Primeiro foi a Artezin, na zona industrial de Castanheira. Agora foi a vez da
Arminho encerrar as portas, culminando um processo cujo desfecho já se adivinhava há algum tempo. Não era de agora que se ouvia falar em problemas naquela empresa de capitais alemães e, por diversas vezes, a administração teve necessidade de vir a público sossegar os trabalhadores. Afinal, o fecho aconteceu mesmo.
No espaço de menos de um mês cerca de 60 pessoas ficaram sem emprego. Uma dúzia na fábrica de ferramentas de Castanheira, as restantes na fábrica de quadros instalada há quase vinte anos em Nogueira. Estes últimos com salários em atraso, a maior parte com mais de quatro meses de ordenado por receber.
Números muito difíceis para um concelho que luta todos os dias contra a desertificação e vê fugir-lhe, quase de uma só assentada, duas empresas que, mais não fosse, representavam a fixação em Paredes de Coura de algumas dezenas de pessoas. Ainda na última edição de O Coura, Albano Sousa, correspondente de Castanheira, se congratulava por na zona industrial daquela freguesia estarem a surgir novas empresas, e principalmente por serem de empresários courenses. Ainda bem que assim é. São, no entanto, pequenos projectos que não trazem mais que dois ou três postos de trabalho e eventualmente a maioria deles até nem será novo, apenas terá vindo para ali transferido de outro ponto do município.
Faltam os grandes projectos, sejam eles de Paredes de Coura ou de outro lado qualquer, mas que por aqui se fixem, para que ajudem a fixar as populações. E já nem falo num grande investimento como os que surgiram e vão surgir no futuro em Valença, Monção ou Ponte de Lima, com a subsequente criação de largas centenas de postos de trabalho. Para esses, temos de ser realistas, não temos capacidade. E já não falo sequer das sempre referidas fracas acessibilidades. Não temos, simplesmente, gente suficiente para “alimentar” uma fábrica que “consome” diariamente 400, 500 ou mais funcionários. Veja-se o que aconteceu, por exemplo, com uma fábrica que há uns anos se instalou em Castanheira com o objectivo de criar 100 postos de trabalho e que, até hoje, ainda não conseguiu reunir funcionários suficientes para atingir esse número.
Que venham, que continuem a vir, novos projectos, de pequena, mas sobretudo de média dimensão. Parece que há alguns interessados, pelo menos a fazer fé nos pedidos que têm sido feitos à autarquia e nos protocolos que têm sido estabelecidos para a cedência de lotes. Mas que se assegurem, também, as condições para manter em laboração todas as outras empresas que por aqui resistem. Para que não assistamos à criação de 20 postos de trabalho num dia, e ao fecho de uma fábrica que lança 40 funcionários no desemprego, no dia seguinte.
(Actualização)
No caso concreto da Artezin, que funcionava desde Janeiro de 1998 na zona industrial de Castanheira, é de estranahr, contudo, o encerramento, quando, há cerca de um ano, os proprietários diziam que a fábrica estava financeiramente estável e se preparavam para ali investir 300 mil euros na renovação do parque de máquinas. Inclusivamente chegaram a pedir à Câmara, o que foi aceite, que lhes fosse libertada a reserva de propriedade sobre o espaço que ocupavam, para o poderem entregar como garantia do investimento. Um ano depois, precisamente depois de terminar o período em que o terreno ainda reverteria para a autarquia, o desfecho foi, infelizmente, outro.