26 junho 2008

Expresso para o fim do mundo

A Empresa de Transportes Courense prepara-se para acabar, já a partir da próxima semana, com a ligação diária ao expresso que, saindo de Valença, faz a ligação a Lisboa. Para quem sempre ouviu falar no Rapide e se habitou a ver os autocarros listados de azul e amarelo como um dos mais eficazes meios de ligação entre as origens e a comunidade courense na capital e arredores, esta é uma notícia que não augura nada de bom.
As razões da decisão da Courense são conhecidas, e justificáveis: os passageiros oriundos e com destino a Paredes de Coura são cada vez menos, o que já não justificará a manutenção da única ligação ainda existente. Mas, em que situação ficarão aqueles, poucos admitimos, que ainda a utilizam? Ficam condenados a encontrar outra alternativa, seja o recurso a um táxi, seja a utilização de outro tipo de ligações que não o expresso da ETC.
A Câmara Municipal de Paredes de Coura vai, ainda, tentar demover a administração da Courense, à semelhança do que fez quando a empresa resolveu acabar com o serviço de transporte aos sábados, com a mesma justificação da falta de utentes. Na altura conseguiu-se que esse serviço fosse mantido nos sábados de feira, mas agora, com a conjuntura económica actual em que o preço dos combustíveis é mais volátil que o próprio combustível em si, teme-se que a decisão de acabar com a ligação ao expresso seja irreversível.
E, assim, lá ficamos cada vez mais isolados.

O esclarecimento

O PCP não se esteve presente na sessão da Assembleia Municipal de Paredes de Coura comemorativa do 25 de Abril. É um facto do qual ninguém tem dúvidas. Foi notado na altura, foi falado depois. E voltou a ser falado agora.
Catarina Moreira, representante comunista na AM courense não gostou que a sua ausência fosse comentada e na sessão da passada sexta-feira fez questão de pedir esclarecimentos ao presidente daquele órgão. É que, explicou, no dia 24 de Abril foi acometida de doença súbita, esteve no hospital até, e contactou telefonicamente o secretariado da mesa da assembleia a explicar o sucedido. E faltou à reunião.
O caso ficaria por aqui, não fosse tratar-se da sessão que era, onde os líderes dos vários partidos tomaram a palavra e onde, do lado do PCP houve silêncio, o que levou aos comentários, que Catarina Moreira diz ter ouvido fora da Assembleia… e de que não gostou. Porque, diz, tinha avisado a mesa e a mesa não terá explicado a situação aos presentes.
José Augusto Pacheco contrapôs e explicou que na acta vai a indicação de que a falta foi justificada, mas o que Catarina Moreira queria é que tivesse sido explicado aos restantes membros da Assembleia Municipal o porquê da sua ausência e, implicitamente, do PCP na reunião de 24 de Abril. A ideia que ficou foi que o partido terá “puxado as orelhas” ao PCP courense e que o esclarecimento de sexta-feira seria para atenuar as coisas. Mas pode ser só a minha impressão.
Certo, certo é que o PCP esteve ausente da mais simbólica reunião da AM. Catarina Moreira ainda explicou que tentou a sua substituição pelo segundo da lista, Arlindo Alves, mas que este estaria incontactável. Como ficou, também, o partido ao perder o reduzido tempo de antena de que goza na Assembleia.

25 junho 2008

Antecipação ou distracção?

Há algumas semanas, a propósito da desastrada actuação de Amy Winehouse no Rock in Rio edição 2008, acompanhei com algum interesse o debate que se fez sentir em alguns blogues lusos sobre o erro crasso cometido pelo jornal Público, que no dia seguinte ao falhado concerto saíu para as bancas com a indicação de que o espectáculo da cantora britânica tinha sido um êxito.
Jornalismo de antecipação não dá bons resultados, vaticinavam alguns comentadores, nomeadamente aqui e aqui. De tal modo que até o provedor do leitor daquele jornal, que também se apercebeu das constradições, não perdeu tempo e vá de pedir e dar explicações. Enfim, coisas que até se admitiriam num jornal local ou regional, mas que num diário nacional, ainda para mais num que se quer manter como "jornal de referência" são pouco ou nada toleráveis.
Ontem, ao folhear a última edição do Notícias de Coura, o debate sobre a notícia por antecipação do concerto de Amy Winehouse veio-me de novo à memória. E porquê? Porque o artigo da página 3 (não disponível na edição online), que faz o resumo da reunião da Assembleia Municipal em Padornelo também peca por antecipação. Ou se calhar aqui foi mesmo por distracção.
Assinado por Vaz de Sousa, o texto retrata a noite calma que se viveu no salão da Junta de Freguesia de Padornelo, sem grandes intervenções ou temas quentes em agenda. Tudo bem. Só que o mesmo artigo refere que os nomes mais sonantes do PSD faltaram à chamada, o mesmo acontecendo com os vereadores Décio Guerreiro e José Augusto Viana. Pois... mas se tivermos em linha de conta que José Augusto Viana está a ser substituído por João Cunha e que este esteve sentado na mesa reservada aos vereadores, ao lado dos elementos socialistas, durante toda a sessão, ficamos a pensar que quem escreveu ou não esteve na sala, ou não esteve com a atenção devida.
De resto, Vaz de Sousa transmite bem o que por lá se passou. A ausência de intervenções políticas por parte da oposição (se não contarmos com o pedido de esclarecimento de Catarina Moreira), a apatia de Paula Caldas que, naquele que poderia ser um dos momentos importantes da sessão (a interpelação ao presidente da Câmara) aproveitou para sair da sala, e pouco mais. Uma sessão morna, quase a roçar o frio. Assim como estas noites de Verão que ainda obrigam a um casaco pelas costas.

O biscoito é nosso

A Câmara de Paredes de Coura deu um passo em frente na promoção turística do concelho, dando destaque ao típicos biscoitos de milho que se fazem pela região. Na sequência, aliás, do que tem sido defendido em vários encontros onde o tema “potencialidades de Coura” está em debate. Já por mais de uma vez assisti a intervenções que defendiam a promoção deste produto típico, como elemento catalisador do turismo neste concelho.
A Câmara de Paredes de Coura, contudo, quis ir mais longe e, como se pode ler na edição de hoje do Jornal de Notícias, registou a marca “Biscoito de Milho de Coura” no Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Ou seja, a partir de agora, o biscoito de milho é como a Coca Cola, tem marca registada.
O objectivo da autarquia courense, reza a notícia, é fiscalizar a produção deste biscoito caseiro, implementando critérios de qualidade e, acrescento eu, dando ao produto final uma imagem uniforme que o identifique com o concelho. O problema surge quando, como explica Pereira Júnior, a Câmara quer ser responsável por autorizar ou não o fabrico desse doce a quem o quiser produzir. É que, pelo que se vê, parece estarmos aqui perante um outro caso como o do Bolo Rei Escangalhado que se faz por Braga a arrabaldes e que, nos últimos anos, chegou mesmo a Tribunal, com uma pastelaria, que registou a patente do bolo, a querer impedir que outras a produzissem.
Ora, no caso do biscoito de milho de Coura, como o próprio presidente da Câmara de Coura reconhece, este é feito por várias pessoas, há muito tempo e com aquela designação. E agora, estas pessoas ficam impedidas de comercializar os biscoitos de milho nestas circunstâncias? Espero que não, porque a ser assim, está a tomar posse de um património que, sendo de Coura, não é, nem pode ser da autarquia.

24 junho 2008

Manhã de S. João

A placa defronte da Câmara Municipal diz: "WC Público". Fica a foto, aguarda-se a explicação do "quadro" pintado na madrugada de S. João.

23 junho 2008

Interdita. Outra vez...

Mais uma descarga ilegal de esgotos nas águas do Coura? Parece que sim, diz o Jornal de Notícias, que dá a conhecer os resultados das análises periódicas levadas a cabo pelo INAG. As últimas, feitas na passada segunda-feira, recomendam mesmo a interdição temporária da praia, por parte do delegado de saúde.
A culpa é das vacarias, explica o autarca municipal numa reacção à descarga, dizendo que a situação não é nova. Pois não! Não é de hoje, nem de ontem, nem do ano passado, quando a praia voltou a atingir valores de interdição por duas ocasiões distintas.
Há anos que as vacarias são apontadas a dedo pelos responsáveis pelo bom ambiente de Paredes de Coura, do rio Coura, principalmente. Várias medidas terão sido levadas a cabo, pelo menos a acreditar no que tem sido dito pela autarquia, mas o certo é que continuam a acontecer situações que não podem, de todo, acontecer.
Que não tem forma de controlar as descargas ilegais das vacarias, acrecenta Pereira Júnior ao JN, explicando que é preciso um grande investimento por parte das vacarias para tratar os esgotos e que muitas não tem essa capacidade. Mas, a ser assim, como podem estar a funcionar? É que, como bem referiu o presidente da autarquia na passada sexta-feira, na Assembleia Municipal, sobre o licenciamento de novas fábricas no concelho, as empresas que para cá quiserem vir são obrigadas a tratar os seus efluentes não domésticos. E no caso das vacarias, como é?
A fiscalização à posteriori, a meu ver, não resulta. Nem no caso das descargas ilegais no Coura, nem no caso das descargas (ilegais ou não) nos campos em tempo de preparação dos terrenos. É uma questão de sensibilização que alguns proprietários já têm, mas que outros teimam em não adquirir. Até lá sofre o Coura, sofre o ambiente, sofremos todos.

20 junho 2008

Tecnologia sem serviço

A Assembleia Municipal de Paredes de Coura reúne esta noite, em Padornelo, em mais uma sessão descentralizada, que procura levar a autarquia ao encontro dos munícipes. Uma iniciativa que se saúda desde a primeira hora, reconhecendo, contudo, que os resultados práticos têm sido muto poucos, como referiu, aliás o presidente da AM na última reunião, lembrando a fraca participação da população.
Não será, porventura, devido a isto que pouca gente vai às reuniões, mas o certo é que a autarquia também não aposta muito na sua divulgação. Veja-se, por exemplo o que acontece no site da Câmara Municipal onde, na página respectiva, se podem consultar os editais da AM. Pois, mas acontece que o que lá está é o edital das deliberações da assembleia de 24 de Abril. Foi a última, pois então, mas se pensarmos que a convocatória nunca por lá apareceu, como não aparece a da reunião de hoje… fica-se a pensar para que serve.
Mas não é caso único. Na página ao lado, dedicada à Câmara Municipal, o cenário ainda é mais desolador, pois as actas das reuniões do executivo, com carácter quinzenal, estão de tal forma desactualizadas que a última diz respeito à reunião de 7 de Abril último, já lá vão mais de dois meses. Como presumo que não seja para esconder o que por lá se vai decidindo, não se percebe o porquê do site não estar mais actualizado!
Tenho para mim que é um desperdício das potencialidades tecnológicas que estão à disposição do município, e dos munícipes já agora. Ainda para mais quando, por outro lado, se procura dar à população livre trânsito no uso das novas tecnologias, de que são exemplo a rede Wi Fi na vila e a futura rede de fibra óptica que, até ao final do ano, vai ligar alguns pontos do concelho. Abre-se a casa às visitas, mas deixamo-las penduradas na entrada?

19 junho 2008

Socorro (2)

Apesar das dificuldades faladas no post anterior, há sempre uma mão amiga para dar a mão a quem não olha para o lado quando precisamos de uma mão. Que o digam os Bombeiros de Paredes de Coura que se preparam para receber mais quatro viaturas, duas ambulâncias e dois auto-tanques, numa oferta do município francês de Cenon.
São os primeiros reflexos da visita da comitiva courense àquela cidade, há duas semanas, com os bombeiros franceses a ficarem sensibilizados pela situação da corporação courense e a fazerem esta oferta, a troco do simbolismo de um euro.
Tratam-se de viaturas usadas, é certo, mas ainda assim em bom estado de conservação, pois as corporações francesas, à semelhança do que acontece noutros países, são obrigadas a renovar a frota periodicamente, independentemente da utilização dos veículos. Que venham, portanto, estes quatro “novos” veículos para os Bombeiros de Paredes de Coura, como já vieram outros, oferta de emigrantes courenses. Mesmo sem dinheiro para o combustível, são uma mais valia que pode fazer a diferença na actuação dos soldados da paz neste concelho.


Foto retirada daqui.

Socorro!

O pedido de ajuda dos bombeiros portugueses é, no mínimo, original, pois se é a eles que estamos habituados a recorrer quando precisamos, precisamente, de socorro. Mas é também uma acção que só vem pôr ainda mais a descoberto a má situação financeira por que passam muitas corporações de bombeiros nos dias que correm. E os aumentos consecutivos do preço dos combustíveis vieram agravar ainda mais o aperto que são as contas diárias das associações humanitárias.
Socorro, pedem eles. Como nós, contribuintes singulares ou colectivos que, de cada vez que vamos abastecer o carro, damos conta de que os 10 euros já praticamente não chegam para sair da estação de serviço. Imagine-se, por isso, o que não devem passar os bombeiros e outras instituições de solidariedade social que, sem os lucros das empresas, lutam pela sobrevivência. Imagine-se o que é um aumento de “apenas” 15 cêntimos por litro de gasóleo, quando estamos a falar de alguns milhares de litros por mês. Pois… é fazer as contas!
O protesto dos bombeiros é, também por isso, de respeitar. E a ver se têm a mesma sorte que os camionistas na semana passada. Pelo menos tiveram a responsabilidade de não cortar estradas, de não atacar os colegas que não estão solidários com a sua causa e não paralisaram os serviços. Aliás, as corporações de bombeiros que aderiram a esta iniciativa fizeram questão de salientar que o serviço não será colocado em causa e que ninguém ficará sem auxílio se dele necessitar.
Pelo menos por enquanto, avanço eu, porque da maneira que isto anda ainda estou a ver os bombeiros a deixarem ambulâncias paradas por não terem dinheiro para as abastecer. Sobre o apoio aos bombeiros, aliás, não posso deixar de recordar uma situação vivida há alguns meses, com os Bombeiros de Paredes de Coura a pedirem apoio financeiro ao Governo para a compra de equipamento que diziam indispensável ao seu bom serviço. A resposta do Governo Civil de Viana do Castelo não podia ser mais elucidativa, ao passar a “batata quente” para as mãos da Câmara Municipal, como quem: nós não temos, peçam a outro.
No mesmo barco, das dificuldades financeiras, estão as forças de segurança, nomeadamente, e no que nos diz respeito, a GNR. Aliás, não são de agora as dificuldades sentidas por esta força policial em relação aos transportes, nomeadamente a falta de viaturas quando algumas das que têm ao serviço necessita de recolher à oficina. Imagine-se o que não será agora com o preço dos combustíveis a subir em flecha!

18 junho 2008

A análise

Pois é, a pergunta do inquérito mudou e ficou por fazer a análise dos resultados, como bem lembrou um comentário ao post anterior. Pois bem, “a pedido de várias famílias”, como costuma dizer-se, aqui ficam os resultados finais da questão que colocava frente a frente, na corrida à Câmara Municipal de Paredes de Coura, três possíveis candidatos do PS e outros tantos do PSD.
Como referido no outro post dedicado ao assunto, não se quer com isto fazer qualquer tipo de análise política, apenas olhar de forma directa para os resultados que, também como se ressalvou anteriormente, valem o que valem, eventualmente até poderão nada valer.
Uma coisa, contudo, parece ser certa: quem andou a votar em António Esteves na escolha dentro do PS, parece ter continuado a votar no presidente da concelhia socialista quando em confronto com a oposição, pois o actual vereador continua a reunir a maioria dos votos. Se a coisa fosse a sério, tínhamos António Esteves na cadeira do poder.
Do lado social-democrata é João Cunha quem conquista a melhor posição, em segundo lugar, com 26% dos votos, à frente da terceira figura mais votada, José Augusto Pacheco, actual presidente da Assembleia Municipal courense. Para trás ficou, como tinha ficado no inquérito inicial, Pereira Júnior, o presidente em funções.
De referir, contudo, que os votos atribuídos ao espectro socialista batem, de longe, os que vão para a área social-democrata. O que pode dizer que há mais votantes do PS, por um lado, ou que este partido vai ter mais dificuldade em avançar com um nome para encabeçar uma lista candidata a 2009, por outro lado. Mais isto já era dar alguma importância a uma sondagem deste tipo que, como se sabe, vale apenas… o que vale.

17 junho 2008

Memórias

O inquérito na coluna aqui ao lado tem já uma nova questão, relacionada com a edição deste ano da Feira Mostra de Paredes de Coura. Uma edição que, a meu ver, só teve a ganhar com a associação da Expoleite, certame de cariz agro-pecuária levado a efeito pela associação Vessadas.
Gostei de ver a componente agrícola, que me trouxe à memória algumas recordações de outros tempos. Dos tempos em que me entretinha a ver os meus avós paternos de volta das dez ou doze vacas “leiteiras” que nos forneciam o leite de todos os dias. Tempos sem ordenhas mecânicas, em que eram umas mãos calejadas pelo trabalho na terra que tinham a seu cargo a suave tarefa de aproveitar ao máximo o leite de cada “turina”.
Hoje em dia, na minha terra Natal como aqui no Ato Minho, o pequeno produtor de leite, aquele que, tal como a minha avó, ia todos os dias de bicicleta ao posto entregar o produto do dia, deixou de existir. Os postos de recolha fecharam. A produção só compensa aos grandes produtores, com várias dezenas de animais e uma forte componente mecânica a ajudar no dia-a-dia. E a produção artesanal ficou para subsistência, ou se calhar nem para isso.
Foi, por isso, com alguma nostalgia, que no sábado ao cair da noite, quando passava junto à exposição de bovinos no Largo 5 de Outubro, detive-me a assistir durante um bocado à ordenha que decorria àquela hora. Na memória imagens de outros tempos, à minha volta todo cenário do que se pretende para a agricultura actualmente. Máquinas, mecanismos e toda uma série de apoios (financeiros, logísticos, estruturais) para que o produto da terra continue a gerar (ainda que pouco) rendimento. E ali perto, em conversa, muitos dos que foram forçados a deixar a agricultura de lado e se voltaram… para o nada.

13 junho 2008

Todos à Feira

Começa hoje mais uma edição da Feira Mostra, que promete animar a vila durante o fim de semana. Este ano, contudo, e pela primeira vez desde que ando aqui por estas bandas, além das tradicionais barraquinhas de artesanato e das inevitáveis tasquinhas o programa traz-nos uma outra feira dentro da feira: a Expoleite.
Organizada pela Vessadas, a Expoleite (re)introduz os animais na Feira Mostra, com exposição de vários exemplares, nomeadamente de bovinos da raça Frísia, com a realização na tarde de domingo, do 1º Concurso Regional da Raça Frísia do Alto Minho. Mas traz mais! Traz provas de degustação de carne minhota e uma “Oficina do Pão”, por exemplo, assim como actividades equestres e uma componente teórica que tem o seu ponto alto no workshop sobre “Valorização do património rural” que decorre amanhã no CEIA.
Espera-se, por tudo isto, um crescimento qualitativo de uma Feira que pode ter muito para mostrar deste concelho, desta região, mas que ainda tem um longo caminho a percorrer nesse sentido. Não basta, como diria uma amiga minha, a mistura constante que nos é oferecida de concertinas e ranchos folclóricos. São representativos do Minho? São, embora de outra geração. São factores de atracção? São, mas apenas para uma determinada faixa.
Como diz actualmente Francisco Sampaio, ex-responsável do turismo no Alto Minho, esta região precisa de atrair melhores turistas, que garantam uma estadia mais longa. Faltam as camas, eu sei, mas não faltará também uma oferta mais diversificada, que não apenas de concertinas e ranchos folclóricos, para trazer esses turistas?

09 junho 2008

Dia de Portugal, de Camões e dos protestos

Cavaco Silva assinala mais um 10 de Junho em Viana do Castelo. A cidade foi tomada de assalto pelos muitos militares dos três ramos das forças armadas que amanhã de manhã desfilam no Campo da Agonia. O Presidente da República chegou mais cedo, porque já hoje teve um dia cheio, repartido entre recepções e homenagens.
Desengane-se quem, contudo, julgar que vão ser dois dias de festa, porque este ano, além de assinalar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, o 10 de Junho vai ser também o dia dos protestos. Pelo menos em Viana do Castelo. A começar nos protestos anónimos, aqueles que mais dizem porque quem o diz não tem a coragem de mostrar a cara. Um panfleto que andou a ser despejado pelas ruas da capital alto-minhota apela a um protesto negro contra o actual estado do país. E o protesto pode passar por um saco de plástico pendurado na janela (não pode ser papel, já que assim protegíamos o ambiente?) até usar roupa negra quando sair à rua.
Ainda procurei nas minhas gavetas, mas a única t-shirt negra que tenho tem dois problemas: por um lado tem na frente a capa de um álbum dos AC/DC já com uns aninhos, o que me podia fazer passar por desactualizado face ao panorama actual do país e da música em geral; por outro lado, tal como o álbum, a t-shirt já tem alguns dez anos e, além de um buraquinho debaixo da manga, recorda-me a fase em que pesava menos uns quilinhos e a t-shirt ainda me servia.
Mas os protestos não se ficam por aqui. Amanhã de manhã, eventualmente enquanto o PR aprecia o desfile dos tanques no Campo da Agonia, o seu chefe da Casa Civil recebe o movimento Alto Minho Contra as Portagens. Acho bem. É aproveitar que o homem está cá por cima, porque para ir lá abaixo a Lisboa teriam de desembolsar uns euros valentes para as portagens.
Por último, não podia faltar outro protesto, no mínimo original. Ou se calhar, no máximo. Falo da manifestação que um grupo de skaters de Viana do Castelo quer fazer para reivindicar a construção de um espaço onde possam partir as cabeças. A manifestação não foi autorizada, mas não estou a ver isso a ser impedimento para uma qualquer manobra acrobática deste grupo. A ver vamos.

Rescaldo

Dois dias apenas e tanto que contar. Um fim-de-semana marcado pela ausência das cúpulas de Paredes de Coura algures em terras de França. Marcado, igualmente, por dois golos ali perto (mais perto de França do que de nós, entenda-se), mas que foram muito festejados cá pelo nosso bairro. Uma Feira das Ciências que animou o Centro Cultural, numa altura em que já se vislumbra, lá mais para o final da semana, nova Feira, mas desta feita, a Feira Mostra, que este ano promete mais.
Comecemos pelo princípio, como diria Gabriel Alves, célebre comentador desportivo. Mas não vamos ainda ao desporto, fiquemos antes pela cultura. A mesma que levou uma grande comitiva de courenses a Cenon, algures ali nos arredores de Bordéus, “cidadezinha” pequena de “apenas” 23 mil habitantes que encontrou no nosso Território com Alma motivos suficientes para celebrar um protocolo de geminação.
São, deste modo, cidades irmãs, Coura e Cenon, unidas pela cultura, para começar, mas que prometem estreitar laços em muitos outros sectores. Disso mesmo foram tratar os vários elementos que compuseram a comitiva courense que partiu na quinta-feira e regressou ontem, depois de cumprido o programa de recepção que os franceses, bem assessorados por uma courense lá radicada, prepararam para bem os acolher. Entre as várias actividades, a atribuição do nome do concelho alto-minhoto a uma linha de metro de Cenon. Para Agosto, em cheio nas festas do concelho, está prometida a paga: uma comitiva de Cenon vai estar por cá para conhecer melhor o concelho e o município deverá dar a uma rua courense o nome da “irmã” francesa. Pode ser que a sorte calhe à variante à EN303?
E será apenas o primeiro de muitos acordos de geminação firmados por Paredes de Coura? Desconhece-se, mas não seria de estranhar que o concelho, que acordou tarde para esta história das cidades irmãs, até porque nem cidade é, se venha a render às vantagens, porque desvantagens não as haverá, de firmar acordos vários com outros municípios. Para já, em fila de espera, podem estar Catoira, aqui ao lado na vizinha Pontevedra, e Magnac sur Trouve, outra cidade francesa onde os courenses já levaram as cores da nossa terra.
Mas, enquanto a comitiva de Paredes de Coura estava por terras gaulesas, por cá também se dava espaço e tempo à cultura. Primeiro com a Feira das Ciências que o agrupamento de escolas levou a efeito sexta e sábado no Centro Cultural. E no domingo foi a vez do folclore assentar arraiais no Largo Hintze Ribeiro e, mais tarde, na Casa Grande. Pelo meio, houve lugar ao desporto e aos festejos da primeira vitória portuguesa no Europeu de futebol. Com pouca gente nas ruas, é certo, mas como diz o povo, ainda a procissão vai no adro. De louvar a transmissão do jogo no Centro Cultural, especialmente por estarmos num concelho que ainda não é totalmente coberto pela emissão da TVI. A ver se nos próximos também temos a mesma sorte e as portas continuam abertas.

04 junho 2008

Protegidos?

Não consigo sequer comentar o que se lê aqui, aqui e aqui. Tristes notícias para uma zona que se quer um "santuário" da vida animal. Enfim...

03 junho 2008

Imagem de marca (2)

E por falar na divulgação de Paredes de Coura, de referir que o concelho tem vindo a ser promovido em diversos roteiros turísticos, daqueles que os jornais e revistas lançam todos os anos em maré de pré-férias. Ainda recentemente o roteiro oferecido pela revista Visão, no fascículo dedicado ao Minho, não deixava de passar por Paredes de Coura, com algumas indicações e informações para os visitantes, ressalvando, contudo, que o concelho não tem a riqueza de outras localidades vizinhas.
O leque de sugestões oferecido pelo suplemento da Visão incluía o Museu Regional, na sua vertente etnográfica, e a rede municipal de percursos pedestres, que considera uma excelente maneira de explorar a fauna, a flora e as tradições locais. O CEIA ocupava também lugar de destaque, bem como as actividades desenvolvidas em toda a área de paisagem protegida do Corno de Bico.
A revista aconselha ainda uma passagem por Cossourado, mais concretamente pela cividade, com seus vestígios da Idade do Ferro. Uma menção que, diga-se em abono da verdade, é novidade neste tipo de roteiros que, tal como acontece por cá, não têm dado grande importância àquele bocado de História.
Sem qualquer efeito de surpresa ficamos ao ver as sugestões de comidas e dormidas que por cá se oferecem aos visitantes. O roteiro da Visão aconselha o Conselheiro para o repasto, como tem acontecido invariavelmente em todas as publicações do mesmo género, o que só atesta o prestígio que a casa gerida por Vilaça Pinto tem sabido manter no panorama gastronómico nacional. Para dormir, a escolha recaiu na Casa das Cerejas, em plena área protegida. Uma unidade de turismo rural que tem conseguido cativar a atenção de turistas e dos media, nomeadamente do guia, de reconhecido prestígio, “Boa cama e boa mesa”, publicado anualmente pelo jornal Expresso.

02 junho 2008

Imagem de marca

Há uns anos, em conversa de café, discutia-se a visibilidade de Paredes de Coura nos meios de comunicação social nacionais. À parte o fenómeno Festival, é raro saírem notícias sobre o concelho e, quando saem, nem sempre são as que agradam a quem cá está, como já ficou patente em algumas intervenções públicas.
Mas, voltando à tal conversa, tida seguramente há alguns cinco anos, havia quem lembrasse que Paredes de Coura podia seguir o exemplo de Moledo, Caminha, que beneficiava da visibilidade que lhe era dada, fosse directa ou indirectamente, de cada vez que o maestro António Vitorino de Almeida falava sobre o seu lado mais dedicado ao lazer e recordava as passagens pela praia alto-minhota. Ideia que voltou à baila algum tempo mais tarde, quando Durão Barroso foi eleito primeiro-ministro e Portugal inteiro acompanhou as férias do governante pelas areias e esplanadas de Moledo.
Agora, volvidos alguns anos, eis que ouço novamente a mesma ideia, desta feita aplicada a Ricardo Araújo Pereira (RAP). O humorista esteve em Coura na passada sexta-feira para apresentar o seu livro e para trocar dois dedos de conversa com quem esteve no Centro Cultural. Entre alusões ao património de Paredes de Coura, e às meninas que pontilham os acessos pelas Pedras Finas, houve alguém que pediu a RAP que, de ora em diante, vestisse as cores de Paredes de Coura e aproveitasse a sua visibilidade mediática para divulgar o concelho.
A ideia até nem seria descabida se se tratasse de uma pessoa que vem a Paredes de Coura com alguma frequência, o que não é o caso. E no caso de RAP, já por diversas vezes este aludiu às suas origens alto-minhotas, ainda que remotas, e por aí se ficou, dando a entender que a sua ligação ao concelho se resume a apenas isso e à influência que essa vivência minhota que lhe foi transmitida pela avó e pela mãe consegue ter nas suas criações.
Mas, repito, a ideia não é de todo descabida. Há que aproveitar todos os caminhos que podem dar mais notoriedade ao concelho e se isso passar por colocar as figuras públicas a falar de Coura, que assim seja. Veja-se, a título de exemplo, o artigo que ontem saiu no Correio da Manhã com Mário Cláudio, que escolheu Paredes de Coura por opção, a tecer rasgados elogios a este município. À espera de que, como ele, venham mais.

29 maio 2008

A arte de repartir

A notícia do Semanário Económico não é nova, mas como assunto não perdeu actualidade, trago aqui mais um exemplo da forma desigual como é tratado o distrito de Viana do Castelo. Nada de novo também, portanto. Basta termos em linha de conta os valores do último PIDDAC para verificarmos que Viana já há muito havia caído no esquecimento de quem nos governa.
A análise do quadro do Semanário Económico, cujos créditos vão para aqui, só vem comprovar isso mesmo. O quadro apresenta a distribuição do investimento previsto para os vários distritos do país e a evidência é só uma e é aquela que já se esperava: Lisboa parte à frente e com mais de uma volta de avanço em relação a todos os outros.
A Viana do Castelo é reservada uma fatia de apenas 71 milhões de euros, 0,3% do bolo total. Um valor que é, apenas, o terceiro mais baixo de toda a lista. Atrás de nós ficam somente Portalegre e Castelo Branco. No investimento per capita ficamos ainda mais abaixo, só seguidos por Castelo Branco que, curiosamente, não apresenta qualquer valor de investimento.
Numa altura em que se fala de desertificação, será esta a melhor maneira de contrariar a tendência que se tem vindo a verificar num distrito que, apesar de algumas franjas mais desenvolvidas, continua a necessitar de muito investimento? Não será este um ciclo a evitar, ou seja não se investe porque não há população, e esta é cada vez menos devido à falta de investimento?

O senhor que se segue


Estas coisas das sondagens, como é hábito dizer-se, valem o que valem. E no caso de se tratar de um inquérito feito através da Internet o seu valor é ainda mais subjectivo. De qualquer das formas, dão-nos sempre uma vaga ideia da forma como andam as ideias. Falo a propósito do inquérito que habitualmente ocupa lugar de destaque na coluna da direita deste blogue e que, nas últimas semanas, questionava sobre quem seria o candidato que PS e PSD deveriam apresentar nas autárquicas do próximo ano.
Numa análise assim ao de leve, e sempre tendo em conta que os resultados duma iniciativa deste género nada têm de científico, destaca-se, logo à partida, o facto de, no Partido Socialista, a escolha da maioria dos participantes não ter recaído sobre o actual autarca. Cansados de Pereira Júnior? As razões são desconhecidas, mas o certo é que, no que ao PS diz respeito, Pereira Júnior foi apenas uma terceira escolha. Quem de direito que ire daí as ilações, se a isso se quiser dedicar.
Por outro lado, realce-se o facto de António Esteves, presidente da concelhia socialista, ter sido o nome que mais votos recolheu, eleito por 29% dos participantes. Mais uma vez desconhecem-se as razões, por isso só podemos especular se se trata de recompensa pelo trabalho feito nos últimos mandatos ou outra coisa qualquer. A fechar o pódio, com 21% das votações, surge José Augusto Pacheco, actual presidente da Assembleia Municipal de Paredes de Coura. É público, contudo que a promoção a líder do Executivo camarário não é vista com bons olhos por alguns elementos do seu próprio partido.
Do lado dos social-democratas, a surpresa pode residir na votação maioritária (21%) que foi atribuída a Paula Caldas, logo seguida de João Cunha, o novo líder do PSD courense, que ficou a um voto de distância da deputada municipal. Conhecido o terceiro mais votado, Fernando Carranca com 17%, fica-se com a ideia de que, mais uma vez, esteve em destaque a eterna rivalidade a que se assiste no PSD de Paredes de Coura.
Mas há, no meu entender, mais duas situações dignas de reparo. Por um lado, verifica-se que os nomes que o PSD tem levado a sufrágio nas últimas eleições, foram relegados para segundo plano. Por outro lado, registe-se que uma grande percentagem (16%) dos participantes optava por outro nome para concorrer à Câmara.
Na coluna da direita está agora novo inquérito, que reúne, numa única questão, os três mais votados de cada partido. Participe!

27 maio 2008

Dificuldades

Sobre este assunto, Pereira Júnior diz, em declarações à Rádio Geice, que a falta de plano de ordenamento dificulta o trabalho da autarquia na Área de Paisagem Protegida do Corno de Bico. Acredita-se e espera-se que, em Lisboa, haja quem acredite e dê valor a este propósito do município. É que estamos à espera desde 1999...

Sugestão de leitura

A Feira do Livro de Paredes de Coura abre as portas amanhã. E até domingo os livros vão ser os reis e senhores do Centro Cultural de Paredes de Coura. Uma feira que, apesar da sua reduzida dimensão, quer em espaço, quer em tempo, consegue superar algumas das suas congéneres das redondezas.
O mesmo acontece com o seu programa cultural que, não misturando com os livros aquilo que deve ter um espaço à parte, consegue reunir alguns focos de atracção. Veja-se o caso da presença entre nós do escritor António Torrado, numa sessão dedicada aos mais novos, e ainda de Ricardo Araújo Pereira, que vem a Paredes de Coura divulgar o livro que publicou no ano passado e que reúne as suas crónicas na revista Visão. De destacar também o projecto escolar “Uma aventura em Cabo Verde”, que promete trazer a cultura daquele arquipélago à nossa terra numa série de actividades ao longo de toda a feira.
E já que estamos em maré de Feira do Livro, aproveito para deixar aqui uma sugestão de leitura. Aliás, não se trata apenas de uma sugestão de leitura porque, além do texto, o livro em questão vale também pelo espólio fotográfico que apresenta. Ahh… e tem a vantagem de estar, de algum modo, relacionado com Paredes de Coura. Falo de “Casas de Escritores no Minho”, com textos de Secundino Cunha e fotos (as actuais, claro está) de Sérgio Freitas. O livro, como o próprio título indica, retrata, e retratar é aqui o verbo certo, 15 casas de escritores que nasceram ou viveram no Minho, desde João Verde, em Monção, até Raul Brandão, em Guimarães.
E, como não poderia deixar de ser, relembra também a passagem de Aquilino Ribeiro por Terras de Coura, com a Casa Grande Romarigães a ocupar algumas das páginas desta obra. Ali se evoca o tempo que o escritor viveu por cá, a reconstrução da Quinta da Senhora do Amparo e a ligação, afectiva e não só, que ficou desses tempos até hoje, incluindo um depoimento de Aquilino Ribeiro Machado, filho do autor de “A Casa Grande de Romarigães”.
“Casas de Escritores no Minho” traz-nos, aliás, o testemunho de familiares dos diversos escritores analisados, numa perspectiva mais pessoal do que foi a sua vivência nestas paragens. Disso mesmo falou o seu autor na apresentação da obra, qem passagens recentes por Monção, Vila Nova de Cerveira e Valença, na feira do livro deste concelho. Curiosamente Valença, ao contrário de Paredes de Coura, não tem qualquer casa ou escritor retratados na obra em questão, mas ainda assim o município resolveu apostar na divulgação deste livro.

23 maio 2008

A rádio do vizinho

Na era da Internet e da televisão, a Rádio continua ser um dos melhores, senão mesmo o melhor meio de comunicação para transmitir uma qualquer mensagem. Então se estivermos numa zona rural, com uma população dispersa e pouca dada às novas tecnologias, é a velha telefonia que continua a dar as melhores e as piores notícias. A Rádio faz, por isso, falta a Paredes de Coura.
O concelho, apesar de ter uma frequência atribuída, não tem qualquer emissão local há mais de dez anos. A falecida Rádio Coura perdeu-se no correr do tempo e a frequência que lhe cabia foi passando de mão em mão. Enquanto esteve na posse da Rádio Capital ainda chegou a ser utilizada, se bem que apenas como retransmissor do que se fazia por Lisboa, mas agora está simplesmente muda, calada, apesar de haver quem deseje o regresso da Rádio a Paredes de Coura.
A propósito disso, recordo um abaixo-assinado que há uns anos, quatro ou cinco se não estou em erro, circulou pelo concelho na busca de assinaturas suficientes que permitissem a recuperação da antiga frequência e o regresso à sua exploração por uma rádio de características locais. Desconheço se o abaixo-assinado teve seguimento, mas como continua tudo na mesma desconfio que não deu em nada.
Paredes de Coura continua, deste modo, a depender das rádios instaladas em municípios vizinhos para trazer até aos courenses as novidades do que por aqui vai acontecendo. E assim, dependendo do local onde nos encontramos, os rádios podem estar sintonizados em emissoras de Arcos de Valdevez, Ponte de Lima ou Valença. Ou ainda em duas das estações que emitem a partir de Viana do Castelo e onde o concelho ainda consegue ter algum tempo de antena.
Por Paredes de Coura temos apenas o sistema sonoro que está espalhado pelas ruas do centro da vila. Não, não é uma rádio local, mas é o que de mais aproximado temos e tem, pelo menos, a vantagem de divulgar as actividades que por aqui vão tendo lugar. Uma espécie de som ambiente como que o têm os hiper e supermercados, só que em vez de publicitar as promoções da semana, dá a conhecer o programa das festas do dia.
A rádio local, essa, continua a ser um sonho. Mas há que admitir que fazia falta, mais não fosse por ter a possibilidade de se assumir como um verdadeiro órgão de informação para o concelho. Se houver condições para essa rádio funcionar e interessados em avançar, uma coisa garanto: podem contar com a minha assinatura.

19 maio 2008

A ironia da Natureza

Pode até ser uma simples coincidência, mas não deixa de ser irónico. E, quem sabe, pode até ser utilizado como instrumento de pressão. Basta, para tal, que convidem o ministro do Ambiente ou o presidente do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade.
Em causa está a realização em Paredes de Coura, nos próximos dias 14 e 15 de Junho, das jornadas promovidas pela Aldeia, cujo tema é, precisamente, a Gestão de Áreas Protegidas. Com um programa rico, onde se inclui a visita à Área de Paisagem Protegida do Corno de Bico, neste concelho.
Acontece que esta área protegida, criada em Setembro de 1999, aguarda, praticamente desde essa altura, pela aprovação do seu plano de ordenamento. Uma espera longa, está bom de ver. Tão longa que nem mesmo o ministro do Ambiente parece dar conta do recado. Pelo menos a fazer fé nas promessas que deixou por cá aquando da inauguração do Centro de Educação e Interpretação Ambiental daquela área protegida. Foi em Julho do ano passado.
Na altura, recorde-se, Nunes Correia garantia que, até ao final desse ano o ICNB teria o plano de ordenamento aprovado. Quase um ano depois, continua tudo na mesma. A ver se, com as jornadas sobre Gestão de Áreas Protegidas, alguém se lembra de trazer na pasta o tal plano, aquele que falta para um melhor funcionamento da Área de Paisagem Protegida do Corno de Bico.

Foto retirada daqui.

16 maio 2008

O outro lado de Pereira Júnior

"Quase se podia dizer que dos últimos não reza a história, tal a pequenez dos números que lhe são atribuídos. O sétimo bem merecia melhor sorte. António Pereira Júnior, Presidente da Câmara de Paredes de Coura sofre talvez pela frieza e incaracterística do seu concelho. Mas é de realçar o seu empenho no combate à desertificação, na defesa da sua área protegida do Corno do Bico, na construção dum excelente Parque Desportivo e de toda a estrutura urbana da Vila.Pereira Júnior dá o seu suporte ao maior Festival de Música de Verão na Praia Fluvial do Tabuão que atrai em Agosto dezenas de milhares de jovens a conhecer o Minho. Mas o facto de a auto-estrada passar nos limites poentes do seu concelho marginalizou bastante esta bacia do Alto Coura que decerto Júnior, com a sua “coragem e visão”, se dispusesse de meios, faria progredir ainda mais."


Excerto do post Crónica Política - Um inquérito fatal para alguns Presidentes de Câmara, da autoria de Manuel Trigo. Ler o texto completo aqui.

14 maio 2008

Vou ali ao lado abastecer e já venho...

Quinze. É o número mágico do dia… Quinze aumentos do preço dos combustíveis desde o início do ano. Pois… mas a carteira continua a ser apenas uma.
Não sou economista, nem quero saber como é obtido o preço final dos combustíveis, antes ou depois de impostos. E o preço do petróleo, esse, passa-me ao lado. A mim, como consumidor final que sou, importa-me apenas uma coisa: o preço final do produto e esse, infelizmente, não tem parado de aumentar. Aliás, tem aumentado na mesma proporção dos aumentos recordes dos lucros das gasolineiras, inclusivamente a nossa.
É isso que interessa a todos os portugueses que, de cada vez que vão abastecer o depósito do carro, esvaziam cada vez mais a carteira. E depois admiram-se que os portugueses, especialmente os das zonas fronteiriças, deixem os postos nacionais às moscas e se dirijam, quase em fila indiana, ao lado de lá da fronteira para atestar.
Basta atravessar a ponte de Valença para ver o aglomerado de automóveis que se gera logo na primeira bomba de gasolina que se vê em Espanha, quando, alguns metros atrás o último posto antes da fronteira está praticamente fechado. E se avançarmos mais alguns quilómetros Espanha adentro o preço dos combustíveis desce ainda mais.
A ser assim, não é de admirar que a viagem até à fronteira ganhe cada vez mais adeptos. Com diferenças que chegam quase aos 25 cêntimos por litro só pode ser assim. E, se ao combustível no depósito, acrescentarmos mais algum num garrafão improvisado e uma ou duas botijas de gás na mala do carro, mesmo indo contra a Lei, a poupança sobe e de que maneira e, sinceramente, no estado em que estão as coisas, é isso que interessa aos consumidores.
Mas também em Portugal há postos de abastecimento de combustíveis com preços mais concorrenciais. Aliás, ainda há pouco tempo foi criado o Mais Gasolina, que dá conta dos preços dos combustíveis um pouco por todo o país e mostra isso mesmo, as diferenças entre várias marcas, entre várias localidades, entre vários postos nas mesmas localidades. É a concorrência, claro, a trabalhar em prol dos consumidores. Curiosamente os melhores preços aparecem nos postos que estão ligados a grandes superfícies comerciais que, mesmo comprando os combustíveis às gasolineiras, conseguem melhores preços que estas. Vá-se lá saber porquê...

Garantias


Procura-se: garantia para reparar danos em edíficio público com pouco mais de três anos. Oferece-se boa recompensa.




12 maio 2008

Parcómetros quase pagos

Se o objectivo inicial era o ordenamento do estacionamento no centro urbano de Paredes de Coura, passado pouco mais de um ano da entrada em funcionamento dos parcómetros, pode também dizer-se que este foi um bom negócio. É que, pelas contas da autarquia, o investimento inicial está praticamente saldado e daqui para a frente é só lucro.
De acordo com a informação veiculada pela Câmara Municipal de Paredes de Coura, as receitas do estacionamento pago à superfície rondam os 2500 euros mensais no período de Inverno, aumentando para mais do dobro durante o Verão. Ou seja, estimando que o período de Verão se reporte apenas aos meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro, temos qualquer coisa como 20 mil euros de receitas apenas nestes quatro meses. Valor igual ao que se obtém com a recolha mensal de 2500 euros nos restantes oito meses do ano.
Ora, sabendo de antemão que o investimento feito nas dez máquinas cobradoras que começaram a funcionar em Janeiro do ano passado foi de cerca de 50 mil euros, podemos dizer que o investimento feito pela Câmara de Paredes de Coura está prestes a ser amortizado na sua totalidade. Com receitas estimadas de 40 mil euros/ano, as máquinas ficam pagas em pouco mais de um ano e, muito embora a Câmara admita que a função dos parcómetros não era fazer ganhar dinheiro, é isso que vai começar a acontecer, para gáudio dos cofres do município.
Mas, se o estacionamento pago à superfície parece estar no bom caminho, mau grado as críticas aquando da sua entrada em funcionamento, já o mesmo não acontece com os parques de estacionamento subterrâneo. Com despesas de funcionamento bastante elevadas e pouca adesão por parte dos automobilistas, os dois parques continuam a gerar uma receita praticamente residual. E não se percebe, por exemplo, porque é que muitos automobilistas continuam a optar pelos parcómetros, quando o custo do estacionamento subterrâneo é consideravelmente inferior ao que é praticado à superfície.

07 maio 2008

Espantalhos e "bandalhos"

Os primeiros surgiram numa iniciativa da Câmara de Paredes de Coura, em parceria com vários estabelecimentos de ensino e associações culturais do concelho. Os segundos apareceram por iniciativa própria, num fim-de-semana prolongado e, ao que parece, tresloucado.
Já não são de agora os actos de vandalismos cometidos a coberto da noite, especialmente ao fim-de-semana, e que tomam como alvo diverso mobiliário urbano da vila. E assim depois de uma noite de copos, é ver caixotes do lixo estragados, paredes pichadas, bancos danificados... No fim-de-semana passado, contudo, os “bandalhos” arranjaram um entretenimento novo, os espantalhos que alguns se dedicaram a embelezar, e que outros, eventualmente com dor de cotovelo, não quiseram deixar de danificar. E inclusivamente roubar, pois logo na primeira noite dois deles desapareceram.
Falta de diversão na noite courense? Provavelmente, mas nem isso é desculpa para estragar um dos atractivos que a autarquia tinha previsto para quatro dias de animação na sede do concelho. Que bonita imagem de Paredes de Coura dão esses indivíduos que se dedicam a estragar o alheio…
Não falo, como referiu um anónimo em comentário ao post anterior, em clima de impunidade. Porque, por um lado, creio que a pouca GNR que “toma conta” do concelho à noite tem mais com que se preocupar, e porque, por outro lado, creio que o problema não tem a ver com criminalidade ou insegurança. Tem, isso sim, a ver com falta de respeito para com os outros, aqueles que perderam algumas horas para tentar dar mais vida a um centro urbano que, pelos vistos, para estar animado, só precisa de meia dúzia de “bandalhos” que não gostaram de ser trocados por bonitos espantalhos.

05 maio 2008

O regresso do Celeiro

Num fim-de-semana dedicado à agricultura, não pude deixar de notar, com agrado, que ainda há muita gente que se preocupa com o cultivo dos campos em Paredes de Coura. Muitos, muitos mesmo, é certo, continuam abandonados, mas há ainda muita gente que amanha a terra, a maior parte para sustento próprio. Precisamente por isso, nos últimos tempos, com o agudizar da crise que paira sobre o nosso país, vi muitos campos que estavam votados ao esquecimento a ganhar novamente vida.
Batatas, couves, cebolas… Um pouco de tudo para encher a despensa e poupar a carteira, porque, se o tempo é de apertar o cinto, há que aproveitar ao máximo o que a terra nos dá. Longe vão, contudo, os tempos do “Celeiro do Minho”. Um cenário que, a bem da verdade, nunca cheguei a conhecer. Nem o frenesim do cultivo de batatas na Boalhosa de que muitos falam.
Mas, numa altura em que se fala, e de que maneira, no aumento do preço dos cereais e das consequências dessa situação, o “Celeiro do Minho” surge nos meus pensamentos, mais do que como uma recordação de algo que não conheci, mas como uma resposta ao aumentos dos preços, uma solução para aumentar a oferta deste bem essencial.
Sonhos utópicos, claro, mas que não deixam de tocar na questão principal, a quebra da produção. Portugal é, cada vez mais, dependente de outros países no que respeita ao consumo de cereais, como de outros produtos de primeira necessidade. E no entanto, a produção agrícola está muito longe do que já foi. Os subsídios para não produzir sobrepõem-se à necessidade de sermos auto-suficientes.
Veja-se o que aconteceu há algum tempo com o leite. A União Europeia impôs as suas quotas, multou quem produziu mais do que o autorizado, e há alguns meses chegou a falar-se em falta de leite. Especulação? Certamente, mas também incompreensão quando se está perante um cenário de falta, por um lado, e de proibição de produzir mais, por outro.
Com os cereais não será também um pouco assim, esta contradição de factores que, por um lado, nos leva a abrir os cordões à bolsa para matar a fome, e por outro lado nos deixa as terras vazias porque não queremos/podemos produzir?

Inquérito

O inquérito habitual da coluna da direita tem, agora, uma questão dupla. Ou melhor, a questão é a mesma e diz respeito ao eventual candidato à Câmara de Paredes de Coura, mas tem duas versões: uma dedicada ao Partido Socialista; outra ao Partido Social Democrata, mudando os nomes indicados e em que se pode votar.
Deste modo, quando se acede a página inicial do Mais pelo Minho e a página é carregada, surge uma das versões, de forma aleatória. Para ver a outra, e votar se for caso disso, é necessário recarregar a página (fazer reload, refresh, actualizar, etc).
Participe!

30 abril 2008

Multas (II)

Fará sentido um contribuinte ser multado por acreditar num documento que lhe foi dado por um funcionário das Finanças a atestar a regularidade da sua situação fiscal quando, afinal, o documento estava errado?

28 abril 2008

Abril fora de horas

É incrível a forma como a Assembleia Municipal de Paredes de Coura consegue adivinhar, todos os anos, o discurso do Presidente da República por ocasião do aniversário do 25 de Abril. No ano passado Cavaco Silva falou na necessidade de evitar os actos rotineiros e deixar a iniciativa à sociedade civil e, vai daí, a AM de Paredes de Coura apresentou essa explicação para justificar “a posteriori” a não realização da sessão comemorativa da Revolução. Este ano, ainda o Presidente não tinha falado do alheamento dos jovens e já a Assembleia Municipal courense, com isso se preocupava. Só assim se entende que tenham agendado a sessão comemorativa do 25 de Abril para começar noite dentro, já depois da meia-noite.
A hora tardia, invulgar, eventualmente até imprópria para uma cerimónia do género, só pode ter sido pensada de forma a cativar os jovens courenses que a essa hora andariam pelos bares da vila e arredores e que, desta forma, teriam a oportunidade de assistir à sessão solene da passada quarta-feira. Os planos correram mal, contudo, pois os jovens não se dignaram aparecer na AM. Nem os jovens nem os mais velhos, pois exceptuando os membros da Assembleia, da Câmara e os funcionários da autarquia, nem uma meia dúzia de pessoas assistiu à Assembleia Municipal, depois de mais de três horas de espera. Nada de novo, portanto.
A novidade foi, realmente, o horário a que decorreu a reunião e a publicidade enganosa feita pelo município, que anunciava a sessão comemorativa do 25 de Abril para as 21 horas do dia 24. Afinal, para essa hora estava prevista a Assembleia Municipal, sim, mas a sessão ordinária de Abril. A sessão solene, devidamente convocada, só teria lugar depois da primeira acabar, o que viria a acontecer já depois da meia-noite de 25.
Sinceramente, nunca tinha visto nada assim. A convocatória dizia expressamente que a sessão teria início assim que terminasse a sessão anterior. O regimento nada diz a este respeito, mas é no mínimo estranho, tanto mais que, numa sessão normal, quando se atinge a meia-noite é necessário pedir autorização ao plenário para continuar os trabalhos para além desta hora. Então, e para começar uma reunião depois da meia-noite já não há problemas?
Já para não falar na situação pouco ética, no mínimo, que é os deputados municipais auferirem duas senhas de presença com apenas uma deslocação e, diga-se em abono da verdade, uma única reunião… pois só a mudança de lugares na mesa ditou a transformação do que era ordinário em extraordinário. Ou seja, duma assentada só, os deputados municipais levaram para casa 110 euros. Nada que lhes não seja devido, é certo, mas fica muito mal na fotografia receber sem mostrar trabalho.
E para culminar, e dar ainda um toque mais surrealista ao retrato da sessão comemorativa, só mesmo lembrar a ausência completa do PCP da reunião da passada quinta-feira. De uma e de outra, refira-se, mas com maior impacto na sessão comemorativa do 25 de Abril, onde têm lugar de destaque os líderes de cada uma das bancadas políticas. E assim foi, mas do Partido Comunista ninguém. Nem um substituto se dignaram enviar, para ler um discurso encomendado que fosse. Ficou em branco. E ainda há quem se admire do alheamento dos jovens!

24 abril 2008

Abril (II)

De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
um menino que sorriu
uma porta que se abrisse
um fruto que se expandiu
um pão que se repartisse
um capitão que seguiu
o que a história lhe predisse
e entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo que levantava
sobre um rio de pobreza
a bandeira em que ondulava
a sua própria grandeza!
De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
e só nos faltava agora
que este Abril não se cumprisse.
Só nos faltava que os cães
viessem ferrar o dente
na carne dos capitães
que se arriscaram na frente.

José Carlos Ary dos Santos
"As portas que Abril abriu" (excerto)

Pode ver o poema integral aqui. A foto é de Eduardo Gageiro.

Abril

Ao contrário do que aconteceu no ano passado, este ano Paredes de Coura vai ter sessão solene da Assembleia Municipal para assinalar mais um aniversário do 25 de Abril de 1974. Parece que desta vez não houve complicações de agenda e lá conseguiram arranjar um tempinho para debater Abril. Mas é já hoje à noite e não no próprio dia. Dirão as “más-línguas” que é para não estragar o fim-de-semana prolongado, dirão outros que se trata de uma forma de tentar atrair mais algum público, que teima em manter-se afastado deste tipo de actos.
O importante, contudo, é que vai haver sessão. Não obstante o apelo do Presidente da República no ano passado, que pedia mais intervenção da sociedade civil, discurso que foi utilizado, inclusivamente, por elementos do Partido Socialista na AM de Coura para justificar a não realização da sessão comemorativa no ano passado. Um ano volvido, contudo, parece que a intervenção de Cavaco Silva já não faz sentido e eis que volta a homenagem. E ainda bem, digo eu. A importância de Abril ainda é tal, ou pelo menos deveria ser, que a sessão anual de troca de galhardetes é o mínimo que se pode exigir.
O mínimo, digo eu, porque há quem faça mais. Veja-se o caso de Valença, aqui tão perto, que tem, inclusivamente, um grupo dedicado a este assunto, a Comissão Valenciana para as Comemorações do 25 de Abril. Será que lá se dá mais importância à conquista da Liberdade? Acho que não.
Aliás, em Paredes de Coura também temos mais iniciativas, promovidas precisamente pela dita sociedade civil. Atente-se no que faz, ano após ano, a Associação Cultural de Mozelos, que no passado dia 12 nos trouxe a memória das músicas de Zeca Afonso, a memória da Revolução de Abril. O mesmo Zeca, a mesma Revolução que, se evoca no próximo sábado à noite, no Centro Cultural, com a AJANORTE – Associação José Afonso. E ainda, Zeca Afonso uma vez mais, igualmente no Centro Cultural de Paredes de Coura, numa exposição foto-biográfica do cantor nascido em Aveiro e imortalizado em todo o país.
Pequenos tributos, grandes homenagens, duma batalha que se continua a travar todos os dias. Sempre que há alguém que se esquece de Abril, 25.

22 abril 2008

Sem custos, sem alternativas

Será a ausência de alternativa uma alternativa? Parece que sim. Pelo menos assim parece pensar o Governo, sempre que volta a falar, a teimar, na intenção de instalar portagens nas actuais vias em regime de SCUT, ou seja sem custos para o utilizador. Mas será que aqueles senhores que andam lá por Lisboa conhecem alguma estrada que não apareça no mapa, que o resto dos cidadãos comuns não conheça?
Pensar que a EN13, entre o Porto e Viana do Castelo é uma alternativa à A28 só demonstra uma de duas coisas: desconhecimento absoluto da situação real daquela via ou alheamento puro e simples do que se passa nesta zona do país. É que à EN13 já nem sequer se pode chamar estrada nacional, tal a transformação a que foi sujeita nos últimos anos, que a tornou mais próxima daquilo que conhecemos como uma rua citadina do que uma via nevrálgica do mapa rodoviário nacional que já foi, em tempos idos.
Ainda se lembram dos tempos em que o tempo de espera para atravessar a ponte de Fão era de tal ordem que se podia abandonar o carro na fila e ir comprar uma dúzia dos saborosos pastéis ali ao lado para saciar o apetite? Pois é, na altura é que não havia alternativa. Agora há, é a A27, uma via com perfil de auto-estrada mas que surge apenas e só como a sucessora da EN13, nunca como uma via complementar, a utilizar apenas por aqueles que não querem perder horas no labirinto da velha estrada nacional.
Dizem alguns, pelos jornais e pela blogosfera, que as intenções governativas de cobrar portagem já estão no terreno, com a instalação de um portal ali nas imediações de Vila do Conde. Também já o vi. E ignorei-o. Não sou capaz de encontrar uma justificação plausível para a sua existência. Sei, contudo, que será mais um travão para o desenvolvimento do Alto Minho. Pior, será um travão para evitar o empobrecimento desta região periférica, onde se inclui Paredes de Coura. Ou será que pensam que o trânsito daqui para Sul e vice-versa não vai ser afectado por essa decisão do Governo?
Valha-nos que, ao mesmo tempo que surgem estas notícias, surge na Internet um movimento organizado que procura chamar o ministro à razão. Como? Recolhendo assinaturas, muitas, tantas que possam impedir o avanço desta medida penalizadora de todos quantos utilizam as actuais SCUT mas também de todos aqueles que, não as utilizando, delas beneficiam. Ou julgam que o transporte de mercadorias ou passageiros não vai ser influenciado pelo custo das portagens ou pelo tempo gasto a mais nos ditos "percursos alternativos". Alternativos à portagem, realce-se, não ao trajecto em si.
Eu já assinei. Aqui.

21 abril 2008

(Des)Unidos

O velho ditado diz que a união faz a força. Há alturas, contudo, em que mais parece estarmos perante uma união à força. E mesmo nestas alturas há sempre quem, mesmo forçado, teime em gritar de revolta.
Aparentemente está tudo bem, todos os dez municípios do distrito de Viana do Castelo estão, finalmente, de acordo quanto à criação de uma comunidade a dez. Aparentemente... Ai, ao que obrigam os fundos comunitários.

18 abril 2008

Tempos difíceis (actualizado)

Primeiro foi a Artezin, na zona industrial de Castanheira. Agora foi a vez da Arminho encerrar as portas, culminando um processo cujo desfecho já se adivinhava há algum tempo. Não era de agora que se ouvia falar em problemas naquela empresa de capitais alemães e, por diversas vezes, a administração teve necessidade de vir a público sossegar os trabalhadores. Afinal, o fecho aconteceu mesmo.
No espaço de menos de um mês cerca de 60 pessoas ficaram sem emprego. Uma dúzia na fábrica de ferramentas de Castanheira, as restantes na fábrica de quadros instalada há quase vinte anos em Nogueira. Estes últimos com salários em atraso, a maior parte com mais de quatro meses de ordenado por receber.
Números muito difíceis para um concelho que luta todos os dias contra a desertificação e vê fugir-lhe, quase de uma só assentada, duas empresas que, mais não fosse, representavam a fixação em Paredes de Coura de algumas dezenas de pessoas. Ainda na última edição de O Coura, Albano Sousa, correspondente de Castanheira, se congratulava por na zona industrial daquela freguesia estarem a surgir novas empresas, e principalmente por serem de empresários courenses. Ainda bem que assim é. São, no entanto, pequenos projectos que não trazem mais que dois ou três postos de trabalho e eventualmente a maioria deles até nem será novo, apenas terá vindo para ali transferido de outro ponto do município.
Faltam os grandes projectos, sejam eles de Paredes de Coura ou de outro lado qualquer, mas que por aqui se fixem, para que ajudem a fixar as populações. E já nem falo num grande investimento como os que surgiram e vão surgir no futuro em Valença, Monção ou Ponte de Lima, com a subsequente criação de largas centenas de postos de trabalho. Para esses, temos de ser realistas, não temos capacidade. E já não falo sequer das sempre referidas fracas acessibilidades. Não temos, simplesmente, gente suficiente para “alimentar” uma fábrica que “consome” diariamente 400, 500 ou mais funcionários. Veja-se o que aconteceu, por exemplo, com uma fábrica que há uns anos se instalou em Castanheira com o objectivo de criar 100 postos de trabalho e que, até hoje, ainda não conseguiu reunir funcionários suficientes para atingir esse número.
Que venham, que continuem a vir, novos projectos, de pequena, mas sobretudo de média dimensão. Parece que há alguns interessados, pelo menos a fazer fé nos pedidos que têm sido feitos à autarquia e nos protocolos que têm sido estabelecidos para a cedência de lotes. Mas que se assegurem, também, as condições para manter em laboração todas as outras empresas que por aqui resistem. Para que não assistamos à criação de 20 postos de trabalho num dia, e ao fecho de uma fábrica que lança 40 funcionários no desemprego, no dia seguinte.


(Actualização)
No caso concreto da Artezin, que funcionava desde Janeiro de 1998 na zona industrial de Castanheira, é de estranahr, contudo, o encerramento, quando, há cerca de um ano, os proprietários diziam que a fábrica estava financeiramente estável e se preparavam para ali investir 300 mil euros na renovação do parque de máquinas. Inclusivamente chegaram a pedir à Câmara, o que foi aceite, que lhes fosse libertada a reserva de propriedade sobre o espaço que ocupavam, para o poderem entregar como garantia do investimento. Um ano depois, precisamente depois de terminar o período em que o terreno ainda reverteria para a autarquia, o desfecho foi, infelizmente, outro.

16 abril 2008

Por cá também vai ser assim...

A notícia de hoje do Jornal de Notícias só surpreende quem nunca saiu da cidade, quem nunca teve de enveredar pelas muitas curvas e contracurvas que ainda fazem parte do mapa rodoviário do nosso país. Só é de lamentar que, por causa da geografia e da falta de alternativas, haja ainda quem continue a ser alvo de uma discriminação num sector que se pretende global, universal: a Saúde.
O mau estado das estradas não pode, não deve, ser justificação para a má prestação de cuidados de saúde. Mas, infelizmente, vai continuar a ser. Seja no Peso da Régua, seja em Paredes de Coura.

O parque que nunca mais vira jardim

Não foi promessa eleitoral. Nem poderia ser, porque na altura ainda os parcómetros não tinham visto a luz do dia. Mas o certo é que, já por mais que uma vez, que foi anunciada a morte do parque de estacionamento do Penedo da Veiga, em Paredes de Coura. A última vez, uma intervenção de Pereira Júnior na Assembleia Municipal, já conta com mais de um ano em cima. Na altura, respondendo a quem pedia a reforma urgente do piso daquele local, o autarca respondeu que o futuro daquele espaço já estava traçado: seria transformado num jardim.
Nesta como em tantas outras situações, mais de um ano passou e… tudo na mesma. Os carros continuam a acotovelar-se naquele parque de estacionamento que, por falta de marcações no piso e de civismo dos automobilistas, vive todos os dias situações caricatas, nomeadamente automóveis estacionados de modo a tapar a saída a outros.
O prometido jardim continua, certamente, numa gaveta qualquer, à espera do “OK” da autarquia ou, eventualmente, de alguns milhares de euros para transformar o parque do Penedo da Veiga numa zona de lazer, num espaço verde ao invés do recanto negro de alcatrão que hoje ali temos. E no entanto, à primeira vista, a autarquia só teria a ganhar com a transformação daquele parque de estacionamento. Por um lado obrigaria os cerca de 30 carros que ali param todos os dias a procurar novo poiso, quem sabe até se num dos parques de estacionamento subterrâneos. Por outro lado contribuiria para o embelezamento daquela zona, que neste momento ostenta um claro contraste entre as traseiras dos Paços do Concelho, devidamente arranjadas e embelezadas.
Aliás, com um pouco de imaginação, até poderia ser possível remodelar a famosa “rotunda” ali mesmo ao lado., aproveitando algum do espaço do actual parque de estacionamento. O que falta?

14 abril 2008

Silêncio

Fará sentido ter um bar a funcionar até altas horas da madrugada no rés-do-chão de um edifício habitacional quando não estão reunidas as devidas condições de isolamento acústico? E se for uma discoteca? A resposta, a ambas as questões, é apenas uma: não. Como explicar, então, o que se vê um pouco por todo o lado, inclusivamente em Paredes de Coura?
Veja-se, por exemplo, a recente abertura da antiga discoteca Albergaria, que funciona principalmente aos fins-de-semana, encerrando perto das quatro horas da manhã. Faria sentido se estivéssemos a falar de um equipamento devidamente insonorizado, ou em alternativa afastado das habitações de modo a não incomodar quem procura dormir a horas decentes. Não é, contudo, o que se verifica.
Que o digam, por exemplo, todos os que, de Dezembro a esta parte, têm dormido na única residencial da vila ao fim-de-semana. Bem…, dormido é como quem diz, porque só se consegue silêncio depois daquele estabelecimento de diversão encerrar. E quem paga? Paga quem lá tem de dormir por não ter outra opção. Paga o proprietário da residencial que, semana após semana, vê os clientes fugirem… do barulho.
E aqui levanta-se a questão em torno da qual tudo gira: quem é que licenciou, ou eventualmente deixou por licenciar, o funcionamento duma discoteca naquelas condições? Pois… quem tem competência nessa matéria, a respectiva Câmara Municipal. A mesma Câmara Municipal que tem a seu cargo a fiscalização do ruído e autoriza a abertura de bares e similares até às 4 horas da manhã, em zonas residenciais e, em muitos casos, mesmo por debaixo de habitações. De que vale, depois, chamar a GNR para se queixar do barulho se o mesmo foi praticamente autorizado pela autarquia?
É claro que o município pode sempre argumentar que recebeu a "batata quente" (da fiscalização) das mãos de um Governo que lhe deu essa competência e esqueceu-se de lhe dar os meios para o fazer. Pois, aí até terá razão. Inclusivamente, num caso verificado no passado, a autarquia chegou mesmo a dizer que teriam de ser os moradores a pedir uma medição do ruído, porque a Câmara não teria verba para tal. No caso da discoteca, contudo, nem isso serve de desculpa, até porque já terá sido feita essa medição a pedido da autarquia. Só que, três meses volvidos, ainda não são conhecidos os resultados. Ou seja, os números da medição continuam desconhecidos, a discoteca continua a funcionar…
A finalizar, uma questão: será que o concelho ganha mais em ter uma discoteca aberta nos moldes em que esta se encontra, e acreditar que a mesma está licenciada, ou por outro lado, será que tem mais vantagens em manter em funcionamento a única residencial que se oferece a quem visita a vila?

Multas

Será que faz sentido um automobilista ser multado por confiar nos documentos do carro que lhe foram fornecidos, com dados errados, pela conservatória do registo automóvel?

10 abril 2008

O povo é quem mais ordena?

A pergunta do título parece não ter razão de ser, décadas depois da Revolução de Abril e do período conturbado que se lhe seguiu, altura em que o povo marchava nas ruas clamando o reconhecimento de direitos que a liberdade lhes concederia. Mas será que, 34 anos depois, o povo manda alguma coisa? Melhor dizendo, será que o povo é escutado por quem decide?
Diz quem sabe do assunto que não, que o poder decide sem a participação dos cidadãos. Essa é, pelo menos, a principal conclusão da tese de mestrado em Administração Pública apresentada por Arnaldo Ribeiro, de Viana do Castelo, e que foi convertida no livro “Governância Municipal – cidadania e governação nas câmaras municipais portuguesas”. Na sua base estão as respostas da maioria dos municípios portugueses a um inquérito levado a cabo pelo autor, através das quais este conclui que, apesar da participação dos cidadãos ser considerada importante pelos dirigentes autárquicos, muitas vezes não existem mecanismos para acolher essa participação.
A tendência, contudo, será para minimizar essas limitações. Exemplo disso são os encontros promovidos em torno da Agenda 21 Local, onde os cidadãos deram, e vão continuar a dar, a sua opinião, o seu contributo para aquilo que defendem ser o melhor para o concelho no futuro. Aliás, o próprio Arnaldo Ribeiro fez questão de participar numa das reuniões da Agenda 21 realizadas em Paredes de Coura, integrando um grupo de munícipes interessados e que viram nesta iniciativa uma oportunidade para dizerem o que falta ao município e, por outro lado, aquilo que pode ser aproveitado, dinamizado, apoiado. Uma reunião onde temas como o turismo e as acessibilidades estiveram em cima da mesa, numa discussão serena, sem limites ou imposições e de onde, eventualmente, poderão sair grandes ideias para um Paredes de Coura no futuro.
Se essas ideias serão ou não levadas em conta por quem gere as autarquias é já outra história, mas penso que o primeiro passo, eventualmente o mais importante, já foi dado: abriu-se a porta à participação dos principais interessados, os munícipes. O povo é quem mais ordena? Não, mas pode e deve ser ouvido por quem tem de ordenar.

08 abril 2008

Ambiente bucólico

A praia fluvial do Taboão é, sem sombra de dúvida, um dos pontos fulcrais no que ao turismo de Paredes de Coura diz respeito. É também, julgo eu, um dos locais mais apreciados pelos courenses. Eu, por exemplo, sou daqueles que, num final de tarde solarengo, depois de um dia de trabalho, gosta de retemperar energias com um passeio à beira rio, respirando no meio daquela mancha ainda mais verde de Paredes de Coura.
Por outro lado, já não aprecio tanto o bulício que toma conta daquele espaço ao fim-de-semana, especialmente se o tempo convidar a passeios em família ou em excursão. Sobre este assunto, aliás, já por aqui deixei a minha opinião que consiste, basicamente, em criar condições para acolher, numa zona que não o núcleo central da praia fluvial, os muitos grupos de turistas que ali acorrem nessas alturas. O ideal, tendo até em conta o acesso rodoviário que foi feito do outro lado do rio, era criar daquele lado as infra-estruturas necessárias para melhor receber quem nos visita de farnel debaixo do braço, nomeadamente mesas e cadeiras e uma zona de apoio com água corrente. Ao que parece, segundo li na imprensa local, o assunto já foi analisado pela autarquia, que equaciona a instalação deste tipo de equipamentos algures naquele espaço.
Outro aspecto que, na minha opinião, deveria ser tido em linha de conta, prende-se com a falta de civismo de algumas das pessoas que frequentam a praia fluvial, nomeadamente aquelas que, fazendo letra morta das proibições que por lá existem, teimam em levar animais para aquela zona. Eu sei que há animais e há animais e que não sou eu quem vai atirar a primeira pedra, mas há que pensar em duas coisas: higiene e segurança. Ainda um dia destes assisti a uma “luta” entre dois cães em que valeu a determinação do dono de um deles para evitar maus resultados. Bem sei que há donos e donos, mas os animais não têm culpa se os donos não têm o bom senso de respeitar os direitos dos outros.
Pior acontece quando, como se pode ver na foto, ao invés de um cão, nos deparamos, em plena praia fluvial, mesmo junto aos balneários, com… um rebanho de ovelhas, a pastar descansadamente na superfície ajardinada que todos nós, courenses, pagamos à Câmara para tratar. Sei que é o ambiente bucólico de Paredes de Coura que traz cá muitos turistas, mas isto não será um exagero?

03 abril 2008

Escola velha, casa nova

Quase quatro anos depois do encerramento das escolas primárias espalhadas pelas 21 freguesias de Paredes de Coura, muitas há que já ganharam nova vida, nova ocupação. Outras existem, contudo, que continuam como ficaram na altura… abandonadas. Algumas, inclusivamente, já estavam fechadas aquando do encerramento global.
A grande maioria dos edifícios, contudo, continua ocupada. Umas ainda contam com a presença diária de crianças, outras trocaram os mais pequenos pelos mais velhos, sendo agora centros de dia para idosos.
E depois há também aquelas que receberam, ou vão receber, projectos de maior envergadura. É o caso do Abrigo de Peregrinos de Rubiães, que deu nova vida às ruínas da Escola da Costa, ou do projecto de instalar o arquivo do escritor Mário Cláudio na antiga escola primária de Venade. Curiosamente, num edifício que está ocupado actualmente, mas que certamente a autarquia desocupará para receber o espólio do escritor.
Restam, no entanto, alguns edifícios que não foram ocupados. E outros que, tendo sido cedidos a terceiros, permanecem subaproveitados. Património que, à semelhança do que acontece noutros concelhos, poderia ser rentabilizado. Ainda recentemente, a Câmara Municipal de Vouzela anunciou que ia vender vários edifícios escolares desactivados, numa operação que, ao mesmo tempo, evita a deterioração dos imóveis e se traduz numa fonte de receita para a autarquia.
Ao que parece, e tendo em conta o que vê noutros lados quer com escolas quer com as antigas casas dos guardas florestais, há mercado para este tipo de negócio. Além disso, seria, porventura, uma boa forma da Câmara de Paredes de Coura conseguir alguma verba para fazer face a despesas correntes. À semelhança, aliás, do que pretendeu fazer com a venda de três apartamentos e três lotes de terreno que anunciou há dez meses. Um negócio que possibilitaria ao município o encaixe de mais de 600 mil euros. Mas, dez meses volvidos, desconhece-se se a venda foi bem sucedida e se, nesse caso, as finanças da autarquia estão mais desafogadas ou se o dinheiro foi aplicado noutra coisa.

01 abril 2008

Migalhas e pão de forma

Muito se tem falado de panificação e seus derivados nos últimos tempos, a começar nos temidos aumentos do preço do pão e a terminar na migalha que os portugueses dizem ir poupar com a descida do IVA em 1%. Que não se trata de uma migalha, garantia ontem o nosso ministro da Economia, ele que até dizia que a crise já havia acabado há mais de um ano… mas ter-se-á esquecido de avisar o seu superior hierárquico. Mas, se não é uma migalha, será o quê? Uma carcaça? Um “bijou”? Ou um pão de forma? Daqueles já sem côdea e com o coração enriquecido com vitaminas.
Comecemos pelo pão, pelo verdadeiro pão. Aquele que os industriais do sector dizem que não podem aguentar mais com o actual preço. Pois, se tudo sobe, porque não há-de subir o preço do pão? E como se não chegasse o aumento do custo dos cereais e dos combustíveis, há ainda que ter em conta coisas como a recente taxa que a Câmara Municipal de Paredes de Coura resolveu criar para aplicar sobre a distribuição do pão ao domicílio no concelho. Coisa pouca, na ordem dos 38 euros anuais, mas que sempre é mais um custo a engrossar a factura da produção… e do custo final.
Tal como parecem ser coisa pouca os 110 mil euros que o município courense conta arrecadar, este ano, com o IRS dos que aqui têm o seu domicílio fiscal. Parece, mas não é, porque caso contrário a autarquia não teria quaisquer problemas em abdicar dessa receita em benefício dos seus munícipes, como fizeram outras câmaras pelo país fora. A explicação de Pereira Júnior, de que não podia tomar a decisão de baixar o IRS sem saber o impacto dessa medida nas contas da Câmara, deixa muito a desejar. Até porque, se a própria oposição foi capaz de fazer as contas e chegar ao valor dessa receita, mais fácil seria para a maioria na câmara.
E chegamos finalmente à migalha, a tal que Sócrates parece ter lançado aos portugueses do alto da varanda de um qualquer hotel de cinco estrelas numa noite escura. Ele bem a viu quando decidiu descer o IVA em um ponto percentual. O povo cá em baixo é que a terá perdido de vista na descida vertiginosa. De tal modo que fica-se a pensar se, efectivamente, esse desconto se vai sentir na carteira. Eu penso que sim. Sei que baixou, de cinco para quatro por cento, mas ainda assim permanece compensador. Ahh… não falo do IVA, falo do desconto imediato que os portugueses têm nas compras aqui ao lado, em Espanha. É que lá também há migalhas. E pão de forma.