo a acontecer, e terá de acontecer se quiserem ver a cor do dinheiro da Europa, nunca vai ser efectiva. E isso vê-se já. Numa altura em que se fala, porque a isso se é obrigado, na reunião dos dez concelhos do distrito, há já quem teça críticas que, logo à partida, não fosse o peso dos 400 milhões de euros, inviabilizaria qualquer projecto a dez.
É que há meninos que acham que, por a bola deles ser maior do que a dos outros, merecem mandar no jogo. Esquecem-se que, sozinhos, pouco valeriam no jogo. E que neste jogo o árbitro não vai estar pelos ajustes: se os jogadores não se entendem, acaba-se a brincadeira.
Enfim, contradições de um processo que parece “deja-vu”. Quem não se lembra das trocas de galhardetes entre o menino de Viana do Castelo e o amiguinho de Melgaço? Eles até são do mesmo clube, mas um tem a mania que manda na bola, no jogo e nos jogadores. E o outro não gosta de meninos mandões.

17 janeiro 2008

Promessas

Seis meses, foi a promessa feita. Mas os seis meses passaram e do prometido nem sombras. Bem diz José Augusto Pacheco, no seu Telure, que não nos podemos fiar nas promessas dos políticos. José Augusto Pacheco refere-se a Sócrates e à questão do referendo que já não vai ser, mas o seu escrito adapta-se também à promessa de Nunes Correia, ministro do Ambiente, aquando da sua passagem por terras de Coura, a 1 de Julho do ano passado.
O ministro, recorde-se, veio inaugurar o Centro de Educação e Interpretação Ambiental, em Vascões e trouxe com ele, como convinha, a promessa de que o plano de ordenamento da Área de Paisagem Protegida do Corno do Bico, que o ICN andou a atrasar anos e anos, estaria pronto em seis meses. Palavra de ministro que tutela o sector. O certo é que o ICN foi extinto (ou reformulado, vai dar ao mesmo) e do plano de ordenamento nem sombras.
Acreditamos no dito do ministro, nós e todos os que, naquele dia chuvoso de Verão, encheram o CEIA para apadrinhar a inauguração. Mal sabíamos que iríamos ter ainda, eventualmente, de servir como testemunhas da promessa feita por Nunes Correia, caso a Câmara de Paredes de Coura resolva pedir satisfações ao ministro por ter faltado à sua palavra. Mas como isto de certezas ministeriais não anda lá muito bem (veja-se o que aconteceu lá para os lados de Benavente e do Montijo), quer-me parecer que vamos continuar à espera que o ICNB (estão a ver como mudou?), resolva meter mãos à obra e avance com o prometido. Ou então, e voltando ao caso do aeroporto, se calhar da noite para o dia alguém lê o resumo do documento e aprova o plano de ordenamento assim sem mais nem menos.
Nós continuamos à espera. Do plano de ordenamento ou do ministro, o que vier primeiro.

15 janeiro 2008

O funil

Com a entrada em funcionamento da variante à EN303, entre Mantelães e a vila, a avenida Cónego Bernardo Chouzal transformou-se naquilo para que foi inicialmente projectada: a entrada principal de paredes de Coura. No entanto, provavelmente por falta de atenção de quem de direito, é uma entrada acanhada, estrangulada. Para isso ajudam os veículos pesados estacionados naquela rua, no sentido GNR/Centro Cultural, ocupando parte da faixa de rodagem.
A postura municipal de estacionamento, publicada por ocasião da entrada em funcionamento dos parcómetros, indicava diversas zonas na vila onde poderiam ser estacionados autocarros e camiões, incluindo a referida avenida Cónego Bernardo Chouzal mas apenas no sentido Centro Cultural/Dadores, na zona de estacionamento paralela à faixa de rodagem. Em relação ao outro lado, nada foi referido. Aliás, à entrada da avenida aparece um sinal de proibição de estacionamento, que deixa de ser válido logo após o posto da GNR. Resultado: essa faixa é ocupada, dia e noite, por camiões e autocarros, grandes e pequenos, que ocupam metade da faixa de rodagem, obrigando os automobilistas a circular pelo meio da estrada, quando não pela outra faixa em sentido contrário.
É certo que o lado reservado ao estacionamento de veículos pesados está quase sempre lotado e que, de acordo com a postura municipal de estacionamento, as outras zonas indicadas para o seu parqueamento são a rua Aquilino Ribeiro, do lado contrário ao Museu, e o antigo largo da Feira. Os dois distantes da única avenida de Paredes de Coura e, no caso do antigo largo da Feira, já por diversas vezes denunciado como de difícil acesso para os autocarros. De qualquer das formas, ali mesmo ao lado, na rua José Gomes Moreira, há espaço com fartura e, certamente, o impacto, visual e funcional, será muito menor. Aliás, já por ali se vêem alguns veículos pesados estacionados.
Se a avenida Cónego Bernardo Chouzal é a principal entrada da vila, se é para ali que a Câmara tem muitos planos de embelezamento e desenvolvimento de estruturas colectivas de lazer, então o futuro terá de passar por colocar um ponto final no “funil” que a estrangula logo à partida. Alternativas não faltam.