14 março 2008

E sai mais um...

Primeiro foi a EDP. Depois os anúncios sucessivos do mais que provável encerramento do tribunal e do centro de saúde. Agora fala-se no fecho de mais um serviço público: as finanças.
Ao que parece o Ministério das Finanças encomendou um estudo com vista à reorganização (leia-se redução) do aparelho fiscal português. O estudo, que está pronto há algum tempo mas só agora conheceu a luz mediática do dia, aguardará apenas a aprovação em Conselho de Ministros.
Invariavelmente, o estudo não nos traz, a Paredes de Coura, qualquer benefício. Muito pelo contrário, corremos o risco de ser fortemente prejudicados por um mapa fiscal que se preocupa com os euros que pode poupar ao Estado e esquece as populações. Isto porque o que defende aquele documento, no caso concreto do nosso concelho, é a fusão dos serviços locais de finanças de Paredes de Coura, Vila Nova de Cerveira e Caminha. Não fala onde irá funcionar essa repartição de finanças conjunta, mas a fazer fé no que aconteceu com a EDP… lá teremos de ir à foz do Minho tratar dos nossos impostos.
Não estará na hora de avançar a ideia sugerida há vários meses por Pereira Júnior, presidente da Câmara de Paredes de Coura, que defendia a criação de uma espécie de Loja do Cidadão em terras de Coura? Claro que sim.
O objectivo do autarca courense, que na altura teimava em afastar os maus presságios que noticiavam o fecho de vários serviços públicos no concelho, era juntar num mesmo edifício os serviços, ainda que minimizados, das finanças, segurança social, cartório e conservatória. Inclusivamente, Pereira Júnior via no edifício do Tribunal, parcialmente desocupado, o espaço ideal para essa Loja do Cidadão.
É certo que a ideia não é do autarca courense, pois a criação de lojas do cidadão de segunda geração em todos os concelhos é um dos objectivos defendidos pelo Governo. Não importa. O que interessa aqui é que esta poderia ser a solução para minimizar a deslocalização de serviços para fora de Paredes de Coura.

13 março 2008

Tão perto, tão longe, tão diferentes...

Paredes de Coura, Ponte de Lima e Viana do Castelo. Três municípios tão próximos, e não digo só geograficamente, mas com posturas tão diversas. Basta pegar nas notícias dos últimos dias e verificar as diferenças.
A Rádio Geice dá-nos a conhecer que a Câmara de Viana do Castelo embargou um aterro ilegal de detritos resultantes da construção de um parque de estacionamento subterrâneo naquela cidade. Se bem se lembram, e como mostra a foto, não foi o que se fez por aqui.
Já Jornal de Notícias traz-nos a preocupação do autarca de Ponte de Lima com a eventual passagem do TGV por aquele concelho, anunciado que Daniel Campelo foi recebido pelo ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações e que o município vai dar a sua contribuição nos estudos do futuro traçado. E nós, por Paredes de Coura, que fazemos? Aguardamos...

12 março 2008

É só um saltinho

O ministro do Negócios Estrangeiros está hoje em Monção para inaugurar o arquivo municipal daquele concelho. O nosso, de Paredes de Coura, ficou sem inaugurar por causa da substituição da ministra da Cultura.
Na altura, o presidente da Câmara de Paredes de Coura chegou mesmo a dizer que o arquivo ia entrar em funcionamento sem esperar pela visita de qualquer governante. Ia, mas não entrou. Os trabalhos ainda decorrem e a inauguração estará agora aprazada para finais do corrente mês.
Mas, se era por causa de ter algum membro do Governo a cortar a fita, porque não aproveitar a presença de Luís Amado aqui ao lado. De Monção a Coura é um saltinho de 20 quilómetros...

10 março 2008

Uma coisa que dá pena

O primeiro alerta foi dado há vários anos. Seguiram-se outros, muitos. Até hoje, contudo, tudo continua na mesma no miradouro da Pena, ali em Mozelos. À espera da derrocada?
A localização é estratégica. O miradouro edificado no santuário de Nossa Senhora da Pena, em Mozelos, tem tudo para ser um ex-líbris do concelho. A começar pela localização e a terminar no cenário envolvente que permite avistar grande parte do concelho, com destaque para a vista que oferece da vila de Paredes de Coura. É, no entanto, uma visita desaconselhada, dado o mau estado de conservação daquela estrutura, que pode colocar em risco quem ousar usufruir de uma vista sem igual.
Não se julgue, no entanto, que a situação é recente. Não, muito pelo contrário. Uma breve consulta aos jornais dos últimos anos mostra-nos que há muito se alerta para a necessidade de obras urgentes naquela estrutura. Terá sido Eduardo Daniel Cerqueira quem primeiro chamou a atenção para aquela situação, numa sessão da Assembleia Municipal de Paredes de Coura, lembrando o que tinha acontecido na ponte de Entre-os-Rios. O miradouro não é, contudo, propriedade da autarquia, mas sim da Confraria de Nossa Senhora da Pena. A mesma que, alguns anos depois, em 2004, constatava o mau estado da escadaria e dos pilares que sustentam o miradouro. “O ferro está à mostra e pode-se ver que está todo podre”, referiu na altura um dos responsáveis da Confraria, preocupado com o que poderia acontecer aos muitos turistas que ali acorrem.
Mais dois anos passaram e, em Março e Abril de 2006 o assunto volta às páginas dos jornais. As notícias dão-nos conta da preocupação conjunta da Junta de Freguesia de Mozelos, da Câmara de Paredes de Coura e da Confraria, que davam como garantida a construção, até ao Verão daquele ano, de um miradouro em metal, como os que existem no Corno de Bico, para substituir a velha estrutura de betão.
O Verão de 2006 passou, assim como o de 2007. O miradouro ficou, deteriorado, envelhecido, perigoso… Dezembro de 2007 traz mais novidades num processo que tende a ficar na história de Paredes de Coura como mais de obra prometida e nunca concretizada. Em Dezembro de 2007, a Assembleia de Freguesia de Mozelos aprova o plano de actividades daquela junta para o corrente ano e, surpresa das surpresas, lá aparece novamente a construção do miradouro da Pena. Será para avançar? Ou será que, numa altura em que se fala de projectos turísticos para aquela zona, estão à espera que seja o tão falado hotel a arcar com os custos do miradouro. Os turistas, esses, não esperam e continuam a subir… sem medo e sem conhecerem o perigo.

03 março 2008

Eu é que sou o presidente da junta!

A questão da independência partidária dos presidentes de junta voltou a estar na ordem do dia na assembleia municipal de Paredes de Coura. Em causa a moção de rejeição apresentada pelo autarca da vila, mas aparentemente subscrita pelos restantes colegas do concelho, a criticar as alterações previstas para a lei dos eleitos locais, com enfoque especial para a impossibilidade de votarem o plano de actividades e o orçamento da câmara.
“Enquanto estiver aqui este presidente [Pereira Júnior] estamos seguros”, desabafou a determinada altura Joaquim Felgueiras Lopes, referindo-se ao facto de o plano de actividades da autarquia courense ser feito com a participação dos vários presidentes de junta, o que não acontece noutros municípios do país em que os autarcas locais são praticamente ignorados. Mas, diz Venâncio Fernandes, do PSD, o que acontece é que muitos presidentes de junta votam favoravelmente apenas “para não prejudicarem a sua freguesia.
“É por isso que o PSD concede liberdade de voto aos seus elementos”, explicou o social-democrata, referindo que são os próprios presidentes de junta que, não raras vezes, dizem que “a sua independência é colocada em risco”. Uma argumentação que lhe valeu as críticas do líder da bancada socialista. “Nenhuma freguesia foi prejudicada e a estatística pode prová-lo”, referiu Vítor Paulo Pereira, acrescentando que “os presidentes de junta devem usar da sua liberdade em todo o lado”.
Não é, contudo, de agora, que surgem críticas ao eventual condicionamento dos autarcas das freguesias na relação com a Câmara Municipal. Ainda recentemente, por ocasião da discussão do orçamento da Câmara de Paredes de Coura para o corrente ano, os vereadores do PSD deram a entender isso mesmo na reunião do Executivo que aprovou aquele documento. Décio Guerreiro e José Augusto Viana votaram contra o documento e desde logo informaram que os presidentes de junta teriam liberdade de voto por, explicaram, compreenderem a dificuldade que teriam em acompanhar aquele voto contra.
O documento acabaria por ser aprovado, apenas com seis votos em sentido contrário. O mesmo aconteceu com a moção de rejeição apresentada na passada sexta-feira, que mereceu o voto contra apenas de um elemento, precisamente um presidente de junta do PSD, Anésio Barbosa. Curiosamente, o mesmo Anésio Barbosa que, em Maio do ano passado, dizia que estar disposto a deixar a junta por causa de promessas não cumpridas pelo presidente da Câmara. Tudo por causa de, explicou na altura, depois de dois mandatos em que foi eleito pelo PS, ter trocado aquele partido pelo PSD, com que venceu a junta nas últimas autárquicas.

As notícias de Coura

A agenda é dos aspectos mais importantes na vida de um órgão comunicação social. É a agenda que mostra todos os eventos do dia, da semana, e que coloca na mão dos editores a escolha dos assuntos que podem fazer a actualidade do dia. É claro que depois surgem outros assuntos que não estavam na agenda, precisamente por serem imprevisíveis, por não estarem planeados, simplesmente porque ocorrem sem qualquer preparativo. Ainda assim, cabe sempre aos editores a escolha dos assuntos que vão preencher as páginas do jornal do dia seguinte, que vão chegar às nossas casas no telejornal desse dia.
Em Paredes de Coura, contudo, ainda há quem pense que pode fazer a agenda dos jornais, das televisões. E quando digo fazer a agenda não estou a falar de organizarem eventos ou iniciativas que podem ocupar lugar nesse plano, para serem submetidas à escolha do editor. Não, em Paredes de Coura há pessoas que julgam que as televisões devem dar notícias sobre o concelho, mau grado a pouca importância que estas possam ter para os jornalistas e, consequentemente para o público.
Ainda na passada sexta-feira, na última sessão da Assembleia Municipal, foi colocada à votação um voto de protesto contra a fraca cobertura noticiosa do concelho feita pela RTP, que tem o descaramento de não colocar as festas do concelho ou a Feira Mostra no topo da sua ordem de prioridades das notícias a dar aos portugueses. Absurdo? Claro. Mais absurdo ainda é esse voto de protesto ter sido aprovado pela maioria dos deputados municipais presentes na reunião, com apenas duas excepções que se abstiveram. Uma delas precisamente o director de um jornal do concelho, talvez por isso mais incomodado com uma proposta deste género.
Sinceramente, não consigo compreender como é possível que, quase 34 anos depois de uma revolução que combateu, também, situações como estas, haja ainda quem pense que pode controlar o que pode e deve sair nos jornais, as notícias que podem fazer a actualidade das televisões, qual lápis azul de outros tempos. E depois ainda há quem diga que essa história do poder local controlar os meios de comunicação dos municípios é uma grande treta. Ao ver o que querem fazer com um órgão de comunicação nacional, honestamente já nem sei o que pensar.
Nem quero imaginar o que vão pensar o presidente da Republica, o primeiro-ministro, o ministro dos assuntos parlamentares, o presidente do conselho de administração da RTP e todos quantos vão receber cópia do voto de protesto aprovado na sexta-feira. O meu palpite é que a primeira coisa que vão fazer é olhar para o calendário para se certificarem de que, sim, efectivamente estamos em 2008.

28 fevereiro 2008

Esclarecido?

“Depois da análise do estudo-prévio à variante de ligação do concelho de Paredes de Coura à A3, foi deliberado, por unanimidade, decidir pelo seguinte traçado: ‘Solução 2 – do nó de Sapardos a S. Bento – a ligar à alternativa 3.1 até à Zona Industrial de Formariz, com ligação à Solução 3, à EN 306 e 303 e assegurar uma ligação à rotunda de Mantelães, início da Solução 1, em Paredes de Coura.” – in acta da reunião do Executivo da Câmara Municipal de Paredes de Coura realizada a 18 de Fevereiro de 2008

Ficou esclarecido? Eu também. É claro que qualquer pessoa percebeu que a solução 1 é a melhor resposta à alternativa 4, mediante uma ligação directa ao atalho 3.5.
Confuso? Não é o único. A decisão do executivo camarário de Paredes de Coura está tomada, mas para quem não conhece o estudo é como se estivessem a falar da possibilidade de viver em Marte com recurso a uma combinação heterogénea de oxigénio e dióxido de carbono. Ou seja, pouco nos diz.
Ficamos a saber que, pelo que depender da autarquia, a ligação à A3 começa em Sapardos e vai passar por S. Bento da Porta Aberta. Por onde exactamente? Isso ainda não sabemos, é aguardar para ver. Lemos ainda que o traçado proposto prevê a ligação à Zona Industrial de Formariz. E aqui já ficamos a saber duas coisas: em primeiro lugar, que os acessos ao parque industrial vão ficar mais facilitados; em segundo lugar, que é abandonada a ideia do traçado anterior de cortar Formariz ao meio.
Por último, a decisão da autarquia dá-nos a entender que a variante vai ligar à nova estrada construída entre Mantelâes e os Dadores, mas que não ficará por aí, continuando até ao outro lado da vila, onde entroncará nas estradas que ligam a Ponte de Lima e Arcos de Valdevez. De tudo isto, e uma vez que não conhecemos o estudo-prévio para saber por onde passa exactamente o traçado (se calhar o objectivo é esse), fica a satisfação de saber que o processo da ligação de Paredes de Coura à A3 está em movimento.

Todos diferentes, todos iguais

A principal fonte de receita das juntas de freguesia é, salvo raras excepções, a verba que lhe é destinada pelo Fundo de Equilíbrio Financeiro. Um valor que é variável, respeitando critérios que têm em conta a área da freguesia e a sua população, levando a que freguesias vizinhas recebam valores diferentes. Não deixa de fazer sentido, tendo em conta que, teoricamente, uma maior freguesia, quer em área quer em habitantes, implicará um maior trabalho.
Já a Câmara de Paredes de Coura prefere não fazer qualquer tipo de discriminação. Exemplo disso é o protocolo assinado no final de Janeiro com as várias juntas de freguesia do concelho, através do qual a autarquia se comprometeu a transferir cinco mil euros anuais para cada junta. Por seu lado, estas ficam responsáveis pela limpeza de valetas, bermas, aquedutos, recintos, largos e espaços municipais.
Uma delegação de competências que se saúda, principalmente por dotar de mais responsabilidade um órgão autárquico que, muitas vezes, não lhe vê atribuída a importância que poderá ter. Estranha-se, contudo, que ao contrário do que acontece com o FEF, aqui não seja feita qualquer distinção quando se trata de calcular o valor a atribuir a cada freguesia.
Se os cinco mil euros anuais, pagos pelo município em suaves prestações mensais, se destinam a tarefas como a limpeza de bermas e valetas, por exemplo, fará sentido que uma freguesia com mais quilómetros de estradas receba o mesmo que outra que, com o mesmo dinheiro, vai gastar muito menos nesse trabalho porque tem menos quilómetros de arruamentos, e necessariamente de bermas, para limpar? Não é, esse mesmo trabalho, noutras ocasiões em que a autarquia delega nas juntas de freguesia, contabilizado ao quilómetro pela Câmara Municipal? Então porque não o é agora?
Atente-se, por exemplo, na situação especial da Junta de Freguesia de Paredes de Coura, em que grande parte do território é o centro urbano de Paredes de Coura, vila, concelho. Será que faz sentido, melhor, será que é justo para as outras juntas de freguesia, esta receber os mesmos cinco mil euros para fazer um trabalho que, em grande parte da sua área de influência é realizado pela própria Câmara Municipal? É que, na vila, a limpeza é feita por funcionários camarários, o que não acontece nas outras freguesias que, deste modo, saem prejudicadas no acordo estabelecido com a autarquia.
Por isso fica a questão: houve critério na celebração dos protocolos, ou foi tudo corrido de igual forma para poupar trabalho?

26 fevereiro 2008

O país real

O país real começa em Cascais e termina em Lisboa. Com um pouco de sorte alastra-se a Almada, Montijo e, inevitavelmente, a Alcochete. Isto se não houver um qualquer ministro a dizer que, por aquelas bandas de além Tejo mais não há que deserto.
O país real não acorda todos os dias às seis da manhã para ir trabalhar 10 horas por dia. Não tem de se preocupar com um ordenado de miséria, nem de esperar que o futuro lhe garanta a parca reforma com que conta para o final dos seus dias. O país real não tem dívidas ao banco, não teve de se hipotecar para comprar a casa, o carro.
O país real é aquele que não tem se de preocupar, todos os dias, com o que vai comer, ou melhor se tem o que comer, todos os dias… É o país onde mais importante que ter comida no prato é ter uma parabólica a apanhar os canais da moda. É o país onde a moda dita o dia-a-dia daqueles que vivem em função da moda, mesmo que não tenham com que sobreviver.
O país real é o que muitos políticos nos tentam impingir todos os dias, na televisão, nos jornais, um pouco por todo o lado. O país onde não há crise, há apenas quem tenha dinheiro e quem não o tenha. O país onde não há desemprego, só gente que quer trabalhar e não tem onde. O país onde tudo está bem e onde não há manifestações de desagrado (nem se admite tal coisa).
Resumindo, o país onde vivemos, mesmo que estejamos a centenas de quilómetros de quem nos governa e de quem, talvez por isso, nem se lembra de nós, com uma ou outra visita de excepção para mostrar que, afinal, também fazemos parte do país real. Mas só quando convém…

21 fevereiro 2008

Tristes sinais dos tempos

Triste vai a terra que precisa de construir mais lares de idosos ao invés de escolas? Sim… e não. Aliás, uma coisa até pode nem ter nada a ver com a outra e serem as duas sinónimo de uma mesma situação: aumento da população.
Infelizmente tal não é o caso de Paredes de Coura. Escolas do 1º ciclo só por cá temos uma e ainda não está lotada. Ainda, porque não deve demorar muito a lá chegar. Mas faltam-nos as crianças, os novos nascimentos. Aqueles que a autarquia anunciou que iria apoiar, financeiramente falando, mas que demoram a chegar. Tal como o tal apoio, previsto para o final do ano passado mas que ainda não viu a luz.
Por outro lado, temos um aumento considerável do número de pessoas que necessita dos cuidados de um lar de idosos. Ou pelo menos de apoio domiciliário. Sinais dos tempos, de uma maior longevidade de homens e mulheres. Mas também sinal de que as famílias à moda de antigamente já praticamente não existem e que agora já quase ninguém cuida dos seus “velhos”, que não têm outro remédio que não seja terminar os seus dias num lar.
Vieira da Silva, ministro da Solidariedade Social, vai estar por terras de Coura amanhã à tarde, precisamente para ajudar a essa tarefa que antes era das famílias e que hoje é confiada a previdência social. O novo lar de idosos que irá ser construído em Bico, e no qual Vieira da Silva vai colocar o primeiro tijolo, num gesto simbólico que, presumivelmente, dará início à obra, surgirá numa altura em que os dois equipamentos do género estão há muito lotados.
Mas não convém esquecer também o bom trabalho que tem vindo a ser desenvolvido por várias instituições particulares de solidariedade social do concelho nesta área, nomeadamente através da sua ocupação nos centros de dia e principalmente com o fornecimento de refeições e o apoio domiciliário aos mais idosos. Apoio esse que pode contar agora com o complemento que lhe deve ser dado pelo serviço de consultas médicas ao domicílio, poupando os nossos idosos a algumas viagens até ao centro de saúde.
Que ninguém se engane, contudo, que o futuro não segue nesta direcção. Segue, tem de seguir, na direcção oposta, no aumento da natalidade, no crescimento da população. Mas isso é já outra conversa…

20 fevereiro 2008

Este ano é que é!

“No nosso plano de negócios está previsto que se concretize a venda durante o ano de 2008”. E pronto, com esta declaração de Martins Alves, administrador do Centro Hospitalar do Alto Minho (CHAM), coloca-se um ponto final no famoso processo de venda do antigo sanatório de Mozelos, Paredes de Coura.
Ah, mas afinal não é bem assim. Andei a remexer nos meus arquivos e descobri que já em Dezembro de 2006 o administrador do CHAM apontava a venda do edifício para Fevereiro… de 2007. Ora, Fevereiro do ano passado foi há precisamente… um ano. Resta-nos esperar que, realmente, seja desta, que seja este ano.
Numa altura em que tanto se falta de desburocratização, numa época de simplificação de processos, ainda ninguém se lembrou de criar um Simplex que permita ao CHAM vender aquele imóvel? Eu sei que, quando não há interessados em comprar, é muito difícil vender o que quer que seja, mas neste caso não falta quem queira adquirir o antigo sanatório. Parece, isso sim, é que não o querem vender.
E entretanto arrasta-se no tempo um projecto de projecto que pode fazer a diferença para Paredes de Coura. Um investimento de cerca de 50 milhões de euros que um grupo privado está disposto a aplicar no nosso concelho, na dinamização turística de um município que muito precisa de turistas, de gente. Mas é em Paredes de Coura e por isso não importa a quem, em Viana do Castelo, provavelmente nem quer saber o que vai ser feito de um edifício público que o Estado deixou cair num tal estado de abandono que, qualquer dia, deixa de ter qualquer interesse.
Aguardemos, então, pelo decorrer de 2008, a ver se surgem novidades. Valha-nos, ao menos, a certeza de que a Câmara de Paredes de Coura continua apostada neste projecto, talvez para estimular o interesse do tal grupo privado. De tal modo que, há tempos, até se avançava a hipótese de ser a própria autarquia a comprar o edifício. Se esse for o caminho para apressar as coisas, porque não?

18 fevereiro 2008

Degrau a degrau

Barreiras arquitectónicas. Muito se tem falado sobre elas nos últimos anos, especialmente devido à legislação que entrou em vigor em 2006 e que obrigava entidades públicas e privadas a ter em linha de conta a eliminação de barreiras arquitectónicas nas novas construções, bem como a adaptarem as existentes. Uma situação que a Câmara de Paredes de Coura aproveitou devidamente aquando da realização das obras de beneficiação do centro da vila, eliminando degraus e criando rampas alternativas.
No entanto, poucos anos volvidos, parece que a autarquia esqueceu a matéria estudada, por isso aqui fica a minha sugestão de leitura dirigida aos responsáveis da autarquia. Que leiam o decreto-lei 163/2006, de 8 de Agosto. É que, uma leitura atenta mostra-nos que o objectivo daquela legislação é definir as condições de acessibilidade a observar no projecto e construção de espaços públicos, incluindo nos acessos, nomeadamente nos passeios e outros percursos pedonais movimentados.
Ora, isto é precisamente o que não acontece na envolvente do novo arquivo municipal, que deverá entrar em funcionamento por estes dias. A autarquia aproveitou, e bem, a construção do edifício naquela zona para abrir um novo acesso pedonal que vai ligar a Rua Conselheiro Miguel Dantas à Rua 25 de Abril, ali juntinho à central de camionagem. Acontece que quem projectou o referido acesso deve ter esquecido o decreto-lei de 2006 e vá de enfeitá-lo com uns poucos degraus, vedando a sua utilização a cidadãos com dificuldade de locomoção, que poderiam ter naquele passeio uma alternativa à escadaria que se vai manter uns metros ali ao lado.
A diferença é que, enquanto em relação a essa escadaria pouco ou nada poderia ser feito, no caso do novo acesso pedonal, tendo em conta a sua extensão e localização, é quase certo que haveria hipótese de abdicar dos degraus e torná-lo acessível a todos. Assim, quem tiver dificuldades de locomoção, e não estou a falar apenas de cidadãos com deficiência mas de todos os idosos, poderia ter ali uma alternativa a uma viagem de mais longa ao longo da Rua 25 de Abril para chegar ao centro, por exemplo. Poderia, digo eu, porque os degraus estão lá, à espera de serem inaugurados em conjunto com o novo arquivo. Por mim, o melhor era deitá-los abaixo ainda antes da inauguração. E até deixo aqui a sugestão de uma empresa que pode ajudar a Câmara a cumprir o seu papel de agente fiscalizador.

Pobres de espírito

Paredes de Coura é tido como um concelho que se estende por muito além das fronteiras do próprio concelho, mercê da diáspora que levou muitos courenses a procurar melhores condições de vida noutras paragens. Pessoas que, apesar de estarem longe nunca esqueceram a terra que os deu ao mundo. De tal modo que alguns se preocupam mais em divulgar os valores de Paredes de Coura do que muitos dos courenses que aqui residem.
É o caso de Jofre de Lima Monteiro Alves, courense natural de Padornelo que as vicissitudes da vida levaram para fora de Coura há cerca de 40 anos. Mas, e se vos disser que mesmo fora de Paredes de Coura, foi através dele, das informações por ele veiculadas, que muito aprendi sobre este concelho? Verdade! São as maravilhas do mundo moderno, da internet, que Jofre Monteiro Alves soube aproveitar, dominando a blogosfera com os seus blogues sobre Paredes de Coura.
Em tempos, num outro blogue sobre este concelho (já desaparecido), Jofre Monteiro Alves chegou mesmo a ser apelidado de “o homem dos blogues”. E é mesmo. Com uma paciência e uma dedicação invejáveis manteve, durante largos anos, vários blogues sobre um único tema: Paredes de Coura. Dir-se-ia mesmo que, embora a residir em Lisboa, nunca saiu da sua terra Natal. Foi no Coura Magazine – Foto que vi algumas fotografias da Paredes de Coura de outros tempos (num trabalho que Eduardo Daniel Cerqueira tem sabido continuar). Foi através do Coura Magazine – História que conheci grande parte do passado deste concelho, desta região. Em resumo, Jofre Monteiro Alves fez da internet, da sua blogosfera, um portal informativo, didáctico, recreativo sobre Paredes de Coura. Aberto a todos, dinamizado por uma pessoa que se preocupa em não deixar esquecer este concelho.
E que agradecimento teve? Da parte de quem o consulta, lote onde orgulhosamente me incluo, vários comentários de incentivo. Um obrigado aqui, um muito bem acolá. Apenas e só, mas ainda assim agradecimentos sentidos. Pelo contrário, tenho a ideia que, da parte dos poderes instituídos, aqueles que teriam todo o interesse, senão mesmo a iniciativa, em divulgar Paredes de Coura, nem uma palavra de agradecimento terá recebido. Pior, temo que ao invés de apoiarem o bom trabalho que vinha desenvolvendo, tiveram a preocupação de o ignorar, pior, de o descredibilizar.
Jofre de Lima Monteiro Alves fechou, na passada semana, as portas dos seus blogues sobre Paredes de Coura. Com uma honrosa excepção, o blogue Padornelo, cujos laços afectivos o impelem a continuar e onde dá conta da sua decisão. Os restantes estão suspensos ad eternum, mercê da falta de sensibilidade de algumas pessoas. Ficamos mais pobres, todos nós, que os consultávamos. Outros permanecerão pobres, pobres de espírito, por não perceberem que havia quem fizesse mais por Coura que eles próprios.

14 fevereiro 2008

A hora do Arquivo

O arquivo municipal de Paredes de Coura está prestes a entrar em funcionamento. E ainda bem! Um arquivo municipal não é uma obra que conquiste votos: pouco ou nenhum interesse terá para o comum dos mortais; não dá dinheiro a ganhar à terra, não é um factor de atracção de pessoas ou bens. Mas, também por isso é uma obra que se saúda. E que se aplaude.
Não é qualquer autarquia que resolve investir num equipamento género quando, provavelmente com menos trabalho e maior efeito, podia construir outra coisa qualquer: um novo jardim, uma rotunda mais vistosa, etc. Não, um arquivo não é bem visto, pese embora o bom resultado conseguido na reutilização da fachada da antiga Casa do Couçoeiro. Para muitos não passa de mais um edifício público, daqueles onde é raro entrar e que, por isso, não está ali a fazer nada.
Nada mais errado! O arquivo municipal é mais, muito mais, que um edifício. É toda uma estrutura que tem com objectivo principal a manutenção da memória, da história, de um povo, de uma terra, de uma ou várias culturas. Também por isso mesmo a Câmara Municipal de Paredes de Coura apelou, nos últimos tempos, à doação de documentos por parte de todos os que tivessem qualquer coisa que contribuísse para o enriquecimento da memória colectiva courense.
Como é sabido as minhas raízes não são de cá, por isso não posso dizer que tenha algo para oferecer ao arquivo. Mas, se assim não fosse, podem estar certos que não teria qualquer problema em ajudar uma entidade que promete zelar pela história do concelho. Em nome de todos! Não sei quais os resultados obtidos por essa campanha de sensibilização, mas espero que tenham sido, no mínimo, muito bons. De que adianta ter em casa um documento de suprema importância se não podemos partilhar a sua importância com os nossos conterrâneos, enfim, com todos os que podem aceder a essa informação num equipamento como um arquivo municipal.
De saudar também, a posição do presidente da Câmara que, confrontado com a recente substituição do titular da pasta da Cultura e a impossibilidade de trazer o novo ministro a Coura na data prevista e já confirmada para a inauguração do arquivo municipal, não teve qualquer problema em dizer que o que interessa é colocar este equipamento ao serviço da população, não importando quem o inaugura. Ainda bem que é assim.

12 fevereiro 2008

A grande velocidade

Comboio de alta velocidade ou comboio de velocidade elevada? Não importa, para nós será sempre o TGV. O tal que, ao que parece, vai passar pelo nosso concelho. Ainda não há estudos divulgados, mas são muitos os políticos que dão como garantida a ligação entre o Porto e Vigo, com passagem por Braga, Ponte de Lima e Valença.
O último a abordar a questão foi, precisamente, o presidente da Câmara de Ponte de Lima, insatisfeito por não ser dado a conhecer à autarquia o eventual traçado desta ligação ferroviária. É que, financiamento já existe, de acordo com deliberação da União Europeia, mas mapa a indicar por onde vai passar o TGV, isso é que ninguém conhece.
Ora, atendendo a tudo quanto tem sido dito na comunicação social, é de supor que o traçado Porto/Vigo vai atravessar terras de Coura, pois deverá passar por Valença, servindo a plataforma logística prevista para aquela vila alto-minhota. Mas, afinal, passará por onde? Há quem defenda que a nova ferrovia de alta velocidade seguirá o percurso da A3. Mas, a ser assim, será que vai dar a volta por Romarigães e Sapardos, ou seguirá o percurso que a auto-estrada supostamente deveria ter, ao longo do gasoduto que cruza o concelho na zona de Linhares e Ferreira?
É uma dúvida como outra qualquer e que vem levantar a velha questão dos benefícios que uma obra do género trará para o concelho. É que, se analisarmos a questão friamente, trata-se de um projecto que não nos vai servir minimamente. Se a A3 já está longe, em Sapardos, o TGV, mesmo que pare, só o fará em Valença.
Será, por isso, apenas mais um factor de separação de Paredes de Coura? Obviamente! Assim à primeira vista os únicos que poderão beneficiar com a sua passagem são os proprietários dos terrenos que a linha vai atravessar. E ainda assim, na devida proporção que estas coisas das expropriações públicas costumam ter.
Podemos evitar que ele passe por aqui? Não creio que, como aconteceu com a auto-estrada, se consiga fazer o comboio dar uma volta de mais alguns quilómetros em torno do concelho. É, por isso, uma realidade com que vamos ter de lidar. Mas, não deixa de ser uma situação que poderá trazer graves prejuízos para o município, nomeadamente ao nível ambiental e da degradação da rede viária (por via das obras de construção da linha). Situações com que a autarquia se deve preocupar desde o início. Por exemplo, como fez Daniel Campelo e o seu companheiro de partido Abel Baptista, deputado eleito por Viana do Castelo, procurando desde logo saber se já existe ou não algum traçado em estudo. É que, quando as obras começarem será tarde demais para reclamar.

11 fevereiro 2008

Ao abandono

Não sei a data exacta, nem estive para pesquisar, não interessa. O que interessa é que o Governo emitiu legislação que obriga os proprietários a cuidarem do bom estado dos seus imóveis. Mais, se não estou em erro essa legislação dava poderes às autarquias para fiscalizarem, por um lado, e obrigarem, por outro lado, a que as obras de beneficiação fossem levadas a cabo.
Em Paredes de Coura, contudo, o exemplo da Câmara vai precisamente no sentido contrário e cada vez engrossa mais o rol de edifícios que são propriedade do município e estão praticamente votados ao abandono. Dir-se-ia que aguardam o implementar de projectos - que os há, pelo menos no papel - mas o certo é que, enquanto os tais prometidos projectos não vêem a luz do dia, o seu estado de conservação vai-se deteriorando dia após dia.
Assim de cabeça faço uma lista com cinco espaços, todos propriedade da autarquia, e que estão devolutos, alguns até em risco de ruína. O exemplo mais flagrante é, certamente, a Casa do Outeiro, em Agualonga, que calhou em herança ao município. Muitos projectos já para lá se apontaram. O último a criação de um centro de estudo da dieta Atlântica, mas já ouvi falar num pólo do Politécnico de Viana e até num hotel. O certo é que, passados tantos anos, continua sem ocupação definida, à mercê do avanço do tempo e dos larápios que a visitam ocasionalmente.
Mas pela vila há mais exemplos de edifícios da autarquia abandonados. Veja-se a antiga escola primária, que há-de ser biblioteca municipal, mas que enquanto não surge a transformação vê o mato galgar as ruínas. Ou as casas dos magistrados, as três que a câmara comprou. Duas eram para o arquivo, mas agora serão para quê? A outra, mais antiga e deteriorada, acolherá uma filial da APPACDM. Esperemos que sim, porque é uma estrutura que faz falta ao concelho, mas dada a sua localização palpita-nos que o edifício em questão não será o mais apropriado. Por último temos o antigo quartel dos bombeiros, hoje transformado em armazém de salvados da autarquia. E será que fica por aqui? Não sei... é só pegar nos jornais de quando em quando para ver que o impulso comprador da autarquia ainda não parou. Por um lado querem vender três apartamentos que têm na vila e outros tantos terrenos, para realizar dinheiro, já se sabe. Por outro lado, também lemos que o município poderia comprar a Casa Grande, se tivesse dinheiro. Ou o antigo hospital psiquiátrico de Mozelos, para dar o pontapé de partida no grande projecto turístico que para ali se prevê. Para aqui, creio eu, já têm onde ir buscar o dinheiro.

01 fevereiro 2008

Tinta & boa vontade

À primeira vista poder-se-ia dizer que um pouco de tinta faz milagres. Mas não é bem assim. Ou melhor, não é apenas assim. O quartel dos Bombeiros Voluntários de Paredes de Coura ganhou nova vida nos últimos tempos e, se as obras de conservação ajudam ao aspecto estético, é certo que a nova direcção muito contribuiu para as melhorias no aspecto funcional.
Para quem está de fora é notória a melhoria do ambiente que se vive na Associação Humanitária e que, por sua vez, influencia a corporação de bombeiros. Mais voluntários no quartel, mais actividades com os bombeiros e, como aconteceu no Natal, com as famílias. Mas também uma maior participação dos bombeiros no bem-estar do “seu” quartel.
Basta olhar para o cenário actual e lembrar o de há um ano para ver que algo mudou. E se pensarmos que, em muitos dos casos, são os próprios bombeiros que estão a meter a mão na massa para melhorar as coisas, então temos a certeza que houve mesmo uma mudança.
O projecto da remodelação do quartel, pelo que se lê na imprensa regional, não foi colocado de parte, mas enquanto não avança, com a boa vontade dos voluntários e a ajuda de vários comerciantes e empresários do concelho, vai-se dando nova cara ao quartel. E, ao mesmo tempo, dá-se nova vida a uma instituição que ainda tem muito para dar a Paredes de Coura.

31 janeiro 2008

Ir ao médico de helicóptero

Parece que, afinal, estão bem encaminhadas as alternativas propostas pelo ex-ministro da Saúde à Câmara de Paredes de Coura com vista ao encerramento do SAP do centro de saúde local no período nocturno. De tal modo que a autarquia está já a estudar a implantação em pleno centro da vila de um heliporto para receber a aeronave que, sediada em Braga, vai ser o nosso apoio de emergência.
Em declarações prestadas hoje à Rádio Geice, Pereira Júnior adianta que está já escolhido o local onde vai ser erguida tal infra-estrutura: precisamente num terreno ao lado do centro de saúde. Em termos de facilidade de acesso e centralidade o local, presumimos que naquele espaço ajardinado entre a sede dos Dadores e o Centro Cultural, não poderia ser melhor para a função a que se destina. De tal modo que, se as coisas forem planeadas desse modo, o doente poderá sair do centro de saúde e seguir em maca até ao helicóptero, à semelhança do que acontece no Centro Hospitalar de Viana do Castelo, por exemplo.
Não esquecer, contudo, que para aquela zona estava prevista (se bem que nunca concretizada) uma intervenção de fundo que a transformaria numa autêntica zona de lazer para courenses e não só. Um projecto que faria par com os equipamentos que a Câmara queria instalar no antigo largo da feira, após as obras de remodelação para ali programadas. A ser assim, o heliporto cairá naquele espaço como um intruso. No entanto, tendo em conta o objectivo daquele equipamento, a saúde de todos nós, é bem melhor ter um heliporto, do que uma zona verde, ali à mão de semear.
Por revolver, no caso das alternativas ao encerramento do SAP, continua a questão dos “médicos à chamada”, cenário que, já antes de firmado o protocolo com o Ministério da Saúde, se mostra ser difícil de conseguir. A ver vamos se a nova ocupante do Ministério consegue levar as negociações a melhor porto. Ou se volta atrás e mantém o SAP aberto.

30 janeiro 2008

Boas intenções

De boas intenções está o inferno cheio, reza o ditado popular. E assim parece. Basta recuar uns meses no tempo e ver isso mesmo. Por um lado fala-se na desertificação do interior e no que é preciso fazer para fixar a população que teima em sair. Por outro lado olha-se para o lado na hora de agir e, quando se podia fazer alguma, ainda que pouca, coisa, toma-se o sentido contrário.
Veja-se o caso de Paredes de Coura, a braços com um decréscimo constante de habitantes. A desertificação ainda não é uma realidade, mas todos os dias caminhamos mais nesse sentido. De tal modo que a autarquia encara a fixação da população como um dos principais objectivos. Exemplo disso é o tão falado subsídio que a Câmara quer dar às famílias a partir do nascimento do terceiro filho. Um valor bem generoso (mais de 15 mil euros), mas que ainda ninguém viu porque a intenção ainda não passou disso mesmo.
No entanto, não faltaram oportunidades de melhorar o nível de vida da população, por um lado, e de tentar atrair mais alguma empresa para o concelho, por outro lado. Pequenos gestos, é certo, mas que todos juntos poderiam traduzir-se numa mais valia para quem aqui reside. O exemplo mais flagrante, e que voltou agora a ser falado na comunicação social, diz respeito à oportunidade que o Governo deu às autarquias de abdicarem da sua pequena parte da fatia do IRS que (quase) todos pagamos. Um valor praticamente simbólico mas que, numa sociedade onde cada cêntimo conta, pode fazer a diferença.
As notícias recentes dizem-nos, contudo, que só 16 municípios portugueses resolveram apostar neste caminho e beneficiar os seus habitantes. Paredes de Coura, infelizmente, não consta dessa curta lista. Ao contrário de Ponte de Lima, por exemplo, que renunciou ao seu quinhão, consideravelmente superior ao que Paredes de Coura não quis perder. Será que é Ponte de Lima que tem de cativar a população? Não creio…
Mas este cenário não constitui surpresa. Já antes a autarquia courense havia rejeitado duas propostas, feitas pelo vereador social-democrata José Augusto Viana, para minimizar os custos da interioridade aos seus munícipes. A primeira foi a não redução do Imposto Municipal sobre Imóveis, que o social-democrata queria baixar mas que a Câmara resolveu manter mais elevada. A segunda, visando as empresas, também afecta os habitantes: José Augusto Viana quis acabar com a derrama no concelho, a autarquia fixou-a em 1,5% sobre o lucro das empresas. Parece pouco mas, na hora de escolher o local da sede de uma nova empresa, todos os aspectos contam, não?

24 janeiro 2008

Dias explosivos

Depois da comunicação das autoridades espanholas na semana passada, parece que Portugal passou a viver sob a ameaça do terrorismo. Suspeitas de bombas aqui, suspeitas de bombas acolá. E novamente aqui porque a brincadeira até correu bem, enfim…
Mas, efectivamente, as bombas existem. Que o diga quem reside ou trabalha em Formariz! Nas últimas semanas não há dia que passe em que não tenhamos uma dúzia de explosões, quando não mais. Até parece que existe uma pedreira em funcionamento na zona industrial. Mas não, pelos vistos não existe. Há explosões, mas não se vê qualquer sinal a alertar para o perigo, ou sequer informação de estarmos numa zona de rebentamentos. Já dos sustos e de alguns prejuízos materiais os vizinhos não se livram.
Ao que parece, trata-se da obra de terraplanagem de um novo loteamento desta zona industrial de Paredes de Coura. Uma tarefa que se tem mostrado difícil, não só devido à extensão do terreno, mas também à sua morfologia, caracterizada pela existência de muitas pedras de grandes dimensões. De tal modo que está uma equipa a rebentar literalmente com os tais calhaus.
Mas… e a segurança, será que foi acautelada? À vista desarmada eu diria que não. Especialmente quando se assiste à queda de grandes pedras a vários metros do lugar da explosão, numa zona junto à via pública e na proximidade de veículos estacionados. A explosão é arriscada? Não duvido, mas a ser assim não seria melhor vedar a zona? Ou limitar as explosões a determinados horários, à semelhança do que acontecia com a pedreira instalada em Ferreira?
Já agora, só mais uma questão: se a zona está transformada numa autêntica pedreira, estará licenciada para tal actividade?

Eu era mais Espanha...

A população de Lanhelas parece que está na disposição de abandonar o concelho de Caminha e passar a integrar o de Vila Nova de Cerveira. De acordo com a notícia da Rádio Geice, dizem que tem mais afinidades com o "concelho das artes".
Eu, já que é para mudar, optava por pertencer a um qualquer concelho do outro lado do rio Minho. É que, mudar por mudar, que se mude logo para um país onde o nível de vida ainda vale a pena.

23 janeiro 2008

As maravilhas da Internet

Um clique e já está, acedemos a um mundo de informação. Se estiver disponível… Foi o que aconteceu em relação ao assunto do estacionamento na Avenida Cónego Bernardo Chouzal, em Paredes de Coura. Parece que, efectivamente, José Augusto Viana apresentou uma proposta que vai no mesmo sentido deste post. Ele (ou alguém por ele) bem o disse na caixa de comentários, mas como a acta da reunião em questão só ficou disponível no site da autarquia esta semana… não havia como o cidadão comum saber.
De qualquer das formas, ao ler a acta da reunião do executivo camarário realizada em 3 de Dezembro último, ficamos a saber que o assunto exposto pelo vereador social-democrata já tinha sido tido em consideração pelo presidente da autarquia que, inclusivamente, já havia acordado com a GNR local que seria interdito estacionar naquela troço. E muito bem, digo eu.
Acontece é que, quase dois meses depois da reunião, e mais tempo ainda depois da conversa com o comandante da GNR, a situação continua na mesma. Com a agravante de que, nos últimos tempos, é precisamente uma instituição de que a Câmara de Paredes de Coura é comproprietária, que ali estaciona todos os dias o seu autocarro. Será este o melhor exemplo?
Já agora, que falamos da página Internet da Câmara de Paredes de Coura, de realçar que também já se encontram disponíveis para download os documentos relativos às Grandes Opções do Plano para 2008. É certo que, como já aqui tínhamos falado, o ideal era estarem disponíveis para serem consultados ainda antes de aprovados, porque agora é tarde demais para qualquer reparo, mas ainda assim é um bom sinal.
Apesar disso a página do município continua a apresentar muitas deficiências. Veja-se o já referido caso das reuniões do executivo cuja acta só sobe à Internet semanas depois de realizadas. De qualquer das formas, muito melhor do que o que acontece com a Assembleia Municipal. A última reunião foi em Novembro, a próxima será em Fevereiro, mas a convocatória disponível ainda é a de… Setembro. E as actas então, é melhor nem falar.
Já agora, em jeito de comentário final, fica só mais um reparo. A câmara tem cinco vereadores, três do PS e dois do PSD. Ora, se para os vereadores socialistas existe um endereço de email para serem contactados pelos munícipes, porque não fazer o mesmo para os dois social-democratas?

22 janeiro 2008

Emergências

Leio a imprensa do dia e não posso deixar de ficar admirado. As questões da saúde têm dominado a actualidade informativa a nível nacional. A extrapolação exagerada e errónea de consequências resultante da morte de duas crianças na semana passada parece ter dado mais força à contestação às medidas governamentais que estão a fechar urgências atrás de urgências.
Paredes de Coura também não escapa, já o sabemos. Valham-nos as alternativas que nos couberam na rifa, se bem que algumas delas já nos tinham sido prometidas antes mesmo da decisão de entregar a chave do SAP a Correia de Campos. É o caso da Unidade Móvel de Saúde, ideia originária da vereação laranja da Câmara de Paredes de Coura que parece ter ficado na gaveta até ter ganho relevo de moeda de troca nas negociações com o Ministério da Saúde.
Leio no Jornal de Notícias que em Macedo de Cavaleiros a viatura já circula, já serve quem dela precisa, já facilita a vida dos que tem mais dificuldades em fazer quilómetros para ir ao médico. A nossa não, continua parada, ali num dos parques de estacionamento subterrâneo. Faltavam alguns acertos, subir um degrau, acho eu. Mas já lá vão meses e a ambulância continua a enfeitar aquele espaço.
Que será que falta mais? Será a tripulação? Será apenas o motorista? Não sabemos… Para nós, o que está a impedir a utilização da unidade móvel de saúde até pode ser o simples facto de que aquela viatura não consegue sair do parque de estacionamento a não ser pela… entrada, de marcha-atrás. A sério! Não é brincadeira, é mesmo assim! Mas não deve ser apenas isso, digo eu.
Mas, se aquela viatura não anda, outras continuam a andar e, pelo que se prevê, vão andar muito mais. As ambulâncias dos Bombeiros de Paredes de Coura vão ser o principal meio de transporte daqueles que, na impossibilidade de se dirigem ao centro de saúde, vão ter de rumar a Ponte de Lima. Não é desconhecido de ninguém. Aliás, ainda hoje um artigo do Diário de Notícias alertava para isso mesmo. Para isso e para o facto de, com as ambulâncias a servirem de táxi, serem maiores os riscos de não estarem disponíveis para atender a uma emergência. A ver vamos.

18 janeiro 2008

Os meninos à volta dos milhões

Os presidentes das câmaras do distrito de Viana do Castelo parecem aqueles meninos a quem prometem doces e presentes se se portarem bem na frente das visitas. Andam anos e costas praticamente voltadas, ao ponto de dividir em dois um distrito que, mesmo unido nos seus dez municípios, teria muitas dificuldades em ombrear com os seus congéneres do resto do país. No entanto, agora que lhes cheirou a dinheiro fresquinho vindo lá dos lados de Bruxelas, é vê-los a falar, novamente, numa união do Alto Minho.
Uma união que, mesmo a acontecer, e terá de acontecer se quiserem ver a cor do dinheiro da Europa, nunca vai ser efectiva. E isso vê-se já. Numa altura em que se fala, porque a isso se é obrigado, na reunião dos dez concelhos do distrito, há já quem teça críticas que, logo à partida, não fosse o peso dos 400 milhões de euros, inviabilizaria qualquer projecto a dez.
É que há meninos que acham que, por a bola deles ser maior do que a dos outros, merecem mandar no jogo. Esquecem-se que, sozinhos, pouco valeriam no jogo. E que neste jogo o árbitro não vai estar pelos ajustes: se os jogadores não se entendem, acaba-se a brincadeira.
Enfim, contradições de um processo que parece “deja-vu”. Quem não se lembra das trocas de galhardetes entre o menino de Viana do Castelo e o amiguinho de Melgaço? Eles até são do mesmo clube, mas um tem a mania que manda na bola, no jogo e nos jogadores. E o outro não gosta de meninos mandões.

17 janeiro 2008

Promessas

Seis meses, foi a promessa feita. Mas os seis meses passaram e do prometido nem sombras. Bem diz José Augusto Pacheco, no seu Telure, que não nos podemos fiar nas promessas dos políticos. José Augusto Pacheco refere-se a Sócrates e à questão do referendo que já não vai ser, mas o seu escrito adapta-se também à promessa de Nunes Correia, ministro do Ambiente, aquando da sua passagem por terras de Coura, a 1 de Julho do ano passado.
O ministro, recorde-se, veio inaugurar o Centro de Educação e Interpretação Ambiental, em Vascões e trouxe com ele, como convinha, a promessa de que o plano de ordenamento da Área de Paisagem Protegida do Corno do Bico, que o ICN andou a atrasar anos e anos, estaria pronto em seis meses. Palavra de ministro que tutela o sector. O certo é que o ICN foi extinto (ou reformulado, vai dar ao mesmo) e do plano de ordenamento nem sombras.
Acreditamos no dito do ministro, nós e todos os que, naquele dia chuvoso de Verão, encheram o CEIA para apadrinhar a inauguração. Mal sabíamos que iríamos ter ainda, eventualmente, de servir como testemunhas da promessa feita por Nunes Correia, caso a Câmara de Paredes de Coura resolva pedir satisfações ao ministro por ter faltado à sua palavra. Mas como isto de certezas ministeriais não anda lá muito bem (veja-se o que aconteceu lá para os lados de Benavente e do Montijo), quer-me parecer que vamos continuar à espera que o ICNB (estão a ver como mudou?), resolva meter mãos à obra e avance com o prometido. Ou então, e voltando ao caso do aeroporto, se calhar da noite para o dia alguém lê o resumo do documento e aprova o plano de ordenamento assim sem mais nem menos.
Nós continuamos à espera. Do plano de ordenamento ou do ministro, o que vier primeiro.

15 janeiro 2008

O funil

Com a entrada em funcionamento da variante à EN303, entre Mantelães e a vila, a avenida Cónego Bernardo Chouzal transformou-se naquilo para que foi inicialmente projectada: a entrada principal de paredes de Coura. No entanto, provavelmente por falta de atenção de quem de direito, é uma entrada acanhada, estrangulada. Para isso ajudam os veículos pesados estacionados naquela rua, no sentido GNR/Centro Cultural, ocupando parte da faixa de rodagem.
A postura municipal de estacionamento, publicada por ocasião da entrada em funcionamento dos parcómetros, indicava diversas zonas na vila onde poderiam ser estacionados autocarros e camiões, incluindo a referida avenida Cónego Bernardo Chouzal mas apenas no sentido Centro Cultural/Dadores, na zona de estacionamento paralela à faixa de rodagem. Em relação ao outro lado, nada foi referido. Aliás, à entrada da avenida aparece um sinal de proibição de estacionamento, que deixa de ser válido logo após o posto da GNR. Resultado: essa faixa é ocupada, dia e noite, por camiões e autocarros, grandes e pequenos, que ocupam metade da faixa de rodagem, obrigando os automobilistas a circular pelo meio da estrada, quando não pela outra faixa em sentido contrário.
É certo que o lado reservado ao estacionamento de veículos pesados está quase sempre lotado e que, de acordo com a postura municipal de estacionamento, as outras zonas indicadas para o seu parqueamento são a rua Aquilino Ribeiro, do lado contrário ao Museu, e o antigo largo da Feira. Os dois distantes da única avenida de Paredes de Coura e, no caso do antigo largo da Feira, já por diversas vezes denunciado como de difícil acesso para os autocarros. De qualquer das formas, ali mesmo ao lado, na rua José Gomes Moreira, há espaço com fartura e, certamente, o impacto, visual e funcional, será muito menor. Aliás, já por ali se vêem alguns veículos pesados estacionados.
Se a avenida Cónego Bernardo Chouzal é a principal entrada da vila, se é para ali que a Câmara tem muitos planos de embelezamento e desenvolvimento de estruturas colectivas de lazer, então o futuro terá de passar por colocar um ponto final no “funil” que a estrangula logo à partida. Alternativas não faltam.

11 janeiro 2008

E já de seguida... os telemóveis

Depois do tabaco, porque não impor limitações à utilização do telemóvel? Elas já existem em vários espaços, é certo, mas porque não dar-lhes força de Lei e esperar que a ASAE ou outra qualquer autoridade entre em campo com atitude repressiva a multar todos os que desrespeitarem?
Impensável? Inconcebível? Claro… Mas a ideia surgiu-me nos últimos dias, depois de ver, mais uma vez, o pouco respeito que as pessoas parecem ter quando se trata de lidar com telemóveis. Já todos sabem que não podem utilizar os telemóveis ao volante (embora muitos não o cumpram…), ou nos postos de abastecimento de combustíveis, ou ainda nos aviões, mas há uma série de outros locais onde o bom senso, sempre o bom senso, poderia impor algum travão na consciência dos utilizadores.
Ainda na semana passada, encontrava-me a assistir à missa numa igreja lotada por algumas centenas de pessoas. E, numa cerimónia que durou pouco mais de 45 minutos, não faltaram telemóveis a tocar e, pasme-se, houve mesmo quem não hesitasse em interromper o recolhimento do silêncio e atendesse a chamada, como se estivesse na rua, aliás, pelo volume da voz, como se estivesse no meio do campo.
É um exemplo extremo da falta de bom senso de algumas pessoas, mas há outros. Não é nada agradável, também, estar num restaurante e a pessoa na mesa ao lado estar ao telefone, esquecendo-se porventura de onde está, de tal modo que enceta uma conversa que deveria ser privada mas que, dada a exiguidade do espaço, é partilhada por todos quantos estão no restaurante. E assim se ficam a saber as intimidades dos outros… E o que dizer daquelas pessoas que não tem qualquer problema em atender o telemóvel em plena sessão de cinema?
É claro que não é preciso Lei alguma para lidar com este tipo de situações. Bastam dois palmos de testa, penso eu. E daí… tenho as minhas dúvidas, especialmente desde que vi, numa bomba de gasolina, um sinal a advertir que não era permitido o abastecimento por crianças. Mas... há quem coloque os filhos a encher o depósito do carro? Só falta irem de cigarro aceso!

09 janeiro 2008

Fumaça

Dizia-me em tempos um professor que tive, que a Lei agrada a todos, dependendo da forma como se lê e como se interpreta. Ora, a recente “Lei do Tabaco” é mais um exemplo disso. Quem a lê interpreta-a à sua maneira e dá-lhe o sentido que julga ser o mais acertado.
O caso mais flagrante foi, precisamente, o flagrante do inspector-geral da ASAE na passagem de ano no Casino do Estoril. Tinha razão? Pelos vistos tinha, porque parece que afinal nos casinos continua a ser permitido fumar. Claro, se se tem peito suficiente para perder uns milhares nas “slots machines” quem é que nos vai impedir de acender a cigarrilha ou o charuto para “apagar a mágoa”? Pois…
Devo confessar que sou dos que defendem que os não fumadores não devem ser incomodados pelo fumo dos outros. Com a saúde deles, dos fumadores,, que se preocupem eles, mas com a minha se não for eu a preocupar-me, quem será? Apesar disso considero que o legislador não quis ter muito trabalho e vá de fazer uma lista de sítios possíveis e imaginários onde, desde o passado dia 1, é proibido fumar.
De tal modo que, fazendo uma leitura estrita da Lei, até ao ar livre não é permitido fumar. É o caso dos estabelecimentos escolares, e ainda bem, mas não só. É que a designação “local de trabalho” indicada na legislação é de tal forma vaga que, mesmo o varredor da rua, no exercício das suas funções, não pode fumar. Está na rua, mas… é o seu local de trabalho. O mesmo se diz do jardineiro, ou do guarda-nocturno que, na sua solitária ronda, não pode agora ter a companhia de um cigarro. A Lei estipula ainda, por exemplo que é proibido fumar nos recintos de feiras, excepto se estes forem ao ar livre. Mas, aquele não é o local de trabalho dos feirantes? E assim sendo é permitido fumar no local de trabalho?
O melhor mesmo seria definir os locais onde se pode fumar. Se calhar, deste modo, a lista era mais curta e menos sujeita a más interpretações.

08 janeiro 2008

Gota a gota

Foi o tema que dominou o final do ano passado, em termos políticos, em Paredes de Coura. E promete continuar a dar que falar em 2008. A entrega a privados da rede de distribuição de água em baixa, ou seja aquela que chega até à nossa porta, é, ainda e só, apenas uma possibilidade. Mas está nos planos da autarquia, ainda que o presidente da Câmara diga que isso só acontecerá se não houver outra opção.
Essa foi, pelo menos, a justificação dada por Pereira Júnior na última Assembleia Municipal, onde o assunto veio à baila precisamente por a verba resultante da possível venda estar inserida no Orçamento da Câmara para o corrente ano. Mas, se a concessão será ainda uma possibilidade, uma coisa é certa: a avançar vai trazer aos courenses um aumento considerável da conta da água.
E é, mais uma vez, o próprio presidente da Câmara quem o assegura, explicando que, actualmente, a autarquia paga do seu bolso metade da despesa efectuada pelos consumidores. Por outras palavras, cada consumidor paga actualmente 26 cêntimos por cada metro cúbico de água, quando este mesmo metro cúbico de água custa à autarquia 52 cêntimos. Ou seja, nós só pagamos metade, o resto a Câmara oferece. Ora, como qualquer entidade privada que se preze não está para fazer ofertas destas, é garantido que se a rede de distribuição for concessionada, com um grande, mesmo grande, encaixe financeiro para os cofres da edilidade, quem vai sofrer na pele, ou melhor na carteira, são todos os que recebem a factura da água em casa todos os meses.
Depois do grande aumento de 2003, que no caso dos consumidores particulares foi para mais do dobro, espera-se agora nova subida vertiginosa nas tarifas. Se, há pouco mais de quatro anos, a justificação foi a uniformização de tarifas entre os vários concelhos servidos pelas Águas do Minho e Lima, agora o motivo é outro e vale por dois: por um lado entra muito dinheiro na Câmara, por outro, e a acreditar nas palavras de Pereira Júnior, a Câmara vai poupar muito dinheiro. Sem problema, nós pagamos!

02 janeiro 2008

ABC de 2008

À falta de astrólogos, tarólogos e afins, deixo aqui a minha previsão para 2008 no que se refere a Paredes de Coura. De A a Z, com alguns saltos pelo meio, aqui ficam algumas indicações. E se não acontecer assim, já sabem que a culpa é do destino… muito variável.

A – Água. Acabou a dominar o fim de 2007, mas é em 2008 que promete muita polémica. Se a Câmara avançar com a concessão da rede de distribuição, uma coisa é certa: a água vai aumentar. Muito!

B – Bombeiros. Depois de resolvida a questão da direcção, eis que surgem os projectos. O destaque vai para a integração de voluntárias femininas, que se aplaude. Para trás fica o projecto do novo quartel, a aguardar melhores dias.

C – Comunidade. A cinco? A dez? Depois das divisões políticas, eis que as restrições económicas e financeiras podem ditar a junção dos dez municípios do distrito de Viana do Castelo. É a ida ao pote (do dinheiro europeu) a conseguir o que as preocupações políticas não fizeram.

E – Esgotos. O saneamento continua a esventrar o concelho. É necessário, é certo, mas agradecia-se mais consideração por quem tem de percorrer as picadas que as obras deixam.

F – Festival. A bandeira de Paredes de Coura vai continuar a ondular na Praia do Taboão. Aguarda-se o prometido (para 2006) inventário do apoio logístico concedido pela autarquia.

H – Hotel. Do alto da Pena avista-se grande parte do concelho. Só não se vislumbra ainda um rumo para a transformação do antigo hospital em hotel com golfe. A venda do edifício estava prevista para Fevereiro... de 2007. A ver se é em Fevereiro de 2008.

I – Incentivos. Ao aumento da população, claro está. Se até o Presidente da República quer mais crianças, quem somos nós para o contradizer. A Câmara de Coura lançou o foguete dos subsídios à maternidade, 15 mil euros a partir do terceiro filho. Mas ficou-se por aí, pelo fogo de artifício, porque, ao que parece, o assunto está ainda em estudo.

L – Limites. A “Lei dos 50 metros” promete continuar a dar dores de cabeça a quem quer construir no concelho e noutros pontos do país. A ver vamos se a ofensiva lançada pela autarquia dá frutos ou se o Governo continua a obrigar os cidadãos a fazer o que compete aos serviços do Governo.

M – Morte. O lema é: uma casa mortuária em cada freguesia. Proposta recente da Assembleia Municipal de Paredes de Coura. Não morreu à partida, foi mantida com respiração artificial e aguarda agora a alta médica para ser aplicada. A ver como reage a Igreja Católica.

O – Ondas hertzianas. Vulgo rádio. Paredes de Coura tem uma frequência atribuída mas não tem rádio local. Um diferendo para seguir em 2008. O que é feito de um abaixo-assinado levado a cabo há alguns anos?

P – Parque. Os parques continuam praticamente às moscas. Há muito quem prefira arriscar uma multa do que pagar 5 cêntimos.

R – Relvado. Precisa-se, com urgência, para o Courense. O Castanheira agradece.

S – SAP. Vai fechar. É garantido! Aguardam-se as alternativas, que funcionem, porque para não funcionar basta o SAP que temos.

T – Tribunal. Ainda não fechou. Será que vai fechar? Será que se vai transformar em Loja do Cidadão? Aguardemos.

V – Variante. Abriu o primeiro troço da variante de acesso à A3. Pouco mais de 500 metros que continuam a deixar Sapardos bem longe. O traçado está em estudo. Lá para meados deste ano deve haver algum risco no mapa.

Z – Zonas industriais. Mais indústrias, ainda que pequenas, estão a dar nova vida às zonas industriais do concelho. Falta a sinalização e melhores acessos, nomeadamente à de Formariz. Com o acesso actual, gostava de ver dois camiões da Transcoura a cruzarem-se…

27 dezembro 2007

Restos de Natal

Há imagens que valem por mil palavras, mas mesmo assim vale sempre a pena ler este artigo. E este outro também. Se dúvidas houvesse de que o Natal passou a ser uma febre consumista...

21 dezembro 2007

Bom Natal!


Para os que visitam todos os dias. Para os que vêm cá de quando em quando. Até para aqueles que nunca aqui meteram os pés. A todos eles deixo aqui os votos de que tenham um Bom Natal!


20 dezembro 2007

A pergunta

"Admite ou não o MADRP - Ministério da Agricultura do Desenvolvimento Rural e das Pescas proceder com brevidade à revisão e alteração da norma estabelecida no nº 3 do artº 16º do Dec-Lei 124/2006 de 28 de Junho com vista a encontrar solução para o problema atrás descrito? "


A pergunta é dos deputados socialistas Jorge Fão, Rosalina Martins e Fátima Pimenta, eleitos pelo círculo de Viana do Castelo, e em causa está o polémico decreto-lei do Sistema Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios, mais conhecido pela "lei dos 50 metros", por obrigar as construções em algumas zonas rurais e florestais a deixarem livre uma faixa de 50 metros para os terrenos vizinhos. Por cá, pelo concelho, o assunto já por diversas vezes subiu à Assembleia Municipal e mereceu, inclusivamente, a aprovação de um voto de protesto, que juntou a Câmara e a Assembleia e que foi enviado ao Ministério da Agricultura.
Agora o protesto parece ter ganho mais força, com o trio de deputados do PS a pedir esclarecimentos sobre uma eventual revisão do decreto-lei publicado em 2006. A mostrar que, quando é preciso, os políticos esquecem os partidos que os elegeram e que, no caso concreto, aprovaram a legislação em vigor, e preocupam-se com os interesses dos que os elegeram. O requerimento pode ser consultado aqui.

À moda da ASAE

Será que a gastronomia tradicional tem os dias contados? O tema tem sido abordado em diversos locais, nomeadamente na comunicação social, mas certamente o lugar onde mais se tem discutido é nos próprios restaurantes. No passado fim de semana jantei num restaurante de Paredes de Coura onde o simpático dono me falava precisamente desta relação complicada entre a cozinha tradicional e as directivas emanadas de Bruxelas, tal como o retratou esta semana Sérgio Andrade, na sua coluna semanal do Jornal de Notícias.
Dizia-me o proprietário do restaurante que cada vez tem mais dificuldade em conciliar o que dá à gastronomia típica da região minhota o seu sabor e o seu nome, com os impedimentos ditados pela legislação comunitária que a ASAE tanto tem feito valer nos restaurantes portugueses. E não se julgue que é apenas a cozinha do Minho que sofre com isso, pois as exigências de Bruxelas, feitas se calhar por alguém que nunca comeu fora de casa ou dos restaurantes ditos de cozinha internacional, andam a criar muitas dores de cabeça a proprietários de restaurantes de todo o país.
No caso minhoto, por exemplo, veja-se a tarefa hercúlea que será, por exemplo, fazer um arroz de cabidela, quando as normas comunitárias obrigam a que o animal seja abatido no matadouro. O cozinheiro vai buscar o sangue onde? Mas, mesmo que o conseguisse, imagine-se a despesa de fazer uma cabidela de frango, daquelas mesmo com o animal caseirinho, para um restaurante de Paredes de Coura? É que, para abater o bicho, o matadouro mais próximo fica em… Famalicão. Transporte de animais para um lado, transporte térmico para o outro… façam as contas. E que dizer da lampreia, pescada no rio Minho e comprada directamente aos pescadores, isentos de facturar o que vendem, quando o restaurante é obrigado a ter factura de tudo o que compra?
Preocupações como esta têm juntado vários empresários ligados ao sector e representantes dos organismos estatais que o fiscalizam, no sentido de serem encontradas soluções de consenso. Uma das que está em cima da mesa é a criação de pequenos matadouros em cada concelho, onde, sob a supervisão do veterinário municipal, poderiam ser abatidos alguns animais. Não sei se será a melhor solução, especialmente para concelhos com poucos restaurantes como Paredes de Coura, criar uma estrutura que iria estar mais tempo parada do que a funcionar. Mas concordo com o princípio em si e não vejo porque não se possa fazer isso agregando alguns concelhos, de modo a rentabilizar mais o equipamento e, ao mesmo tempo, garantir-lhe melhores condições de funcionamento.
Não se julgue, contudo, que tudo o que vem de Bruxelas em relação a este sector é mau. Já todos vimos, através da comunicação social, que as inspecções da ASAE nos mostram, muitas vezes, realidades pouco condizentes com o que deve ser uma cozinha. Na segurança alimentar, seja na cozinha tradicional ou na mais moderna, é o cliente, a sua saúde, que está em causa, por isso há que cumprir.

18 dezembro 2007

Momento de nostalgia

Ao reler o post anterior, fiquei de repente preso na memória, na minha memória de outros tempos. Os meus tempos de escola, mais precisamente. Nascido e criado numa família de classe média/baixa, como a maioria dos portugueses da minha geração, cresci com brinquedos, é certo, mas nada que se compare ao que hoje em dia se vê por aí.
Quando andava na escola primária, daquelas modelo centenário, com oito salas de aula, sanitários turcos e muito espaço ao ar livre para correr e saltar, a brincadeira de eleição, futebol à parte, era o “Jogo do Prego”. Hoje em dia, se vejo o meu filho com alguma coisa mais afiada na mão chamo-lhe logo a atenção para os perigos. Esqueço-me que, quando tinha a idade dele, levava todos os dias na pasta um prego, ou melhor uma cavilha, com que nos entretínhamos a jogar nos intervalos, no recreio de terra batida, a ver quem completava primeiro o círculo. E havia ainda o pião, ou a mona, a minha preferida. As raparigas ficavam-se pelo elástico ou pela corda, a que nós, rapazes, também jogávamos, fingindo que o fazíamos a contra-gosto.
A saída da escola primária para o ciclo marcou o fim desse tipo de brincadeiras, pelo menos as mais arrapazadas, porque as meninas continuaram sempre com o elástico e a corda atrás delas. Curiosamente, ou talvez não, não se viam bonecas na escola. Carrinhos, um ou outro apenas. Aliás, na época o que estava em alta eram os carrinhos de rolamentos, que agora parecem ter regressado.
Mas, dizia eu, no ciclo, muito antes de “playstations” e “gameboys”, mas numa altura em que o Spectrum começava já a criar os primeiros viciados nos jogos electrónicos, quem mandava eram quem tivesse o maior saco de berlindes. Tal era a apetência pelos berlindes que a escola preparatória que frequentei tinha um percurso próprio, ao género de mini-golfe, com diversos campos diferentes, que nos intervalos se enchiam de miúdos agachados atrás das pequenas bolas.
E que dizer do futebol jogado com uma bola de ténis e utilizando os bancos do recreio como balizas? Os autênticos campeonatos mundiais que se disputaram nos pequenos átrios das salas de aula… Brincadeiras improvisadas, num tempo em que havia brinquedos, claro, mas em que, penso eu, não se tinha ainda dado a explosão de todo o consumismo que vemos hoje, em que o melhor é o que tem o jogo electrónico mais moderno, onde as marcas e a ampla oferta à mão de semear superaram o “desenrascanço” típico de uma criança que, quando queria brincar, inventava os seus próprios brinquedos, os seus próprios jogos. Hoje são apenas um momento de nostalgia.

14 dezembro 2007

Não se pode

Não se pode ver televisão nesta altura do ano. Ou melhor, do Verão para cá, porque parece que os publicitários decidiram que, findo Agosto, já é tempo de Natal. Nas últimas semanas, contudo, ver televisão, especialmente de manhã e ao fim de semana (porque será?) tornou-se uma tarefa impossível.
Para quem não tem filhos é tal a enchente de anúncios sobre brinquedos e afins que se torna enjoativo. Para quem os tem, é bem pior. Ora andamos nós, pais, a apertar o cinto para fazer face à crise (que a há, sr. ministro da Economia, não duvide) e eis que se oferece aos nossos filhos uma janela aberta para um mundo de coisas que eles querem ter e nós não podemos, ou não queremos, ou melhor ainda não devemos dar. É desligar a televisão, está claro. Não há melhor remédio.
Mas não se pense que a ameaça fica resolvida. Basta sair de casa para ver que a tentação nos persegue. Anúncio aqui, anúncio ali. Se resolvermos enfrentar a besta e entrar numa superfície comercial, então aí… estamos perdidos. Só falta pegarem em nós ao colo e levarem-nos a dar uma volta pelo mundo da brincadeira. O mundo onde a Playstation rivaliza com a Barbie, onde o Action-Man ataca, de metralhadora em punho, o desgraçado do Noddy que se lhe atravessou no caminho. O mesmo mundo onde parece que o tamanho é que conta, quanto maior o boneco, melhor. Um mundo a evitar.
É claro que, no fim, somos sempre atacados por aquele vírus maléfico que é o olhar terno das crianças… por isso o melhor mesmo é não sair de casa. Mas manter a televisão desligada e… ler um livro, por exemplo. Até dia 6 de Janeiro, pelo menos.

11 dezembro 2007

Unidos na hora da morte (2)

Como referido no post anterior, a proposta de Paula Caldas para o surgimento de uma casa mortuária em cada freguesia reuniu o consenso e o voto unânime da Assembleia Municipal de Paredes de Coura. Ainda bem. Mas será que esse consenso vai continuar com a tentativa de aplicação desta resolução no terreno?
A proposta agora aprovada visa o apoio, por parte da Câmara Municipal, à construção ou reconstrução de uma casa mortuária em cada freguesia. Acresce que na vila esse equipamento deverá ter capacidade para dois corpos em simultâneo e câmara de frio. O subsídio a atribuir será igual para todas as freguesias e a gestão destas estruturas ficará a cargo das respectivas juntas de freguesia.
Mas, e a Igreja onde fica no meio disto tudo? É que, como bem ressalvou o presidente da Junta de Freguesia de Paredes de Coura, o protocolo a firmar entre as várias partes, deve assegurar que qualquer religião terá direito a utilizar as casas mortuárias. Ora, sabendo de antemão que elas vão funcionar em edifícios da Igreja Católica, ou construídos em terrenos desta mesma Igreja, como se irá processar esse “entendimento”?
Olhando em volta e vendo alguns casos de que a comunicação social vai fazendo eco, em que pessoas de religiões diferentes viram vedado o acesso a cemitérios ou mesmo a um funeral condigno, quer-me parecer que vai ser preciso trabalhar muito para conseguir trazer para as paróquias o consenso conseguido na Assembleia Municipal.

Unidos na hora da morte (actualizado)

À primeira vista, quem leu a notícia ontem publicada no Jornal de Notícias pensa duas coisas: em primeiro lugar, que a Assembleia Municipal de Paredes de Coura é um palco de consensos; em segundo lugar que Paula Caldas, deputada municipal do PSD é capaz de gerar esses mesmos consensos. Pois… mas não é bem assim.
Quem leu o jornal de ontem não sabe, por exemplo, que a proposta agora aprovada por todos os grupos políticos representados na AM, já tinha sido apresentada antes. Por duas vezes. Em Setembro praticamente nem chegou a ser discutida porque, por sugestão do presidente da Câmara, foi adiada e já antes disso, na reunião de Junho, foi pedido à proponente o seu adiamento para outra data, de modo a gerar o tal consenso.
Vistas assim, as coisas mudam de figura, não? Pois mudam. É claro que não é isso que vai retirar mérito a uma proposta que, por intervenção da sua proponente ou do próprio presidente da Assembleia Municipal (não deu para perceber quem foi), originou um encontro dos líderes das bancadas do PS, PSD e CDU, a anteceder a reunião do passado dia 30 de Novembro. Um encontro de onde saiu, então, o agradecido consenso partidário.
“Esta Assembleia, quando quer, consegue atingir consensos”, explicou na altura o seu presidente. Pois consegue, está provado. A grande questão é: porque não o faz mais vezes? O assunto ajudou, é certo, diz respeito a todos e todos havemos de nos ver envolvidos nele. Aliás, costuma-se dizer que na hora da morte, aos olhos dos outros, somos todos boas pessoas. Mas é apenas um exemplo! Um exemplo de que, quando o objectivo é Paredes de Coura, as suas gentes, não deveria haver cores políticas a toldar as mentes, a dominar os votos. E já por diversas vezes temos assistido a duros confrontos por causas que, à vista desarmada, mereceriam a unanimidade. Assim a política o deixasse…

07 dezembro 2007

A Beira... lá pelo Minho

Decididamente, as coisas não correm de feição no cinquentenário da publicação de "A Casa Grande de Romarigães". Por um lado o atraso verificado nas comemorações "oficiais", promovidas pela Câmara Municipal de Paredes de Coura e que decorrem amanhã e domingo, conforme programa que se pode ver aqui. Um encontro de leitores de Aquilino Ribeiro, a visita ao local que inspirou o escritor e uma exposição de fotografias de Rui Luís Romão, actividades promovidas pela Cooperativa Árvore, e que surgem praticamente no final do ano em que se assinala a efeméride. Tarde e, na minha opinião, com reduzida divulgação. Mas enfim...
Por outro lado, temos que, só a meados deste ano é que a Bertrand, editora responsável pela publicação do livro, resolveu reeditar a obra, prestando-lhe assim, e ao autor, a devida homenagem. Mas, será que na Bertrand, alguém leu o livro? Quer-me parecer que não! Não acredita? Então faça como eu, clique aqui e leia a nota introdutória que a editora faz a "A Casa Grande de Romarigães". Se não quiser clicar, fica aqui a transcrição: "Este romance reproduz a mundivivência das terras nortenhas e aproxima o texto ficcional da realidade narrada, numa Beira rural e analfabeta ancorada numa sociedade patriarcal. Misturando erudição com a linguagem popular, Aquilino capta esse ambiente arreigado na religiosidade e na crendice e revela o instinto camponês com todas as superstições e todos os subterfúgios assossiados à obsessão de propriedade."
Leu? Também eu, e não quis acreditar... Partindo do princípio que falam da Beira interior e não da Beira, cidade de Moçambique (o que ainda seria pior), esta nota só demonstra desconhecimento. Então agora Romarigães, concelho de Paredes de Coura, distrito de Viana do Castelo, fica na Beira? É certo que Aquilino nasceu por aqueles lados, mas um fácil exercício de pesquisa mostraria a informação correcta. E o pior é que as más informações se propagam. E assim, não é só a Bertrand que induz o leitor em erro. Também a Fnac e outras livrarias online alinham pelo mesmo diapasão e dão o cenário de Romarigães algures na Beira interior de Portugal.
Lamentável, no mínimo. A quem de direito, na Bertrand ou noutra livraria qualquer, recomendo apenas e só uma voltinha por algumas páginas da Internet ou por uma enciclopédia mais actualizada. Ou que leiam jornais, como este aqui. É o suficiente para ficarem a saber um pouco mais sobre "A Casa Grande de Romarigães". De qualquer das formas, e já que falei no assunto, o melhor mesmo é lerem o livro. E até podem comprá-lo nesta livraria online. A informação é a mesma, errada, mas o preço parece ser mais em conta.

Para reciclar é preciso ter onde

Pois é, um blogue aberto à participação dos leitores tem destas coisas: as reacções.
Ontem lancei novo inquérito ao lado, na barra lateral, sobre a proposta-que-ainda-não-o-é-e-que-pode-nunca-o-ser, através da qual o Governo quer aplicar uma taxa qualquer, assim à laia de imposto dissimulado, sobre os sacos plásticos vulgarmente utilizados nas compras. O objectivo máximo, dizem, é reduzir a quantidade de resíduos deste tipo, que levam algumas centenas de anos a serem reintegrados na Natureza. Reduzir, reciclar e reutilizar continuam, portanto, a ser as palavras de ordem. Mas, para reciclar é preciso ter como…
Isso mesmo disse um leitor do Mais pelo Minho, que me fez chegar um email onde lembra que, por muito boa vontade que um cidadão tenha de dar o seu contributo para a melhoria do ambiente, é preciso ter os meios para tal. Falava o tal leitor dos conhecidos ecopontos e de como são poucos os que existem espalhados pelo concelho, nomeadamente nas freguesias rurais. Tem razão. Aliás, já por diversas vezes a Câmara Municipal foi chamada à razão por esse motivo. E porque não aparecem mais? Simplesmente porque não compete tal coisa à autarquia, mas sim à ValorMinho, empresa responsável pela recolha e tratamento dos resíduos dos municípios do Vale do Minho.
Mesmo assim, como respondi no email e torno a reafirmar agora, em Paredes de Coura existe, no mínimo, um ecoponto em cada freguesia. E se a vontade de participar na transformação do planeta é mesmo real, então há sempre hipótese de levar o vidro, o cartão ou as embalagens até ao conjunto de recipientes mais próximo. Não é tão prático, é certo, mas por isso mesmo torna-se um gesto ainda mais valioso.
Na vila, pelo contrário, os ecopontos pululam em cada esquina, num bom aproveitamento das obras de requalificação urbana de que o centro foi alvo aqui há uns anos. Ainda assim, e como foi já referido noutros locais e por diversas vezes, a forma de trabalhar dos receptáculos não é a melhor, impossibilitando a colocação de volumes de grandes dimensões, nomeadamente no papelão. Além disso, há zonas fora do “núcleo urbano” que continuam sem ecoponto. O exemplo mais flagrante será o da Volta da Quinta, onde existem alguns estabelecimentos comerciais e reciclagem… nada. Que venha o ecoponto.